A. Capibaribe Neto
Peço desculpas por te-lo tratado por Capiba. É que depois de tanto tempo lendo-o confundi admiração com intimidade, perdão.
Também " sou muito tímido para aplausos e elogio". Gosto da crítica porque me faz olhar-se no espelho.
Reafirmo que sinto dó de qualquer ser humano, não "porque ele é bonitinho, só porque é da Globo", mas porque é um ser humano que precisa de ajuda.
Tenha dó das vítimas da impunidade, da violência, da insegurança, dos que são atacados diariamente pelos bandidos e filhos dos bandidos que ficam à margem das avenidas e promovem arrastões que aterrorizam e apavoram cidadãos pacatos.
Tenho dó de quem fica do outro lado dos canos dos revólveres, das pontas de faca, das ameaças dos seqüestros relâmpagos e das execuções que cobram dívidas para com o tráfico.
Tenho dó das pessoas que padecem por conta da impunidade, da lerdeza ou conivência de uma Justiça falha, oportunista e cheia de hermenêuticas coniventes e ações protelatórias, isso para não falar dos polpudos ´habeas corpus´ que campeiam soltos por aí.
Tenho pena desses.
Se eu pudesse, não seria a palmatória do mundo, seria bem mais, seria o carcereiro de um Nardoni desses, do assassino da Eloá, dos estupradores de crianças indefesas, violentadas e deixadas em malas ou largadas aos pedaços pelos caminhos da violência.
É que prezo tanto a liberdade que considero a falta dela, maior punição.
Não acho que gostar de rir, de fazer rir os amigos, de sadia molecagem e de fazer mil brindes com copos de cerveja, doses de cachaça e depois ir embora a pé ou de carona curtir ressaca com a consciência limpa de que, afora as molecagens alegres que fiz, mantenho-se íntegro, respeito a pessoa humana, seja fraqueza.
Não estou pasmo com a hipocrisia da sociedade que é cúmplice da bandidagem dos grandes.
Não estou pasmo com a sociedade que é cúmplice das milhares de mortes e de feridos causados pela bebida e pelo cigarro. É legal.
Depois de ler sua crônica de hoje me olhei por bastante tempo no espelho, perguntei a familiares, amigos e conhecidos se "certinho" era um termo que me enquadrava bem e...Ilmo, definitivamente "certinho" não se aplica a mim. Talvez porque não faça mil brindes com taças de bons vinhos.
Quem sabe se um dia isso acontecer eu me sinta cúmplice e fique pasmo com a solidariedade de outras pessoas com dependentes de drogas ilegais.