A cabeça do brasileiro >>>



Fórum: Em 2007 você lançou o livro A cabeça do brasileiro. Depois de onze anos como você acha que está nossa cabeça em relação a eleição deste ano? E o que você enxerga de diferente entre a eleição de 2014 e a de 2018?


Alberto Carlos Almeida - O grande diferencial nas eleições em 2018 é que elas ocorrerão em meio a uma crise profunda, tanto política quanto econômica. Do ponto de vista econômico, a sociedade viu seu poder aquisitivo diminuir e todo esse cenário terá uma recuperação lenta. A população não sente uma melhora em sua qualidade de vida e isso tem ligação com o Judiciário, com a prisão de vários políticos. As pessoas acabam tendo uma percepção de que a situação só piorou e isso se aprofunda cada vez mais. Prevalece a ideia de que os políticos são ladrões e, “além de roubar, eles pioraram minha situação”. Eu, particularmente, não gosto da famosa análise do “rouba, mas faz”, acho superficial. No entanto, esses políticos que roubam fazem parte de um contexto no qual no povo não tem controle sobre isso. A verdade é que a vida piorou e o governo federal não está cumprindo suas principais atribuições, que são cuidar para que não haja muito desemprego e garantir poder de compra à população. O cenário provoca uma imensa desesperança nas pessoas. Há uma desesperança do ponto de vista da demanda, ou seja, do eleitor, pelos motivos que mencionei, e também da oferta, pois existe um desestímulo em consequência da judicialização do processo político, o que prejudica muito. Dificilmente alguém de fora da política pensa em ingressar nessa atividade, pois qualquer coisa que aconteça ele pode ser processado. Há uma paralisia e, apesar de termos muitos pré-candidatos à presidência, vários vão acabar desistindo no meio do caminho.

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