‘O que tu fez pelas Olimpíadas, golpista e usurpador?’: como as pessoas responderam a um post autocongratulatório de Temer sobre a Rio 16. por Paulo Nogueira

Dickens tem uma abertura de romance que passou para a história do melhor da literatura mundial. É do livro Conto de Duas Cidades.

Vou simplificar.

“Foram os melhores dos tempos, foram os piores dos tempos, foi a era da sabedoria, foi a era da estupidez, foi a estação da luz foi a estação das trevas.”

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É a perfeita definição dos Jogos do Rio.

Foram sublimes e foram deprimentes.

A beleza esteve na competência com que o Brasil administrou a Olimpíada, a despeito dos vaticínios da imprensa abutre.

Fazia parte do jornalismo de guerra dads grandes empresas jornalísticas descrever o Brasil de Lula e de Dilma numa selva, num país primitivo, incapaz de ser sede digna de uma Copa ou de uma Olimpíada.

É claro que, se o golpe tivesse vindo antes, o comportamento da mídia teria sido bem diferente. Os Jogos do Rio teriam sido antecipadamente um grande triunfo.

A beleza esteve também no desempenho dos atletas. Num país cuja autoestima está ancestralmente tão vinculada ao futebol, a medalha de ouro da turma de Neymar tem um significado simbólico extraordinário.

O ouro final do vôlei, no último dia dos Jogos, foi um acréscimo majestoso à glória futebolística.

A beleza esteve também na sagração de atletas de origem humilde, beneficiados por programas sociais dos governos de Lula e de Dilma. De Rafaela a Isaquias, foi a confirmação da importância vital dos programas sociais.

De volta a Dickens, o horror esteve num governo ilegítimo, covarde, usurpador, emasculado, personificado em Michel Temer.

Seu comportamento foi vil, pusilânime e oportunista ao longo das duas semanas da Rio 2016.

Começou na abertura, quando Temer montou um esquema — fracassado, de resto — para não ser vaiado. Parecia não um estadista, que nunca foi, mas um indivíduo acoelhado, um fugitivo com medo da própria sombra.

A postura abjeta perdurou ao longo da competição. No Twitter, Temer chamou a si o crédito pela vitória no futebol.

“A seleção olímpica de futebol conquista ouro inédito em momento histórico do país”, escreveu.

Ora, ora, ora.

Momento histórico? Só se for pelo lado da vergonha. A plutocracia roubou 54 milhões de votos e suprimiu uma democracia jovem e frágil.

O jornalista Glenn Greenwald retuitou o disparate de Temer, com a seguinte observação: vale a pena ver as respostas.

Vale mesmo.

Selecionei dez, com as grafias originais. Peço desculpas pelos palavrões, mas as circunstâncias são especiais:

1) SAI DAQUI RIDÍCULO.

2) cala a boca golpista.

3) VAI TOMAR NO CU SEU FILHO DA PUTA.

4) Primeiramente, #foratemer.

5) FORA TEMER OPORTUNISTA DO CARALHO.

6) vai se fuder.

7) momento histórico da vergonha! O Brasil sendo destruído por vcs, golpistas e inimigos da nação.

8) O QUE TU FEZ PELAS OLIMPÍADAS, GOLPISTA E USURPADOR?

9) agora só falta tu voltar pro lugar de onde nunca deveria ter saído: o nada. IMUNDOOOOOOOOO!!!

10) FORA VAMPIRO, GOLPISTA DOS INFERNOS, MORRE DIABO!!!

Enfim: a Rio 2016 trouxe momentos de luz e trouxe momentos de trevas.

A escuridão residiu em Temer e em tudo aquilo que ele representa.

Sobre o Autor

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Michê Treme - Eu estou aqui!

