01 ano sem Saramago

[...] porque a vida não tem sentido. É um ato gratuito! Joel Neto

ZÉ SARAMAGO NO ERA UN NIÑO VAGO
JUGABA SOLO NO CON LOS DEMÁS
Y CON EL TIEMPO SE VOLVIÓ UN GRAN MAGO
QUE HACE QUE PENSEMOS MÁS
Estas palavras, cantadas no México por Sofía Álvarez, grande actriz e contista, diante de cerca de duas mil crianças, foi o momento mágico do ano. Perguntava Sofía como era Saramago e as crianças respondiam que era «um mago que nos pôs a pensar». Os miúdos, que haviam visto a curta metragem A Maior Flor do Mundo e lido O Conto da Ilha Desconhecida, estavam no grande auditório, convidados pela Feira do Livro de Guadalajara, que também realizou sessões especiais sobre o escritor português e apresentou um livro onde homens e mulheres das letras elegeram o seu Saramago preferido e explicaram as razões da sua opção. «Porque soa bendito, como o mar», disse Ángeles Mastretta, que partilhava páginas com escritores dos dois lados do oceano. Era Novembro, era México, era a Feira que Saramago tanto visitou a que o recordava com esmero. Como já tinham feito outros países. Continua>>>

por Arthur Vírgilio

Antilibertários

Impressionam-me o ódio e a intolerância que vêm em certos comentários – sempre os mesmos, certamente das mesmas pessoas - sobre os meus artigos.

Agridem o vernáculo, desqualificam a lógica. Revelam a face da República aparelhada, que chega ao "requinte" de manter desocupados de prontidão nos blogs e no twitter, sempre dispostos a interditar o debate e negar o contraditório.

"Perdeu as eleições", diz um "luminar" anônimo do petismo, como se eventual insucesso eleitoral eliminasse o direito ao exercício da cidadania, da crítica, de fazer oposição.

Ora, ninguém perdeu mais eleições do que Lula (uma para o governo paulista e três, em primeiro turno, para presidente) e ninguém falou mais do que ele, que se insurgiu até contra o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Seria menos grave se essa mentalidade tosca fosse apenas dos tarefeiros e não parte integrante do raciocínio dos líderes da ordem que aí está. Infelizmente, nem os de baixo, cujo "dever" é dar plantão nas mídias sociais, e nem os mais ilustres membros da grei trabalham com a hipótese de serem contrariados.

Chegam a extremos, como a fraude eleitoral e a quebra ilegal de sigilos de adversários – e suas famílias – e de pessoas humildes como o caseiro Francenildo.

Para eles, os fins justificam os meios. Não à toa, há tantos cadáveres ao redor do assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André.

Recentemente, vozes "indignadas" bradavam que eu não poderia ser, ao mesmo tempo, diplomata e opositor do governo. Recusam-se a consultar a Constituição. E não se queixam de o Itamaraty estar cheio de militantes petistas, a começar pelo ex-chanceler Celso Amorim. Para o petismo, só pode militar a favor; contra, jamais.

Um dos "missivistas" chegou a dizer que eu estaria "obrigado" a defender a "política externa do PT", como se essa figura esdrúxula existisse. Como profissional de uma carreira de Estado, cumpro meu trabalho e, fora dele, faço o que minha consciência manda. Sirvo ao Brasil, neste momento em Portugal, e não ao PT.

Proibir-me de falar sobre qualquer tema e, em meu nome pessoal, até sobre política externa, é façanha impossível.

Não silenciei diante dos generais da ditadura; não me abastardaria diante do regime do mensalão, do dinheiro na cueca, do milagre da multiplicação do patrimônio, das palestras escusas, do desrespeito às instituições, da proteção a criminosos como Cesare Battisti.

Será que estamos combinados assim?

Comentário: Estamos. "Posso não concordar com uma palavra do que dizes mas, darei minha vida para defender o  teu direito de dize-las, Voltaire.

Você fala o que quiser. Mas, fica sabendo: Pode escutar o que não quer, Joel Neto



O carcére...

[...] da dívida em um capitalismo dominado por rentistas - Agiotas - improdutivos  

A história econômica está cheia de pileques de euforia financeira seguidos por dolorosas ressacas matinais. Quando as nações despertam enfermas por causa de dívidas contraídas em guerras financeiras, episódios frustrados de especulação ou projetos faraônicos que se revelaram inúteis, têm duas opções. Ou bem prevalece a classe dos credores às custas de todos os demais, ou bem os Estados encontram a maneira de reduzir a carga da dívida, de maneira que a capacidade produtiva da economia consiga se recuperar.

