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O Aiatolá José Serra vai apedrejar a Soninha?

                   

A Soninha (que já foi da MTV, e era filiada ao PT) hoje é uma das coordenadoras da campanha do Serra. A Soninha – como tantas mulheres – reconhece – na reportagem reproduzida aí no alto – que já fez aborto. Não o fez porque é um monstro irresponsável. Mas porque tantas vezes essa é a única opção para as mulheres. Quem conhece alguém que já abortou sabe do drama que as mulheres - mas também alguns homens – enfrentam nessa hora.
Serra e Soninha, vamos ser honestos, não são fascistas nem fanáticos religiosos – ou não eram. Serra, quando ministro da Saúde, assinou portaria regulamentando aborto no SUS. Só que Serra não tem limites para chegar ao poder. Na tentativa desesperada de ganhar de Dilma, ele se aliou ao que há de mais atrasado no Brasil. Até TFP (seita de extrema direita que é monarquista , contra o divórcio e contra os gays) está apoiando Serra.
Serra, pra ganhar,   aposta no atraso, no pensamento mais consevador. Aposta no preconceito contra as mulheres. Serra quer ganhar votos espalhando que Dilma é “abortista, e quer matar criancinhas” (a própria mulher de Serra disse isso num corpo-a-corpo na rua).
Sei que há muita gente, homens e mulheres, que não gosta da Dilma. Gente que até já votou no PT , mas se decepcionou com o PT. Muita gente nessa situação escolheu no primeiro turno Marina, Plinio ou até Serra. Mas será que esse povo quer o atraso no Brasil? Duvido…
Serra, se vencer (e acho que não vence), trará com ele o preconceito, o atraso, a visão de que “gay é pecador” e “mulher está aí pra procriar, não pra decidir sobre sua saúde”.
Serra não era assim. Mas ficou assim. Serra hoje é o atraso. Não é à toa que, no twitter, Serra virou “#aiatoláSerra”.
Coitada da Soninha.    
Quem me deu a dica dessa história da Soninha foi o Altamiro Borges.   

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Dilmadre X Serrangélico

Muito chato este segundo turno!
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O aborto e o ato falho de Serra


Do Congresso em Foco Em discurso na cerimônia do PSDB para comemorar seus resultados nas eleições, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, cometeu um ato falho ao falar sobre a legalização do aborto. Serra referia-se às notícias de que a campanha de sua adversária, Dilma Rousseff, e seu partido, o PT, trabalhavam uma estratégia para retirar da pauta do segundo turno a questão. No final do primeiro turno, a incerteza sobre a posição de Dilma a esse respeito [...]

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Combatendo os boatos na web

Presidente Dilma - Para o Brasil Seguir Mudando

Notícias
Dilma atrai milhares de pessoas em carreata
Na Baixada Fluminense, Dilma assumiu compromisso de investir mais em tratamento de água e esgoto 


Católicos condenam perseguição contra PT e Dilma

Igreja condena atitude de padres que pregam voto contra o PT

Rádio
Dilma Rousseff visita Minas Gerais nesta quinta-feira

Investimentos do governo federal resultaram no desenvolvimento de Minas Gerais


Vídeo
 Apoio integral

      


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O círculo da direita se fecha: teocracia, censura nas redações, ideologia do medo

A grande marcha conservadora

O eleitor médio aceitará ser torturado pelo discurso de fanáticos religiosos a serviço de Serra?
Com a generosa ajuda da velha mídia brasileira, e uma mãozinha da candidatura de Marina Silva, Serra conseguiu pautar a reta final do primeiro turno e o inicio do segundo turno com uma temática religiosa.
É um atraso gigantesco para o Brasil.

Parte dos apoiadores de Dilma acha que a campanha do PT deve fugir desse debate, recolher apoios de evangélicos e católicos, e rapidamente mudar de assunto.
Penso um pouco diferente.
É evidente que essa temática religiosa não é o que interessa para o Brasil. Mas se Serra escolheu o obscurantismo, é preciso mostrar isso à população. A esquerda, tantas e tantas vezes, foge dos enfrentamentos. Acho que desse enfrentamento não deveria fugir.
Por que ninguém do PT é capaz de dar uma resposta a Serra, deixando a  Ciro Gomes a tarefa de pendurar o guiso no gato? Ciro disse -de forma muito apropriada - que o discurso de Serra é o caminho para um regime teocrático. Vejam:

(Ciro Gomes) “Por que o PSDB, que nasceu para ajudar a modernidade do País, resolveu agora advogar o Estado teocrático? O Serra tem de dizer que, na República que ele advoga, primeiro falam os aiatolás, e aí os políticos resolvem o que os aiatolás querem que seja feito.”

