Sou antiraças

Não Sou apenas antiracistas, sou antiraças Não reconheço a raça Vermelha Amarela Branca Preta Azul ou qualquer outra cor com que queiram def...

Das inquietações de uma solidão antiga, por Dalfen Bach

hoje as horas possuem uma aspereza maior que as de costume. um vazio franco e ensurdecedor acorda a memória para as coisas que naufragaram entre as marés que não obedeciam aos ciclos da lua. 

meus velhos vícios surgiram como uma tábua de salvação e eu os quero de volta. 

os mistérios escondidos nas frestas tornaram-se, ainda mais, indecifráveis. um caminho repleto de maltratos e esquecimentos se apresenta como uma corda que espera o condenado...
talvez apenas falte o suspiro, 
talvez apenas falte a dose ínfima e poderosa que arraste, de vez, o esquecimento para o esquecimento. 

(penso em Deus e na condição falha de ser feliz). 

as pessoas seguem caminhando. 
alguém passa em silêncio e fico a meditar na pequenez das pessoas que, apenas, caminham, 
na pequenez humana e nada compreensível. 

se existisse algo mais, se o tempo fosse um pouco mais sensível... 

não quero nada hoje, talvez amanhã. 
tenho certeza que amanhã a realidade a de me bater à porta. essa realidade que não é minha, essa realidade que, seguindo por caminhos oblíquos, se formou a minha volta. Ah, eu não a quero, mas onde estão as escolhas... o que de teu, de fato, é teu? 

apenas o sonho... 
a mecânica de existir precisa de magia. 
das sensações do pão quente de manhã, da toalha felpuda e cheirosa, do café fresco... do secreto mundo das orações, do sentido da psicologia e das respostas filosóficas que passeiam pela terapia. nisso tudo, sem os sonhos, só estupidez e fraqueza, ignorância e medo. 

para aqueles não sabedores de que destino seguir, alheio a própria condição de sentidores e de pensantes do que lhe pulsa em cada artéria, dá-lhes trabalho. o trabalho é uma válvula para cansar o corpo e torná-lo surdo aos questionamentos da alma, é o mais perfeito adestramento. por certo não tenho nada com o capitalismo, por certo não tenho nada com as doutrinas ou as tendências das grifes e cozinhas. 

construo o meu universo longe das conjecturas. apenas nas sensações daquilo que realmente me importa. há alguns caminhos cegos, mas deixo para que os cegos sigam. o mundo é uma grande massa de cegos... talvez seja eu o mais cego, mas ainda vislumbro, algo maior que a rotina pasmacenta. ainda gozo do meu entender, mesmo profano, enquanto outros seguem instintivamente, como raposas e coelhos, a construírem ninhos e a caçar alimentos para dormirem o descanso. 

desperto, busco o sonho e a magia que existe em algum lugar de mim.

[Daufen Bach]

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