
"Eu voto no Coiso", por Rui Daher
Estranho país, este. Com quem eu falo, leio ou me escreve, é geral a concordância sobre o oportunismo e achaque eleitoral contra o PT, feito pelo juiz de piso Sérgio Moro, ao divulgar poucos dias antes das eleições a delação que premia Antonio Palocci e nada prova.
Por que estranho? Porque segundos após reconhecerem a torpeza do fato, caem na risada e anunciam voto no Coiso. Entendem as raízes da corrupção?
Mais: da mesma forma, aceitam o país e suas próprias vidas melhores durante os dois governos Lula e o primeiro mandato de Dilma. Vão além, muitos opinam que Lula deveria ter se candidatado contra Aécio, impedindo Dilma errar tanto no segundo mandato.
Aqui, não me refiro aos riquinhos-SUV-camisa-polo-imenso escudo no peito ou, se mulheres, as desesperadas “bandido bom é bandido morto”, que pedem segurança para suas Tiffany Jewels. Deles sei cagarem para a distribuição de renda, a preservarem o atraso brasileiro causado por perverso Acordo Secular de Elites.
Falo de gente trabalhadora, pobre ou de classe média. De funcionários em loja brega que, forçados por um empresário careca, imbecil e falido, fantasiam-se de Coiso para não perderem o emprego. Quem irá denunciar o crápula na Justiça do Trabalho? Trata-se de escravidão e dano moral. Resta-nos boicotá-lo a quebrar de vez.
Até quando continuaremos rindo de nossa própria desgraça? Viajo, ando, converso, só uso transporte coletivo, e cada vez mais ouço declarações de voto no mais abominável candidato a presidente que já surgiu no País. Credite-se isso ao afinco com que Judiciário e folhas e telas cotidianas trabalharam para colar o rótulo da corrupção apenas no PT e Lula, quando não em seus filhos. Sem provas, detalhe de menor importância.
Agora vêm com o papo de extremos. Cuma? Estamos falando de um partido, que se pecou foi por se entregar a um insano presidencialismo de coalizão, abandonando os movimentos sociais que depois se mostraram sua mais combativa face.
Projeto de poder totalitário? Que merda é essa? Nem precisam ir a Adorno, fiquem em Hannah Arendt. É a leitura faltante, estúpidos.
Continuem assim e verão o que é viver num país continuamente sendo explorados pelos mais ricos. Desculpem, mas pra burrice não há remédio.
Estranho país, este em disritmia.
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