Marcos Coimbra: Fúria pró-mudança agrada só quem detesta o lulopetismo

Os Adversários de Dilma

Empurrados para a radicalização pró-mudanças, eles agradam apenas a quem detesta o lulopetismo

por Marcos Coimbra,  em Carta Capital, encaminhado via email Júlio Cesar Macedo Amorim

À medida que o tempo passa, mais claro fica o quadro: nenhum dos possíveis adversários de Dilma Rousseff na eleição deste ano demonstra ter fôlego para vencê-la. Não é impossível que algum venha a encontrá-lo, mas o certo é que, até agora, ninguém conseguiu.

A afirmação pode soar estranha a quem presenciou a celebração de nossa "grande imprensa" nos últimos dias, a propósito de pesquisas como MDA, Datafolha e Sensus. Em manchetes às vezes garrafais, a mídia corporativa as apresentou como reveladoras de um quadro novo, desfavorável à presidenta e propício às oposições.

Foram pesquisas a respeito de intenções de voto e avaliação do governo federal. E todas mostraram uma queda na popularidade da presidenta e do governo, acompanhada de uma redução quase idêntica na proporção daqueles que dizem pretender votar em Dilma.

Até aí tudo natural. Se alguém está insatisfeito com o desempenho do governo, se está convencido de que as coisas não vão bem em Brasília, é lógico não desejar a continuidade. O passo seguinte é igualmente lógico: não querer votar em quem a representa.

Eleições são, no entanto, semelhantes àquilo que os economistas chamam jogo de "soma zero", o que um jogador perde é igual ao que o outro ganha. Neles, é impossível todos lucrarem ou terem prejuízo ao mesmo tempo. Na divisão de um bolo, por exemplo, se alguém aumenta o tamanho de seu pedaço, a parte restante aos outros fica menor. Os votos que um candidato não consegue obter (ou deixar de ter) são repartidos pelos demais.

Desse modo, era de esperar que a queda de Dilma beneficiasse algum ou vários de seus adversários. Mas não foi o que as pesquisas mostraram.

Note-se: esses levantamentos foram feitos logo após o ciclo de propaganda partidária dos oponentes de Dilma. Como sabemos à luz do ocorrido em eleições anteriores, pesquisas feitas nesses momentos costumam provocar "picos" nas intenções de voto, que tendem a desaparecer com o transcurso do tempo.

Primeiro foi a vez de Eduardo Campos, que, no fim de março, usou as inserções e o programa do PSB para se promover. Depois, Aécio Neves, em meados de abril, fez o mesmo com o tempo do PSDB. Até o pastor Everaldo, na segunda quinzena de abril, utilizou o estratagema de dizer que fazia propaganda de seu partido, o PSC, para praticar, de fato, proselitismo a favor de sua candidatura (o que a legislação proíbe, mas ninguém respeita).

Quando se consideram o contexto em que as pesquisas foram realizadas e a queda apontada de Dilma, deveríamos ter resultados favoráveis aos adversários da presidenta. Pelo que vimos nos passado, a expectativa, na verdade, é que fossem muito favoráveis.

Contudo, só o tucano cresceu e em patamar modesto. O pernambucano e o pastor ficaram fundamentalmente iguais, movendo-se dentro da margem de erro. As oposições melhoraram pouco, menos de que deveriam e menos do que precisam para alcançar a candidata do PT.

A esta altura da eleição, os problemas que atingem a imagem da presidenta, do governo e do PT afetam a candidatura, mas pouco benefício trazem às oposições, apesar da ininterrupta campanha de desconstrução movida pela mídia oposicionista. O saldo? Dilma cai (apesar de menos do que seus inimigos gostariam) e ninguém sobe (de maneira significativa).

É sempre bom lembrar que, com números de popularidade e intenção de voto semelhantes aos de Dilma hoje, FHC reelegeu-se no primeiro turno em 1998. Em junho daquele ano, estava empatado com Lula. Na urna, o ultrapassou com folga. E era Lula e não algum candidato pouco conhecido e com imagem problemática.

Vamos fazer neste outubro uma eleição diferente. Não será de pura continuidade, como aquelas de 1994, 1998, 2006 e 2010. Não será tampouco de pura mudança, como as de 1989 e 2002. O eleitorado busca agora uma boa mistura entre as duas possibilidades.