Com sua mundialmente famosa modéstia e coragem, o eterno presidente do Brasil e do Pmdb, Michê Treme, agradeceu a colaboração dos incompetentes e ingratos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff por terem tentado atrapalhar a realização da Olimpíada:

"Mostramos ao mundo e aos derrotistas petistas do Brasil a nossa inegável capacidade de realizar grandes eventos. A Copa e os Jogos Olímpicos foram apenas o começo. Durante nosso governo teremos o primeiro Game intergaláctico do Universo. Os marcianos vão ter de me engolir", enfatizou o Traíra.

Quanto a Globo não ter dado a ele os devidos créditos pelo melhor desempenho do país em uma Olimpíada,  Michê foi enfático:

É apenas uma questão de VB, a partir de amanhã a conversa será outra, as moedas de ouro começarão a plimplimplar nos caixas 3 da venal prateada."

Feliz um Povo que tem um líder como o nosso.

Viva o Brazil!

Viva Michê Treme Treme!

“Lula Triplex” no Google 396 mil. Só duas na PF por Armando Rodrigues Coelho Neto

Li, ontem, o relatório da PF sobre o tríplex do Guarujá, que vazou atrasado. Quem ousaria dizer não estarmos diante de uma peça bem feita? Índice, citações, transcrições, aranhas, documentos, gráficos, etc, tudo como manda o figurino. Está, tecnicamente, como deve ser um bom trabalho. Mas, ainda é cedo para proclamar a inocência de Lula e ou Marisa, pelo simples fato de não estarem indiciados.

A PF prova que o tríplex 163-B (Guarujá/SP) está registrado em nome da offshore MURRAY HOLDINGS LLC (NEVADA/EUA), representada no Brasil por Eliana Pinheiro de Freitas, pessoa simples, cujo padrão de vida destoa do alto padrão do apartamento. A verdadeira proprietária seria Nelci Warken, procuradora de outras offshores. Para o leigo, "offshore " é uma entidade situada no exterior, sujeita a um regime legal diferente do pais onde vive um "associado".

A PF solicita o envio de peças para aqui, para acolá, para um monte de siglas que não cito para confundir o leigo. Afinal, já o diz a perspicaz observadora Marilena Chauí: no Brasil, "sigla só serve pra esconder a finalidade das coisas". A PF também diz que não faz isso ou aquilo "para não perder o foco". Que foco?!! Posso presumir do baixo ou do alto de meus mais de 30 anos de casa, mas não arrisco dizer.

Como tudo na Farsa Jato é calculado, chama a atenção o atraso no vazamento do relatório. É um relatório bem feito. Tão bem feito quanto os bolinhos envenenados que Joana queria mandar pro Jasão, na peça Gota D'Agua (Chico Buarque). Tão bem feito quanto uma estátua de Hitler esculpida pelo mais radical e talentoso escultor antinazista. Tão bem feito quanto os argumentos de um pastor para roubar um fiel. Mas, esconde maldades, não do meu colega.

É um relatório a altura de um Poder Judiciário com partido. Contém um rol de verdades, que é a melhor forma de mentir. Como o documento é longo, joguei de cara um "Control F" para localizar rapidamente o nome do ex-presidente Lula. Seu nome aparece duas vezes de forma quase aleatória. A pretensa proprietária (Nelci Warken ) diz que havia um boato entre condôminos de que Lula seria dono de um tríplex (Guarujá/SP). Na outra, a testemunha diz que Lula "tem", mas não informa prova nem referências de pesquisas para comprovação.

A testemunha diz que pra fugir da fúria fiscal do ex-prefeito Kassab, passou a blindar bens. Assim, criou uma dívida fantasma com uma empresa fantasma dela mesma e firma essa tomou seus bens para pagar a dívida. Mas, sobre Lula/Marisa só boatos e inconsistências. Boatos que alimentaram o ódio útil ao golpe. A grande imprensa, que o GGN por uma questão de princípios não quer que eu trate por "latrina", não passa disso mesmo: latrina criminosa.

