A indústria da difamação

Por Paulo Metri – conselheiro do Clube de Engenharia

Do blog do autor

Em um salão amplo, em torno de uma grande mesa de reunião, será tomada a decisão da pauta do próximo número de um dos maiores periódicos do país. O editor chefe, os chefes de editorias setoriais e, o que é incomum para este tipo de reunião, o próprio dono da editora estão presentes. Em geral, ele recebe a pauta gerada nestas reuniões e ainda interfere nas decisões. Mas, desta vez, ele está interessado em mostrar ao seu filho, um dos mais recentes diplomados em jornalismo, como funciona o negócio da família. Por isso, trouxe o rebento para a reunião. O editor chefe está com a tarefa, determinada pelo dono, de presidir a reunião e com a recomendação de esquecer a sua presença. Assim, falando mais alto, ele abafa o bate papo do grupo e inicia a reunião.

Editor chefe – Quero sugestões para a matéria principal e para as demais matérias. Vamos começar com a matéria principal, com direito à chamada da capa.

Jornalista 1 – Pasadena, depoimentos, Petrobras, Paulo Roberto Costa ...

Editor chefe – Para matéria principal, não. Precisamos de um furo, algo novo ou de uma nova declaração sobre um tema antigo.

Todo mundo fica em silêncio, até que uma jornalista, que só tem dois meses na editora, pede para falar.

Jornalista 2 – Eu tenho a informação de uma fonte que outro diretor da Petrobras também está envolvido em superfaturamentos, negócios não bem explicados etc.

Editor chefe – É algum dos que nós já fizemos matérias?

Jornalista 2 – Não. É outro.

Editor chefe – É coisa séria?

Jornalista 2 – Minha fonte foi apresentada por um amigo, que diz que ela é séria. Mas, até agora, não tive nenhuma confirmação.

Editor chefe – Então, vá à luta e descubra o máximo que puder. Antes da edição do novo número, vamos ter mais uma reunião e, sempre que precisar, fale comigo.

Jornalista 2 – Só tenho medo de não conseguir comprovar as denúncias. Aliás, têm muitas pessoas que dizem exatamente o contrário. Dizem que quem conhece o tal diretor não pode acreditar que as acusações sejam verdadeiras.

A jornalista 2 não sabe ainda como as coisas funcionam nesta editora. Por isso, o editor chefe olha para o dono, esboça um ligeiro sorriso e responde para a jornalista.

Editor chefe – Busque a história e as comprovações. Mas, mesmo que você não consiga comprovar, fale comigo, porque há chance de se utilizar o material.

Jornalista 2 – Como assim?

Editor chefe – Se só faltar um link óbvio, você não precisa de comprovação. A própria obviedade é a validação da informação. Além disso, muitas vezes, o leitor quer ouvir mais versões do que realidades. E temos, também, que satisfazer o leitor!

Jornalista 2 – Mas, tem a chance de grupos com interesses na empresa estarem querendo "queimar" este diretor e, por isso, estariam "plantando" estas notícias falsas na nossa publicação.

Editor chefe – Colha todo o material e, depois, venha na minha sala com ele.

Neste ponto, o filho do dono se dirige ao pai, falando baixinho.

Filho – Agir como ele propõe não pode resultar em um processo futuro de difamação, que poderá trazer prejuízos?

Em ato incontinente, o dono se levanta e diz para o grupo continuar com a reunião, mas ele terá que se ausentar, devido a tarefas inadiáveis. A seguir, sai da sala, acompanhado do filho. Chegando a sua sala, dirige a palavra para o filho.

Dono – Você sabe qual o negócio mais rentável nesta empresa?

Filho – Edição das nossas publicações, incluindo o carro-chefe, em cuja reunião de pauta, nós estávamos?

Dono – Não!

Filho – A publicação de livros?