Os adversários de Dilma, empurrados para a radicalização pró-mudança pela fúria do oposicionismo de uma parte da sociedade, do empresariado e da mídia, agradam apenas a quem detesta o lulopetismo. Afastam-se, porém, daqueles que desejam que diversas coisas mudem no País, mas têm certeza de que há muito que deve continuar. E permanecem a léguas da ampla parcela que prefere a continuidade. Talvez por isso não cresçam.

Dirceu e a tortura moral

Episódio pequeno não pode ser ampliado para esconder violência contra José Dirceu

A notícia de que uma das filhas de José Dirceu furou a fila da Papuda para encontrar-se com seu pai tem a relevância de um episódio menor numa grande tragédia.

Ninguém precisa ter compromisso com erros e deslizes.

Quaisquer que sejam as falhas e faltas cometidas neste caso, que ainda aguarda esclarecimentos maiores, é preciso distinguir o principal do secundário, o que é certo do que é absurdo.

José Dirceu, hoje, é vitima de tortura moral contínua.

Como esse tipo de violência não deixa marcas físicas, muitas pessoas acham fácil conviver com ela. Não sentem culpa nem remorso.

O pai de Joana Saragoça encontra-se preso na Papuda desde novembro de 2013.

Jamais foi condenado a regime fechado mas até hoje lhe negam o direito de sair para trabalhar. Sua privacidade foi invadida e, sem seu consentimento, suas fotografias na prisão chegaram aos meios de comunicação, várias vezes, onde foram exibidas de modo a ferir sua imagem. Nada aconteceu com os responsáveis por isso. Nada.

No esforço para encontrar – de qualquer maneira – o traço de qualquer conversa telefonica indevida, um indício, um ruído, uma procuradora chegou a pedir o monitoramento ilegal das comunicações do Palácio do Planalto, o STF, o Congresso – e nada, absolutamente nada, lhe aconteceu nem vai acontecer, fiquem certos.

Infiltrados numa visita de caráter humanitário, parlamentares da oposição chegaram a divulgar mentiras convenientes para prejudicar Dirceu. Lançaram a lorota do banho quente na cela. Uma deputada que sequer entrou em sua cela deu entrevistas falando dos privilégios. O que ocorreu? Nada. Nada. Nada. Sequer sentiu vergonha. Talvez ganhe votos.

Situações como aquela enfrentada por José Dirceu podem criar situaçoes insuportáveis entre pessoas próximas.

São capazes de provocar reações irracionais, erradas, por parte daqueles que mais sentem a dor da injustiça.

Sem suspiros moralistas, por favor.

Lembrando as reações iniciais ingênuas da família do capitão André Dreiyfus, Hanna Arendt sugere que os parentes – muito ricos -- chegaram a pensar em subornar autoridades que poderiam libertá-lo.

Quer um episódio mais chocante? Em 1970, Carlos Eduardo Collen Leite, o Bacuri, militante da luta armada, foi preso e massacrado pela tortura do regime militar. Não custa lembrar que, antes de ser executado, os jornais fizeram sua parte no serviço: noticiaram sua fuga – dando a cobertura para um assassinato impune.

Bacuri foi apanhado num momento em que fazia levantamento para um sequestro no qual pretendia salvar a mulher, a militante Denise Crispim, presa e grávida. Quando seu corpo apareceu, Bacuri tivera as orelhas decepadas, olhos vazados, dentes quebrados, vários tiros no peito.

Claro que estamos falando de situações diferentes. Muito diferentes. Graças a atuação de homens e mulheres no passado mais duro – inclusive José Dirceu – o país tem hoje um regime de liberdade.

Estes casos mostram, contudo, como é difícil reagir diante da injustiça.

Mostram como é pequeno falar em "privilégio" diante de um poder que se arvora o direito de espionar a presidência da República e nada sofre. Que desrespeita a lei, enrola e ganha tempo, apenas para punir e perseguir.

E é errado, muito errado, cobrar de quem está nessa situação, oprimida, injustiçada, comportamentos exemplares, racionais, sem enxergar o conjunto da situação. Até porque nada se compara com outras reações surpreendentes e tão comuns no país, como a de empresários que corrompem politicos, constroem fortunas imensas e, mais tarde, apanhados em flagrante, alegam que foram vítimas de extorsão. Nada disso.

