Em tempo de muda...O coisa não muda

FHC [ a Ofélia da política brasileira] e os editoriais dos principais jornalecos do país trovejam "argumentos" defendendo a banca nacional e internacional.

Em Tempo de muda o ex-presidente continua a lenga-lenga e blábláblá sobre a necessidade do governo cortar gastos.

Claro que os "gastos" que ele defende cortes são ligados ao social saúde, educação, segurança e investimento em infraestrutura. Cortar os gastos com a agiotagem?...Nem pensar!

Em tempo de muda...O coisa não muda.

Que nojo!

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Blecaute

 É preciso reavaliar nos sistema de transmissão

ImageO apagão da rede de transmissão e distribuição de energia, praticamente em todo o Nordeste, não tem nada a ver com o apagão do governo tucano, quando houve falta de energia por falta de planejamento e investimentos. Ou seja, o apagão foi um produto da política de privatização do governo FHC e de erros na política de gestão e administração do setor. Agora, o que assistimos de novo – o primeiro foi em novembro de 2009 –, é uma falha no sistema de transmissão, decorrente da característica do sistema elétrico brasileiro, a interligação, em que grandes linhas de transmissão levam energia para todo o país – no caso do Nordeste, a exceção é o Maranhão, ligado ao linhão do Norte. Continua>>>



Trabalho




...Em espaço confinado


Esperteza conhecida

 Desde a eleição, nota-se um desconforto no ambiente. O incômodo é pela emergência de certa pauta conservadora, cujo aríete foi o debate ano passado sobre o aborto, na campanha presidencial.

O tema veio à rinha por iniciativa político-eleitoral do governo, quando assinou o decreto com a terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3). Havia também uma entrevista pretérita da candidata Dilma Rousseff defendendo a descriminalização.

As coisas juntaram-se, como era previsível, e tiveram um efeito. A ação de igrejas potencializou a insatisfação (ou a dúvida), levou no primeiro turno votos principalmente para Marina Silva e ajudou um pouco a carregar José Serra para o segundo turno.

Aí veio o recuo. E Dilma comprometeu-se a não impulsionar no Congresso a revisão da lei. Estancado o vazamento, o assunto deixou de ter valor.

Mas deixou também cicatrizes sensíveis. E a valentia que faltou aos valentes para encampar militantemente a tese durante a campanha eleitoral reapareceu depois da eleição.

Tipo o sujeito cujo time perde o jogo e fica resmungando diante do videoteipe, na esperança de mudar o resultado.

Existe na política brasileira uma esperteza manjada. Antes do voto na urna, adular o eleitor comum. Depois, bater continência para uma certa opinião pública. Afinal, outra eleição só daqui a quatro anos, não é?

A presença da agenda conservadora soa também como o visitante não convidado que incomoda na festa.

De duas décadas para cá, petistas e tucanos decidiram que têm o monopólio não apenas da política brasileira mas também do poder de decidir que assuntos devem ser discutidos e quais não.

Um de cada vez, governam gostosamente com apoio do que, nas rodinhas de bem-pensantes, gostam de chamar de "atraso". Não sem lamentar que tenham de fazer isso.

Propiciaram inclusive o surgimento de uma safra sebastianista, ocupada full-time em cantar a volta dos tempos quando ambos simbolizavam a "ética" e a "renovação".

Imaginam que o debate na sociedade pode ser contingenciado como, por exemplo, o orçamento. E executado só quando convém. Assim, a legalização do aborto é pauta legítima se, e quando, proposta por quem é a favor. Mas ilegítima quando, e se, impulsionada por quem é contra.

Agora, para desgosto, uma pesquisa do canal de internet G1 entre parlamentares aponta que a agenda conservadora tem apoio majoritário. Confirma o verificado na campanha eleitoral. Verificação que também aparece em qualquer levantamento popular dos temas.

Talvez seja hora de parar com o cinismo e com a esperteza, de debater os assuntos de frente, não com resmungos em rodinhas ou nichos. Sem preconceitos ou interdições. E que cada um se exponha com suas ideias. E pague o preço por elas.