Além do atraso no vazamento, da falta de provas (até agora) contra Lula/Marisa, do explícito uso da Farsa Jato para o golpe, o que se extrai de real no relatório é o mecanismo de ocultação de capitais. O relatório mostra um sofisticado esquema de lesa-Pátria - que não foi criado, inventado, nem concebido no governo petista. Sérgio Moro sabe disso, pois autuou em caso semelhante com o mesmo esquema, o mesmo doleiro, ainda quando as técnicas eram mais artesanais e, portanto, mais fáceis de serem apuradas.

O esquema não tão novo mostrado pela Farsa Jato serve pra roubar mesmo, razão pela qual precisa ser investigado, combatido e não usá-lo contra o Lula, Marisa, o PT, nem para destruir o patrimônio nacional. Afinal, a Farsa Jato tem a obrigação de saber que a diferença entre o antídoto e o veneno está na dose. A dose está destruindo o patrimônio nacional, matando empregos, a democracia, matando o Brasil.

Mas, o que me chamou mais atenção está fora do relatório. Quem pesquisa "Lula Triplex" no Google encontra 396 mil citações! Já no relatório da PF, apenas duas vezes! Leia-se, um destroçamento moral patrocinado por um "juiz de primeira instância", em conluio com a mídia, sem precedentes numa verdadeira democracia. Não sei que nome a dita Suprema Corte do Brasil dá pra isso, nem o Tribunal Penal Internacional, menos ainda a ONU - que ainda se dá ao trabalho de responder minhas mensagens.

Só falta o pedalinho. Pode prender o Lula. Eu vou lá, levar rapadura, tapioca e pinga pra ele. Se o Judiciário têm bandidos de estimação, já escolhi o meu!

Armando Rodrigues Coelho Neto é advogado e jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

Jogos, doping e golpe

Não sei de quais países são as atletas que tiveram um acidente numa corrida,  tropecaram, caíram, se ajudaram, se levantaram e continuaram a correr.

A que chegou em penúltimo lugar esperou a última.

As duas são medalha de ouro.

Este foi para mim o momento sublime, inesquecível e que me orgulhou de ser humano.

Mas, como humano que sou também deve dizer o momento que me causou mais vergonha nestes Jogos.

Na prova 4 por 100 com bastão das mulheres também aconteceu um acidente entre uma atleta brasileira e uma Yanque, qual o resultado?

O EUA recorreu, o COI acatou o recurso e as estadunidenses correram sozinha e fizeram o melhor tempo.

Resultado? As brasileiras foram eliminadas.

Que isso tem a vê com o golpe?

Qual o crime das brasileiras?

Qual o crime da Presidenta Dilma Rousseff?

Ouvi o locutor dizer que:

As brasileiras atrapalharam as americanas.

Neste momento temos um traíra na presidência e um tucano mre?

Kkk

Lambemerdastaonalatrinadahistoria

Virou golpechmerd

O Supremo Tribunal Federal - Stf - decidiu que a lei da ficha limpa foi feita por bêbados. Mas eis que de repente, não mas que de repente percebeu que vinculada está decisão impedirá o golpe, o que fazer?

Enviar a decisão para o sóbrio presidente do TSE - Tribunal superior eleitoral -, Gilmar Mendes.

Que beleza. 

Mas...e se a quadrilha de Curitiba não concordar?...

Isso não vem ao caso.

Os aquáticos decidem.

Diogo Costa o STF não apenas sabe que é golpe. É cúmplice

por Diogo Costa

Antes de iniciar o texto gostaria de dizer que seria muito importante que o mesmo chegasse ao conhecimento de José Eduardo Cardozo, de Dilma, dos Ministros do STF, da OAB e dos senadores. Dito isso, vamos a ele.

Há uma semana o STF decidiu - de forma absolutamente correta - que um candidato a prefeito não pode ter a sua candidatura impugnada no âmbito da Lei da Ficha Limpa em função da reprovação de suas contas governamentais. Reprovação esta feita pelo Tribunal de Contas competente.

O caso decidido tem repercussão geral (ou seja, vale para todo o país).

