Aula de semântica, compreensão e interpretação de texto, por Pedro Augusto Pinho


A professora escreve no quadro: o agente Moro cumpriu sua missão. Volta-se para turma e pergunta: esta frase está completa?
Murmúrios e silêncios. Houve-se uma voz: Não.

Correto, diz a professora. O que está faltando?
Saber qual a missão.
Muito bem. Alguma outra informação para que a sentença faça inteiro sentido?
Novos murmúrios e silêncio prolongado.
Sendo ele um agente, o é de alguém ou de alguma instituição. Logo, falta explicitar de quem Moro é agente.
Vamos então descrever o ambiente que ajudará à compreensão integral à frase.
O Brasil é um país de reconhecidas desigualdades econômicas e sociais. Estas desigualdades levam o país à desigualdade na representação política. A grande maioria, quase a totalidade, de sua população não tem representantes no Congresso e nas Assembleias estaduais.
Em 2015, ano anterior ao golpe que destituiu a Presidente Dilma Rousseff, o Brasil distribuía suas classes, de acordo com a renda, em cinco grupos: A, com menos de 1% da população; B, com cerca de 11%, C, com 54%, D, com 25% e E, com 10%. Note-se que neste ano havia 8% de desempregados e 25% dos habitantes  recebia um salário mínimo. (Luis Migual Luzio dos Santos, Classes Sociais no Brasil: o país dos 12%, in Baixo Clero, 14/01/2016).
Dos 513 deputados federais eleitos em 2014, de acordo com o DIAP, 190 se declaravam "empresários", 139 "ruralistas", 82 "evangélicos", 46 "sindicalistas" e 20 "policiais"; 411 (80%) tinham curso superior completo. Mesmo se todos os sindicalistas defendessem os interesses dos trabalhadores, das classes menos favorecidas, o que sabemos não ser verdade, ainda seriam 9,5% congressistas representando 89% da população.
Como no título do trabalho citado, o Brasil é dirigido por representantes de menos de 12% dos brasileiros. Trata-se portanto de uma oligarquia que dirige o País, em seu único proveito. Veremos que esta oligarquia também representa interesses estrangeiros, em oposição a interesses nacionais.
Tomemos agora a votação pelo impeachment da Presidenta Eleita, em 2016. Os partidos PSDB, DEM, PRB, PMB, PSC, PPS, SD, PSL e PV, por unanimidade, votaram a favor do impeachment, e, igualmente, com 70% ou mais de seus deputados, o PTB (70%), PR, PSB, PHS, PSD, PMDB e o PP (90%).
Vejamos a composição da Assembleia Legislativa do Paraná (ALP), local da principal atuação do agente Moro. Os dois maiores partidos PMDB e PP votaram majoritariamente pelo impeachment. Outros partidos que votaram pela saída da Presidente Dilma, com representação na ALP são PSDB, PPS, PSC, PSD, SD, PV, PTB, PHS, PR e PSB. Embora haja sempre posições pessoais não alinhadas a decisões majoritárias dos partidos, em princípio a ALP tem 77% de seus componentes favoráveis à subversão dos princípios constitucionais que regeram o Brasil até maio de 2016.
Saltemos para a descoberta de petróleo pela Petrobrás em 2006 e a questão do petróleo na geopolítica do século XXI.
Como é evidente, a cada descoberta de um campo de petróleo fica mais difícil, com as tecnologias disponíveis, descobrir outro campo. Esta relação, que não é divulgada pelas empresas de petróleo, estabelece o número de "poços secos" (os perfurados sem êxito para descoberta de petróleo) para um descobridor. O pré-sal é uma descoberta na fronteira exploratória, ou seja, no limite do conhecimento e da disponibilidade de recursos materiais para sua exploração e produção. A Petrobrás dispõe de tecnologia e capacidade para este empreendimento como demonstra a produção de mais de 50% do petróleo brasileiro em 11 anos a partir da descoberta.
Acresce que o pré-sal é a maior província petrolífera descoberta no último meio século. Houve a descoberta dos folhelhos de óleo e gás no Canadá e nos Estados Unidos da América (EUA), mas há inúmeras restrições, além do custo, para manutenção daquelas produções.
Os olhos do mundo petroleiro convergiram para o Brasil, num momento em que os tradicionais produtores do Oriente Médio e do norte da África sofrem com as guerras e o esgotamento de suas reservas. A maior reserva de petróleo, atualmente, se encontra na Venezuela; e bem sabemos a pressão dos EUA e do sistema financeiro internacional (banca) contra aquele país.
Vamos conhecer um pouco do agente Moro.
"Em julho de 2016, a filosofa Marilena Chauí afirmou que o juiz de primeira instância Sérgio Moro havia sido "treinado pelo FBI" para atender aos interesses estadunidenses na condução da operação Lava Jato" e "Para aqueles que acreditam em uma relação estratégica entre Moro e os Estados Unidos, a hipótese levantada por Marilena Chauí encontra respaldo em um documento vazado pelo WikiLeaks em 30 de outubro de 2009", lemos na matéria de Daniel Giovanaz, em 5 de Junho de 2017, no Brasil de Fato (Agente da CIA? Treinado pelo FBI? Um raio-x da relação Moro-EUA).
