O que se pode esperar de uma história sobre a prisão de Lula contada pela Veja e desmentida pela Polícia Federal?
Jogando juntos desde o início da Lava Jato, a revista e a PF pensam que todo mundo é idiota.
Com a chamada “Veja teve acesso à ala restrita onde está o ex-presidente e revela os bastidores dos seus primeiros trinta dias de cárcere”, a Veja circulou na sexta-feira com uma fakenews na capa, segundo nota divulgada pela Polícia Federal do Estado do Paraná:
“Minucioso exame das imagens de circuito interno de segurança permite verificar que o autor da matéria não teve acesso à área restrita ao Ex-Presidente”.
Em quem acreditar? Mais provável é que tudo tenha sido armado em comum acordo como tem acontecido há quatro anos nestas relações incestuosas da Lava Jato com a imprensa.
Se proibiram até a entrada do médico de Lula na cela em que está confinado, como é que um repórter poderia ter acesso à área restrita sem a participação de policiais federais na operação?
“Grande parte das informações são equivocadas e imprecisas”, diz a nota da PF, mas admite que “o jornalista esteve presente no edifício da Superintendência Regional recentemente, onde participou de uma reunião com um servidor que não possui relação com quaisquer procedimentos relacionados à custódia”.
Quem é esse servidor? O que faz lá e qual o motivo da “reunião com um servidor”?
São normais reuniões de jornalistas com servidores da Polícia Federal? Com que objetivo?
No final, a nota deixa uma brecha caso a revista consiga provar que quem está mentindo é a Polícia Federal:
“As circunstâncias que envolvem possível circulação do jornalista por outras alas do prédio, após a mencionada reunião, já estão sendo apuradas”.
Que beleza, quer dizer então que podemos ficar mais tranquilos. Se “estão sendo apuradas”, assim no gerúndio, em breve saberemos o que aconteceu, não é mesmo?
Por falar nisso, que fim levaram os “rigorosos inquéritos” instaurados pela polícia paranaense para investigar quem são os autores dos tiros contra os ônibus da caravana e o acampamento dos apoiadores de Lula?
Veja e Polícia Federal dizem qualquer coisa, fazem qualquer negócio, com um objetivo comum: atacar a imagem do ex-presidente Lula, que agora não tem nem como se defender.
Enquanto a revista ia para as bancas, o delegado da Polícia Federal Gastão Schefer Neto invadiu o acampamento pró-Lula e detonou o equipamento de som quando os militantes se preparavam para dar o grito de “bom dia, Lula”, como fazem todas as manhãs.
Depois do ataque, o delegado voltou tranquilamente para o prédio da PF onde Lula está preso, e nada aconteceu.
Na República de Curitiba, onde cada autoridade faz as suas próprias leis, a assessoria da Polícia Federal limitou-se a tirar o corpo fora:
“Problemas decorrentes de morar na vizinhança, nada a ver com PF. Eventual apuração cabe à Polícia Civil”.
Já a Polícia Militar informou que os envolvidos foram encaminhados à PF.
Neste jogo de empurra, que mais parece um deboche, fica difícil saber quem mente mais, se a revista ou as polícias.
É tudo a mesma sopa, como ensina Mino Carta.
Vida que segue.
Ricardo Kotscho
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