É uma decisão absolutamente correta pois a Constituição é nítida e cristalina: o parecer de um Tribunal de Contas (seja ele municipal, estadual ou da União) é meramente opinativo. Quem tem a competência para aprovar ou reprovar as contas de um prefeito, governador ou presidente é o Poder Legislativo (no caso de um prefeito, a Câmara de Vereadores).

A situação é a seguinte: um prefeito 'A' teve as contas do exercício de 2015 rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado. Este prefeito não pode ter a sua candidatura de reeleição impugnada em função disso e somente vale o parecer do TCE se a Câmara de Vereadores o confirmar (pode confirmar ou rejeitar o parecer).

Expliquei tudo isso para chegar agora ao que penso ser fundamental:

O golpe de estado em curso baseia os seus discricionários atos em alguns decretos e na execução do Plano Safra. Ambos os fatos citados como justificativa para o golpe aconteceram em 2015. Notem que o TCU (Tribunal de Contas da União) sequer apresentou um parecer aprovando ou rejeitando as contas de Dilma em 2015.

Mesmo se o TCU tivesse apresentado um parecer pela rejeição das contas de 2015, somente e tão somente o Congresso Nacional, em sessão conjunta e depois de análise pela Comissão Mista de Orçamento (como determina a Constituição), é que tem o poder de aprovar ou não o parecer e as respectivas contas.

Dilma está sendo cassada em função de algo sobre o qual não há sequer um parecer do TCU. E mesmo se tivesse, repito, este parecer só teria validade após análise e deliberação da Comissão Mista de Orçamento e, posteriormente, do Congresso Nacional.

Como é possível que o STF defina que um prefeito tem todo o direito do mundo de se candidatar, ainda que um Tribunal de Contas rejeite as suas contas governamentais, e ao mesmo tempo permita que uma presidenta da república seja apeada do poder sem que sequer haja apreciação das contas de 2015 pelo TCU?

A decisão do STF, do dia 10 de agosto último, é exemplar no caso dos prefeitos. Cumpre de forma fiel o que está escrito na Carta Magna. E confirma, paradoxal e indesmentivelmente, que a legal e legítima presidenta eleita e reeleita pelo povo brasileiro, Dilma Rousseff, está sofrendo um golpe de estado (com a anuência inexplicável do mesmo STF?).

Vejam bem: um prefeito pode se candidatar e não se pode mais falar em inelegibilidade do mesmo sem que a Câmara de Vereadores analise um parecer de reprovação de contas do Tribunal de Contas do Estado. Portanto, sem a análise do Poder Legislativo sobre o parecer do TCE, o mesmo não tem validade nenhuma.

Com Dilma se faz exatamente o contrário e o STF, abraçando o cúmulo da contradição, nada move para conter esse estupro da Carta de 88.

Com Dilma inexiste qualquer decisão do TCU sobre as contas de 2015. E mesmo se tivesse, repito novamente, seguindo a correta interpretação constitucional do STF, somente o Congresso Nacional, apreciando relatório da Comissão Mista de Orçamento, é que poderia aceitar ou rejeitar este parecer do TCU!

Aliás, não custa lembrar que as contas de 2014 do governo Dilma, que foram reprovadas pelo TCU, não constam no pedido golpista de impedimento que por ora se examina. Já as contas de 2015, sobre as quais não se tem nenhuma deliberação, servem de muleta para a intentona (é surreal e kafkiano).

Com relação às contas de 2014, pelo menos a Comissão Mista de Orçamento começou a analisar a deliberação do TCU (o relator da matéria, senador Acir Gurgacz, do PDT de Rondônia, apresentou um relatório contrariando a deliberação do TCU e pedindo a aprovação das contas de Dilma no ano de 2014). Infelizmente, e graças a ação da escumalha de delinquentes chefiada por Eduardo Cunha, o relatório de aprovação das contas de Dilma no exercício de 2014 nunca foi votado na referida Comissão.

