Boletim de Economia - As gigantes que podem inspirar a transição energética da Petrobras

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Na área de refino da Petrobras, as emissões de metano no representaram uma diminuição de 12% diante de 2015

As gigantes que podem inspirar a transição energética da Petrobras


Com investimento significativo em energia mais limpa e soluções de baixo carbono, Equinor, Shell e TotalEnergies podem inspirar a empresa brasileira, diz diretor



As estratégias da norueguesa Equinor, da holandesa Shell e da francesa TotalEnergies para a transição energética são acompanhadas de perto pela Petrobras, no que se refere a transição energética, devido à relevância e consistência dos investimentos em fontes de energia mais limpas e sustentáveis e à diversificação dos seus negócios em direção a soluções de baixo carbono. "Elas demonstram um compromisso em adaptar-se às mudanças do mercado e às demandas por energia mais sustentável. A Petrobras pode buscar inspiração nessas empresas para desenvolver sua própria estratégia de transição energética", ressalta o diretor de Transição Energética da Petrobras, Mauricio Tolmasquim.  


As gigantes petrolíferas são referências pelos seguintes motivos, segundo Tolmasquim:


Equinor 

Se destaca na transição energética, investindo em energia eólica offshore, hidrogênio e CCS (captura e armazenamento de carbono). A empresa tem uma longa experiência na indústria do petróleo e gás, mas busca diversificar seu portfólio em direção a fontes de energia mais limpas.


Shell 

Se posiciona como uma empresa de energia, não apenas de petróleo e gás. Ela tem aumentado seus investimentos em energia renovável, como eólica, solar, hidrogênio e biocombustíveis. Além disso, a Shell tem se envolvido em projetos de captura e armazenamento de carbono.


TotalEnergies 

Adota uma estratégia de transição energética, diversificando seus investimentos em energia renovável, como solar, eólica offshore, biocombustíveis, hidrogênio verde e armazenamento de energia. A empresa tem como objetivo aumentar a parcela de energia limpa em seu portfólio nos próximos anos.


As ações de descarbonização das operações, com vista a redução de emissões de gases de efeito estufa, são um dos pontos em comum entre as três empresas estrangeiras e a Petrobras.


O Programa Carbono Neutro da Petrobras, por exemplo, busca compensar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) tornando suas atividades neutras em carbono. Isso é feito por meio da redução das emissões diretas e indiretas de GEE, e da compensação das emissões restantes por meio de projetos de mitigação, como reflorestamento, uso de energias renováveis e projetos de captura e armazenamento de carbono. 


O Programa é uma dentre várias estratégias para reduzir as emissões de GEE nas operações da empresa, de duas maneiras: (1) investindo em tecnologias mais limpas e eficientes, e (2) compensando as emissões residuais através de projetos de compensação de carbono.


Há também vários programas específicos focados no aumento da eficiência operacional, além de projetos para transporte marítimo e apoio logístico offshore, todos com o objetivo de contribuir com a redução de GEE nos diversos segmentos.


Segundo a empresa, em outubro, as Emissões Absolutas Operacionais de Gases do Efeito Estufa apresentavam uma redução de 39% em comparação à 2015. No mesmo mês, a Intensidade de Emissões de GEE na prospecção e exploração de petróleo atingiu uma redução de 50% em comparação com 2009. No caso das emissões de metano, também na prospecção e exploração, a redução chegou a 67% diante de 2015. No refino, as emissões de metano representaram uma diminuição de 12% diante de 2015.

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O problema central de coordenação não é administrativo, mas está profundamente ligado ao sistema político brasileiro

Os desafios políticos e os problemas de gestão na condução da política industrial

A recriação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial será o "carro-chefe" do esforço para remover os escombros da política de terra arrasada praticada nos governos Temer e Bolsonaro, diz economista



Dado o pequeno número de países que, partindo de uma condição retardatária no início do século 20, conseguiu alcançar o desenvolvimento, ou está próximo disso, atingir essa condição socioeconômica "é uma grande improbabilidade para o Brasil", alertou o economista Luís Felipe Giesteira, Diretor do Departamento de Desenvolvimento da Indústria de Alta Complexidade Tecnológica do Ministério da Indústria e Comércio, em debate promovido pelo Instituto de Economia da Unicamp. O País deve, contudo, continuar na busca desse objetivo, ressaltou o palestrante.


Giesteira chamou atenção para a importância da política por trás da política industrial, ou a economia política da política industrial. "O problema central de coordenação, está muito claro que não é um administrativo, mas está profundamente ligado ao nosso sistema político, que dificulta muito fazer política industrial, por termos mandatos de quatro anos. Não é o único obstáculo. Mesmo tendo diversas carreiras altamente especializadas na estrutura do Estado, há extrema divisão dos centros de comando no governo. Parte disso tem a ver com a própria complexidade das políticas industriais no mundo atual. Essa política envolve definições em relação a descarbonização, educação, política de defesa, política externa, todas altamente transdisciplinares, além de várias pastas e ministérios e às vezes tem a ver também com a questão federativa".   


O sistema político brasileiro, prosseguiu o economista, foi feito muito preocupado em não permitir que ninguém tivesse poder decisivo, nem por curto espaço de tempo. Formam-se consensos formais, que não sobrevivem muito. Antes isso ocorria entre ministérios, atualmente ocorre até entre secretarias. "Por motivos óbvios, diversos secretários, e até mesmo diretores de agências, foram indicados por partidos diferentes. Tudo isso paralisa a ação e a política industrial precisa de ao menos um conjunto de decisões que sejam mantidas por um período relativamente longo, de cerca de 10 anos. Esse problema já existia e aumentou".  


Giesteira sublinhou a importância da recriação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, "nosso carro chefe", que tem toda uma carga simbólica. O topo do modelo de governança é praticamente paritário, com participação de empresários e trabalhadores na governança, em um modelo que o diretor considera "muito apropriado". 


O economista discorrer sobre a política de terra arrasada nos governos Temer e Bolsonaro, em relação à política industrial. "A preocupação de que o Brasil devia ter taxas de crescimento maiores, buscar uma certa proficiência tecnológica, fazer algum tipo de catching-up tecnológico, tornar as empresas industriais, competitivas, que existia antes, foi liquidada no período Temer-Bolsonaro. Foi muito grave, jogaram a toalha." A preocupação em inserir a indústria do Brasil no tecido industrial mais nobre do planeta, prossegue Giesteira, simplesmente deixou de existir. Ele considera "um pouco desonesto" algumas pessoas que se opuseram aos governos Lula e parte do governo Dilma, dizerem que a política industrial sob Temer e Bolsonaro teve outra visão. "Ali não havia preocupação com a política industrial", destaca. 

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