E o mundo não acabou… – Coluna do Charles

E o mundo não acabou - Coluna do Charles

Na sexta-feira (anteontem, 21OUT), almocei como um condenado em seu último pedido. Afinal, poderia ser minha derradeira refeição. Segundo profecia do pregador evangélico norte-americano Harold Camping, o mundo estava por um fio, literalmente, sua extinção dada como certa por conta de um grande terremoto que se avizinhava – e apenas 3% da população estaria com passagens compradas para o Paraíso. Cético, conclui não integrar a listagem dos poucos “eleitos”, melhor então desfrutar um último prazer à mesa.

Camping vaticinou o fim do mundo para o dia 21OUT2011. Teve conhecimento do evento, segundo ele próprio, pelo emprego de refinados cálculos matemáticos, sofisticadas leituras bíblicas e animadas conversas com o Criador. Miscelânea de pseudociência, religiosidade e fanatismo, salvo melhor entendimento.

Mas o homem apocalíptico não é bom de adivinhação (para ler mais, clique no título)...

As ONGs estão em xeque

[De boas intenções o inferno tá cheio]

A cada novo episódio de rolo com dinheiro público revela-se a deformação de um mecanismo nascido benigno, para transferir recursos oficiais a entidades que executam ações complementares às do Estado.

Os fatos reforçam a atualidade do velho ditado, de que as boas intenções lotam o inferno. A intenção na origem era boa. Comparadas à máquina estatal, as ONGs ganham em agilidade e foco, permitem a mobilização rápida e flexível de conhecimentos específicos indispensáveis.

Essa é a teoria. Na prática, o universo das ONGs é fonte recorrente de notícias sobre irregularidades e desvios.

Pululam as maneiras espertas de contornar normas e regulamentos, os expedientes para prevalecer o interesse privado e espúrio sobre o público. É sempre complicado generalizar, mas o número de casos nebulosos e escândalos permite o diagnóstico de um problema sistêmico.

Pode-se argumentar que o modelo é bom, que os problemas devem ser tratados como tal, que generalizar é perigoso e injusto, que os erros não devem servir de pretexto para condenar o sistema no todo.

É uma argumentação razoável, desde que venha acompanhada da proposta de solução. Qual é então o remédio para extirpar os focos problemáticos?

Uma estrutura de vigilância capaz de controlar a destinação do dinheiro público que vai para as ONGs? Aí seria o absurdo ao quadrado.

Pode-se imaginar qual deveria ser o tamanho dessa estrutura para funcionar a contento. Para monitorar milhares de ONGs sem deixar espaço ao malfeito. Ou pelo menos para minimizar o risco.

Provavelmente seria uma máquina gigantesca, uma megaburocracia para corrigir uma estrutura cujo objetivo inicial era fugir da burocracia. Aí não dá.

E por que não submeter então as ONGs às mesmas regras rígidas aplicáveis à despesa pública propriamente dita? Nas compras e contratações, para evitar que a maior flexibilidade abra portas e janelas ao erro.

Bem, nesse caso a pergunta é imediata. Para que então as ONGs? Por que não fazer a coisa por meio do Estado e ponto final?

É um beco sem saída. Na verdade, o impasse é produto de uma deformação estrutural. De um antagonismo conceitual.

As Organizações Não Governamentais surgiram como novidade para dar expressão à sociedade civil, às novas formas de protagonismo, às correntes sociais à margem dos partidos políticos, do Estado e das instituições tradicionais.

Eram novos atores, organizados para inocular vida na fossilizada política institucional, um oxigênio muito bem vindo.

Finalmente, a política deixaria de ser monopólio dos profissionais e as demandas coletivas teriam novos canais de expressão.

Mas para que fosse efetivamente assim um detalhe seria imprescindível. As ONGs deveriam buscar os meios de subsistência na sociedade, e não no Estado. Mas simplesmente não aconteceu.

Na prática, os governos, partidos e políticos acabaram tecendo cada um sua rede-satélite de ONGs, financiada com os recursos da atividade político-estatal e orientada a facilitar a reprodução do poder de quem a sustenta.

Bem ao contrário do que deveria ser. E quando uma boa ideia resulta no contrário da intenção original está na hora de avaliá-la com rigor e tomar providências.

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