Como ninguém pensou nisso antes?, por Diogo Costa

UM ESTRONDOSO E ANTECIPADO SUCESSO 

O juiz ladrão, hoje no cargo arregado de ministrinho da (in)Justiça, vai pintar os muros dos presídios brasileiros com a seguinte frase: "Não entre em facção". É genial! É incrível! É fantástico!

Como ninguém pensou nisto antes, não é mesmo?!

Certamente o crime organizado vai olhar as pinturas dos muros e vai sair correndo e se retrair de imediato... Agora vai!!!!

Sobre o motim eo combate ao fascismo, por Joel Bueno

Um lado

Os irmãos Gomes nunca foram de esquerda. Entraram para a política na boleia do caminhão da ditadura. São coronéis mais espertos que a maioria – se bandearam para o campo democrático enquanto era tempo e foram capazes de aparentar certa preocupação no campo social.

A cena da retroescavadeira é bravata típica de um machismo predador que faz parte do marketing político dos Gomes.

O outro lado

Ninguém me venha defender o direito de motim dos milicianos do Ceará. Motim pode ser ato político válido, é claro, em condições excepcionais. Já compararam o terror dos milicianos em Sobral com a Revolta da Chibata, a esse ponto chegamos!

No Ceará, há um movimento articulado para desestabilizar o governador petista/cirista (sim, esse híbrido é possível), os irmãos Gomes e tudo mais que não for aliado ou membro das quadrilhas subordinadas ao presidente bandido. 

O nosso lado

Precisa desenhar? Há alguma dúvida? Entre uns políticos de origem indigesta, mas que há pelo menos três décadas jogam o jogo da democracia, e uns criminosos violentos armados pelo Estado, a escolha é óbvia.

Fascismo se derruba com frente ampla. Frente ampla se faz com os que são diferentes de nós. Os irmãos Gomes combatem o fascismo. Toda solidariedade ao Cid.

Pergunta do dia: se você ver alguém com balaclava imagina que seja um policial ou um membro do pcc?

No Brasil hoje isso é a grande dúvida que a sociedade tem. 

Tinha uma mulher, por Vanessa Maia

"Tinha uma mulher. Eleita. Que venceu um homem. Tinha uma mulher que não tinha um homem. Que não precisava andar atrás de homem, que não precisava do dinheiro de um homem e, por isso, não precisava de permissão de homem para escolher no restaurante, porque bancava as próprias vontades. Tinha uma mulher que não era amiga, nem condecorava milícia, nem homenageava torturador porque sabia da covardia da violência. Tinha uma mulher que não andava de rosa, nem gostava de babadinhos. Uma mulher considerada "grossa", "intratável", essas coisas permitidas aos homens e neles vistas como "atitudes". Tinha uma mulher que nunca aceitou o lugar de "graciosa" e "delicada" porque nunca aceitou o lugar de "voluntária" e preferiu o de protagonista. Tinha uma mulher que não se escorava na bíblia violenta, machista e fálica das espadas, lanças e de deuses dos exércitos. Tinha uma mulher que gostava das letras, dos livros, do teatro e do cinema. Tinha uma mulher que confiava em outras mulheres em suas áreas de atuação ou ministérios. Tinha uma mulher que respeitava poderes. Tinha uma mulher que respeitava imprensa. Que nunca determinou revista aos pertences dos jornalistas ou exigiu que estes chegassem em agendas presidenciais com cinco horas de antecedência, ou que ficassem, na cobertura destas agendas, sem água e sem banheiro. Tinha uma mulher que nunca cerceou o fazer profissional cancelando assinaturas de jornais ou ameaçando retirar concessões. Tinha uma mulher que nunca se negou a prestar esclarecimentos para o país. Tinha uma mulher que não se acovardava atrás de claques. Tinha uma mulher que nunca fez menção a opção e práticas sexuais de ninguém porque entendia que isso não era assunto público, muito menos de estado. Tinha uma mulher."

Juca Kfouri: a cafagestagem bolsomion

Bolsonaro é um cafajeste. Não há outro adjetivo que se lhe ajuste melhor.
Cafajestes são também seus filhos, decrépitos e ignorantes. Cafajeste é também a maioria que o rodeia.

Porém, não é só. E algo que se constata é pior. Fossem esses os únicos cafajestes, o problema seria menor.

Mas, quantos outros cafajestes não há neste país que veem em Bolsonaro sua imagem e semelhança?

Aquele tio idiota do churrasco, aquele vizinho pilantra, o amigo moralista e picareta, o companheiro de trabalho sem-vergonha…

Bolsonaro, e não era segredo pra ninguém, reflete à perfeição aquele lado mequetrefe da sociedade.

Sua eleição tirou do armário as criaturas mais escrotas, habitués do esgoto, que comumente rastejam às ocultas, longe dos olhos das gentes.

Bolsonaro não é o criador, é tão apenas a criatura dessa escrotidão, que hoje representa não pela força, não pelo golpe, mas, pasmem, pelo voto direto. Não é, portanto, um sátrapa, no sentido primeiro do termo.

Em 2018 o embate final não foi entre dois lados da mesma moeda. Foi, sim, entre civilização e barbárie. A barbárie venceu. 57 milhões de brasileiros a colocaram na banqueta do poder.

Elementar, pois, a lição de Marx, sempre atual: "não basta dizer que sua nação foi surpreendida. Não se perdoa a uma nação o momento de desatenção em que o primeiro aventureiro conseguiu violentá-la".

Muitos se arrependeram, é verdade. No entanto, é mais verdadeiro que a grande maioria desse eleitorado ainda vibra a cada frase estúpida, cretina e vagabunda do imbecil-mor.