Os credores – a classe rentista, no jargão clássico – são normalmente os ricos e os poderosos. Os devedores, quase por definição, dispõem de poucos recursos e de escasso poder. A "questão monetária" nos EUA do século XIX – a questão sobre se o crédito deveria ser caro ou barato – foi também uma batalha entre o crescimento e a austeridade.

A classe credora vê as coisas assim: qualquer coisa que não passe pela plena reintegração do que é devido leva inexoravelmente ao colapso da civilização econômica. O certo, no entanto, é que, frequentemente, as dívidas não são plenamente satisfeitas. No século XX, os especuladores perderam fortunas por causa de dezenas de nações que deixaram de pagar suas dívidas. No século XIX, muitos estados federados e muitos municípios norte-americanos quebraram. Os perdedores de guerras e de revoluções raramente pagam suas dívidas (os velhos bônus czaristas carecem de valor, salvo nos leilões de antiguidades). O Plano Brady, do final dos anos 80 do século passado, pagou 70 centavos por dólar aos portadores de títulos dos devedores quebrados do Terceiro Mundo a fim de que o crescimento econômico pudesse retomar seu curso.

Às vezes, simplesmente, as dívidas não podem ser pagas. Por isso era ruinosa a ideia da prisão por dívida (salvo como dissuasão). A questão real é como reestruturar a dívida quando é impossível pagá-la. Não se trata somente de uma luta entre quem tem e quem não tem, mas entre os direitos do passado e o potencial do futuro.

A dívida pode ser reduzida ou mesmo anulada de maneiras construtivas. Ou pode levar ao caos. A inflação, por exemplo, é uma forma de erodir a dívida, uma forma arriscada. Pode haver uma quebra calamitosamente súbita (Lehman Brothers), ou uma reestruturação cuidadosa e benéfica (General Motors).

A bancarrota fornece de modo engenhoso um alívio ordenado da dívida passada, de modo que a empresa produtiva não precisa necessariamente ser destruída. Um juiz valora os ativos, os passivos e a viabilidade de um negócio insolvente. Se é considerado viável, não se permite que os credores vendam a maquinaria, mas paga-se a eles vários centavos por dólar, e a empresa termina sendo recuperada para usos construtivos.

O mundo dos negócios nos EUA valora o sistema de bancarrota conforme seus próprios objetivos, ainda que os investidores sofram com ele, de vez em quando, mais de uma derrota. Mas essa mesma elite empresarial vê com receio que outros – proprietários de casas, pequenas nações ou o sistema econômico inteiro – busquem alívio ao castigo econômico representado por uma dívida perversa. Não por acaso, um dos mais sagazes críticos do modo pelo qual o colapso financeiro terminou por privilegiar os credores às custas de todos os demais é também um dos maiores especialistas em processos de falência e bancarrota: a professora Elisabeth Warren.

Os dois maiores exemplos históricos sobre o modo de lidar com dívidas insustentáveis ocorreram após as duas guerras mundiais: um foi extremamente negativo; o outro, muito positivo. Na Conferência de Versailles, realizada em 1919, prevaleceu a mentalidade credora e a recuperação europeia do pós-guerra foi abortada. Inglaterra e França imaginaram que podiam sangrar a derrotada Alemanha a fim de pagar suas próprias dívidas de guerras, imensas (contraídas, sobretudo, com os EUA). A Inglaterra praticou também uma política de rigor monetário para manter o valor de sua própria moeda em níveis de pré-guerra, a fim de proteger a sua própria classe credora. Essa política destruiu a economia alemã e manteve o desemprego britânico com taxas de 10% durante duas décadas. O grande crítico da loucura britânica foi John Maynard Keynes, então conselheiro do Tesouro britânico. O livro publicado por Keynes em 1919, "As consequências econômicas da paz", alertou profeticamente que a política de espremer a Alemanha até o último centavo causaria a depressão e uma segunda guerra mundial.

Após a II Guerra Mundial, a história ofereceu a Keynes a oportunidade para fazer as coisas corretamente. Seu sistema de Bretton Woods colocou a ênfase na recuperação interna, tanto das potências perdedoras como das vencedoras, e criou um sistema monetário global no qual se negava aos especuladores financeiros privados toda capacidade para forçar as nações a empreender cursos deflacionários. Nossa própria Reserva Federal (EUA) combinava então políticas monetárias suaves com uma regulação estrita, de modo que as baixas taxas de juros pudessem financiar a colossal dívida bélica sem levar a uma especulação destrutiva. Dinheiro barato e investimento expansivo preveniram a recaída dos EUA na depressão.

