Lula e o PT não caíram no erro de colocar o fascismo como tema central na campanha, por Mauro Lopes


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Eleição é como a vida. Caminhamos entre experiências e esperanças (ou desalentos). É assim com cada pessoa individualmente, com comunidades e povos. O universo das experiências é traçado em grande medida pela terra pisada dos acontecimentos concretos do cotidiano -e pelas mais imateriais e substantivas dentre todas as coisas: as relações.

Essa é a grande “sacada”, a sabedoria que faz de Lula um líder excepcional, o maior que o país já teve. Ele entendeu que a campanha deste ano estaria pautada 1) pela boa experiência do povo brasileiro com os governos do PT e suas repercussões concretas sobre a vida das pessoas, assim como pela experiência traumática do povo com o governo oriundo do golpe; 2) pela relação especial que largas fatias da população brasileira, especialmente as mais pobres, desenvolveram com ele e 3) pela esperança de que este bom tempo possa voltar -aqui, Lula trabalhou como um mestre com a nostalgia. Passando por um período difícil e tormentoso na vida (no caso, o governo Temer), lembramos e queremos resgatar o tempo bom e nossa lembrança é muitas vezes ainda mais forte que a vivência efetivamente acontecida à época.

Por isso, para Lula e o PT, o embate decisivo desta campanha sempre foi entre o tempo/projeto do partido para o país e a resultante concreta do golpe de Estado de 2014/16 sobre vida das pessoas. O PT não se afastou em nenhum momento desta perspectiva.

Quando Bolsonaro tornou-se um risco eleitoral evidente, o PT não se deixou seduzir pelos apelos de setores ortodoxos da esquerda para tornar o tema do fascismo como o centro da campanha e pela imediata formação de uma “frente antifascista”.

O PT inseriu o fenômeno Bolsonaro no contexto do golpe de Estado ou, como a campanha Lula-Haddad tem expressado, Bolsonaro como continuidade e expressão máxima do projeto dos golpistas.

Sim, porque, se a disputa eleitoral é a resultante da experiência (o que já foi vivido no concreto e a esfera das relações) e das esperanças (ou desalentos), a pergunta óbvia é: qual é a experiência concreta do povo brasileiro com o fascismo? O que sabem as pessoas sobre o fascismo? É diferente do tema do comunismo, contra o qual há uma persistente e intensa campanha de má-informação há décadas, com as mídias de massa (e, mais recentemente, as redes sociais) pespegando no PT a pecha de “comunista”, assim como a tudo o que atemoriza as elites e as camadas médias do país.

A desinformação sobre o fascismo é tamanha no Brasil que conseguimos o espantoso feito de ser o único país do mundo no qual a tese de que o fascismo (e o nazismo) seria “de esquerda” conquistou algum espaço na opinião pública.

Diante do crescimento de Bolsonaro no último mês, em especial depois da facada, segmentos de esquerda entraram numa dinâmica de agitação do risco do fascismo como se a luta contra ele pudesse se transformar numa bandeira nas ruas. A partir da ascensão do candidato da extrema-direita, sacaram imediatamente os clássicos das bibliotecas e propuseram a formação de uma “frente ampla” contra Bolsonaro. O #EleNão e as manifestações do último sábado (28 de setembro) foram o ponto culminante desta lógica do ponto de vista das camadas médias progressistas.

Houve uma incompreensão profunda no caso do “frenteamplismo” e um atropelo no caso do #EleNão -equívocos de qualidade diferente.

O “frenteamplismo”, ao defender a união do PT e seu candidato com “todos os que estiverem dispostos a lutar contra o fascismo” ameaçou lançar o partido no colo das forças que são identificadas pela população como responsáveis pela desgraça atual. Passou-se a elogiar Alckmin e FHC e até a desejar-se explicitamente a adesão de Temer à “frente ampla”, colocando a esquerda como parte integrante do sistema, deixando a Bolsonaro o terreno livre para se apresentar ao povo como candidato contra o establishment. Lula, Haddad, e a direção do PT não cederam ao canto de sereia, mas o movimento causou prejuízos, pois alguns intelectuais e artistas petistas ou com história de vínculo com o petismo acabaram aderindo à ideia, como André Singer, Juca Kfouri, Chico Buarque, Paulo Vanucchi e Renato Janine Ribeiro.

As comunidades de partidos, movimentos e pessoas de esquerda fizeram uma experiência terrível e de grande coragem no embate com o fascismo na Europa. Mas essa experiência não pertence à história nem à memória do povo brasileiro. Lançada no meio da campanha presidencial, a ideia de combate ao fascismo, muito presente para os integrantes destes grupos e pequenas franjas da população, acabou por criar uma geleia geral misturando a esquerda com aqueles que o povo enxerga -com razão- como responsáveis por seu martírio atual.

