Corrigindo Drumond

Vamos, *ria
Ganhei a infância.
A mocidade também.

Ganhei a vida!

O primeiro namoro passou.

O segundo passou.
O terceiro passou.
Veio o amor.

Lú!


Não perdi o melhor amigo.
Fiz muitas viagens.
Já possui moto

Nunca possui carro, navio, avião.
Mas dois cães e uma  cadela me possuiram.

Muitas palavras duras - demais - 
Golpeei 

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado...

Viva!

 


'Alckmin quer apagar o fogo com gasolina', diz líder dos metroviários de São Paulo

Boletim de notícias da Rede Brasil Atual - nº60 - São Paulo, 09/jun/2014
http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2014/06/alckmin-quer-apagar-o-fogo-com-gasolina-diz-presidente-do-sindicato-dos-metroviarios-4743.html

'Alckmin quer apagar o fogo com gasolina', diz líder dos metroviários de São Paulo

Para Altino de Melo Prazeres Júnior, presidente do sindicato, repressão do governo estadual à greve faz com que categoria conquiste adesão de movimentos sociais
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http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/copa-na-rede/2014/06/mexico-campeao-da-copa-do-mundo-de-2014-em-obesidade-7233.html

México campeão da Copa do Mundo de 2014. Em obesidade...

http://www.redebrasilatual.com.br/ambiente/2014/06/apos-feijao-embrapa-prepara-alface-transgenica-8343.html

Após feijão, Embrapa prepara alface transgênica

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/06/chefe-da-seguranca-da-selecao-de-1970-era-um-torturador-diz-jornalista-em-seminario-8633.html

Chefe da segurança da seleção de 1970 era torturador, diz jornalista

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/06/a-peleja-entre-a-fidelidade-aos-fatos-e-o-jornalismo-de-aquario-3279.html

A peleja entre a fidelidade aos fatos e o jornalismo de aquário

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/06/eleonora-menicucci-2018violencia-contra-a-mulher-ainda-e-uma-questao-cultural-patriarcal-e-machista2019-4851.html

Eleonora Menicucci: 'violência contra a mulher ainda é uma questão cultural e patriarcal'

http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2014/06/mulheres-protestam-contra-revogacao-de-portaria-que-regula-o-aborto-no-sus-1458.html

Mulheres protestam contra revogação de portaria que regula o aborto no SUS

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Vou mudar de vida...amanhã

Se o teu livro ou filme predileto é sobre largar tudo e ir para a roça.  Mas, tu não largou -nem larga nada - e vai morar no mato, o que isso diz sobre tu?

***

um gênero narrativo que deveria ter nome mas não tem:
“obras protagonizadas por personagens pretensamente rebeldes & subversivas, feitas sob medida para se tornarem as obras favoritas de pessoas reprimidas & cooptadas que dizem amar a obra acima de tudo, mas nunca mexem a bunda da cadeira para fazer nada parecido com as personagens rebeldes & subversivas que tanto dizem admirar.”
principais expoentes: na literatura, “o apanhador no campo de centeio”; no cinema, “sociedade dos poetas mortos”, “beleza americana”, “na natureza selvagem”.
* * *
se eu consumo uma obra sobre enfiar o dedo na tomada & levar choque, e digo adorar tudo, é minha obra preferida!!, mas depois disso nunca mais na vida eu enfio o dedo na tomada (pois já sei que vou fatalmente levar um choque!), então essa é uma obra profundamente conformista & conservadora.
se ela é vendida & recebida, percebida & celebrada, como uma obra “rebelde” & “original”, “corajosa” & “libertadora”, etc & etc, então além de conformista & conservadora, ela é perigosa & traiçoeira.
* * *
leia o texto completo: vou mudar de vida... mas não hoje!

Charge do dia


O mais canaOLHA dos jornalis

Dilma Rousseff tem vários problemas sobre a mesa. Três são especialmente graves: a estagnação do PIB, a excitação da inflação e a deterioração estética do governo. A presidente não tem nada a dizer a respeito de nenhuma dessas encrencas. Seu silêncio potencializa a atmosfera de exaustão que enredou o poder federal. A ideia de que o prestígio de Lula funcionará como vacina contra o desânimo é ilusória.

