Perfumaria

Por Fernando Pascoal

O alvo não é o inquérito, que é uma peça dispensável ao oferecimento da denúncia. O alvo é o que foi capturado durante o inquérito da PF: os HDs blindados que guardam os R$ 6 bilhões. Tornar inválido o uso das informações contidas neles é todo o esforço dos advogados de DD - e de quase toda república.

Por isso, busca o suprimento das condições exigidas pelo código de processo penal. “Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais”. Se o trabalho dos agentes da Abin, ao ‘analisar’ as provas, quebrou o sigilo necessário ao processo, já que a ajuda não foi feito pela vias administrativas definidas na lei, bingo!

Noutra ponta, GM se antecipa e lança as ferramentas com as quais pretende forçar os juízes federais a jogar o jogo que interessa a todos. Os incautos acham que GM estava preocupado em controlar as escutas telefônicas, mas a resolução do CNJ vai conversar direitinho com a estratégia de anulação do inquérito porque ela também trata de SISTEMAS DE INFORMÁTICA E TELEMÁTICA.

Essa resolução será oportuna porque a Satiagraha gerou três filhos.

Um já foi acolhido na 6ª Vara.

Dois estão sob o cuidado do MP, que oferecerá denúncias a outros juízes, possivelmente. Portanto, se se tentar manter os hds apreendidos, GM terá o poder do CNJ para melar a jogada, com uma “pressãozinha no cangote do cabra”.

Os HDs são importantes... o resto é perfumaria...

Oposição ignorada

Nunca antes a oposição ao governo Lula foi tão ignorada.

Apenas 8% dos brasileiros consideram o governo ruim ou péssimo, segundo a última pesquisa DataFolha. Para 28%, é regular.

A ampla maioria avalia o governo como bom ou ótimo: 64%. Já não é a população de baixa renda que deu as costas aos que criticam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A opinião pública, formada a partir das camadas mais cultas e de maior poder aquisitivo, também se descolou da oposição.

A elite culta e endinheirada vai muito bem, obrigado, e deixou os preconceitos de lado.

O desempenho da economia, as políticas sociais e o programa de investimentos em obras públicas respondem por tanto sucesso do governo.

A inflação está sob controle; o crescimento, bomba.

Lula capitaliza os feitos de seu governo com maestria, mesmo aqueles cujos resultados só virão a médio e longo prazos, como a perfuração do primeiro poço exploratório do pré-sal no litoral capixaba.

Com as mãos sujas do “ouro negro”, Lula redescobriu o petróleo no Brasil.

É um craque do marketing político.

Os prognósticos catastróficos em relação aos reflexos da crise norte-americana e da recessão européia no Brasil até agora não se confirmaram.

As previsões de que a alta da taxa de juros provocaria baixo crescimento, também não.

A expansão do consumo de massas e do mercado interno, na contramão da crise na economia mundial, amarraram por baixo o nosso dinamismo econômico.

O risco é a falta de infra-estrutura para crescer provocar inflação.

Nesse aspecto, a taxa de juros funciona como freio de arrumação.

É uma questão de pragmatismo.

Será que a oposição se tornou irrelevante no Brasil?

Para a maioria da população, sim; para a democracia, não.

Para contê-la, foi preciso o presidente Lula fazer um segundo mandato melhor que o primeiro.

Basta olhar a composição de seu ministério.

É mais robusto que o anterior, a começar pelo estado-maior do Palácio do Planalto, que se livrou da luta interna do PT e passou e emular com a oposição.

A formação do governo de coalizão, com a participação do PMDB, lhe deu mais estabilidade institucional e sustentação política.

Lula se compôs com algumas oligarquias regionais, porém sua base social foi enraizada nas camadas mais pobres da população do Norte e do Nordeste.

O intervencionismo econômico do governo e a ampliação do Estado brasileiro atraíram os apoios das camadas medias urbanas e das elites econômicas. Funcionam com pista dupla; uma, à esquerda, resgata o discurso nacional-desenvolvimentista; outra, à direita, serve de plataforma para os grandes negócios na mineração, siderurgia, telefonia e energia, principalmente. Nesse cenário, a oposição fala para menos de 10% da população, uma parcela que se opõe ao governo por razões ideológicas, corporativas ou muito localizadas. Esse é o gueto político em que corre o risco de se aprisionar, num momento em que o país encerra um ciclo político. E começa outro, cuja agenda está sendo delineada por tarefas que Lula herdou e não cumpriu, como a redução dos juros. E por contradições que agravou, como a expansão da carga tributária.

Isso significa que todos devem aderir ao governo porque a sucessão em 2010 será decidida por um “dedazo” do presidente Lula em favor da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT)? Longe disso. Tal unanimidade seria “mexicanizar” a democracia brasileira.

E a tese do terceiro mandato, alimentada por setores petistas? Para alguns, já não depende da correlação de forças, mas de uma posição de princípio do PT ou da vontade do presidente Lula. Não é bem assim. Mesmo com o Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF) submetidos a sucessivos desgastes, sua aprovação cedo ou tarde levaria o país a uma crise institucional. Basta olhar para a Venezuela e a Bolívia, nossos vizinhos.

As eleições municipais apontam para uma vitória maciça dos governistas, principalmente do PT e do PMDB, mas a oposição não será varrida do mapa. Submergiu no plano local, não conseguiu avançar nos espaços governistas, porém tem chances de manter as posições onde fez boa administração.

Com a a oposição acuada, a campanha eleitoral alavancou ainda mais a avaliação positiva do governo.

Lula é a grande estrela do horário eleitoral.

Em São Paulo, está em curso uma dramática guerra de posições para a sucessão de Lula, tanto na capital como nas grandes cidades do interior.

