Quarenta dias no deserto

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16 DE NOVEMBRO DE 2022
Manuela Carta

Faltam 40 dias para nos livrarmos, de fato, de Jair Bolsonaro. Serão, porém, 40 dias no deserto.

O Capitólio rodoviário perdeu espaço no noticiário para a celeuma do mercado pelas declarações recentes de Lula. Mas ainda não acabou.

Ainda há golpistas aboletados em rodovias e calçadas de Norte a Sul no Brasil. Relatos de ameaças, coações e violência não param de chegar. Investigações também revelam, aos poucos, que empresários irrigam financeiramente esses protestos.

Como aponta a antropóloga Letícia Cesarino, colunista de CartaCapital, à medida que o dia da posse se aproxima, o clima conspiratório e extremista voltará a piorar – e isso depende cada vez menos de ações diretas de Jair Bolsonaro.

Talvez por isso o presidente segue mudo e recolhido desde o dia 30. E as Forças Armadas, embora não tenham conseguido apresentar uma prova sequer de que as eleições tenham sido fraudadas, voltaram a público para dizer que isso não significa que as urnas estejam livres de "um eventual código malicioso que possa alterar seu funcionamento". 

A transição, é verdade, corre sem maiores problemas. Também é fato que certos aliados de Jair Bolsonaro já piscam e acenam ao novo governo. Lula enfrentará, porém, uma oposição sem qualquer compromisso com a democracia e já habituada às ruas, que distorce a bel-prazer fatos e versões.

Também é incerto quanto ao que esperar da velha imprensa, que já dá sinais de retorno ao velho antipetismo – vide o lamentável comentário de Eliane Cantanhêde, na GloboNews, sobre a futura primeira-dama.

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