As declarações dos 3 principais candidatos após as eleições delineiam os caminhos do 2º turno



Começa o movimento: Haddad, da esquerda para o centro. Bolsonaro, da extrema-direita para a direita
Ciro  saiu forte e, na prática, colocou as cartas na mesa: não admite apoiar “um fascista” e disse que não ficará omisso. Só se pode esperar que, numa negociação digna, estará com Haddad. E rápido, de modo a não deixar que seu eleitorado se dilua com um impasse.
Fernando Haddad, numa fala serena e segura, deu todos os sinais de que pretende reunir todos os que se dispuserem a formar uma frente democrática, antifascista. Deixou claro que não quer apenas que lhe ofereçam apoio, mas fez, indiretamente, um convite a integração no governo.
O PT terá de entender que, embora por diversas razões deploráveis, o PT, fora do Nordeste, teve um mau resultado eleitoral.
Tem, a seu favor, o fato de que os três maiores eleitorados do país – São Paulo, Minas e Rio de Janeiro -, onde sua votação foi muito fraca, não definiram seus governos estaduais e deixam abertas as possibilidades de aliança ou, ao menos, algum grau de neutralidade do candidato que não assumir a campanha de Jair Bolsonaro.
João Dória, com as palavras mais duras, atirou-se nos braços de Bolsonaro. Empurra Márcio França para cima para Haddad.
Idem o fato de que a maioria dos Estados do Nordeste, onde venceu com larga margem, não haverá candidatos a governador em segundo turno querendo pendurar-se no candidato da direita.
Bolsonaro mostrou que pretende seguir a mesma estratégia de fazer uma campanha “fechada”: nada de entrevistas à imprensa, “lives” no Facebook e uma linguagem auto-suficiente.
Voltou a temas como homossexualismo, “Venezuela”, e outros que marcaram sua campanha. E não esqueceu de colocar ao seu lado, como papagaio de pirata, o “posto ipiranga” Paulo Guedes, como para sinalizar ao “mercado”  quem merece o apoio do mundo do dinheiro.
Não aproveitou sua votação para se mostrar um “não-radical” e fez vagos apelos a uma união nacional em que nada nele muda. O apoio com que acenou foi só o dos políticos que se reúnem em torno da perspectiva de poder.
Nem Merval Pereira, na Globonews, embora culpando sempre o PT, sentiu-se mal com o que chamou de “radicalização” de Bolsonaro levantando suspeitas de que teria vencido em primeiro turno não fossem as urnas eletrônicas.
A pergunta a fazer não é só se Bolsonaro chegou ao seu teto, é saber o quanto a onda que o empurrou pode se dissipar.
O fanatismo, porém, é algo que não se pode olhar com as lentes da razão.
Fernando Brito - Tijolaço
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