A edição anterior deste Manual das Eleições, na semana passada, foi encerrada com a seguinte frase sobre a possibilidade de Lula vencer já no primeiro turno: a Bolsonaro já não resta mais evitar a derrota, apenas adiá-la. Pois bem, passado o 2 de outubro, o favoritismo do petista continua. É comum se repetir que o segundo turno é uma nova eleição, o que não é uma mentira, mas dado o histórico das disputas presidenciais no País e os primeiros movimentos feitos por Lula e Bolsonaro agora, o cenário se mantém com certa estabilidade a favor do ex-presidente que vem desde a recuperação dos seus direitos políticos. O que surpreendeu e evidenciou as divergências e falhas de alguns dos principais institutos de pesquisas do País no primeiro turno foi o desempenho do atual presidente, que ultrapassou a casa dos 40% dos votos, número que não aparecia nos levantamentos. A chegada de uma considerável bancada bolsonarista ao Congresso reforça o quanto a força do ex-capitão foi subestimada. No entanto, há desvantagem de cerca de 6 milhões de votos para Bolsonaro e uma rejeição ainda alta. O presidente busca nesta segunda etapa da disputa reunir todo o antipetismo nacional ao seu redor. Não é pouca coisa e tem conseguido. Um dos primeiros a manifestar o apoio ao ex-capitão foi o governador reeleito Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do Brasil. No estado, Lula recebeu 48,29% dos votos contra 43,60% de Bolsonaro e, para o PT mineiro, não é o apoio do governador que fará o cenário mudar. "Não muda nada. Essa vinculação de Zema a Bolsonaro nós já fazíamos durante a campanha", disse o deputado estadual Cristiano Silveira, presidente estadual do partido. "Tanto que o candidato dele ao Senado, Marcelo Aro, não ficou nem em segundo lugar. Ele também não elegeu nenhum deputado federal do Novo e só fez dois deputados estaduais". A Zema, ao longo da semana, uniram-se bolsonaristas envergonhados e outros empedernidos, como Sergio Moro, Deltan Dallagnol, Ratinho Jr, Ronaldo Caiado, Cláudio Castro, Rodrigo Garcia, entre outros. De novo, não é pouco, mas também não é suficiente para uma mudança de onda, segundo as pesquisas. Nesta quinta, o PoderData mostrou que Lula tem 52% das intenções de voto contra 48% de Bolsonaro. O petista, segundo o instituto, herda 92% dos votos de Simone Tebet (MDB). Já o atual presidente recebe a maioria de Ciro Gomes (PDT): 56%. O Ipec (ex-Ibope) dá uma vantagem ainda maior ao petista: 51% a 43%. É compreensível a desconfiança gerada nas pesquisas, mas todas elas apontam um cenário consolidado de maior chance de vitória de Lula no dia 30 de outubro. Neste segundo turno, a disputa das urnas foi antecedida pelo anúncio de apoios importantes. Fernando Henrique Cardoso, Ciro e Tebet foram alguns que já se manifestaram a favor de Lula. "Ainda que mantenha as críticas que fiz ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em especial nos últimos dias de campanha, quando cometeu o erro de chamar para si o voto útil sem apresentar suas propostas concretas para os reais problemas do Brasil, depositarei nele o meu voto, porque reconheço o seu compromisso com a democracia e a Constituição, o que desconheço no atual presidente", discursou Tebet, que teve 4,1% dos votos válidos e terminou a disputa na terceira posição. "Não anularei meu voto, não votarei em branco. Não cabe a omissão de neutralidade". Termino este texto também com uma expressão usada na edição anterior para definir a eleição: entendiante do ponto de vista da opinião pública. Algo pode mudar? Sempre. Mas é cada vez menos provável. |
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