Vale tudo, por Ricardo Kotscho


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As 48 horas decisivas na justiça eleitoral, na tv da Igreja Universal e nas redes sociais
Nada acontece de graça na política nem nas igrejas das sacolinhas.
Na reta final da campanha eleitoral mais insana e safada da nossa história, sob o alto comando da Justiça Eleitoral e da tropa de choque da Lava Jato, entramos agora na fase do vale tudo, sem disfarces, para surfar na “onda Bolsonaro” e evitar um segundo turno.
Nestas 48 horas decisivas que faltam para a abertura das urnas, o movimento “Tudo menos o PT” gerou uma nova aliança entre o candidato militar, o TSE e a TV Record TV do bispo Edir Macedo.
Como Jair Bolsonaro já demonstrou que não tem condições mentais, políticas nem morais para enfrentar um debate com os outros candidatos, arrumaram-lhe um atestado médico para fugir do debate da TV Globo.
Na mesma hora, ele surgiu lépido e fagueiro dando uma “entrevista exclusiva” ao Jornal da Record, que mais parecia um programa de propaganda eleitoral gratuita do TSE.
Durante 27 minutos, enquanto seus adversários se debatiam na Globo, o capitão covarde ficou sozinho no ringue para bater no PT, em Haddad e Lula, com a ajuda de um repórter amigo que parecia feliz da vida com o grande “furo de reportagem”.
Até aí, nada muito surpreendente num país em que a Justiça toma partido para escolher os candidatos de sua preferência e eliminar os outros.
O que mais me chamou a atenção foi a Globo, em nenhum momento, denunciar este escândalo, com William Bonner se limitando a repetir que Bolsonaro não compareceu ao debate “por ordem médica”.
Muitos leitores me escreveram perguntando se isto não configurou crime eleitoral, e se a Justiça não iria fazer nada.
Pois a Justiça se manifestou, sim, ainda antes do crime ser cometido.
Na resposta aos três partidos (PT, MDB e PSOL) que pediram ao TSE que fosse proibida a exibição da “entrevista” gravada na mansão do candidato, por infringir as normas de conduta para as televisões, o ministro Carlos Horbach deu uma solene banana para os reclamantes, e liberou geral.
Na reportagem “Candidato se aproxima da TV Record, que ele deseja ver como sua Fox News”, de Igor Gielow, na Folha, fomos informados como se deu este acordo entre Bolsonaro e os bispos da Igreja Universal.
Só então fiquei sabendo o verdadeiro motivo da minha demissão e do colega Nirlando Beirão do Jornal da Record News, onde éramos comentaristas políticos, no final do ano passado.
Comunicado às 10 horas da noite, depois do encerramento do jornal, que não fazia mais parte da equipe, devido a uma “reestruturação da empresa” para cortar despesas, eu só não entendi a pressa do encarregado de cumprir a ordem para me demitir.
Segundo a reportagem, o namoro da TV do bispo Macedo com o candidato das bancadas do boi, da bíblia e da bala começou na mesma época da nossa demissão, “quando Bolsonaro foi apresentado à direção da Record em um evento da Ressoar, o instituto filantrópico da emissora, no hotel Unique, em São Paulo”.
Segue a reportagem: “A apresentação foi feita por Fábio Wajngarten, analista da mídia e empresário que presta consultoria na área de comunicação a Bolsonaro (…)
Poucos dias depois do evento em São Paulo, Bolsonaro passou a atacar diretamente a Globo, criticando a concentração de verbas públicas do governo federal na emissora”.
Como Nirlando e eu tínhamos total liberdade de opinião, assegurada em contrato, já não servíamos mais aos propósitos eleitorais da emissora, e fomos sumariamente dispensados.
E a Globo fica agora numa sinuca de bico, depois de apoiar com afinco o “Tudo menos o PT”, e ser esnobada por Bolsonaro, o principal adversário de Haddad, que deu preferência à sua principal concorrente para disputar audiência no mesmo horário.
Depois de debater sozinho na Record em rede nacional de televisão, o capitão continua dominando as redes sociais com vídeos gravados por ele ou apoiadores para alimentar a enxurrada de fake news contra o inimigo do bolsonarismo em marcha.
Na entrevista encomendada, ele se defendeu, sorrindo, das acusações feitas contra ele na guerra suja digital dos últimos dias:
“Quando um seguidor meu extrapola, a culpa cai em cima de mim, como se eu fosse um capitão e tivesse uma tropa ao meu comando”.
É tudo tão descarado e cínico que nem dá para imaginar o que ainda pode acontecer no segundo turno, caso a grande aliança bolsonarista não liquide a fatura no primeiro.
Domingo tem eleição, não esqueçam…
Vida que segue.
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