Falaram que sou estranha, que o passado é o meu presente. Dizem que falo de amor sem ter vivido, que não conheço um aperto, um gemido. Me disseram também que eu sorrio do nada e que as flores é meu berço. Até deixaram um recado na minha porta dizendo que sou louca e que só amo o desconhecido. Me chamaram de demente, gargalharam dos meus poemas falando que são tortos e que não escrevo nada. Disseram que meu olhar não fala, que minha boca mente. Sorriram de mim quando dancei na chuva, quando escalei o vento. Debocharam dos meus medos, gritaram meus desejos. Pois é, disseram que minha cama é sem dono e que meu quarto não tem paredes, me acusando de leviana ! Comentaram da minha roupa, dos meus olhos e cabelos. Sorriram do meu jeito de vê o mundo, de ouvi os pássaros, de subir na lua...rindo, nua! Jogaram meu nome na lama, cantando meus segredos.
Leônia Teixeira
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