Se a oposição for derrotada, a candidatura do governador José Serra (PSDB) a presidente da República estará em xeque.

O tucano precisa de uma grande vantagem pelo eleitorado paulista para manter seu favoritismo às eleições de 2010.

Kd o HD


Quando o ínclito Delegado Protógenes Queiroz cometeu o “excesso” de prender um branco rico e de olhos azuis chamado Daniel Dantas, Protógenes teve a ousadia – pasme !, caro leitor, que homem “truculento” – de derrubar uma parede falsa do apartamento do criminoso.
. Onde já se viu uma coisa dessas ?
. Derrubar a parede falsa do apartamento de um branco, rico e de olhos azuis que mora num apartamento de andar inteiro de frente para o mar em Ipanema !
. Que petulância !
. Acontece que a equipe do Dr. Protógenes achou lá dentro mais do que uma coleção de santos do pau oco.
. Achou 12 – preste atenção, caro leitor, 12 – hard disks de 30 terabites cada um.
. Veja bem, caro leitor, 12 HDs de 30 terabites !
. A República inteira cabe aí dentro desses 12 HDs.
. Dr. Corrêa, o senhor que, agora, dirige a Polícia Federal a serviço de Daniel Dantas: Dr. Corrêa, cadê os 12 HDs ?
. O senhor já mandou para o corajoso juiz Fausto de Sanctis ?
. Cuidado, Dr. Corrêa: foi lavrado um auto de apreensão, em que aparece tudo o que estava lá na parede falsa: os santos de pau oco e os 12 HDs.
. Esses HDs não podem sumir.
. É até possível que alguém (alguém !!!) tente inutilizá-los, imantá-los, adulterá-los ...
. E cabe ao senhor, Dr. Corrêa, garantir a integridade física desses HDs.
. Eles também não podem sumir.
. Já houve uma tentativa de botar fogo em tudo.
. Não foi isso, caro leitor ?
. Quando ameaçaram botar fogo no prédio da Justiça Federal em São Paulo, mandaram o Dr. De Sanctis sair às pressas do gabinete dele e ele não saiu.
. E, aí, por milagre, o incêndio foi contido !
. Outro que está à espera dos 12 HDs é o corajoso Procurador Rodrigo De Grandis.
. Dr. Corrêa, não os decepcione.
. Mande logo os 12 HDs !

Em tempo: Dr. Corrêa: cadê o áudio ? Cadê o número de série ? Quem fez o áudio ? A serviço de quem ?

Ritmo de cruzeiro


Na opinião da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), há uma novidade na pirâmide social brasileira: uma “classe média nova.”

É, no dizer de Dilma, a “classe média do Lula.” Gente que “emerge no país”. Gente que passou a ter “acesso ao consumo de celular, computador, carro, casa...”

Gente que, sob Lula, passou a dispor, acrescenta a ministra, “sobretudo de carteira assinada e crédito.”

Dilma teorizou sobre a estrutura social do país em Natal (RN). Esteve na cidade para participar da campanha da petista Fátima Bezerra, candidata a prefeita.

Na última sexta (12), o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), outro apoiador de Fátima, tratou de injetar num discurso a candidatura de Dilma à sucessão de Lula.

Instada a comentar a menção de Garibaldi, Dilma escapuliu: “Meu negócio aqui [em Natal] tem nome, endereço e telefone: Fátima.”

No mês passado, informara-se no Planalto que, a pedido de Lula, a mineira Dilma só faria campanha no Rio Grande do Sul, Estado onde milita politicamente.

O que vem ocorrendo, porém, é algo bem diferente. A ministra já deu as caras em diversos municípios alheios às fronteiras gaúchas.

É instrução de Lula ou trabalho prévio para a campanha presidencial de 2010?, perguntou-se a Dilma, em Natal.

E ela: “Antes de ser ministra, eu sou cidadã. E se eu não fosse cidadã brasileira, eu não poderia ser uma boa ministra...”

“...Assim sendo, acho que a eleição é um momento fundamental, de discussão no qual você pode conversar com a população, escutar o que a população acha...”

“...Você pode passar pelo crivo crítico da população. Isso é importantíssimo para a democracia...”

“...Eu faço campanha nos municípios, obviamente não posso fazer todos os dias e nem da forma que eu queira.

Tenho uma agenda para cumprir, uma agenda pesada...”

“...Digo que faço com imenso prazer, porque acho que é um momento de contato com o povo brasileiro.”

Nesses momentos de “contato com o povo”, a ministra vai desfiando um discurso que tem cara de plataforma presidencial.

“Acho que o governo Lula está em ritmo de cruzeiro [...].

O governo tem o compromisso e vai cumprir.

O país não terá retrocesso com mais estagnação...

O Brasil tampouco terá aqueles avanços e recuos que caracterizaram [a economia] no período de 90.
O país vai crescer.
As pessoas vão ter sua vida melhorada.”

Loquim

FHC tá louqim para "aparecer" no palanque do tucano Beto Richa, em Curitiba (PR).

Beto Richa tá louquim para ele não "aparecer" por lá.

Conselheiros

Se eu morrer antes de você

Chico Xavier

Se eu morrer antes de você, faça-me um favor:

Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado.

Se não quiser chorar, não chore.

Se não conseguir chorar, não se preocupe.

Se tiver vontade de rir, ria.

Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão.

Se me elogiarem demais, corrija o exagero.

Se me criticarem demais, defenda-me.

Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam.

Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo.

Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver.

E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase:

"Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !"

Aí, então, derrame uma lágrima.

Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal.

Outros amigos farão isso no meu lugar.

E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu.

Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus.

Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele.

E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui Ele nos preparou.

Você acredita nessas coisas ?

Então ore para que nós vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito.

Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.

Mas, se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu...

"Ser seu amigo... Já é um pedaço dele!"