Bolsonaro não é "avis rara" da canalhice. Como ele, há toneladas Brasil afora.

A claque bolsonarista, à semelhança dos "dezembristas" de Luís Bonaparte, é aquela trupe de "lazzaroni", muitos socialmente desajustados, aquela "coterie" que aplaude os vitupérios, as estultices do seu "mito". Gente da elite, da classe média, do lumpemproletariado.

Autodenominam-se "politicamente incorretos". Nada. É só engenharia gramatical para "gourmetizar" o cretino.

Jair Messias é um "macho" de meia tigela. É frágil, quebradiço, fugidio. Nada tem em si de masculino. É um afetado inseguro de si próprio.

E, como ele, há também outras toneladas por aí.

O bolsonarismo reuniu diante de si um apanhado de fracassados, de marginais, de seres vazios de espírito, uma patuléia cuja existência carecia até então de algum significado útil. Uma gentalha ressentida, apodrecida, sem voz, que encontrou, agora, seu representante perfeito.

O bolsonarismo ousou voar alto, mas o tombo poderá ser infinitamente mais doloroso, cedo ou tarde.

Nem todo bolsonarista é canalha, mas todo canalha é bolsonarista.

Jair Messias Bolsonaro é a parte podre de um país adoecido

Lula estimula a luta contra o fascismo

Após assistir ao interrogatório de Lula em Brasília, o conceituado advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, revela neste texto o impacto da provocado pela dignidade e pela coragem do ex-presidente. Segundo ele, o comportamento de Lula é um estímulo à luta contra "o fascista inepto que preside este país".

"Saímos agora do interrogatório do Lula em um processo criminal na 10ª Vara em Brasília. Somos advogados de um empresário, corréu e estávamos acompanhando o interrogatório por dever profissional. 

Foi impressionante a postura do Lula durante a audiência. A dignidade com que se porta, a eloquência, a inteligência, a coragem no enfrentamento, a ousadia na defesa pessoal. Ao final fez um eloquente discurso. 

O Procurador fez questão de frisar que não era o autor intelectual da Denúncia, que era um negro vindo da periferia, quase que agradecendo a Lula pelos avanços conseguidos pelo Governo no período lulista. Ao final o Lula o abraçou . 

 
Ao ver esta audiência eu passo a entender porque parte deste MP político o perseguiu e o denunciou. Passo a ter certeza da posição política, parcial, maldosa deste juiz que hoje é Ministro. Se não o prendessem não teria ninguém para fazer frente ao Lula numa eleição democrática. 

Usurparam, roubaram, estupraram a verdade, a democracia. Esse fascista completamente inepto, despreparado e ignorante que preside o país deve ao grupo que dá sustentação ao Ministro da Justiça ter chegado à Presidência. Na verdade é o mesmo grupo, esse bando que leva o país ao caos. Tudo milimetricamente pensado. 

Ou resistimos ou todos os avanços serão liquidados. Se tiveram a ousadia de tramar este golpe com o Judiciário, mídia e tudo mais, não vão parar. A fibra de Lula no interrogatório e a dignidade com que se portou  são um estímulo à resistência . Mesmo sem ser lulista ou petista, é necessário fazer parte de uma discussão lúcida que nos afaste desse obscurantismo e desse desastre."

Apatifam-nos, por Luis Fernando Verissimo

O apatifamento de uma nação começa pela degradação do discurso público e pela baixaria como linguagem corriqueira, adotada nos mais altos níveis de uma sociedade embrutecida. 

Por Luis Fernando Veríssimo

"Apatifar", nos diz o "Aurélio", significa tornar desprezível, aviltar, envilecer. Pessoas se apatifam, nações inteiras podem se apatifar, ou serem apatifadas. O mundo hoje vive uma assustadora onda de contágio viral que, espera-se, acabará controlada ou, eventualmente, desaparecerá. Já patifaria não mata, mas também contagia, com a diferença de que não tem nem perspectiva de cura.

É impossível observar o Brasil de hoje sem a sensação de estar assistindo a uma pantomima tragicômica, a decomposição de um Estado que, dissessem o que dissessem de governos anteriores — inclusive os lamentáveis —, mantinham, pelo menos, a linha, o que é mais do que se pode dizer da atuação de Bolsonaro & Filhos no palco do poder.

Agora se entende por que Bolsonaro insistia em dizer que não houve um golpe em 64 nem uma ditadura militar nos 20 anos seguintes: ele queria montar o seu próprio regime militar, enchendo o Planalto de generais de fatiota que deixam seus tanques no estacionamento e entram pela rampa principal, rindo da gente. Implícita nessa original tomada do poder está a ideia imorredoura de que só uma casta iluminada, os militares, sabem governar um país.

O apatifamento de uma nação começa pela degradação do discurso público e pela baixaria como linguagem corriqueira, adotada nos mais altos níveis de uma sociedade embrutecida. Apatifam-nos pelo exemplo. Milícias armadas impõem sua lei do mais forte e mais assassino com licença tácita para matar. Há uma guerra aberta com a área de cultura, e a ameaça de um retrocesso obscurantista nas prioridades de um governo que ainda não aceitou Copérnico, o que dirá Darwin. 

Aumentam os cortes de gastos sociais, além de cortes em direitos históricos dos trabalhadores. Aumenta a defloração da Amazônia. Aumentam as ameaças à imprensa.

E aumenta a suspeita de que na Universidade de Chicago o Paulo Guedes só assistiu às aulas de bobagens para dizer caso a economia não deslanche.