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Prestem atenção nestas frases:
“O país foi governado nos últimos 30 anos pela centro-esquerda. Agora mudou, é liberalismo, centro-direta conservadora. O problema do Brasil foi a visão social democracia, que quebrou o país. Vamos na direção contrária. O governo gasta demais. Precisamos encolher o Estado.”
“Para as pessoas que não conseguirem acompanhar (o liberalismo), para as quais não houve igualdade de oportunidades, a gente dá voucher, voucher saúde, voucher educação...”
São palavras de Paulo Guedes, o novo Czar da economia. Nomeou os presidentes do BNDES e da Petrobras. Controlará fazenda, planejamento e indústria e comércio, por enquanto.
No Itamaraty Olavo de Carvalho reina absoluto. Na justiça, “Edgar Hoover” prepara sua equipe. Debochando da comunidade universitária, da ausência de provas e da dor da família do Reitor assassinado pela infâmia, Luiz Carlos Cancellier, trouxe a delegada da “Ouvidos Moucos Cancellier” para o núcleo da futura “Operação Juízo Final”.
Tudo indica que Deltan Dallagnol está a caminho da chefia da PGR. Faz sentido. Com afirmações místicas orientando nossa diplomacia, um PowerPoint como método probatório é muito razoável.
Somente um milagre natalino será capaz de tirar Lula da prisão até o fim do ano. Se o bom velhinho não ajudar, o destino do ex-presidente a partir de janeiro deve ser uma “cela especial” em algum presídio. Hoover já anunciou: “chefe de quadrilha deve ter tratamento diferenciado.”
Estamos diante de uma alteração do eixo político para a extrema direita. Até quando este sectarismo vai se sustentar ou prevalecer ainda é uma incógnita.
A última linha de resistência será a eleição para as presidências da Câmara e do Senado. As duas casas parecem ser as únicas ainda capazes de segurar o ímpeto bolsonarista. Algo como as célebres batalhas de Verdun ou Stalingrado. Se as duas casas caírem, em pouco tempo estaremos todos falando alemão.
Perto dos comandantes alemães, o general Vilas Bôas, um nacionalista de direita, parece ser do PT. O liberal social Rodrigo Maia, do DEM, já chamado pelo Príncipe de Orléans e Bragança de “partido de esquerda”, certamente é do PCdoB. Renan Calheiros, coitado, defensor fervoroso de Lula, é líder inquestionável do PCO.
Parte da esquerda continua tonta com a blitzkrieg do exército adversário.
O pedaço hegemonista continua no “fantástico mundo de Bobby” planejando a próxima hashtag. Tem certeza que foi vitorioso com a série “A resistência heróica”. Depois de #NaoVaiTerGolpe #LulaLivre e #EleNao prepara o lançamento pomposo da quarta temporada.
Outra parte passou a acreditar em duendes. Sofre de ejaculação precoce. Prepara o anúncio imediato de uma candidatura à presidência catapultada por setores conservadores por cima de um suposto e improvável cadáver do PT.
Ao afrontar a tradição de Rio Branco em nossa política internacional, os novos ocupantes do Planalto parecem estar malucos. Será? Qual será a contrapartida do Tio Sam?
Questões contraditórias vão se colocar. Como conciliar represálias à China com os interesses do agronegócio? Como harmonizar o ímpeto liberal com o nacionalismo dos militares que já se declararam contra a privatização da Petrobras?
Como manter uma base no Congresso negando aos políticos participação em postos chaves do governo?
O fascismo é uma colcha de retalhos sem unidade programática. Sua união está calcada no ódio ao inimigo comum, petistas ou judeus. No poder, as contradições vão brotando, sua base esfacelando e só lhe restam dois caminhos: o autoritarismo aberto ou a derrota humilhante.
A história ensina como enfrentá-los.
Num momento tão grave da vida nacional, a esquerda brasileira precisa se colocar à altura do momento histórico. Em tempos de voucher, um “voucher juízo” seria muito bem vindo.
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