Dono – Também não. Você não vai descobrir. É o lançamento de acusações, verdadeiras ou não. Através delas, há a possibilidade de se ganhar dinheiro de várias formas. Em primeiro lugar, porque a venda da publicação com denúncias é sempre alta. Depois, os grupos econômicos por trás do corrupto, beneficiários das suas falcatruas, ou seja, os corruptores, ficam propensos a abrir os cofres para que paremos a linha de investigação. Muitas vezes, estes grupos ficam sabendo, antecipadamente, as nossas investigações e ...

Filho – Como podem?

Dono – Eles têm espiões na nossa redação. E, aí, eles oferecem valores consideráveis para as investigações serem paralisadas.

Filho – E nós aceitamos?

Dono – Se o valor oferecido garantir uma boa lucratividade e dependendo, também, da inconsistência das acusações que temos, sim!

O filho fica pensativo. O pai continua com a sua explicação.

Dono – Têm as encomendas de calúnia para "queimar" adversários políticos. Por fim, os governos, às vezes, ficam sabendo antecipadamente também, e oferecem, por exemplo, a compra de publicidade para não publicarmos determinadas denúncias.

Filho – Isto não seria proibido?

Dono – É. Mas, é muito difícil de ser detectado.

Filho – E o caso que lhe perguntei na reunião? São publicadas acusações não comprovadas e o cidadão, que se julga difamado, vai à Justiça. Se esta der ganho de causa ao reclamante, não vai nos dar prejuízo?

Dono – Têm dois fatores a se levar em consideração. O primeiro é que ganhar uma causa na Justiça não depende, necessariamente, de se estar fazendo justiça. Se você está sendo representado por bons advogados, suas chances de ganhar aumentam muito. Por isso, nós trabalhamos com um dos melhores escritórios existentes. O outro ponto a considerar é que, mesmo que percamos a causa, o total das penalidades ainda pode ser menor que o lucro gerado pela edição caluniosa. E o pagamento das penalidades só acontece anos depois da receita do fato calunioso ter entrado no nosso caixa.

O filho continua pensativo e o pai complementa da seguinte forma.

Dono – Eu prefiro trabalhar com fatos verdadeiros, até porque com eles você não é desmascarado e não tem a chance de perder a credibilidade. Mas, o nosso negócio é o escândalo. E, às vezes, os escândalos reais ficam escassos.

Filho – E os difamados injustamente? Como ficam?

Dono – São acidentes de percurso. Não há nada pessoal contra eles.

Pesquisa do Datafolha é uma piada sem graça

E o Datafolha aprontou mais uma. Seu diretor, Mauro Paulino, requentou os dados da pesquisa feita entre os dias 2 e 3, que dá vitória no primeiro turno para a presidenta Dilma, e vaticinou: num cenário que só considere os eleitores que conhecem bem os três candidatos, Dilma (26), Aécio (24) e Eduardo (28) ficam empatados. Detalhe, o tal cenário considera os eleitores que acessam diariamente o noticiário (ou seja consomem a campanha do caos e fim dos tempos propalada pela grande mídia), são mais escolarizados e – surpresa – têm renda alta.

O próprio Mauro Paulino faz uma série de advertências sobre esse recorte estatístico. Vamos a elas: o grupo considerado representa apenas 17% - isso mesmo 17% - do total de eleitores aptos a votar, a margem de erro é gigantesca de 5 pontos percentuais para mais ou para menos.  E mais, nas palavras do próprio pesquisador: "Nada indica que o eleitor típico de Dilma, ao conhecer Aécio e Campos, deixará de votar nela".  Em resumo, a análise proposta tem pouca serventia para avaliar o quadro eleitoral. Mas, ainda assim, ganhou chamada na capa da Folha de S. Paulo e destaque na home do UOL.