Em 2010, Dilma era uma técnica desconhecida avalizada por Lula, chefe de um governo que mais de dois terços da sociedade desejava continuar. Em 2014, Dilma é uma presidente superconhecida, que reivindica o direito de continuar uma administração que 74% do eleitorado deseja mudar. Em privado, o próprio Lula reconhece que cabe a Dilma postar-se na linha de frente da defesa de sua gestão.

O pessimismo em relação ao futuro cresceu. Segundo o Datafolha, 36% dos brasileiros acham que a situação vai piorar nos próximos meses. Para 64%, a inflação vai subir ainda mais. Por mal dos pecados, essa percepção tende a ser confirmada pelos fatos.

A economia estagnou. No primeiro trimestre, cresceu irrisórios 0,2%. No segundo trimestre, não está descartada a hipótese de um índice negativo. Formou-se entre os especialistas um sólido consenso de que o PIB de 2014 será inferior aos 2,5% anotados no ano passado. Disso nem o Banco Central discorda.

A inflação acumulada em doze meses cresce a despeito da alta dos juros. Em janeiro, estava em 5,59%. Em maio, informou o IBGE na semana passada, bateu em 6,37%. Em abril, fora de 6,28%. A carestia pode até registrar pequenos recuos na aferição feita mês a mês. Mas, na medição acumulada, continua flertando perigosamente com um índice acima do teto da meta oficial de inflação, que é de 6,5%.

Há dois dias, numa palestra em Porto Alegre, até Lula rendeu-se ao óbvio. "Também não estou gostando da inflação de 6%", disse ele. "Eu queria 4,5%, quem sabe 3,5%." De repente, a "vacina" de Dilma começa a destilar um discurso que soa como veneno:

"A inflação está um pouquinho alta. É como se a pessoa não tivesse 37° de febre, estivesse com 38°, mas precisa começar a tomar remédio já para não deixar chegar a 39° ou 40°. Senão tem que dar um choque mais pesado, um banho gelado."

Com o prestígio em queda, Dilma assiste, impotente, à queda da sua taxa de intenção de votos. Despencou dez pontos desde fevereiro. No último Datafolha, caiu de 37% para 34% em um mês. Um aliado que torce pela reeleição realçou, neste domingo: um candidato petista, seja quem for, costuma arrastar um terço dos votos. É esse o eleitorado que historicamente se identifica com o partido. "Dilma está ficando do tamanho do PT'', constatou.

O mesmo aliado pinçou nas dobras da pesquisa dados que considerou "preocupantes". A queda de Dilma foi maior nos pedaços do mapa brasileiro onde se imaginava que programas como o Bolsa Família a blindavam. Recuou de 53% para 44% na região Norte. Caiu de 54% para 48% no Nordeste. Há um ano, disse o torcedor de Dilma, esse tipo de movimento era "impensável''.

Além de Lula, a principal arma de Dilma contra seus atagonistas é o tempo de propaganda. Numa articulação que elevou o déficit estético do seu governo, Dilma trocou cargos e verbas por um latifúndio eletrônico de mais de 12 minutos. A dúvida é: além da cara de Lula e dos truques mistificadores de João Santana, o que a presidente da República levará à vitrine?

No universo da marquetagem política, convencionou-se dizer que um gestor público precisa dispor de uma taxa mínima de aprovação de 34% para pensar em reeleição. De acordo com o Datafolha, Dilma já está abaixo desse patamar. Apenas 33% dos eleitores consideram o seu governo ótimo ou bom. A gestão da supergerente escorrega para um cenário de apagão gerencial.

Dilma pode enfrentar suas dificuldades de várias maneiras. O silêncio é a pior delas. A melhor seria reconhecer os problemas e dizer o que pretende fazer para resolvê-los. Para chegar a esse estágio, a presidente precisaria ter a honestidade intelectual de reconhecer que seu governo não é a maravilha que a propaganda tenta vender. Mas autocrítica não é um vocábulo que Dilma aprecie.