O pai de Joana Saragoça está sendo submetido a um processo continuo de violência moral. Sua base é o silêncio, o escuro, é a cela fechada, o presídio trancafiado, os amigos distantes, o trabalho proibido, tudo para que se transforme numa não pessoa, com a cumplicidade e o silêncio dos mesmos que se mostram muito incomodados com banhos quentes, um papelzinho de uma lanchonete fast-food, uma feijoada em lata...

E se você acha que, talvez, esse negócio de "tortura moral" pode ser invenção deste blogueiro, talvez seja bom desconfiar da natureza de seus próprios principios morais. Eles podem ter-se tornadoi flexíveis ultimamente.

Paulo Moreira Leite

Dirceu e a tortura moral

Episódio pequeno não pode ser ampliado para esconder violência contra José Dirceu

A notícia de que uma das filhas de José Dirceu furou a fila da Papuda para encontrar-se com seu pai tem a relevância de um episódio menor numa grande tragédia.

Ninguém precisa ter compromisso com erros e deslizes.

Quaisquer que sejam as falhas e faltas cometidas neste caso, que ainda aguarda esclarecimentos maiores, é preciso distinguir o principal do secundário, o que é certo do que é absurdo.

José Dirceu, hoje, é vitima de tortura moral contínua.

Como esse tipo de violência não deixa marcas físicas, muitas pessoas acham fácil conviver com ela. Não sentem culpa nem remorso.

O pai de Joana Saragoça encontra-se preso na Papuda desde novembro de 2013.

Jamais foi condenado a regime fechado mas até hoje lhe negam o direito de sair para trabalhar. Sua privacidade foi invadida e, sem seu consentimento, suas fotografias na prisão chegaram aos meios de comunicação, várias vezes, onde foram exibidas de modo a ferir sua imagem. Nada aconteceu com os responsáveis por isso. Nada.

No esforço para encontrar – de qualquer maneira – o traço de qualquer conversa telefonica indevida, um indício, um ruído, uma procuradora chegou a pedir o monitoramento ilegal das comunicações do Palácio do Planalto, o STF, o Congresso – e nada, absolutamente nada, lhe aconteceu nem vai acontecer, fiquem certos.

Infiltrados numa visita de caráter humanitário, parlamentares da oposição chegaram a divulgar mentiras convenientes para prejudicar Dirceu. Lançaram a lorota do banho quente na cela. Uma deputada que sequer entrou em sua cela deu entrevistas falando dos privilégios. O que ocorreu? Nada. Nada. Nada. Sequer sentiu vergonha. Talvez ganhe votos.

Situações como aquela enfrentada por José Dirceu podem criar situaçoes insuportáveis entre pessoas próximas.

São capazes de provocar reações irracionais, erradas, por parte daqueles que mais sentem a dor da injustiça.

Sem suspiros moralistas, por favor.

Lembrando as reações iniciais ingênuas da família do capitão André Dreiyfus, Hanna Arendt sugere que os parentes – muito ricos -- chegaram a pensar em subornar autoridades que poderiam libertá-lo.

Quer um episódio mais chocante? Em 1970, Carlos Eduardo Collen Leite, o Bacuri, militante da luta armada, foi preso e massacrado pela tortura do regime militar. Não custa lembrar que, antes de ser executado, os jornais fizeram sua parte no serviço: noticiaram sua fuga – dando a cobertura para um assassinato impune.

Bacuri foi apanhado num momento em que fazia levantamento para um sequestro no qual pretendia salvar a mulher, a militante Denise Crispim, presa e grávida. Quando seu corpo apareceu, Bacuri tivera as orelhas decepadas, olhos vazados, dentes quebrados, vários tiros no peito.

Claro que estamos falando de situações diferentes. Muito diferentes. Graças a atuação de homens e mulheres no passado mais duro – inclusive José Dirceu – o país tem hoje um regime de liberdade.

Estes casos mostram, contudo, como é difícil reagir diante da injustiça.

Mostram como é pequeno falar em "privilégio" diante de um poder que se arvora o direito de espionar a presidência da República e nada sofre. Que desrespeita a lei, enrola e ganha tempo, apenas para punir e perseguir.