O título do artigo (Rivais empatam em cenário só com eleitores que os conhecem) pode dar a impressão de que se Eduardo e Aécio se tornarem mais conhecidos eles vão conquistar mais votos e podem comprometer a reeleição de Dilma. Só que não.  Como, aliás, o próprio artigo lembra ao final: "Em todos os cenários pesquisados pelo Datafolha, no levantamento completo, a petista pontua de 38% a 43% e aparece à frente dos demais candidatos. O restante dos eleitores prefere outros nomes, está indefinido ou vota em branco, nulo ou em nenhum candidato". Ou seja, no Brasil real, a história é outra.

Eduardo Campos e sua "nova política"

Todo mundo se lembra que a presidenta Dilma reduziu a conta de luz no ano passado, repassando para os consumidores o custo menor da energia gerada pelas antigas hidrelétricas.

Em Pernambuco, o então governador Eduardo Campos (PSB-PE) atrapalhou a redução nas tarifas, embolsando parte do valor na forma de impostos estaduais.

Isso porque ele continuou cobrando ICMS (o imposto estadual) sobre o subsídio dado pelo governo federal desde fevereiro de 2013.

O cidadão não paga o subsídio dado pelo governo federal, mas Eduardo Campos cobrou imposto até sobre o que cidadão não paga. Coisa de louco, que provocou reações de deputado e até de colunistas do PIG.

Essa exploração do cidadão já rendeu, irregularmente, R$ 154 milhões para o governo de pernambuco. Se ainda fosse investido em educação, saúde e segurança, menos mal. Mas o ex-governador fez uma verdadeira farra com o dinheiro público, gastando em propaganda.

Para bom entendedor, meia palavra basta, diz a sabedoria popular

Ela reflete uma das características mais inconfundíveis dos bons ouvintes: a capacidade de compreensão. Esse comportamento, baseado em uma postura atenta e ponderada, porém ativa, é capaz de melhorar os relacionamentos e inspira credibilidade e sabedoria no ambiente profissional.

"É muito comum ver uma pessoa que parece escutar o outro, mas está com a cabeça longe, pensando em outras coisas. Quem não presta atenção ao diálogo já vai logo imaginando argumentos para contradizer o outro, criando conflitos. O bom ouvinte, ao contrário, abre mão de qualquer julgamento e colhe todas as informações que precisa, resultando numa conversa tranquila, sem atritos", explica Cibele Nardi, coach e especialista em comportamento.

Pessoas muito dispersas e com uma postura arrogante têm dificuldade para abrir espaço para o diálogo horizontal e acabam funcionando como um "repelente" de relacionamentos. O extremo oposto também não é saudável: todo mundo gosta de se sentir que é compreendido, por isso a escuta passiva pode ser interpretada como uma atitude desinteressada do ouvinte.

Ser extrovertido, porém, não significa ser incapaz de prestar atenção ao que os outros falam. "Para não correr esse risco, é necessário ser uma pessoa empática, ou seja, saber se colocar no lugar do outro. Mesmo que você tenha vontade de falar e goste de interagir, é preciso saber o momento certo para falar", ressalta Eduardo Ferraz, consultor em gestão de pessoas.

Liderança

Essa habilidade também é vista como uma vantagem estratégica no mercado de trabalho. "Os grandes negociadores são bons ouvintes, você nunca vai escutar um negociador matraca, que não dá atenção aos seus clientes. Essas pessoas prestam atenção também aos gestos do outro e não ficam alheios ao que está acontecendo, por isso eles costumam se sair melhor em situações de conflito", acrescenta Eduardo Ferraz.

Conheça: Os quatro gestos que ajudam a definir se uma pessoa é confiável

Além de terem uma postura muito mais lógica e racional no meio profissional, bons ouvintes são líderes que inspiram confiança, credibilidade, respeito e sabedoria.

"Você transmite a imagem de alguém que faz a diferença e traz harmonia aos relacionamentos. Na função de líder, essa pessoa vai ser mais reconhecida e conseguirá obter mais resultados da própria equipe. Todo mundo quer conviver com pessoas assim", afirma Cibele Nardi.

