O abismo está aí
Foi bom ver a Marina Silva, o Fernando Henrique e o Ciro Gomes, entrevistados pela Míriam Leitão, falando na TV sobre uma frente ampla para enfrentar o caos, que é como estão chamando o governo do Brasil lá fora.
Também foi bom ver manifestantes na rua desfilando pela democracia e contra a ameaça fascista — uma ameaça que aumentou alguns pontos depois que o último general de fatiota moderado, o Mourão, deixou cair a máscara, ou pelo menos deixou de ser moderado.
Não se sabe bem o que representam hoje, em matéria de poder de mobilização, os entrevistados da Míriam. Se não representam muito, politicamente, pelo menos representam a resistência que muita gente já julgava natimorta, e que mostrou que não apenas existe como se manifesta, ou começa a se manifestar.
"Frentes amplas" não têm uma história muito inspiradora, no Brasil. A última a que prestei atenção reuniria, veja só, o Juscelino, o Lacerda e outros descontentes com os rumos da "Revolução" de 64, alguns frustrados por terem ficado de fora, outros por sincero desencanto com o golpe.
A frente, se me lembro bem, não chegou a se criar e terminou com a morte do Juscelino num acidente de carro. Até hoje tem gente que diz que o acidente não foi tão acidental assim.
A Marina, o Fernando Henrique e o Ciro Gomes merecem todos os elogios por se recusarem a aceitar o abismo para o qual estão querendo nos arrastar, esperneando, e por darem o exemplo, atraindo mais manifestantes para uma frente ampla e viável.
Não querendo ser chato: lembremo-nos de que na eleição do Bolsonaro & Filhos, gente que sabia o que viria preferiu se omitir a resistir.
Não faria muita diferença, o impensável aconteceria de qualquer maneira, mas quem se omitiu deveria ter pensado melhor na sua própria biografia. Pode-se dizer tudo de Bolsonaro & Filhos, menos que alguma vez esconderam o que pensam e o que pretendem.
Uma frente ampla, unida por uma indignação comum pelo que estão fazendo com a terra da gente, é possível. O abismo está aí.
Uma frente ampla, unida por uma indignação comum pelo que estão fazendo com a terra da gente, é possível. O abismo está aí.
ResponderExcluirO abismo já tinha sido colocado por outro!