O Brasil, agora digo eu, precisa que se faça esse debate.

O Brasil precisa, também, comparar os resultados econômicos e sociais de FHC e Lula. Mas precisa de politização, precisa que se enfrente o pensamento conservador.
Essa é uma hora boa para desmascarar a intolerância religiosa.

Aliás, é preciso tomar cuidado ao associar “evangélicos”, apenas, a esse discurso intolerante. Não. Os ataques mais coordenados e mais perigosos partem da Igreja Católica.
É preciso – com muito cuidado e respeito pelos milhares de católicos e evangélicos que praticam a religião apenas para confortar suas almas, e para difundir o amor ao próximo – lembrar que já houve um tempo em que a religião mandava na política. 

No Brasil Colonial, tivemos a Inquisição católica a prender, torturar e executar. A intolerância religiosa já matou muito – no mundo inteiro. Aprendemos isso na escola, ou deveríamos aprender (quem não se lembra da “Noite de São Bartolomeu” ,na França, pode ler algo aqui).

Já que Serra quer travar esse debate, devemos pendurar o guiso no gato, e perguntar se o que ele quer é um Estado teocrático. É isso?

Do lado de Serra, certamente ficará muita gente. Mas tenho certeza que do outro lado ficará o que há de civilizado nesse nosso país.

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Ciro Gomes - tucanos trazem o ódio religioso para a política

Ciro afirma que Dilma precisa se aproximar ainda mais do povo


De volta à cena política nacional na coordenação da campanha da presidenciável Dilma Rousseff, Ciro Gomes enfileirou críticas em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade. Da "falsa polarização" partidária em São Paulo às polêmicas religiosas, o deputado federal pelo PSB-CE manteve sua fama de político com opiniões radicais. Sobre a questão do aborto, Ciro afirmou que "os tucanos estão trazendo o ódio religioso para a política". 

— Temos que denunciar isso com toda a força, ninguém tem o direito de violentar uma tradição brasileira — disse, em referência ao que ele define como "tolerância religiosa" no país. — O aborto é uma questão que aflige milhares de pessoas, mas o que está em debate é a tentativa de manipular o sentimento religioso. 

A questão do aborto movimentou os momentos finais da corrida presidencial no primeiro turno. Declarações da candidata do PT, Dilma Rousseff, teriam dado conta de que ela seria a favor da legalização da prática, o que teria enfurecido entidades religiosas.

Faltam "nuances" para Dilma
Ciro também repercutiu o crescimento de Marina Silva (PV), no fenômeno que pode ter endossado a realização do segundo turno. 

— O voto na Marina mostra um compromisso claro com valores. É um voto de quem está cansado de escândalos, tanto do PSDB como do PT. É um voto que mostra o cansaço com essa mesquinharia, essa atitude destrutiva da política. E que vai contra essa falsa polarização em São Paulo que PT e PSDB querem impor ao Brasil — criticou. 

Como um dos coordenadores da campanha de Dilma, Ciro entende que, neste segundo turno, a candidata precisa ajustar detalhes. Para o deputado, a petista foi "brilhante". 

— Para quem se tornou conhecida há seis meses, ela teve uma votação expressiva. Dilma é uma grande vitoriosa. Agora, ela precisa se aproximar mais do povo, olhar mais no olho — aconselhou. 

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O ato falho de José Serra, o Restadão e Freud

Aborto: bem vindo ao século XVI



Freud, mais que Marx, ajuda a entender o obscurantismo que vem à tona no Brasil

Como sabem aqueles que conhecem um pouquinho de Freud, os atos falhos são – por definição – reveladores daquilo que anda em nosso inconsciente, e que muitas vezes tentamos esconder.

Quando alguém vai ao psicanalista, às vezes passa horas e horas tentando explicar o que pensa e o que sente. Discurso controlado, consciente – e que no mais das vezes encobre a verdade.

Um ato falho, que o paciente deixe escapar em meio a dezenas de sessões, às vezes dá uma pista mais importante para o psicanalista do que horas e horas de blá-blá-blá. O ato falho revela o que está reprimido, e pode apontar o longo caminho da cura (ainda que – quase sempre – a cura não seja a felicidade absoluta, mas a infelicidade suportável).

Vejam se não é um ato falho maravilhoso esse cometido por Serra hoje, ao falar do aborto: “Estão querendo tirar o aborto da pauta. Eu nunca disse que sou contra o aborto, porque sou a favor o aborto”, disse primeiro Serra, para surpresa da plateia. “Ou melhor, sou contra o aborto”, corrigiu em seguida.” A notícia eu li aqui.
Não é sensacional?