Ego controlado

Como eles valorizam a escuta ativa e evitam julgamentos precipitados durante um diálogo, as expectativas em relação a outra pessoa acabam sendo reduzidas. Bons ouvintes não se deixam levar pelo próprio ego, que na maioria das vezes só causa sofrimento a todos os envolvidos, sejam eles ouvintes ou não.

Com o ego controlado e julgando menos as ideias e atitudes das outras pessoas, ou seja, trabalhando apenas com situações e exemplos concretos, baseados no que as outras pessoas realmente disseram, os bons ouvintes conseguem lidar melhor com situações de frustração.

Humildade e harmonia

"Uma pessoa que atropela a fala dos outros acaba passando uma imagem arrogante, é falta de educação. Ninguém gosta de conversar com pessoas assim", pontua Manuela Rodriguez, especialista em comunicação e comportamento. Humildade é um traço recorrente entre as pessoas que sabem ouvir. Em vez de impor uma ideia ou argumento aos outros, eles buscam agregar algo de bom à discussão, ou apenas tirar alguma lição importante daquela conversa.

Aprenda: Como ganhar uma discussão

A principal consequência dessa atitude é que conflitos e brigas por conta de opiniões diferentes são evitadas, tornando as relações mais harmoniosas e construtivas.

"Essa é uma postura que pode ser levada até para o relacionamento a dois. Quantas vezes os casais não começam uma briga por um motivo bobo, mas transformam aquilo em algo ainda maior, por não terem essa humildade?", questiona Manuela Rodriguez.

Sabedoria

Melhorar a capacidade de ouvir os outros é amadurecer, tornar-se uma pessoa menos apegada em relação às próprias ideias. Ser sábio, portanto, é compreender que o mundo não pensa exatamente como você e não há nada de errado com isso. Todos podem contribuir de alguma maneira durante uma conversa, mesmo que as ideias sejam conflitantes.

O primeiro passo para ser um bom ouvinte é ter consciência de que essa habilidade precisa ser trabalhada, ou seja, vale deixar a vaidade de lado e assumir que tem escutado os outros com pouco empenho e atenção.

"A partir daí, o importante é estabelecer metas para diminuir a ansiedade e melhorar a concentração, atributos fundamentais para quem quer prestar mais atenção aos outros. Ser uma pessoa mais segura também é válido, pois as ideias param de se basear no achismo e, consequentemente, julga-se menos", finaliza Cibele Nardi.

por Giovanna Tavares

Para bom entendedor, meia palavra basta, diz a sabedoria popular

Ela reflete uma das características mais inconfundíveis dos bons ouvintes: a capacidade de compreensão. Esse comportamento, baseado em uma postura atenta e ponderada, porém ativa, é capaz de melhorar os relacionamentos e inspira credibilidade e sabedoria no ambiente profissional.

"É muito comum ver uma pessoa que parece escutar o outro, mas está com a cabeça longe, pensando em outras coisas. Quem não presta atenção ao diálogo já vai logo imaginando argumentos para contradizer o outro, criando conflitos. O bom ouvinte, ao contrário, abre mão de qualquer julgamento e colhe todas as informações que precisa, resultando numa conversa tranquila, sem atritos", explica Cibele Nardi, coach e especialista em comportamento.

Pessoas muito dispersas e com uma postura arrogante têm dificuldade para abrir espaço para o diálogo horizontal e acabam funcionando como um "repelente" de relacionamentos. O extremo oposto também não é saudável: todo mundo gosta de se sentir que é compreendido, por isso a escuta passiva pode ser interpretada como uma atitude desinteressada do ouvinte.

Ser extrovertido, porém, não significa ser incapaz de prestar atenção ao que os outros falam. "Para não correr esse risco, é necessário ser uma pessoa empática, ou seja, saber se colocar no lugar do outro. Mesmo que você tenha vontade de falar e goste de interagir, é preciso saber o momento certo para falar", ressalta Eduardo Ferraz, consultor em gestão de pessoas.

