Mensagem da madrugada


Se eu morrer amanhã, por favor, não leve-me flores. Você teve uma vida inteira para isso. Também não chore de saudade não, se não tiver me buscado verdadeiramente enquanto podia. 
Se eu morrer amanhã, peço: não se arrependa de não ter me dito tudo que queria enquanto meus ouvidos eram algo que não pó. 
Se eu morrer amanhã - suplico -, não toque minhas mãos frias, quantas vezes te implorei um abraço e me negasse? 
Se eu morrer amanhã não pense em como seria se eu estivesse vivo, pois eu já estive. E passou. 
Se eu morrer amanhã, por favor, não diga que me ama, nem que "fui" importante. Eu já não ouvirei isso. Chore, apenas se eu lhe tiver sido bom, mas não chore se não tiver sido comigo. Leia algo meu se bater saudade, mas não leia se nunca tiver lido. Veja fotos minhas se isso fizer bem à lembrança, mas não se arrependa de nunca te-las tirado comigo. 
Se eu morrer amanhã, não enlute, não se não tiver lutado comigo. 
Se eu morrer amanhã, não se surpreenda, morte é consequência de estar vivo.
Se, por acaso, eu morrer amanhã, não olhe profundo para mim - dormido eternamente -, mas lembre-se do meu último olhar para você, do meu sorriso e das coisas (boas ou ruins) que eu fiz, para, por e com você. 
Se eu morrer amanhã, lhe peço, não me queira ver, não me queira escrever, não me queira despedir... só aceite, só respeite a ideia de que serei silêncio profundo, lembranças doídas e pó eterno e entenda que o que fora feito, dito ou vivido estará trancafiado num tempo chamado passado que debruça-se pouco a pouco no esquecimento e que já não flui, não volta, não muda, não vive, não vê.

Pinçado do facebook de Andrea Silva***