Quanto ao #EleNão, um movimento importante mas restrito às camadas progressistas da classe média urbana, como ficou claro nas pesquisas sobre afluência na manifestação do Largo da Batata em São Paulo (leia aqui), incorreu no mesmo equívoco do #NeverTrump, nos EUA. Há um combate cultura crucial na sociedade brasileira -como na dos EUA- que o #EleNão expressa com agudeza. Mas ele é um combate de largo prazo, enquanto a eleição tem prazos curtíssimos, improrrogáveis. Ao fim e ao cabo, acabou, com a personalização completa do movimento na figura de Bolsonaro, repetindo o mesmo efeito que a fixação da mídia conservadora e do Judiciário em Lula produziu. Criou uma teia de enorme solidariedade de um campo relativamente disperso ao redor de seu líder. E ainda encaminhou o debate eleitoral para uma arena neste momento desfavorável às forças progressistas e que deve ser tratada com olhar estratégico. Com a inevitável distorção que a ultradireita operou das manifestações do sábado nas redes sociais, o evento traduziu-se em maior consolidação do polo conservador ao redor de Bolsonaro.

Isso quer dizer que a eleição foi perdida? Não. Erros são um ingrediente da vida e das campanhas eleitorais. Nunca vi uma campanha que não tivesse cometido erros. Se o lado de cá errou, o lado de lá errou muito.

Ao fim e ao cabo, o mais importante é que a direção do PT e a campanha de Haddad mantiveram-se na trilha de uma campanha pautada pelas experiências e esperanças.

Haverá segundo turno.

E Haddad tem enormes chances de vencer.

Mensagem da madrugada


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Ame agora
Beije agora
Elogie agora
Abrace agora
Responda agora
Demonstre agora
Dê atenção agora
A nossa vida é um sopro

Luis Nassif: xadrez do segundo turno



(...) e a comunidade amish de Bolsonaro

Toda eleição prolongada é composta por ondas sucessivas, algumas pequenas, outra que ganham dimensão e refluem, outras que se tornam vitoriosas. Foi assim em quase todas as eleições pós-ditadura, embora o resultado final consolidasse a polarização PT x PSDB.
Nesses tempos todos observou-se o fenômeno breve de Mário Covas e Guilherme Afif em 1988, Garotinho, Ciro, Marina em outros momentos.

Essa eleição teve três ondas nítidas.
A primeira, pró-Bolsonaro após a facada.
A segunda, pró-Haddad depois de oficializado como candidato a presidente.
A terceira pró-Bolsonaro, provavelmente como reação à consolidação de Haddad, aos ataques dos demais candidatos, aos vazamentos da dupla Sérgio Moro-Globo, reavivando o clima da Lava Jato e as fantásticas passeatas das mulheres contra Bolsonaro.
Vamos tentar entender melhor esse motivo final.

Peça 2 –os porões da opinião pública

1.     Há um aspecto interessante nas denúncias. Denúncias de pessoas contra seu próprio campo são mais aceitas que contra o campo adversário. Um analista neutro ou progressista criticando o PT tem mais credibilidade que um Merval da vida. E vice-versa.
2.     Os bolsonaristas são essencialmente anti-sistema. O que seria o sistema? Os partidos políticos, incluindo PT, PSDB e PMDB, é claro. A Justiça, as instituições em geral, a mídia e os chamados leitores incluídos no mercado de opinião pública, aqueles nacos de público moderno, moralmente avançado, refletido nas novelas da Globo e nas manifestações de artistas. A TV Globo é sistema. Qualquer denúncia contra o sistema pega. Contra Bolsonaro, não.
Com ajuda profissional ou não, os bolsonaristas vem montando há tempos seu microssistema de informações através de grupos de WhatsApp, Telegram e Youtube. É um mundo novo, onde notícias falsas se misturam com verdadeiras, com teorias da conspiração, por mais inverossímveis que sejam. Quem define o que é verdade ou não é a própria comunidade. É uma imensa bolha que junta comunidades, tipo amish, apartadas do mundo moderno e vivendo de acordo com seus próprios códigos. Mas, ao contrário dos amish, alimentados em ódio permanente.
E nem se imagine apenas populações pouco instruídas dos sertões. Essa ignorância cívica pega desembargadores de tribunais, pequenos e médios empresários (os grandes estão de longe nos bons negócios que podem se abrir), e uma classe média que ainda acredita no mito do comunista-comendo-criancinha.
Seria apenas uma excrescência não tivesse envolvido metade do país. Tudo isso possível graças ao processo de degradação da notícia que ocorreu com o jornalismo de esgoto dos grandes veículos e os programas sensacionalistas da TV aberta e o caos que se instaurou no mercado de opinião com o advento das redes sociais. Mas, principalmente, pela falência das instituições.
É por isso que uma manifestação épica, como a das mulheres, provoca uma contrarreação maior nas profundezas do país. É bem possível que se encontre aí as explicações para o aumento da rejeição feminina a Haddad.
Mas aí já é tema para os cientistas sociais explicarem mais à frente