Liderança

Essa habilidade também é vista como uma vantagem estratégica no mercado de trabalho. "Os grandes negociadores são bons ouvintes, você nunca vai escutar um negociador matraca, que não dá atenção aos seus clientes. Essas pessoas prestam atenção também aos gestos do outro e não ficam alheios ao que está acontecendo, por isso eles costumam se sair melhor em situações de conflito", acrescenta Eduardo Ferraz.

Conheça: Os quatro gestos que ajudam a definir se uma pessoa é confiável

Além de terem uma postura muito mais lógica e racional no meio profissional, bons ouvintes são líderes que inspiram confiança, credibilidade, respeito e sabedoria.

"Você transmite a imagem de alguém que faz a diferença e traz harmonia aos relacionamentos. Na função de líder, essa pessoa vai ser mais reconhecida e conseguirá obter mais resultados da própria equipe. Todo mundo quer conviver com pessoas assim", afirma Cibele Nardi.

Ego controlado

Como eles valorizam a escuta ativa e evitam julgamentos precipitados durante um diálogo, as expectativas em relação a outra pessoa acabam sendo reduzidas. Bons ouvintes não se deixam levar pelo próprio ego, que na maioria das vezes só causa sofrimento a todos os envolvidos, sejam eles ouvintes ou não.

Com o ego controlado e julgando menos as ideias e atitudes das outras pessoas, ou seja, trabalhando apenas com situações e exemplos concretos, baseados no que as outras pessoas realmente disseram, os bons ouvintes conseguem lidar melhor com situações de frustração.

Humildade e harmonia

"Uma pessoa que atropela a fala dos outros acaba passando uma imagem arrogante, é falta de educação. Ninguém gosta de conversar com pessoas assim", pontua Manuela Rodriguez, especialista em comunicação e comportamento. Humildade é um traço recorrente entre as pessoas que sabem ouvir. Em vez de impor uma ideia ou argumento aos outros, eles buscam agregar algo de bom à discussão, ou apenas tirar alguma lição importante daquela conversa.

Aprenda: Como ganhar uma discussão

A principal consequência dessa atitude é que conflitos e brigas por conta de opiniões diferentes são evitadas, tornando as relações mais harmoniosas e construtivas.

"Essa é uma postura que pode ser levada até para o relacionamento a dois. Quantas vezes os casais não começam uma briga por um motivo bobo, mas transformam aquilo em algo ainda maior, por não terem essa humildade?", questiona Manuela Rodriguez.

Sabedoria

Melhorar a capacidade de ouvir os outros é amadurecer, tornar-se uma pessoa menos apegada em relação às próprias ideias. Ser sábio, portanto, é compreender que o mundo não pensa exatamente como você e não há nada de errado com isso. Todos podem contribuir de alguma maneira durante uma conversa, mesmo que as ideias sejam conflitantes.

O primeiro passo para ser um bom ouvinte é ter consciência de que essa habilidade precisa ser trabalhada, ou seja, vale deixar a vaidade de lado e assumir que tem escutado os outros com pouco empenho e atenção.

"A partir daí, o importante é estabelecer metas para diminuir a ansiedade e melhorar a concentração, atributos fundamentais para quem quer prestar mais atenção aos outros. Ser uma pessoa mais segura também é válido, pois as ideias param de se basear no achismo e, consequentemente, julga-se menos", finaliza Cibele Nardi.

por Giovanna Tavares

Servicais dos EUA contra a Petrobras

por Dr. Rosinha*, no Vermelho

Somente num país em que parte das lideranças políticas e da imprensa tem vergonha de declarar seus compromissos com os Estados Unidos se faz o que é feito em relação à Petrobras, diz deputado petista. Ele suspeita que interesses norte-americanos estão por trás das denúncias contra a estatal brasileira

Alguns podem achar que estou paranóico, mas tenho toda a fundamentação para levantar a seguinte suspeita.