A presidente da República, pelo jeito, decidiu que o preço estava alto demais e mandou para casa o assessor que defendeu o fim das penas de prisão para pequenos traficantes.

Ainda que corra outra coisa. Ser surpreendida pela declaração incomodou mais que o conteúdo. Mas o resultado final foi a exoneração.

Funk Fuma aqui


Toma um chá

Crônica de Luiz Fernando Veríssimo

 Tiririca e Sarney

Richard Nixon certa vez defendeu sua nomeação de um juiz reconhecidamente inadequado para a Corte Suprema americana com o argumento de que a mediocridade também precisava estar representada no tribunal.

Perfeito. Todos os tipos de cidadãos devem ser representados numa democracia. Nesse sentido o recém-empossado Congresso brasileiro talvez seja o mais representativo da nossa história. Além dos medíocres, muitos outros brasileiros têm voz, ou pelo menos presença de terças a quintas, no Congresso.

Alguns setores são até super-representados, como o dos grandes proprietários rurais e o dos milionários. Apesar destes pertencerem à menor minoria no país, têm uma bancada bem maior que a da maioria pobre.

Mas, em geral, todos os eleitores brasileiros, todos os tipos e todas as características nacionais têm representação em Brasília. Não lamente o novo Congresso, portanto. Eles são nós.

Tomemos o Tiririca e o Sarney. Os dois seriam exemplos, respectivamente, de desvirtuamento do processo eleitoral e de aviltamento dos costumes políticos, uma vergonha. Ou duas vergonhas.

Tiririca um inocente transformado em legislador por uma galhofa, Sarney eternizando-se no comando do Senado pelo seu poder de manobra e de conchavo, um cordeiro e uma raposa representando os extremos da nossa desilusão com a fauna parlamentar.

Mas Tiririca não representa apenas os palhaços do Brasil. A galhofa que o elegeu é uma manifestação política, ou antipolítica, que tem história no país e ou representa os que não sabem nada de nada e não querem saber, ou os que sabem tanto que votam em palhaços e rinocerontes para protestar. De qualquer forma, os simples e os enojados também têm sua bancada.

E existe algo mais brasileiro, folclórico e até enternecedor do que Sarney e seu amor pela mesa diretora?

Falar mal do Sarney é um pouco como falar mal de um velho tio excêntrico, mas cujas peripécias divertem a família. Tudo se perdoa e tudo se aceita com a frase "Que figura...". O indestrutível Sarney representa a persistência do gosto nacional por "figuras".

Mas há um caso flagrante de sub-representação no Congresso, além dos sem terras e dos pobres. Quando o senador Paim olha em volta do Senado não vê nenhum outro negro como ele a não ser um eventual garçom servindo o cafezinho. Nada é perfeito.



Deslumbramento

Os que mudam com o poder

Já vi pessoas se deslumbrando com 20 anos, com 30, até com 40. O deslumbramento de José Serra com o governo do Estado foi a primeira que vi em pessoas com mais de 60 anos. Foi um deslumbramento completo, visceral, não apenas nas atitudes autoritárias (sempre foi um tanto autoritário), na falta de educação (sempre foi maleducado), mas até na maneira de andar e falar. Comportava-se como um imperador vistoso, onipotente e ridículo.

Certa vez, perguntado por amigo sobre a diferença entre trabalhar com Alckmin e Serra, o falecido ex-Secretário da Sáude Barradas explicou: o Alckmin fala bom dia.

As demonstrações de poder se davam nos menores detalhes. Nas companhias que levava nas inaugurações fechadas (como a do Metrô da Praça da República), nos desafios de derrubar jornalistas, na absoluta cegueira em relação à caricatura em que tinha se transformado - dois amigos íntimos chegaram a procurá-lo e a taxá-lo de "politicamente burro", quando passou a se valer dos seus esquemas na imprensa (particularmente no jornalismo de esgoto) para atacar indiscriminadamente adversários e aliados do mesmo partido.