Temos, portanto, um fato que é incontornável. O STF, ao preservar acertadamente a plenitude dos direitos políticos dos candidatos a prefeito em todo o território nacional, apontou o seguinte:

1. Não há que se falar em cassação da cidadania e dos direitos políticos de um candidato a prefeito e tampouco na inelegibilidade do mesmo com base em mero relatório de desaprovação de contas feito por um TCE;

2. Cabe somente ao Poder Legislativo (Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa ou Congresso Nacional) a deliberação final sobre a aprovação ou desaprovação de contas governamentais;

3. Um parecer de Tribunal de Contas só tem validade se o Poder Legislativo o confirmar. Caso contrário não passa disso, de mero parecer;

4. Um candidato preserva integralmente seus direitos políticos mesmo que tenha suas contas rejeitadas pelo respectivo Tribunal de Contas que as analisou. Só perde estes direitos políticos se o Poder Legislativo corroborar o parecer do Tribunal de Contas.

Nada disso é novidade e qualquer estudante do quarto semestre do curso de Direito, fazendo a primeira cadeira de Direito Constitucional, sabe disso desde sempre.

Senhoras e senhoras e Ministros do Supremo Tribunal Federal, não há uma única justificativa no Universo que de guarida para a cassação de um mandato popular conquistado nas urnas com base em questões meramente contábeis (alguns decretos e o Plano Safra - cuja execução sequer passa pela presidência da república).

E menos ainda quando se sabe que os motivos alegados pelos defensores do golpe referem-se a atos supostamente praticados em 2015, exercício para o qual não há sequer manifestação do TCU.

E muito menos ainda quando se sabe que mesmo que o TCU tivesse se pronunciado pela rejeição das contas do exercício de 2015 esse parecer só teria validade após a Comissão Mista do Orçamento analisar o caso e após o Congresso Nacional, em sessão conjunta, votar pela rejeição das contas.

E muitíssimo menos ainda quando se sabe que as contas presidenciais de 2014, rejeitadas pelo TCU e aprovadas pelo relator da Comissão Mista de Orçamento, sequer foram votadas na respectiva Comissão e nunca chegaram, obviamente, a ser analisadas em sessão conjunta pelo Congresso Nacional. Ou seja, e de acordo com a interpretação do egrégio STF, a reprovação das contas de 2014 não tem validade nenhuma (as contas de 2015 sequer foram analisadas!).

O golpe de estado está escancarado. É algo que o mundo inteiro vê estarrecido. É algo que fere de morte a democracia, vilipendia a soberania do voto popular e que viola, até onde a vista alcança, o exato entendimento da mais alta corte do país.

Não há crime de responsabilidade sendo analisado. O que há é uma conformação de maioria parlamentar ocasional, que passa por cima da lei e da Constituição sem pudor algum.

É admissível que um prefeito possa concorrer mesmo que tenha suas contas governamentais rejeitadas por um Tribunal de Contas Estadual? Evidentemente que sim. Isso está previsto na Carta de 88 e o STF corroborou essa interpretação de forma inafastável.

É admissível que um presidente da república sofra um impedimento e tenha seus direitos políticos cassados mesmo que o TCU sequer tenha analisado as contas do exercício de 2015?

Ou, noutra hipótese, é admissível que um presidente da república sofra um impedimento e tenha seus direitos políticos cassados mesmo que o TCU tenha rejeitado as suas contas? É nítido e cristalino que não. Não é admissível porque um parecer do TCU não tem valor algum se não for corroborado pelo Poder Legislativo (isso é o que nos diz a Constituição e o STF).

Dilma Rousseff está sofrendo um golpe de estado e o STF sabe perfeitamente disso. Resta saber se os doutos magistrados irão contradizer a si próprios e se farão ouvidos moucos para o violento atentado contra a democracia que estamos presenciando.

O STF acertou com os prefeitos e sem querer apenas confirmou que Dilma está mesmo sofrendo um torpe golpe de estado. É humanamente impossível dizer o contrário disso segundo a interpretação do próprio Supremo Tribunal Federal.