E é errado, muito errado, cobrar de quem está nessa situação, oprimida, injustiçada, comportamentos exemplares, racionais, sem enxergar o conjunto da situação. Até porque nada se compara com outras reações surpreendentes e tão comuns no país, como a de empresários que corrompem politicos, constroem fortunas imensas e, mais tarde, apanhados em flagrante, alegam que foram vítimas de extorsão. Nada disso.

O pai de Joana Saragoça está sendo submetido a um processo continuo de violência moral. Sua base é o silêncio, o escuro, é a cela fechada, o presídio trancafiado, os amigos distantes, o trabalho proibido, tudo para que se transforme numa não pessoa, com a cumplicidade e o silêncio dos mesmos que se mostram muito incomodados com banhos quentes, um papelzinho de uma lanchonete fast-food, uma feijoada em lata...

E se você acha que, talvez, esse negócio de "tortura moral" pode ser invenção deste blogueiro, talvez seja bom desconfiar da natureza de seus próprios principios morais. Eles podem ter-se tornadoi flexíveis ultimamente.

Paulo Moreira Leite

Paulo Nogueira - Estou comovido com a coragem da Folha de S. Paulo

Veja como ela, a serviço do Brasil, enfrenta destemidamente interesses de poderosos. A Globo sonega bilhões, um ato corrupto e criminoso?

Lá está a Folha, para defender os cidadãos da predação tributária, econômica, social da Globo.

A cobertura da Folha sobre o escândalo fiscal da Globo merece mais que o Esso. Tem que levar também o Pulitzer.

Ponho a Folha no mesmo patamar de Snowden, ao desafiar o império americano. Que seríamos de nós sem a Folha?

Mais um capítulo da saga indômita da Globo acaba de ser escrito hoje.

A Folha está se batendo contra ninguém menos que a ultrapoderosa Joana Saragoça, filha de Dirceu. Podemos dormir sossegados, agora.

Joana cometeu o crime inominável de ter furado a fila na visita a seu pai, segundo repórteres da Folha que ficaram de campana para flagrar este ato de superior importância.

Os leitores da Folha reconhecem a grandeza do feito do jornal. Li os comentários no site. "Filho de rato, rato é", exclamou um deles.

"Filha legítima de Zé Dirceu, mau caráter como o pai", decidiu outro.

No blog de um colunista da Folha, o tom civilizatório comandava os comentários. Disse um leitor ali: "O terrorista, criminoso, bandido, mensaleiro, chacal famulento goza de regalias, privilégios e mordomias desmesuradas." Ele desejou a morte a Dirceu, a quem o diabo esperará para "se saciar".

Um jornal, um site são seus leitores, e são realmente inspiradores os leitores da Folha e de seus colunistas. Magnânimos como Marco Aurélio, generosos como Confúcio, tolerantes como Voltaire, brilhantes como Platão.  Devem todas essas virtudes à Folha.

Houve uma transferência imediata do ódio que os leitores progressistas da progressista Folha sentem por Dirceu. Do pai ele jorrou para a filha.

Faço aqui uma pequena pausa para que todos aplaudamos a Folha e seus leitores sensacionais.

Se eu fosse anunciante – privado ou público – me orgulharia de cada centavo colocado na Folha. Porque ela está educando os brasileiros, e nos tornando uma sociedade de filósofos.

Estamos, graças à Folha, protegidos de Dirceu. E agora também estamos protegidos da diabólica Joana.

Mais uma salva de palmas, e de pé, para o magnífico jornal da Barão de Limeira, e para seu dono e editor, Otávio Frias Filho, há mais de trinta anos ajudando a fazer o Brasil esta república escandinava que é.

E aplausos também para Sérgio Dávila, editor executivo do jornal, e para Matheus Leitão,  o repórter que flagrou Joana. Sçao os nossos Assanges.

Deus só pode ser brasileiro nos dando tanta gente boa para zelar por nós.

