Fernando Brito: O presidente que virou bagaço

Não se pode adivinhar as intenções de Jair Bolsonaro, exceto naquilo em que ele as deixa óbvias: a radicalização política.

Daí para a frente, corre-se o risco de confundir o que é sua desorientação pessoal – e esta não é pequena – e o que é seu projeto político e aniquilamento do Brasil.

Pode-se, porém, verificar o movimento perceptível da opinião pública, que vai se descolando da natural e legítima esperança em quem foi eleito para, quase que exclusivamente, o pólo que rejeita o governante.

Há cada vez menos gente neutra em relação ao ex-capitão e os que deixam de sê-lo passam a uma posição de rejeição ao seu comando político extremista.

Curiosamente, quem está no governo, com todos os poderes, assume uma posição de "resistir" aos que se lhes opõem, quando a ordem natural é que resistir seja papel da oposição.

Bolsonaro consegue a junção de duas palavras parecidas, mas não iguais. É inapto para governar, porque lhe falta aptidão, capacidade e habilidade para tal, e é inepto, porque carece de inteligência, de sentido e coerência para exercer o posto presidencial.

Conseguiu tranformar um parlamento hegemonicamente direitista em um foco de oposição.

Suas "conquistas" são para lá de polêmicas, as de apoiar e promover duas questões que só excitam uma minoria: o armamento pesado aos civis e a retirada de direitos aos que vão (será que ainda vão?) se aposentar.

No resto – emprego, inflação, crescimento econômico – vai se afigurando pior que Michel Temer. Humilhou o país ante os Estados Unidos. Hostilizou abertamente toda a juventude ao confrontar a universidade. O mesmo fez aos partidos, especialmente os de direita que lhe davam apoio. Deixou-se ver como um homem governado pelos filhos e maltratou sua base militar.

Onde meteu-se, desgastou-se. E não se tornou o que não é – mas se se pretende hoje – : um inimigo do stablishment.

É muito cedo para achar que jair Bolsonaro queira renunciar e também é cedo, por falta de informação, que algum escãndalo familiar o vá levar a isso.

Mas não é cedo para dizer que sua autoridade presidencial se escai e que, talvez, ele o sinta e vá a algum gesto extremo.

Não tem os compromissos morais com o país e o povo que o levem a se sacrificar ou a enfrentar intempéries e isso pode ser determinante num desfecho pífio do apogeu de seu trajetória improvável.

Dele só se pode dizer que se esvai, que o tempo o devora como a areia da ampulheta que o genial Aroeira intuiu na charge que ilustra o povo.

Jair Bolsonaro é alguém que o país sabe que não é futuro e quer ver se tornar passado

3 comentários:

  1. Ideli Consoli18 maio, 2019

    Esperava, desde início, que essa contrafação política levada , por desespero ao mais alto cargo, não chegaria, pela boçalidade latente e visível, há muito tempo a lugar algum a não ser o impeachment salvador do que restará da pobre patria.

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  2. Agora somos todos iguais? Pode até parecer, mas até ontem não. Bolsonaro nunca teve projeto, a não ser o de se dar bem, para si e sua família. Inútil até discorrer sobre o seu caráter exposto e suas ligações com o submundo do crime. Mas, a direita deste país, circunstancialmente, não tinha outra opção. Poderiam tê-lo apagado no Einstein, mas algo não funcionou a contento, num contexto em que o filho caçula avisava que "há gente querendo que ele morra. E alguém de perto".

    Agora que "ninguém mais o aguenta", dada a estupidez e a burrice geral do governo, tentam convencer que uma grande cruzada nacional, com brasileiros todos unidos, movimentam-se pela deposição do estrume que os militares, judiciário e empresários lá botaram.

    O movimento em defesa da educação (contra os cortes) foi a gota d'água para que a direita antecipasse esta "saída". Um dia antes (14) a Globo ainda fazia ignorar o dia 15. No dia 15, hora do almoço, o Brasil "distante e simplório" ficou sabendo que haveria manifestações de estudantes, professores e funcionários do ensino através de suas telas. "Sem querer, querendo", como dizia o Chavez (o outro) esta movimentação NOBRE E LEGÍTIMA ofereceu ao inimigo a oportunidade que lhe faltava. Sem censuras! Mas, é preciso entender que quando o poder ainda está majoritariamente na mão do inimigo, este tipo de risco é previsível.

    Quando Globo e satélites começam a "clamar" pela deposição de quem eles lá colocaram (e com as mais vis intenções) e o que, para aqueles militantes sinceros pela liberdade nem lá queriam que estivesse, é porque eles querem utilizar a energia de seu inimigo, que somos nós, para seu favor e, ao fim, ainda mais, derrubar-nos.

    Temos que demonstrar que SIM, queremos a queda de Bolsonaro! Mas não em troca de um Mourão que, assim como ele, foram eleitos sob um processo totalmente manietado. Queremos a LIBERDADE e não a OPRESSÃO, com a perda de direitos e do patrimônio e das riquezas nacionais para os surrupiadores internacionais ou locais.

    É isto. E disto havemos de ter clareza para ajudar a conduzir nosso povo para o caminho da sua e nossa libertação e para a felicidade!

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  3. Não querendo ser cansativa. Mas quando o capitão se elegeu eu disse que nao era para ele subir a rampa do Planalto, e se subisse, ia voltar de ré humilhado e com todo o seu clã em desonra. Esse homem vai ser escorraçado da presidência da república. Ele enganou o país inteiro. Seu discurso hipócrita vai para o esgoto muito em breve. De minha parte eu não quero a renúncia. Quero a desmoralização completa com a retirada do cargo presidencial a fórceps. É o que ele merece. E é o maior castigo para criaturas arrogantes e vaidosas como ele. Outro vaidoso que terá suas vestes enlameadas é o ex-juizeco. Quem anda com porcos se chafurda na lama.

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