Não é a toa que o mundo inteiro percebeu há bastante tempo que há algo de podre no Reino da Dinamarca.

Para fechar, apenas peço que não venha algum "entendido" falando que se está cumprindo todos os "ritos" no processo golpista do impedimento.

As ordálias medievais, os processos estalinistas e os processos nazistas também cumpriam, da maneira mais minuciosa e detalhada possível, as burocráticas formalidades legais.

Não se trata de rito e sim do mérito da questão.

Janot é Moro mentem, José Serra tenta corromper e Temer amarela


O juiz Sergio Moro proclamou sua competência –no sentido de poder, direito– para julgar Lula e outros por obstrução à Justiça, em especial à sua Lava Jato, na pretendida e frustrada nomeação do ex-presidente para o ministério de Dilma. Ninguém duvida, Deus nos livre, da competência reconhecida ao jovem juiz para mandar prender, engaiolar pelo tempo que quiser, acusar do que queira, julgar, condenar, dar liberdade a criminosos delatores, seja quem for o seu alvo. Competência a que o Supremo Tribunal Federal se curva mais uma vez, autorizando o inquérito contra Lula e Dilma.

Já que seria fútil lembrar outros respeitos devidos, talvez se possa ao menos mencionar um respeito modesto e, ainda por cima, desvalorizado. É o respeito à palavra, a essa pecinha generosa da linguagem em que nos desentendemos.

Dilma e Lula não fizeram e não tentaram fazer obstrução à Justiça, nem sequer à Lava Jato. Obstruir, aplicada ao caso, seria obstar impedimentos, totais ou parciais, efêmeros ou definitivos, à efetivação de procedimentos judiciais. Mas ministros não desfrutam de imunidade. Por lei, bem entendido, que não faltam outros caminhos –estes, fora do alcance de Lula, Dilma e qualquer petista.

Se nomeado ministro, inquéritos e possíveis julgamentos de Lula não seriam evitados nem sustados em seu decorrer. Apenas subiriam de instância no Judiciário, passando a tramitar no Supremo Tribunal Federal. Não mais na mesa, nas gavetas e nas celas do juiz Sergio Moro em sua primeira instância.

Para cima ou, como no mensalão do PSDB mineiro, para baixo, a mudança de instância é um direito das defesas, muito comum. E procedimento previsto nas normas dos processos em geral. Atribuir obstrução a Dilma e Lula por ato que mudaria a instância de eventual processo é, para dizer o mínimo, alegação sem fundamento. Inverídica.

A menos que as palavras e seu sentido também já estejam na competência do juiz Sergio Moro.

O SUTIL

Já em seu primeiro mandato, o presidente uruguaio Tabaré Vasquez projetou sobre o seu governo uma aura de dignidade. Não se duvide da irritação que lhe causou, como descrita pelo chanceler Nin Novoa, o que chamou de "tentativa de compra" do Uruguai por José Serra –acordos comerciais pelo veto uruguaio à Venezuela na presidência temporária do Mercosul.

Ou seja, no melhor da sua habilidade diplomática, José Serra quis aplicar ao Uruguai, combinados, dois métodos por ele conhecidos: o "é dando que se recebe", do seu tempo de congressista, e o praticado pelas empreiteiras.

Os bons do Itamaraty começam a se desesperar.

AMARELOU

Antes da abertura da Olimpíada, Michel Temer vangloriou-se numerosas vezes: "Eu não tenho medo de vaias". Foi e foi vaiado como convinha.

Agora, pediu a Rodrigo Maia, presidente da Câmara, para representá-lo no encerramento dos jogos: está com medo das vaias, que o abalaram na abertura. Será no próximo domingo, dia de folga de Rodrigo Maia nas trapaças para proteger seu aliado Eduardo Cunha, protelando-lhe a cassação na tentativa de afinal salvá-lo. Com a ajuda de Michel Temer.