Hoje, essa lógica expansiva foi posta de avesso e os credores voltaram a ser hegemônicos de novos. Os bancos querem dinheiro barato para si mesmos e termos draconianos para os demais. Uma União Europeia afligida por banqueiros está castigando a Grécia ao invés de buscar um caminho para que o país possa voltar a crescer. Nos EUA, nega-se qualquer alívio aos proprietários de casas com água no pescoço, porque os contratos de dívida são sagrados, ainda que essa política prolongue a agonia. Por toda parte se propagandeia a austeridade orçamentária como via para o crescimento, apesar de que, ao invés disso, todas as evidências indicam que essa política nega à economia seu potencial produtivo.

E se fala sobre essas questões como se fossem ou tecnicamente inacessíveis ou simplesmente indiscutíveis. Nem uma coisa, nem outra. Necessitamos democratizar, mais uma vez, a questão do dinheiro.

(*) Robert Kuttner é um economista norte-americano, co-fundador e atual editor da revista The American Prospect, criada em 1990. Durante 20 anos, foi colunista da Business Week e é um dos cinco fundadores do Economic Policy Institute, um think tank de esquerda.

Tradução: Katarina Peixoto

A frustrada aposta


Conta-se que certa vez os piores sentimentos apostaram entre si sobre qual deles seria capaz de tomar o lugar da FELICIDADE que havia numa família.


O primeiro a tentar foi a SOLIDÃO, mas logo saiu de lá decepcionada, sem contar nada a ninguém.



O 2° sentimento a tentar foi a TRISTEZA que, ao espiar pela janela, desistiu emudecida. Na
seqüência foram também o DESESPERO, a ANSIEDADE, o ÓDIO e a CULPA que também nada conseguiram, porém nada disseram aos demais. Um dia, quando aquela família feliz saiu a passear, a CURIOSIDADE e o ATREVIMENTO invadiram a casa tentando descobrirem a causa de nenhum dos maus sentimentos conseguirem êxito. Perceberam que a casa não estava vazia, pelo contrário, ali reinava um gigante que, ao verem, saíram correndo e gritando para todos: “O AMOR reina nesta casa! Podem desistir, onde vivem o AMOR e a FELICIDADE não sobra espaço para nenhum sentimento ruim!”

MUDAR DE IMAGEM SERÁ FATAL À PRESIDENTE DILMA

por Carlos Chagas
Uma das grandes diferenças entre Lula e Dilma é de que o ex-presidente expunha seus sentimentos à vista de todos. No palácio do Planalto, sabia-se em cinco minutos se o chefe estava feliz, irritado ou desligado. Com a sucessora, mesmo os que freqüentam seu  gabinete várias vezes por dia ficam na dúvida. A presidente é uma esfinge,  não raro  explosiva, mas sem deixar transparecer o que vai no seu íntimo.

Mesmo assim, se fosse dado a uma alma penada qualquer esconder-se atrás de uma poltrona, na sala de despachos de Dilma, concluiria ter sido esta  a semana de maior perplexidade para a presidente. Afinal, ela fez a lição de casa, até atropelando parte de suas características. Recebeu senadores em almoço, mais de uma vez. Ouviu atentamente reivindicações fisiológicas de dirigentes partidários, muitos  de seus companheiros do PT, abriu o palácio da Alvorada para interlocutores diversos, disparou telefonemas e tentou demonstrar que seu governo vive uma nova fase.

Apesar disso, foi triste a resposta de sua base de apoio parlamentar. PMDB, PT e penduricalhos deram a ela prazo  de quinze dias para iniciar a temporada de nomeações e liberação de verbas individuais ao orçamento. Pouco adiantaram os esforços da nova ministra da Coordenação Política, Ideli Salvatti, toda sorrisos e beijinhos com os políticos, ao contrário de seu estilo quando senadora. Nada mais, nada menos, produziram um ultimato.

Pelo jeito, só restará a Dilma Rousseff queimar as caravelas e lançar-se na conquista do Congresso como os espanhóis fizeram no Novo Mundo. Ninguém se iluda se isso começar a acontecer na próxima semana. Azar dos Maias do PMDB  e dos Astecas do PT, infensos a colaborar com os conquistadores. Ou serão as conquistadoras?

Blog do Charles Bakalarczyk: Lula: Sei o bem que vocês fizeram ao povo...

Blog do Charles Bakalarczyk: Lula: Sei o bem que vocês fizeram ao povo...

80 anos de FHC o...

Invejoso
Carente
Incompetente
A Ofélia da política brasileira