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Você



Ei, você!
Você, aí!...
Você que grita, reclama da sorte,
mas nunca arriscou a vida
ou esteve perto da morte.
Você, sim...
Você que não chora
para não ver sua pose no chão,
Você, que esqueceu o que seja uma canção!
Você, que nem lembra da franqueza,
que faz caridade para aparentar nobreza.
Você, o robô enferrujado que se imagina gente,
o autômato gelado que infesta o presente.
Você, que pensa, age,
segundo um cálculo seguro;
Você... que não tropeça no escuro.
É, você mesmo...
Anda, ri da humanidade,
mostre sua piedade...
Você, que manipula o riso,
mas não entendeu que sobre este piso,
você é o palhaço de verdade!

Vida

Por que me fizeste assim?
Caco, vidro, louça quebrada...
Não me viveste, enfim,
não me fizeste amada!
No entanto, era tão fácil me viver,
tão simples me acolher...
Não me deixes ir sem me conhecer...
Sou aquela que te faz rir,
que de amor te faz renascer,
que te acorda ao amanhecer
e que teu sofrer te leva a esquecer...
Anda, me faz querida...
Pois esta sou eu, a vida!

Approach


Mais poemas em

Recomeço

Caminhava sobre a areia quente. No seu entorno, a paisagem erma, grotesca na sua aridez inerte.

Sabia o que acontecera, mas não conseguia entender como ainda estava ali, vivo...ele e mais meia dúzia de pessoas. Era difícil entender o porquê...será que tinha sido escolhido? Mas para quê? Para refazer tudo aquilo que os de sua raça tinham destruído? Não se sentia capaz disso. Para ser o bode expiatório que pagaria por tudo o que eles fizeram? Talvez! E com isso ele até concordava... afinal, fizera parte daquilo tudo; calara para não se expor, fingira não ver, esquecera sem pudor o que acontecia... e a desculpa pra isso? Sempre a mesma: era apenas uma pessoa, não iria conseguir nada mesmo! E então, calara a sua voz até esquecer que ela existia; fechara seus olhos até que estes só vissem as imagens que lhe agradavam!

Mas, se tivesse burlado a própria omissão teria, pelo menos, a certeza de que havia feito algo, havia manifestado sua opinião, registrado o que pensava...

Mas do mesmo modo como ele se isolara em uma ilha de comodismo egóico, tantos outros fizeram o mesmo...e então, os jardins começaram a ser invadidos, as flores arrancadas, as árvores ceifadas e as vidas escravizadas pelos medos .. sonhos comprados a custo de ilusões materiais, metas deturpadas pela ganância e o poder desmedido massacrando tudo e todos. E todos caminharam juntos, cegos e acomodados, para o abismo em que sucumbiram!

Era impossível para ele acreditar que só ele tinha visto os sinais – primeiro a inconsciência absurda com relação ao habitat; depois a confusão e finalmente a perda dos valores morais, éticos, das estruturas emocionais... e o apogeu do ¨fim que justifica os meios¨ e o ¨levar vantagem em tudo¨...

Como fora omisso!

E o pior era saber que poderia ter, pelo menos, tentado fazer a diferença; e embora percebendo todo o desenrolar, assistira calado, sentado em banco confortável ao ocaso de uma raça.

E ainda assim sobrevivera a isso: ao caos social, a deterioração do ar respirável, ao extermínio das condições de vida no planeta em prol de valores superficiais de busca de poder.

E agora? Poderia recomeçar... sim, haviam poucos sobreviventes, mas mesmo assim, poderiam recomeçar – e, como ele estava em melhores condições físicas e emocionais, poderia se tornar o líder deles, e ascender ao ... PODER!!!

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