A campanha de Serra foi a beneficiária do terrorismo religioso envolvendo o aborto na reta final da eleição. Ou vocês acreditam que essa história tenha sido um debate que surgiu “naturalmente” na sociedade? O Paulo Moreira Leite – jornalista que trabalha na revista “Época”, mas que tem a qualidade de não brigar com os fatos  – acha que não. Confiram aqui o que diz o Moreira Leite sobre isso.
Mas, de volta ao ato falho…

Serra, como sabemos, não é um homem formado nas tradições da direita. Isso é que é mais triste. Se fosse o Alckmin, que milita na Opus Dei, a gente entenderia. E até respeitaria mais – porque a Opus Dei é visceralmente contra o aborto.

Mas o Serra não vem dessa tradição conservadora. Está apenas usando esse discurso – de forma hipócrita, desavergonhada, sem nenhuma convicção.

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Ciro Gomes - Mistificação em torno do aborto é calhordice

Eugênia Lopes – O Restadão

Convidado para ser um dos coordenadores da campanha da Dilma à Presidência da República, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) considera uma “calhordice” a mistificação religiosa em torno do debate do aborto. Apesar de ter sido afastado da corrida presidencial por decisão do PSB, em acordo com o Planalto, Ciro garante não ter guardado ressentimento. “Eu sou um dos eleitores que potencialmente poderia ter votado na Marina por tudo que aconteceu. Não votei porque sou militante, meu partido tomou alinhamento”, afirma. 

