Crônica da tarde, por Ropespierre Amarante

A BOLINHA

Fortaleza amanheceu sob pingos de chuva, e eu acompanhei a sinfonia da água na calha, deitado na minha rede de estimação, a quem pela familiaridade chamo de tipóia!

Não só os pingos de chuva chegavam aos meus ouvidos. Ouvia também um leve ganido na parte externa da porta que dá pro hall.

Repetiu-se por mais alguns instantes, e não sei se pelo o aumento da intensidade da chuva, silenciou!

Tudo bem!

Um pouco mais de costados na rede até levantar-me, já na intenção de preparar o fumegante e forte café Santa Clara, reserva de família.

Café, pão, banana, o suficiente até que bata-me a vontade de um iogurte grego sabor maracujá.

Resolvo abrir a porta, dar uma olhada na nesga de mundo que ainda se mostra disponível a quem mora na selva de pedra.

Ao lado, há uma grade que dá acesso a uma pequena área de serviço que batizei de quintalzinho, pois sou morador do térreo.

Apuro o olhar e diviso a uns dois metros após a grade, um singular objeto branco, uma bolinha tamanho semelhante à de tênis.

Veio de imediato o som daquele ganido em meio aos pingos de chuva, era um cãozinho na tentativa de alcançar a bolinha.

Um cãozinho novato, assim igual é também novato, o morador seu tutor.

Ainda não mantive contacto com nenhum dos dois, cãozinho e novo morador.

Mas desconfio que a bolinha branca vai ajudar a quebrar o gelo que separa os viventes desses novos tempos.

Robespierre Amarante

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