Lula continua a postos. Pedirá votos para sua pupila na tevê e nos palanques. Mas também ele precisaria responder a uma pergunta que até os brasileios que o admiram fazem aos seus botões: o que foi feito daquela gerente extraordinária de 2010?

Na palestra de Porto Alegre, Lula ensaiou uma explicação que ficou mais parecida com um autoelogio do que com uma defesa de Dilma: "Pouca gente vai ter condição neste país de repetir o sucesso do meu segundo mandato." Ao poucos, vai ficando claro: ou Dilma assume o papel de cabo eleitoral de si mesma ou corre o risco de comprometer sua reeleição.

Mulheres...para emagrecer, trair é mérito

Oi querida,

Antes de mais nada quero dizer que sou sua fã incondicional e que há um ano você mudou minha vida. Isso mesmo, você! Exagero? Leia minha história.

Sempre fui atrevida. Desde cedo, descobri que adorava uma sacanagem e a sensação de estar aprontando. Ainda bem nova, beijava quem eu queria e depois que comecei minha vida sexual, aos 18, apaixonei-me por sexo casual. Transei com vários caras e curtia isso como ninguém. Só que, apesar de me divertir muito, no fundo, eu queria muito saber como era a sensação de amar e ser amada.

Um belo dia, conheci o tão aguardado príncipe encantado. E Deus caprichou no meu caso! Lindo, inteligente, gentil, bom de cama, divertido e louco, louco por mim. Nos apaixonamos completamente, e depois de dois anos decidimos nos casar! Lasciva, acredite, ele era mesmo o cara. Não tinha erro.

Eis que sem mal ter saído da puberdade, subi ao altar, vestida de noiva, com a festa dos sonhos. O tempo começou a passar, fui com ele para o exterior por alguns anos, vivemos tanta coisa! Nossa relação era simplesmente perfeita, exceto na cama. Confesso, a culpa era minha! Ele queria de todo jeito me comer, era habilidoso no sexo oral, fazia de tudo, era carinhoso, safado… Mas eu me sentia sexualmente oprimida pelo fato de tudo aquilo ser tão "correto". Sentia falta de uma sacanagem, da coisa errada, de aprontar, do casual, do selvagem.

Mesmo vivendo uma vida sexual muito pobre pela minha falta de desejo, nosso casamento sempre foi maravilhoso. Uma amizade e cumplicidade que não vejo por aí. O tempo foi passando e fui me esquecendo de ser mulher. Engordei 30 quilos, não me arrumava mais e fugia de sexo sempre que podia.

Isso também afetou outras áreas da minha vida, porque minha autoestima já nem existia mais, de fato. Eu me sentia e me sinto muito culpada por ter alguém perfeito ao meu lado e não dar valor a tudo isso. Caí em depressão. Fiquei um ano deprimida, praticamente sem sexo.

Vi-me, depois dos 30, com mais de dez anos de casada, sem me sentir feminina, sem autoestima e com tudo para ferrar o casamento, que só ia bem porque ele era o cara mais compreensivo do mundo (reclamava, pedia mais, mas era muito compreensivo e sempre procurava me ajudar).

Até que um dia, vagando pela internet, encontrei seu blog. Me identifiquei tanto! Li tudo, cada artigo, os comentários, e senti tesão! Eu me lembrei o que era me sentir excitada! Terminava a leitura do texto e ia pesquisar mais. Comecei a ler sobre swing, sexting, erotismo, fetiches, e isso tudo de repente me lembrou que sou mulher! Chegava em casa do trabalho e corria pra internet para te ler e me lembrar mais um pouquinho do mundo que existia lá fora e que eu queria tanto.

