Um sinal de alerta foi acendido no PT após algumas pesquisas (Datafolha, Ideia, PoderData e Atlas) apontarem que a vantagem do ex-presidente Lula para o presidente Jair Bolsonaro é de 4 pontos. É importante ressaltar: há divergência nos resultados dos levantamentos, principalmente quando comparados aos do Ipec e MDA. As discordâncias não se resumem aos institutos de pesquisa: desaguam também dentro do próprio PT. CartaCapital conversou nos últimos dias com petistas e pessoas próximas à campanha de Lula. O clima varia entre preocupação (com uma possível virada de Bolsonaro) e alívio (baseado no pouco tempo que resta de campanha). Há quem considere ser pouco provável uma mudança de um cenário tão consolidado em um período curto. Essa última análise leva em conta o fato de Lula, desde que recuperou os seus direitos políticos, liderar todas as pesquisas dos principais institutos do País. Nesse período, não houve uma única vez em que o ex-presidente não apareceu à frente de Bolsonaro. O raciocínio, no entanto, subestima as medidas eleitoreiras encampadas pelo ex-capitão, sob a leniência do Tribunal Superior Eleitoral. Desde o dia 3 de outubro, Bolsonaro antecipou o Auxílio Brasil e incluiu meio milhão de famílias no programa. Também criou um programa de refinanciamento de dívidas e abriu uma linha de crédito consignado com o Auxílio Brasil. Mais recentemente, aprovou o uso do "FGTS futuro" para pagar empréstimos de imóveis.
Tudo isso contribui para que a percepção sobre a economia – há meses apontada como o grande tema desta eleição – varie fortemente entre eleitores de Lula e Bolsonaro. Em paralelo, a campanha de Bolsonaro tem intensificado a disseminação de fake news e reforçado os discursos morais que associam a esquerda à ideologia de gênero, ao banheiro unissex, ao aborto e à legalização das drogas. Não há agência de checagem ou denúncias ao TSE que parem o bolsonarismo. Lula, contudo, diz achar impossível Bolsonaro ultrapassá-lo em pouco mais de uma semana para a votação final. "A eleição está muito parelha, muito disputada, [mas] tem muita gente definida e fica cada vez mais apertado o número de pessoas que a gente tem que convencer a votar", comentou, nesta quinta-feira 20. "Estou certo que vamos ganhar as eleições." Para o petista, "no fundo, [mesmo liberando muitos benefícios na véspera da eleição] ele [Bolsonaro] tem ganhado pontos muito lentamente". Além da atuação de André Janones nas redes sociais, que tem incomodado os aliados do atual presidente, Lula divulgou uma carta aos cristãos para reduzir o impacto das mentiras propaladas por Bolsonaro. A campanha do petista, apurou CartaCapital, considera que as fake news alcançaram um "nível devastador" entre os evangélicos, superior ao de outros grupos sociais. Nesta semana, Lula foi ainda ao Rio Grande do Sul, onde esperava o apoio de Eduardo Leite, está no Rio de Janeiro e vai a Minas Gerais. Os dois últimos estados são tratados como fundamentais para o petista manter a vantagem que tem sobre Bolsonaro sem o risco de ser ultrapassado: basta diminuir a diferença no Rio e manter aumentar um pouco a distância que tem em Minas. Não é por outro motivo que a última semana deve ser focada no Sudeste. |
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