A Marina Silva surpreendeu ao obter 20 milhões de voto, acabando com eleição plebiscitária desejada pelo presidente Lula. Em sua opinião, de onde vieram esses votos?
A substância desse voto é ideológica, é progressista, é um voto exigente, que vota comigo. Eu disse várias vezes: se eu não for candidato, a Marina vai ficar com os meus votos. Ela ficou com parte importante deles, que é essa classe média, com escolarização alta, que percebe que o PT e o PSDB são iguais nas mazelas. São pessoas que não aceitam a redução da política a esse falso maniqueísmo. Percebem a contradição de um PSDB, que prometeu uma coisa e fez outra. E também que percebem a contradição de um PT que falava pela goela num moralismo exacerbado e agora, de vez em quando, manda uma notícia de um escândalo.
E esse voto vai para onde?
Vai para a Dilma. Não tenho a menor dúvida disso.
Não vai para o Serra?
Parte vai, mas a substância vai para Dilma. Se fosse para o Serra, teria ido no primeiro turno. As pesquisas que vão sair agora vão revelar uns 10 pontos de revanche da Dilma sobre o Serra.
O salto alto na campanha da Dilma atrapalhou sua eleição no primeiro turno?
Não é salto alto. Todos os institutos de pesquisa ficaram dizendo que a Dilma ganhou. E aí a gente faz realmente o quê? Eu digo na parte dos profissionais. O que acontece é o seguinte: toca a bola no meio de campo para não errar. Não responde ao ataque, não reconhece o crescimento da Marina. Não houve erro. Como se faz, se estão com 51% em um instituto, 52% em outro? Eu inovo, eu caio na provocação? Eu respondo aos boatos sujos, imundos, que dominaram a internet?
O senhor está se referindo a questão do aborto?
O pior é trazer para a luta política brasileira um homem como o Serra, qualificado, preparado, experiente, homem de valor, e o PSDB trazer em socorro de sua débâcle eleitoral a calhordice da mistificação religiosa. É grave para o País. O Brasil tem uma tradição que o mundo inteiro admira, que é a tolerância religiosa, é o Estado laico. Aí a imundície está tomando conta, essa coisa do ódio religioso, da intolerância trazida para a política.
A disseminação, principalmente na internet, de que Dilma seria favorável ao aborto atrapalhou a sua eleição em primeiro turno? Não acho. A Dilma falou com muita clareza que não é a favor do aborto. A questão é posta em si em termos calhordas, desonestos. Ninguém é a favor do aborto. Isso é um assunto da intimidade da mulher, da família, de seu conjunto de valores morais, éticos, religiosos e uma ação de saúde. Essa é a única discussão possível. O presidente da República tem zero poder nesse assunto. Só quem pode regulamentar esse assunto é monopolisticamente o Congresso.
Mas o assunto ficou…
A mãe da liberdade de imprensa é o Estado republicano laico. Os aiatolás, os talibãs e os seus afins não permitem a liberdade de imprensa, não permitem que as mulheres tenham liberdade. É isso que estamos querendo trazer para o Brasil? É violar essa conquista centenária do povo brasileiro, por oportunismo? Por que o PSDB, que nasceu para ajudar a modernidade do País, resolveu agora advogar o Estado teocrático? O Serra tem de dizer que, na República que ele advoga, primeiro falam os aiatolás, e aí os políticos resolvem o que os aiatolás querem que seja feito.
O senhor acha que o fato de o Lula ter feito criticas à imprensa influenciou negativamente na eleição de Dilma?
Aquilo foi gol contra. A imprensa como entidade é tão essencial à democracia como o ar que a gente respira. Isso não quer dizer que você não possa fazer um debate com o mérito deste ou daquele editorial. Eu, por exemplo, tenho grandes problemas com facções da imprensa conservadora brasileira. Mas amo e protejo os seus direitos. Quando o Getúlio Vargas se suicidou havia contra ele uma campanha violentíssima na grande mídia. Mas ele preferiu se matar do que atentar contra a liberdade da imprensa.
Mas por que o Lula tem esse tipo de comportamento de sempre querer cercear a imprensa?
O Lula nasceu e cresceu mal acostumado com as redações todas favoráveis a ele. E assume a Presidência e meio que replica as práticas conservadoras de manter esse imenso volume de dinheiro público financiando a grande mídia. Creio que ele esperava uma certa reciprocidade. Já devia ter aprendido que isso não vai existir jamais. Eu distingo uma linha editorial do Estado, que é um jornal sério, conservador, que tem seu lado, que tem seus valores. Eu respeito isso mais profundamente do que dois terços dos meus aliados. Respeito o jornal, a posição, a opinião, como respeito Aloysio Nunes Ferreira. Viva São Paulo, que elegeu Aloysio Nunes Ferreira.
Foi melhor do que eleger o Netinho?
Não vou dizer de quem ele é melhor. Vou dizer: viva São Paulo que elegeu Aloysio Nunes Ferreira. É um cara da política, de a gente discutir posições, um cara que tem uma linha. Dou muito mais valor ao Aloysio Nunes Ferreira do que dois terços dos meus aliados de hoje.
Que aliados? O PMDB?
Você que está falando.
O senhor é um dos coordenadores da campanha. O que deve mudar na propaganda eleitoral?
O programa eleitoral tem necessariamente de mudar porque agora ele terá uma dinâmica bipolar, todos os dias e dez minutos iguais. Você tem de politizar muito mais. Agora sim é um plebiscito. Temos de mostrar que há um projeto, que pegou o desemprego em 15% e está com 8%, que pegou a inflação em 24% e está em 5%. É um projeto que pegou o salário mínimo em US$ 76 e agora está quase US$ 300. Então é projeto contra a tentativa de volta daquele outro projeto. O único brasileiro que tem saudade do Fernando Henrique é o Serra.
Pouco antes de sua candidatura pelo PSB ser abortada, o sr. foi irônico e se referiu ao presidente Lula como o “santo Lula”.
Minha frase inteira é a seguinte: o Lula é um extraordinário líder político, mas não é um santo. Muitas vezes, acho que os bajuladores do Lula o tratam não como se ele fosse um extraordinário líder político, mas um santo a quem não deve se dar uma opinião negativa. Eu sou leal, parceiro, amigo do Lula há mil anos. Disso ninguém duvida. Agora, a forma de ser leal e amigo não é ficar bajulando, dizendo que está tudo maravilhoso. É dizer o que você pensa com franqueza. Ainda que você também possa estar errado. Quantas vezes eu já não errei?
O senhor ficou magoado com o fato de ter barrada sua candidatura à Presidência?
Mágoa não é a palavra. Fiquei triste para valer porque achei uma violência. Eu poderia ter votado na Marina por simpatia pessoal. Eu sou um dos eleitores que potencialmente poderia ter votado na Marina por tudo que aconteceu. Não votei porque sou militante, filiado a um partido, meu partido tomou alinhamento. Eu acho que o Serra é o atraso. Acho que essa aliança do PT com tudo que tem aí é uma contradição, tem muito problema, tem fadiga de material. Eu hospedaria o meu voto com muita tranquilidade no primeiro turno na Marina certo de que ela não ganharia. Ato contínuo eu votaria na Dilma, sem dúvida. Eu seria esse típico eleitor. As pessoas vão pensar um pouco.
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Que tal abortar a hipocrisia?