Um belo dia resolvi que deveria experimentar sexo virtual. E fui. Fiz com um estranho, e amei! Minha autoestima começou a ressurgir. Comecei a controlar aquele impulso por comida (com o tempo, fui perceber que era exatamente por uma repressão sexual tão grande, que só a comida substitua tudo aquilo que eu não podia "devorar" de outras formas).

Comecei a emagrecer lendo seu blog, e lendo sobre sexo, quase todos os dias. Descobri a Regina Navarro, e tudo me pareceu fazer tanto sentido! Um dia, resolvi que deveria trair meu marido – eu me devia aquilo! E, em uma viagem a trabalho, fui a um swing. Lá eu tive a melhor noite de sexo da minha vida, do jeito que eu gosto, regada a perversões! Dei pra vários homens, experimentei mulher (e amei), saí de lá com a alma lavada e a buceta dolorida, rs.

Emagrecia mais e mais, o sexo no meu casamento melhorou! Comecei a transar muito com meu marido, o que acrescentou àquela relação de amizade e cumplicidade maravilhosa a um sexo muito bem feito.

Porém, sempre que peço ao meu marido para fazermos algo como ir a um swing ou um cruzeiro para casais, ele não admite sob hipótese alguma. Chamar outra mulher para transar com a gente? Nem pensar! Ele diz que qualquer coisa que envolvesse mais alguém na nossa cama (nem que só seja apenas olhando, veja só!), iria estragar nosso futuro, e acabaríamos nos divorciando, gerando sofrimento para nós dois. Quando somos só nós dois, vale tudo: ele ganha fio terra, me chupa, me fode, sexo anal, tapa, carinho, tudo. Só não pode envolver nenhuma outra pessoa, isso ele não admite. Traição então nem pensar! Jamais!

Bom, desde então, venho traindo meu marido com sexo virtual, presencial, e quando ele viaja, vou a casas de swing. Emagreci tudo que precisava, voltei a me arrumar, consegui a tão sonhada promoção no trabalho que melhorou minha situação financeira, retomei o gosto pela vida e meu casamento nunca esteve melhor. Final feliz? Não né…

Estou traindo meu melhor amigo, o cara que me ama e que não admite traição sob nenhuma hipótese. Isso iria acabar com ele, eu iria destruir seu coração. Só que é assim que eu me satisfaço sexualmente! Se eu perdê-lo, jamais me perdoaria, e eu sou louca por ele, apaixonada mesmo. Depois de mais de dez anos de casada eu ainda suspiro por ele.

Só que eu não consigo associar sexo apenas a amor. Eu sinto desejos. Quero sacanagem, swing, pornografia, outros homens me desejando, me comendo. Quero dar pra três na mesma noite, quero tudo isso! Definitivamente é isso o que me satisfaz na cama.

O que eu faço? Não suporto a ideia de viver longe dele, mas não quero nunca mais viver tanto tempo longe de mim mesma como eu fiz por tantos anos – isso só me deprimiu. A vida dupla seria minha única saída, mas eu estou enganando a pessoa mais legal, o cara mais decente que eu já conheci e que me trata como uma rainha.

O que faço, Lasciva?

Bom, é isso. Obrigada por me ajudar a retomar a vida e a alegria de viver. Te devo muito mesmo.
Um beijo.

Priscila

Antes de tudo, Priscila, comovente a sua história. E que demais se eu tiver mesmo te ajudado a emagrecer! Fico muito feliz. De qualquer forma, o mérito por isso é todo seu. Parabéns!

Mas complicada essa questão com seu marido. Temo que traição não termine bem, em geral. O problema é que ele parece ser tão intransigente, que não te deixa nenhuma outra saída – é trair ou o fim. Porque você não acha que deva se privar do seu desejo sexual, né? Nem vai conseguir. Você sabe que não tem nada de errado em sentir tesão. Sabe como isso te faz bem. Quer que ele se inclua na realização das suas fantasias. Convidou-o ao swing, sugeriu ménage. Ele não aceita nada! Nem pode sonhar que você já fez. Fica difícil mesmo.