Durante muitos anos, os golpistas negaram a participação dos Estados Unidos na construção do golpe militar dos dias 31 de março e 1º de abril de 1964. Hoje, 50 anos depois, está mais do que comprovado que os EUA patrocinaram, trabalharam e construíram o golpe. E todas as vezes em que se sentiram e se sentem ameaçados, intervieram e intervêm política e militarmente, não importando em que parte do mundo.

Fatos recentes têm comprovado a participação dos EUA. Seja em territórios distantes, como a invasão militar do Afeganistão e do Iraque, ou aqui do nosso lado, como o golpe dado no Paraguai.

Há dois fatos recentes de intervenção americana aqui na vizinhança, na América Latina. Um, o já citado acima, o golpe no Paraguai para derrubar o presidente democraticamente eleito, Fernando Lugo. E o golpe engendrado contra Zelaya e a democracia em Honduras. Não seria um teste para ver a reação dos países sul-americanos? Ambos, segundo os EUA e a direita da América Latina, obedecendo à Constituição daqueles países. Em ambos não foi essa a leitura dos presidentes, democraticamente eleitos e que constituem a Unasul.

Na atual conjuntura, estamos assistindo aos EUA patrocinarem mais um golpe, desta vez na Ucrânia, onde apoiam forças neonazistas. Também assistimos a mais uma tentativa de desestabilização na Venezuela. Em ambos os casos, há comprovação da participação norte-americana.

E qual é a paranoia?

Há no Brasil uma articulação da mídia, com o apoio dos partidos de direita, para desestabilizar o governo Dilma. E, para isso, vale toda e qualquer mentira ou desinformação: a inflação incontrolável, o desequilíbrio da balança de pagamentos, o apagão, a corrupção, etc. No momento, a bola da vez é a Petrobras.

Todos sabem que sou contra a corrupção, seja no serviço público ou nas empresas privadas e estatais. Toda denúncia de corrupção tem de ser apurada, e no Brasil temos meios para isso. O meio menos apropriado é uma CPI, seja ela mista (Câmara e Senado) ou não. Sei o que falo. CPIs são o caminho mais curto para expor pessoas não comprovadamente criminosas e preservar os comprovadamente suspeitos ou criminosos. Não é exagero: o que deu a CPI que investigou o Cachoeira?

Somente num país em que parte das lideranças políticas e da imprensa tem vergonha de declarar seus compromissos com os EUA se faz o que é feito em relação à Petrobras.

Alguém se lembra de ver a imprensa americana, partidos políticos ou parte da sociedade dos Estados Unidos trabalhando contra a Chevron? Ou mesmo na Grã Bretanha, trabalhando contra a British Petroleum ou os holandeses se opondo a Shell? Não, ninguém lembra. Será que essas empresas não cometem nenhum crime de corrupção? Não cometem nenhum crime ambiental?

No início do mês de abril, a Chevron recebeu a autorização para retomar a produção no campo de Frade. Foi noticiado que a ANP autorizou a companhia norte-americana a retomar a produção de petróleo. A empresa estava suspensa após ser responsabilizada por dois vazamentos: o primeiro em novembro de 2011 e o segundo em março de 2012.

Não me lembro de a imprensa brasileira e a oposição pedirem com veemência uma CPI para apurar e responsabilizar a Chevron por esse crime ambiental. Nunca vi a imprensa e o parlamento norte-americano cobrando responsabilidades da Chevron.

E o crime da Bristish Petroleum no Golfo do México?

O que existe em comum entre o Afeganistão, o Iraque, a Venezuela e o Brasil é a quantidade enorme de reservas de petróleo. Os EUA não toleram que isso fique fora de seu controle ou do controle de uma de suas empresas de petróleo.

Os EUA ativaram em julho de 2008 a IV Frota, justamente quando as maiores descobertas do pré-sal foram anunciadas. Não é de se perguntar o porquê de uma enorme força naval que estava desativada desde 1950 ser colocada em ação?

Acho que não é paranoia.

*Dr. Rosinha é médico e deputado federal pelo PT do Paraná.

Humor nordestino