Sem dúvida, o agente Moro, com outros magistrados, promotores e policiais, participou do Projeto Pontes. E o que pretendia este projeto? Na verdade dar o suporte dos EUA para que seus treinados violassem as legislações do Brasil e de outros países latino-americanos a pretexto do combate ao crime financeiro.
Do blog Pragmatismo Político (05/07/2016): "O WikiLeaks revelou um documento do governo dos EUA que mostra como a Lava Jato e os trabalhos do juiz federal Sergio Moro sofreram influência de agentes daquele País, que capacitam profissionais para o combate a "crimes financeiros e terrorismo". O informe diz que os agentes norte-americanos influenciariam brasileiros a criar uma força-tarefa para trabalhar em um caso factual, que receberia assessoria externa em "tempo real".
Segundo o comunicado, após o sucesso de um seminário sobre "crimes financeiros ilícitos" promovido pelo "Projeto Pontes" (bancado com recursos dos EUA), cursos de formação em São Paulo e Curitiba foram solicitados por juízes, promotores e policiais brasileiros interessados em aprofundar o conhecimento sobre como, por exemplo, arrancar, de maneira prática, revelações de acusados de lavagem de dinheiro e outras testemunhas".
Hoje já sabemos que a Petrobrás, o principal alvo da Operação Lava Jato, é espionada desde o Governo do General Figueiredo. E tudo que poderia ser usado para a destruição da maior empresa brasileira e das grandes empresas nacionais de engenharia foi entregue ao agente Moro. Ele precisava apenas, com prisões, torturas e ameaças, obter "confissões" que pudessem constar de um processo judicial, o que não era possível para documentos da espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA.
Pertencendo à categoria dos 12%, com apoio político interno (PSDB e grandes partidos que apoiaram o golpe de 2016) e de agências estadunidenses, no exterior, não é de surpreender que o agente Moro enfrentasse o sistema judiciário, o Supremo Tribunal Federal (STF), o  Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e até as leis do Brasil para atender a sua missão.
Cabe, então, deixar clara a missão.
O Brasil voltou a crescer depois da devastação provocada pelo período tucano com Fernando Henrique Cardoso. As Políticas Públicas de acesso a vida e a instrução (ainda que na pedagogia colonial) dos governos petistas trouxeram ao mundo do consumo milhões de brasileiros, movimentando a economia e incentivando investimentos. Em algumas áreas, como da engenharia de construção e montagem, de engenharia naval, da engenharia civil, as empresas de controle nacional ganhavam licitações em todo mundo, inclusive nos EUA.
E não se tratava de subornos, como as agências estrangeiras e seus papeis carbono brasileiros divulgam sistematicamente. No mundo dos negócios internacionais prevalecem as comissões, a compra de políticos e administradores públicos com poder de decisão. Ilude-se quem pensa que é um vício brasileiro. É uma consequência do sistema capitalista, seja o industrial ou, muito mais ainda, o financeiro.
Com a descoberta do pré-sal, o País não só se tornou autossuficiente em petróleo como de um petróleo da qualidade do árabe leve, da Arábia Saudita. Isto fazia prever um período de consistente progresso, de investimentos em educação e saúde, em pesquisas científicas e tecnológicas, o que é inaceitável para as potências coloniais e, em especial, para os atuais "donos do mundo", o sistema financeiro internacional, a banca.
Usando o surrado, mas ainda eficaz, pretexto da corrupção – o que está por ser demonstrado por fatos e valores, exceto para os 12% que sempre dirigiram o Brasil – parcela da classe média, com os corrompidos atores do judiciário e do legislativo, com a mídia sempre oposta aos interesses brasileiros e com o silêncio das forças armadas (FA), deram o golpe que colocou os parceiro do agente Moro no governo.
E assim, a Petrobrás está sendo estilhaçada, distribuída por empresas estrangeiras, o pré-sal entregue às petroleiras controladas pela banca, as empresas de engenharia, que tanto pavor causavam às concorrentes estrangeiras, fecham suas portas ou se submetem a papéis secundários nas concorrências, e o Brasil, em dois anos, retroage tanto econômica quanto socialmente ao fim do século XIX, início do século XX.
A união do agente Moro com os doleiros no Brasil foi, também, importante estratégia de incriminação e prisão dos que nada fizeram de errado, que não fosse, aos olhos colonizadores, lutar pela Pátria Livre, pelo Brasil Soberano, independente e socialmente justo. Diga-se, por oportuno, que "socialmente justo" para a mídia golpista sempre foi chamado de "comunismo".
Agora a sentença – "o agente Moro cumpriu sua missão" – pode ser entendida na sintaxe e na semântica; no contexto social brasileiro, na situação econômica e financeira internacional e pelo recente golpe que trouxe o retrocesso à Nação.
A transcrição da aula só foi possível com as informações colhidas nas fontes citadas e nos artigos e informações dos blogs e portais: Pátria Latina, Brasil 247, Dinâmica Global, GGN Jornal de todos os brasis, e nos jornais impressos Monitor Mercantil (RJ e SP), Alternativa (Nova Friburgo, RJ), Brasil Popular (Brasília) e no Pravda ru, em português.
Pelo resumo.
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado 
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