Por que você não tenta ser mais insistente? Experimente comer pelas beiradas – conseguir umas coisa de cada vez. Comece a flertar com outras garotas e o conte. Pergunte se ele não quer nem assistir você e outra menina, diga que é uma curiosidade sua. Mostre-o uns pornôs de sexo entre mulheres. Pelo que você diz, parece que já se abre para ele. Falta se impor, cobrar também seus desejos, suas vontades. Demonstre essas coisas importam para você e que se ele quer estar ao seu lado, que aceite também o que você quer – como você aceita muitas das vontades dele.

Afinal, você já é uma mulher feita. Pode exigir o que quer, do seu jeito. Nem que seja só de vez em quando.
Boa sorte!
E depois me conta tudo.
Bjux.


Sobre o Autor

Lasciva nunca foi capaz de reprimir sua libido. Então decidiu explorar os aspectos mais íntimos da sua sexualidade e registrar tudo o que a excita em forma de palavras. Elas estão em lasciva.blog.br. Para acompanhar suas perversões diárias, siga-a no Twitter: @_lasciva.

O nome de cada vazio, por A. Capibaribe Neto

Por mais racional, frio, calculista que sejamos ou, aparentemente indiferente, cada um de nós carrega a história de um vazio dentro do peito. Deixei de levar em conta a troça que fizeram da agonia do vazio que se instalou dentro de mim quando o chão que sumiu de repente, bem debaixo dos pés. A confusão que se estabelece dentro do coração exangue não obedece ao comandos de qualquer mínimo de bom senso. Da vontade de aparentar um "nem aí" comum, passando pela vontade de morrer e outras emoções igualmente fortes, não sobra uma alternativa que não seja momentaneamente tola e ridícula. Às vezes é melhor guardar o soluço, sufocá-lo no peito a escolher alguém para desabafar. Se pensássemos bem, a despedida que nos deixa do lado mais fraco, pensaríamos: "um dia ainda vou rir muito disso"...

Certa vez, inadvertidamente, abri as malas com cheiro de mofo, cheias de velhas cartas, bilhetes e fotografias e mostrei a uma amiga mais experiente. Pacientemente, ela escutou as histórias de algumas delas e viu as fotos. Eram histórias quase iguais, todas envolviam um homem e uma mulher. Começavam sempre com um primeiro olhar, um primeiro abraço, beijo, entrega, depois, descambavam para o meio e fim. Só mudavam os nomes e alguns até eram exatamente iguais. Marias? Muitas... De repente, ela parou me olhou nos olhos e disse: "Lixo! Tudo lixo. Não serve para nada... Lixo! É passado! Joga tudo fora...!

" Bem, de uma certa forma, aquilo que alguém viveu e se deu conta depois que não serve mais para nada, pode ser lixo mesmo. O tempo não volta, a fila anda. Não adianta morrer por quem não vai mais voltar a nos encher de diminutivos, chamando-nos de meu amorzinho, por aí... Em momentos assim, é preciso não voltar a abrir aquela janela através da qual um estranho pode ver nosso coração despedaçado, sangrando a quase morrer. Só muito depois nos damos conta do ridículo que fomos ao expor as nossas mazelas sentimentais. Tinha razão a amiga quando chamou de lixo o conteúdo desses vazios Mas esse lixo tem o seu contexto limitado pela simples razão de não servir de nada, no seu sentido mais profundo, mas para um escritor, um poeta, um romântico inveterado e repetitivo, as histórias de cada amor ou paixão, caso, aventura, o que seja, sempre serve para alguma coisa. No mínimo, para encher uma página de memórias ou simplesmente dar um nome a cada rosto em diversas fotografias desbotadas que um dia tiveram vida e importância e colocá-las, respeitosamente, sobre os túmulos vazios com seus respectivos nomes. Mesmo que não sirvam para nada no futuro, de alguma coisa serviram lá atrás, em certos momentos do passado quando à falta de melhor escolha, enchemos o tempo com certas passagens.

Um espaço vazio tem sempre alguma coisa em volta para lhe dar um mínimo de forma.