Peça 3 – as novas ondas

O que interessa é daqui para frente.
Hoje, a pesquisa IBOPE mostrou alguma estabilização na última onda, com Bolsonaro e Haddad mantendo-se na margem de erro e, no segundo turno, um empate técnico, mas com Haddad levemente na frente. Significa que a segunda onda Bolsonaro pode ter chegado ao pico sem garantir a vitória no 1º turno.
Partindo-se para o 2º turno, haverá  uma nova onda Haddad, juntando todos os atemorizados por Bolsonaro.
Haverá os seguintes atores políticos tentando brecá-la:

Sérgio Moro – não se tenha dúvida que vazará mais delações de Haddad. Moro se tornou o símbolo máximo da desmoralização do Judiciário, enquanto instituição. A cada abuso, a reação são algumas palavras de condenação. E só.

Status quo -  trata-se de um contingente que aderiu a Bolsonaro pensando nas possibilidades futuras. Entram aí bilionários. É curiosa a adesão de parte da comunidade judaica, já que os judeus são alvos históricos do fascismo. Até famílias de bom nível intelectual, como os irmãos Feffer, caíram de cabeça na defesa de Bolsonaro. Não são numericamente significativos, mas tem poder de indução sobre os veículos de comunicação. Mas entram também associações empresariais, comunidade jurídica e outros setores conservadores.

Rede Globo – o editorial de hoje do jornal O Globo confirmou o que antecipamos na 6ª. A decisão do Ministro Luiz Fux, de desautorizar seu colega Ricardo Lewandowski, contou com a cumplicidade de Dias Toffoli e o salvo-conduto da Globo. O editorial faz críticas leve a Moro e pesadas a Lewandowski. Nenhum pio sobre a decisão de Fuxque, além de ilegal, atentava contra a liberdade de expressão e defendia a censura prévia. A Globo incorre na mesma posição de Ministros do Supremo, como Luis Roberto Barroso, políticos, jornalistas, de não se guiar por princípios doutrinários, nem sequer pelos fundamentos da liberdade de imprensa. Aliás, este é o preço maior do subdesenvolvimento brasileiro, a praxi macunaímica de parte relevante da elite. Significa que continuará dando respaldo aos vazamentos de Moro ou à disseminação de factoides.
Por outro lado, haverá os seguintes fatores à favor:

Fim dos ataques de outros candidatos – No 2º turno, rasgam-se as fantasias. No 1º, Haddad foi alvo de vários candidatos, por motivos diversos. Ciro, para tentar substituí-lo como o algoz de Bolsonaro. Alckmin para substituir Bolsonaro como algoz do PT. Marina por ser um poço até aqui de mágoas. E Álvaro Dias por ser um político provinciano de baixíssimo nível.

Clareza sobre a disputa - No 2º turno, esse Brasil mais moderno, espalhado por parte do eleitorado de Alckmin, por Ciro e Marina terá que se decidir entre Bolsonaro e Haddad. Agora, não haverá mais zonas cinzas. A disputa será entre modernidade e atraso, civilização e barbárie.

Tete-a-tete nos debates – Bolsonaro terá que se mostrar, agora. E caberá a Haddad o desafio de domar o bruto, evitando a armadilha de se fixar em temas morais ou de desqualificar o oponente por sua ignorância. Qualquer dessas estratégias será considerada ofensa pessoal a cada bolsominion – já que o candidato tem a mesma dimensão de seu eleitor médio. O desafio será explicitar os efeitos nefastos do liberalismo selvagem de Bolsonaro sobre emprego e renda. Nesse campo, Haddad contará com o apoio inestimável do general Mourão. Espera-se que apenas esconda o Mourão do PT, o ex-Ministro José Dirceu. Terá também que afirmar sua personalidade, para cativar os anti-lulistas.
Serão três semanas de pau puro. Na primeira, será possível esperar o crescimento da onda Haddad. Depois, é torcer.

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Caiu na rede: é verdade este atestado


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Atestado médico

Atesto que Bolsonaro
não pode ir para o debate na Globo.
Motivo:
Gases
Ass: Dr. Bumbum

Obs: é verdade esse atestado

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Tá chegando a hora


Vem com a gente.
Vamos juntos 
Fazer o Brasil 
Ser feliz de novo


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Modelos de fruteiras

Fruteira feitas com madeira reciclada. BBB - Boa, Bonita, Barata - e também fáceis de fazer. Confira:

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Caridade x Justiça social


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O brasileiro (a) via de regra
gosta de fazer caridade
Mas não gosta de justiça social.
Caridade aplaca a consciência pseudo-cristã
Mas justiça social
Permite a ascenção de classes
E disso o brasileiro não gosta
Porque prefere olhar de cima para baixo e não de igual para igual.

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