Crônica do Tom

Tô aqui no Personnalité do Jardim Bonfiglioli, o único lugar onde a classe média é abraçada com o carinho que merece. Já tomei três ristretos e chupei oito balas de hortelã. A Mauricélia, a copeira, me avisa que no andar de cima tem bandeja com chumbinho ao leite da Kopenhagen.
   Venho aqui pelo menos uma vez por semana para ler o “Valor”, o “Estadão”, a “Folha”, a “Exame” e a “Pequena Empresas & Grandes Negócios”. No verão, quando o segundo sol da Cássia Eller chega, costumo levar o laptop e aumentar a frequência para três vezes por semana. Nunca falei com ninguém, com exceção da Mauricélia, que já virou minha amiga. Não sou cliente e não pretende ser.
Hoje a Mauricélia me trouxe a revista do Personnalité, abriu no meio e apontou para uma foto.

–  Ele é lindo, né? Adoro homem homem com carinha de bebê

Era o Rodrigo Santoro, o novo garoto propaganda do banco, capa da revista.

–  E eu, tenho cara do que, Mauricélia?
– Ah, Seu Tom, o senhor tem cara de homem. Faz o tipo da minha cunhada. Ela é apaixonada por aquele ex-ator da Globo, um fortão, com voz grossa. Parece a sua versão mais alta (sabia).
– Quem?
– Ele é moreno igual o senhor. Vive xingando o PT na internet.
– O Lobão?
– Quem é esse?
– Deixa pra lá. Não pode ser. Me dá outra pista, Mauricélia.
–  Ah, ele fez muito filme proibido. Parece que transou até com homem.
–  Alexandre Frota?
–  Esse mesmo!

Vou mudar pro Personnalité lá do Jaguaré. Frotinha é a puta que o pariu.
Tom Cardoso

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