Deputados vão investigar contratos firmados por Serra com laboratório de doleiro

Boletim de notícias da Rede Brasil Atual - nº39 - São Paulo, 09/mai/2014
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/05/camara-vai-investigar-contratos-firmados-por-serra-com-laboratorio-de-doleiro-9229.html

Deputados vão investigar contratos firmados por Serra com laboratório de doleiro

http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/copa-na-rede/2014/05/entenda-por-que-o-brasil-ja-e-4o-no-ranking-da-fifa-4345.html

Entenda por que o Brasil já ocupa o 4º lugar no ranking da Fifa

http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/copa-na-rede/2014/05/alemanha-coreia-do-sul-e-honduras-tambem-convocaram-4401.html

Alemanha, Coreia do Sul e Honduras também a convocaram

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/05/com-chinaglia-na-vice-presidencia-planalto-discute-novo-nome-para-lider-de-governo-na-camara-2628.html

Pesquisa Datafolha indicam Dilma e Aécio no segundo turno

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/05/divergencias-entre-psb-e-rede-sao-do-processo-democratico-diz-deputado-aliado-de-eduardo-campos-1887.html

Divergências entre PSB e Rede 'são do processo democrático'

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/05/estado-e-uniao-admitem-que-nao-sabem-se-volume-morto-do-cantareira-e-insalubre-8894.html

Seca em SP: 'Volume morto' do Cantareira pode ser insalubre

http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2014/05/conferencia-estadual-discute-diretrizes-para-implantacao-de-politica-de-saude-do-trabalhador-7832.html

Conferência em SP debate políticas de saúde do trabalhador

http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2014/05/justica-suspende-reintegracao-de-posse-contra-ocupacao-copa-do-povo-em-sao-paulo-1209.html

Justiça suspende reintegração de ocupação 'Copa do Povo'

http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2014/05/rafael-3148.html

Metalúrgicos do ABC: chapa única recebe 92% dos votos

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O verme não respeita direitos

A decisão do Ministro Joaquim Barbosa, revogando a autorização de que Romeu Queiroz, um dos condenados da Ação Penal 470, tem um significado evidente.

O de que Joaquim Barbosa só concordará com o regime semi-aberto para José Dirceu, não quando este for adequado à razoabilidade, mas obrigatório pela legislação.

Em outras palavras, apenas quando não puder mais deixá-lo encarcerado 24 horas por dia.

Recorda-se você daquela discussão em torno dos embargos infringentes, onde estaria em jogo o direito de os condenados cumprirem a pena em regime semi-aberto, por esta somar menos de oito anos?

Era coisa para "tolinhos"…

O Dr. Barbosa, reduzindo o papel de Ministro do Supremo Tribunal Federal ao de "juiz de porta de cadeia", à medida que se transforma, de fato, em fiscal da execução penal, decidiu que o regime semiaberto somente pode ser autorizado a trabalhar fora da cadeia se tiver cumprido pelo menos um sexto da pena.

Algo tão claro e límpido que, em oito meses, ninguém o disse.

Será que os juízes de execução não sabiam disso?  Será que são ignorantes da lei e cometeram uma transgressão à norma que a mente luminosa de Joaquim domina e aos demais é obscura.
Como é que admitiram que os condenados fossem trabalhar externamente?

Ora, porque diz a lei que o regime semi-aberto admite o trabalho externo, salvo se houver ressalvas de periculosidade.

E ninguém, em sã consciência, dirá que Dirceu ofereça risco à sociedade cuidando de uma biblioteca, com uma legião de repórteres vendo que horas entra e a que horas sai, com quem fala e a vigiar-lhe cada passo.

O que acontece, necessariamente, com um sexto da pena cumprida, exceto se houver perigo ou transgressões disciplinares, é a progressão de regime. Sendo o regime inicial semi-aberto, com um sexto da pena passará ao aberto.

Mas não é assim que pensa o Presidente do Supremo, que já havia dito que a dosimetria da pena tinha visado evitar que Dirceu ficasse em regime semi-aberto.

O Dr. Joaquim Barbosa opera o Direito com fígado, bile, e ódio.

O jurista Celso Bandeira de Mello já havia advertido que o presidente do Supremo "é um homem mau".
E que manobra decisões e prazos com requintes de sadismo, para, depois de meses, anunciar um entendimento da lei originalíssimo, segundo o qual nenhum preso, fosse qual fosse a ocupação, poderia ter trabalho externo no regime semi-aberto.

Luís XIV, o do "l'État c'est moi", não faria melhor.

Fernando Brito