Paulo Moreira Leite, no blog da Época
A discussão sobre a descriminalização do aborto foi um tema da reta final do primeiro turno e deve permanecer na segunda fase da campanha presidencial.
Há um lado peculiar nessa discussão. Ninguém falou de aborto nos últimos anos. Os vários projetos sobre o assunto, no Congresso jamais mereceram atenção da imprensa nem dos partidos políticos. Ficaram adormecidos e eram lembrados, como bandeira feminista, nos festejos de 8 de março ou outras datas semelhantes.

Na última semana da campanha, o debate surgiu.

Por que? Honestamente, só há uma explicação política: era uma forma de prejudicar a candidatura de Dilma Rouseff e tentar impedir sua vitória no primeiro turno.
Não é uma conspiração. É uma intervenção política, nos subterrâneos da campanha. É dificil imaginar que o aborto tenha surgido de forma espontânea. Foi um assunto provocado, de fora para dentro. Todos os grandes candidatos têm suas conexões religiosas e seus aliados neste universo.
Da mesma forma que um partido pode mobilizar sindicatos para defender uma candidatura ou um grupo de empresários para conseguir apoio, outra legenda pode mobilizar uma liderança religiosa para prejudicar um adversário.
Os adversários de Dilma descobriram um ponto sensível, onde seria possível atingir a candidata e colocaram o assunto na internet, produzindo o estrago que se conhece. Não é um ataque sem base.
A posição de Dilma e do PT modificou-se ao longo do tempo. O PT decidiu não colocar o assunto em discussão na campanha eleitoral, ainda que ele tivesse surgido na primeira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos, sendo extirpado por decisão do presidente Lula, que não teve receio de desautorizar seus próprios auxiliares.  O eleitor tem o direito de saber que a liderança religiosa que condena um concorrente em função dessa questão tem vínculos com determinada candidatura e trabalha para ela.
Quem acha necessário  levantar a discusssão deve fazer isso de modo transparente, e não na forma de insinuações e acusações pela internet.  O esforço para criar um debate sem origem é revelador de uma operação eleitoral, de quem quer cativar o eleitor religioso sem perder apoio junto a setores da classe média urbana que tem outra visão sobre o assunto e pode achar esse comportamento reacionário e inaceitável.
A falta de interesse que o aborto costuma provocar na vida cotidiana do país só ressalta o caráter artificial dessa discussão agora.
Por exemplo: lendo a Folha de hoje descobri que o PV é a favor da legalização do aborto desde 2005. É espantoso, quando se recorda que é justamente o partido de Marina Silva.
(O PV também é a favor da legalização da maconha, diz o jornal. Não duvido que uma pesquisa aprofundada descubra uma resolução de algum encontro verde a favor de casamentos de homossexuais…)
Não acho essa revelação sobre a posição do PV sobre a legalização do aborto escandalosa. É sintomática.
A sociedade brasileira convive há muitos anos com o aborto, que é tolerado em todas as famílias com uma única diferença. Quando a pessoa tem posses, pode submeter-se a uma cirurgia como tantas outras. Caso contrário, é submetida a intervenções   de risco.  O debate é uma questão de saúde pública, acima de tudo.
Não conheço ninguém que seja a favor do aborto. Mas conheço muitas mulheres que realizaram um aborto porque não se sentiam capazes de criar um filho sob determinadas condições  — o que me parece uma atitude tão respeitável  como a daquela que não realiza o aborto por uma postura ética de não atentar contra a aquela forma de vida humana.
Acredito nos políticos que dizem que são contrários ao aborto. Não conheço nenhuma pessoa que, em pleno gozo de sua saúde mental, seja a favor de interromper o desenvolvimento de um feto, de modo gratuito, em vez de utilizar métodos anticoncepcionais.
Na vida pública, nossos políticos se comportam da mesma forma, independente de cor, filiação partidária ou origem religiosa: toleram o aborto. Por essa razão as clínicas que realizam esse tipo de cirurgia funcionam de forma discreta e jamais são incomodadas pelas autoridades. A partir de uma certa idade, toda mulher brasileira sabe onde pode encontrar o nome de um médico que pode interromper sua gravidez. Marie Claire, uma das grandes revistas do país, tem posição editorial firmada a favor da discriminalização do aborto.
Periodicamente, os jornais e revistas entrevistam celebridades que já fizeram aborto — e nada lhes acontece, ao contrário do que ocorreu com o galã Dado Dolabella, que será processado porque recentemente foi apanhado com algumas gramas de maconha.
Na prática, o país caminha em direção à discriminalização — mesmo que nem sempre seja conveniente admitir isso.  Essa discussão envolve um debate necessário e será lamentável se o assunto for transformado em troféu de uma guerra eleitoral.
Estamos num desses casos em que raramente se diz aquilo que se faz. Concorda?

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