Eu me olho no espelho e gosto do que vejo.
Eu olho pra dentro do corpo no espelho e admiro.
Quanto caminho.
Num mundo de angústias e de insônias, aprendi a serenar e a dormir. Aprendi a usar as muletas certas - as que não me enganam ou me botem nuvens aos olhos. Um apreço crescente pela lucidez e pelo mundo real; uma ternura cálida pelas inquietudes. O domínio da vivência do hoje, do não antecipar o amanhã, de aceitar as limitações e não guerrear com elas, mas contra elas. Enquanto isso, tecer planos e mudanças. Uma fartura delas. A seu tempo.
Sobre viver - e abandonado o sobreviver - tenho em mente três lições prosaicas:
1) O sentido da vida é que ela acaba, dica do Kafka;
2) A vida só se dá pra quem se deu, aviso de Vinícius;
3) A vida é o que está acontecendo enquanto você está fazendo planos, lembrança de John.
Absorvidas e misturadas, toca a andar sem pressa. Inclusive porque o único lugar de chegada sou eu mesma, aqui bem perto.
Cíntia Pavlithenko
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