O 8 de Janeiro e a dupla fronteira da democracia

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O 8 de Janeiro e a dupla fronteira da democracia

Querido leitor,


No fim desta semana, os primeiros réus do 8 de Janeiro sentiram o peso da lei. O primeiro deles foi condenado a 17 anos da prisão. Outro, a 15 anos. Penas duras, como cabe aos crimes contra o Estado Democrático de Direito.


A defesa desses réus foi patética. Um grupo de advogados claramente despreparados optou por uma abordagem mais política do que técnica, salpicada de acusações contra ministros e de um nacionalismo piegas.


Um deles confundiu O Príncipe, de Maquiavel, com o de Saint-Exupéry. Também comparou o julgamento ao Holocausto. Outra chorou e queixou-se por não ter sido cumprimentada. 


É verdade que muitos dos golpistas do 8 de janeiro são simplórios, ingênuos, mal informados. Mas isso de forma alguma minimiza a gravidade de suas ações. Do quebra-quebra em Brasília aos acampamentos no Brasil profundo, o objetivo final de todo esse movimento era que os militares tomassem o poder.


A insensatez não conhece fronteiras geográficas. Minha cidade natal, no extremo-oeste paranaense, teve alguns "patriotas" capturados em Brasília. Mesmo os que voltaram para casa com o tornozelo adornado seguem inebriados pelo ódio e pelas ilusões golpistas.


Ameaça séria ou delírio? Em um contexto de desinformação crônica, a linha entre os dois é estreita. A desconfiança absoluta nas instituições, somada à ignorância e ao pouco letramento digital, produziu um caldo tóxico de radicalismo e credulidade.


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A dureza das penas é um antídoto necessário à radicalização golpista. Mas, sozinha, não evitará outros 8 de janeiros. A resposta não está apenas na severidade da lei. Está na reconstrução de uma esfera pública bem informada e crítica.


A questão não é apenas se sobreviveremos a outros 8 de janeiros, mas que tipo de país emergirá dessas provações. Para que CartaCapital se mantenha atenta e atuante, precisamos da sua ajuda. Jornalismo independente, informação confiável e análise crítica são mais do que nunca essenciais para uma democracia saudável e para a construção de uma sociedade que respeita a sua própria inteligência.

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Um comentário:

  1. O mesmo não aconteceu com BATATINHA & ANDRÉ DO RAP, ambos CHEFÕES DO PCC e SERGIO CABRAL. Qual seria o motivo? Amigos do antigo advogado?

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