Me impressiona positivamente a cobertura da imprensa europeia sobre os 200 anos de nascimento de Karl Marx.
A riqueza de detalhes sobre seu nascimento, sua vida, suas obras, seus amigos, seus companheiros, seus locais de moradia, as datas extremamente pormenorizadas sobre quando ele publicou seus livros, sobre as bibliotecas que frequentou em Berlim, em Paris, em Bruxelas, em Londres, em Manchester e em outras cidades, etc.
A cobertura em alguns veículos é extensa e intensa, explorando as ligações de Marx com o socialismo utópico francês, a filosofia alemã e a economia política inglesa; demonstram o contexto existente a cada período da sua vida, seja como advogado, filósofo, jornalista ou propagandista; ilustram as fases em que ele fora expulso da Prússia, vivendo então como refugiado e posteriormente como apátrida; como era um defensor ferrenho da liberdade de expressão - e de como lutou por ela enquanto jornalista e escritor que publicou em vários periódicos da Europa e dos Estados Unidos e mostra a relação de Marx com Engels e de como este o apresentou aos clássicos dos grandes pensadores da economia política britânica, notadamente Adam Smith, David Ricardo e John Stuart Mill.
Mostram a relação de Marx com a política norte-americana (e o seu decidido apoio à Abraham Lincoln na Guerra da Secessão) e com figuras emblemáticas como Proudhon, Bruno Bauer, Bakunin e outros tantos ativistas da época. Mostram os detalhes da criação do Comitê de Correspondência Comunista de Bruxelas, em fevereiro de 1846, que é considerado o evento precursor da criação de todos os partidos comunistas do mundo; trazem especialistas que citam trechos de obras de Marx, fazendo a contextualização das mesmas; mostram todos os lugares onde Marx morou com sua família e traçam o complexo e robusto cenário político e econômico existente na época.
A cobertura dos periódicos europeus sobre os 200 anos de nascimento de Karl Marx é de fato impressionante, principalmente na Alemanha. Vale destacar o periódico de esquerda, de Berlim, Junge Welt.
Ao se comparar a cobertura europeia com a cobertura brasileira, é de se sentir vergonha até 3157. A imprensa brasileira, com raras exceções, é um lixo ideológico que esconde fatos históricos, que mente e que deturpa tudo. Sem falar que fazem coberturas rasas de poucos parágrafos a respeito de temas importantes.
Quem dera se um dia tivessemos uma imprensa similar à europeia. E estou falando dos periódicos tradicionais e capitalistas mesmo. Lá existe também uma infinidade de jornais e revistas assumidamente de esquerda - mas aí é querer demais para essa colônia chamada Pindorama (mantida na ignorância cavernosa e perene por uma elite sub letrada e burra).
Diogo Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário