Marli Moreira - Agência BrasilDepois de dois meses consecutivos de queda, a produção de veículos no país aumentou 17,4%, em outubro, na comparação com setembro. No mês passado, foram fabricadas 205.020 unidades. Em relação a outubro do ano passado, porém, houve queda de 30,1% e, no acumulado desde janeiro, redução de 21,1%.Os dados foram divulgados hoje (6) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos automotores (Anfavea). Em termos de exportações, o desempenho de outubro também foi melhor do que o de setembro, com avanço de 3,7% em unidades, o equivalente a 837,4 mil veículos. O total obtido com as exportações passou de US$ 837,4 milhões para US$ 868,1 milhões.No mercado interno, as vendas continuaram desaquecidas, caindo 4% sobre as de setembro último e 37,4% em relação a igual mês do ano passado. Foram vendidas no país em outubro 192,1 mil unidades. No acumulado desde janeiro, o número é 24,3% inferior ao registrado no mesmo período de 2014.O presidente da Anfavea, Luiz Moan, disse que o pequeno avanço na produção está associado a um ajuste dos dias trabalhados, e não a uma tendência de retomada do crescimento dos negócios. Apesar disso, Moan mantém a expectativa de que as promoções de vendas neste semestre possam atrair novos clientes. Entre esses eventos, ele citou a Fenatran – 20º Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Carga, de segunda (9) a sexta-feira (13) próximas, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo.Moan ressaltou que o setor de caminhões “continua em uma situação bastante delicada”. Em outubro, as vendas destes veículos caíram 52,5% com maior retração no caso dos caminhões semipesados, com a procura 57% abaixo da do mesmo mês do ano passado.Segundo Moan, com o crédito mais restrito e a economia em baixa, não há, por enquanto, uma projeção sobre quando o setor conseguirá retomar o crescimento. Para Moan, a reversão no ritmo de desaquecimento do setor deve ocorrer em 2016. Ou seja, as montadoras poderão ainda registrar menos produção e vendas, mas com quedas inferiores às registradas neste ano.O presidente da Anfavea manteve as previsões, revisadas no mês passado, de fechamento deste ano com redução de 27,4% nas vendas e de 23,2% na produção. Também foi mantida a alta estimada em 12,2% nas vendas ao exterior. “Estamos com empenho bastante forte nas exportações e uma evolução de quase 17% [no ano] com alguns países em que o governo trabalhou no acordo bilateral do comércio como o México, por exemplo, em que já evoluímos em 73% as nossas exportações e com a Argentina, com aumento de 5%.”Edição: Nádia Franco
Produção e exportação de veículos aumentam de setembro para outubro
Cunha e Fhc pensam que somos todos imbecis
Eduardo Cunha pede aos brasileiros que sejam também imbecis. Já estava combinado que não se deve dar ouvidos aos delatores da Lava Jato nem enxergar ao pé da letra os documentos vindos da Suíça. Sob pena de o presidente da Câmara, injustiçado, tocar fogo no país. Agora, Cunha espera que todos percebam que tudo o que está na cara não é o que parece. E ensina aos cretinos que não convém arriscar a estabilidade política do país por coisas tão relativas e politicamente supérfluas como a lógica e a verdade. Leia mais>>>
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Eduardo Cunha pede aos brasileiros que sejam também imbecis.
Já estava combinado que não se deve dar ouvidos aos delatores da Lava Jato nem enxergar ao pé da letra os documentos vindos da Suíça. Sob pena de o presidente da Câmara, injustiçado, tocar fogo no país. Agora, Cunha espera que todos percebam que tudo o que está na cara não é o que parece. E ensina aos cretinos que não convém arriscar a estabilidade política do país por coisas tão relativas e politicamente supérfluas como a lógica e a verdade.
Em março, Cunha disse na CPI da Petrobras que não tinha contas bancárias no exterior. Passam uns meses e a plateia ficou sabendo que o deputado tinha não uma, mas quatro contas secretas na Suíça. Desmente daqui, desconversa dali surgem os documentos. Na sequência, o silêncio. E, de repente, Cunha esclarece que não é o titular das contas, apenas o beneficiário. Na verdade, nem existem contas. O que há são empresas batizadas de "trusts" (pode me chamar de lavanderia), que Cunha diz ter contratado para gerir seu dinheiro no estrangeiro.
No fim das contas, dá na mesma: autoconvertido numa espécie de neo-Maluf, Cunha escondeu milhões numa casa bancária da Suíça. Porém, desobrigado de fazer sentido, o deputado jura que não mentiu à CPI. Ele apenas foi mal interrogado. Se tivessem lhe perguntado sobre as "trusts", teria respondido que, sim, elas existem. E estão conectadas a uma conta vinculada ao cartão de crédito de madame Cunha, que tem como dependente a filha do casal.
E quanto à origem dos milhões entesourados na Suíça? Bem, aí mesmo é que as coisas ficam claras como a gema. Nada a ver com os US$ 5 milhões que os delatores Júlio Camargo e Fernando Baiano dizem ter desviado de um contrato de fornecimento de navios-sonda à Petrobras. Cunha conta que, nos idos da década de 1980, aventurou-se no ramo alimentício.
Nessa época, Cunha dedicava-se a comprar e revender comida. Atuando como, digamos, atravessador, obteve lucros extraordinários vendendo carne enlatada para países africanos, sobretudo a República do Congo (antigo Zaire). Multiplicou seu patrimônio aplicando os lucros no mercado financeiro. Quem eram os fornecedores? Cunha não diz. Como se chamavam os compradores? Cunha não informa. Quanto faturou? Cunha fornece cifras aproximadas: US$ entre 2 milhões e US$ 2,5 milhões.
Em 2011, o lobista João Augusto Henriques borrifou numa das contas suíças de Cunha uma petropropina de US$ 1,3 milhão. Convertido em delator premiado da Lava Jato, o depositante contou que agiu a mando de Felipe Diniz, filho do ex-deputado federal Fernando Diniz, que morrera dois anos antes, em 2009. O morto era coordenador da bancada do PMDB de Minas Gerais. Mandava e, sobretudo, desmandava na diretoria Internacional da Petrobras.
Em torno desse depósito, Cunha construiu uma fábula edificante. Desapegado das coisas materiais, o presidente da Câmara sustenta que não notou a chegada do dinheiro. Só no ano seguinte, 2012, alertado pela instituição financeira, foi saber do que se tratava. Até hoje não tem absoluta certeza. Mas imagina tratar-se do pagamento de um empréstimo que fizera ao correligionário Fernando Diniz, provavelmente no ano de 2005.
Cunha não dispõe de cópia do contrato de empréstimo. Pior: não se lembra nem se chegou a assinar um contrato. Quer dizer: o filho do morto pagou por um empréstimo informal, que o credor não estava cobrando.
A plateia aprendeu duas lições: a bondade e a lealdade do ser humano são mesmo inesgotáveis. E o patriotismo de Eduardo Cunha é enternecedor. Tendo se revelado um fabuloso vendedor de carne enlatada, abandonou a perspectiva de tornar-se um concorrente do Friboi para servir ao país como homem público. Hoje, faz à Câmara o favor de presidí-la. E tudo o que pede em troca é o sacrifício da inteligência coletiva. Não é, afinal, um pedido descabido. Para uma nação habituada ao papel de boba, fingir que nada aconteceu não será nenhum sacrifício. Uma pantomima a mais, uma pantomima a menos…