Ele é um cafajeste

Bolsonaro é um cafajeste. Não há outro adjetivo que se lhe ajuste melhor.
Cafajestes são também seus filhos, decrépitos e ignorantes. Cafajeste é também a maioria que o rodeia.
Porém, não é só. E algo que se constata é pior. Fossem esses os únicos cafajestes, o problema seria menor.
Mas, quantos outros cafajestes não há neste país que veem em Bolsonaro sua imagem e semelhança?
Aquele tio idiota do churrasco, aquele vizinho pilantra, o amigo moralista e picareta, o companheiro de trabalho sem-vergonha…
Bolsonaro, e não era segredo pra ninguém, reflete à perfeição aquele lado mequetrefe da sociedade.
Sua eleição tirou do armário as criaturas mais escrotas, habitués do esgoto, que comumente rastejam às ocultas, longe dos olhos das gentes.
Bolsonaro não é o criador, é tão apenas a criatura dessa escrotidão, que hoje representa não pela força, não pelo golpe, mas, pasmem, pelo voto direto. Não é, portanto, um sátrapa, no sentido primeiro do termo.
Em 2018 o embate final não foi entre dois lados da mesma moeda. Foi, sim, entre civilização e barbárie. A barbárie venceu. 57 milhões de brasileiros a colocaram na banqueta do poder.
Elementar, pois, a lição de Marx, sempre atual: "não basta dizer que sua nação foi surpreendida. Não se perdoa a uma nação o momento de desatenção em que o primeiro aventureiro conseguiu violentá-la".
Muitos se arrependeram, é verdade. No entanto, é mais verdadeiro que a grande maioria desse eleitorado ainda vibra a cada frase estúpida, cretina e vagabunda do imbecil-mor.
Bolsonaro não é "avis rara" da canalhice. Como ele, há toneladas Brasil afora.
A claque bolsonarista, à semelhança dos "dezembristas" de Luís Bonaparte, é aquela trupe de "lazzaroni", muitos socialmente desajustados, aquela "coterie" que aplaude os vitupérios, as estultices do seu "mito". Gente da elite, da classe média, do lumpemproletariado.
Autodenominam-se "politicamente incorretos". Nada. É só engenharia gramatical para "gourmetizar" o cretino.
Jair Messias é um "macho" de meia tigela. É frágil, quebradiço, fugidio. Nada tem em si de masculino. É um afetado inseguro de si próprio.
E, como ele, há também outras toneladas por aí.
O bolsonarismo reuniu diante de si um apanhado de fracassados, de marginais, de seres vazios de espírito, uma patuléia cuja existência carecia até então de algum significado útil. Uma gentalha ressentida, apodrecida, sem voz, que encontrou, agora, seu representante perfeito.
O bolsonarismo ousou voar alto, mas o tombo poderá ser infinitamente mais doloroso, cedo ou tarde.
Nem todo bolsonarista é canalha, mas todo canalha é bolsonarista.
Jair Messias Bolsonaro é a parte podre de um país adoecido.

Texto de Paulo Brondi, Promotor de Justiça em Jataí, Goiás.
by Karina Bueno

Carta de um Professor ao Ciro Gomes

Oi, Ciro.

Vi que você tá radicalizando nas palavras depois dos tiros que o seu irmão levou. Logo você, que dá entrevista quase todos os dias se dizendo acima da polarização, criticando fortemente o PT e os petistas por fazerem parte do outro extremo que dividiu o país.

Tá doendo, né? A gente sabe. A gente sabe também que você não teria ido a Paris hoje e deixado seu irmão pra trás como fez no passado. Pois foi exatamente esse o sentimento de todos quando você virou as costas pros problemas dos menos favorecidos e se achou digno demais pra participar dessa guerra suja.

Eu também lembro quando você chamou Bolsonaro de 'ilustre colega' no debate. Ilustre colega! Taí uma certeza que todos temos: essas não seriam suas palavras hoje. Esses tiros que o seu irmão levou, saiba, as pessoas negras e pobres desse país levam todos os dias. Foram elas que você esqueceu enquanto esteve aí, com as mãos limpas.

Quando eu for assistir a seus vídeos, posso apostar que não verei mais aquele tom lacrador e aquele personagem preocupado em parecer 'more presidential', pra usar as suas palavras, personagem esse que você sustentou até ontem. Seu tom está em outro patamar agora, eu posso perceber. Você quer guerra também.

Lembra quando seu irmão disse que o Lula estava preso e que nós éramos todos babacas? A gente quase já esqueceu aquilo, ainda que tenha sido uma bela surfada na onda antipetista, no que você faz de melhor, esse fisiologismo 'em nome de um bem maior', mas que tem muito de querer parecer mais sensato do que o resto das pessoas normais. Pois foram discursos como esse que ajudaram a nos colocar onde estamos agora. Pelo menos uma das balas que atingiram o seu irmão foi disparada naquele dia, em cima daquele palco.

Mas eu não vou dizer que 'seu irmão tá baleado, babaca', porque eu sei o preço que a gente paga por bater de frente com os opressores. Foi o preço que o Lula precisou pagar, acho que agora você entende.

Eu sei que você vai pegar toda essa dor e toda essa raiva - e que nós, extremistas, estamos passando desde 2016 - e vai sair desse limbo em que você se meteu, dessa coisa de querer ser luz em meio à escuridão. Tá na hora de sujar as mãos, não é mesmo?

Seja bem-vindo.

Assinado, um babaca.

Bernardo Mendes -- Professor
Via Henger Ercilia

Como ninguém pensou nisso antes?, por Diogo Costa

UM ESTRONDOSO E ANTECIPADO SUCESSO 

O juiz ladrão, hoje no cargo arregado de ministrinho da (in)Justiça, vai pintar os muros dos presídios brasileiros com a seguinte frase: "Não entre em facção". É genial! É incrível! É fantástico!

Como ninguém pensou nisto antes, não é mesmo?!

Certamente o crime organizado vai olhar as pinturas dos muros e vai sair correndo e se retrair de imediato... Agora vai!!!!

Sobre o motim eo combate ao fascismo, por Joel Bueno

Um lado

Os irmãos Gomes nunca foram de esquerda. Entraram para a política na boleia do caminhão da ditadura. São coronéis mais espertos que a maioria – se bandearam para o campo democrático enquanto era tempo e foram capazes de aparentar certa preocupação no campo social.

A cena da retroescavadeira é bravata típica de um machismo predador que faz parte do marketing político dos Gomes.

O outro lado

Ninguém me venha defender o direito de motim dos milicianos do Ceará. Motim pode ser ato político válido, é claro, em condições excepcionais. Já compararam o terror dos milicianos em Sobral com a Revolta da Chibata, a esse ponto chegamos!

No Ceará, há um movimento articulado para desestabilizar o governador petista/cirista (sim, esse híbrido é possível), os irmãos Gomes e tudo mais que não for aliado ou membro das quadrilhas subordinadas ao presidente bandido. 

O nosso lado

Precisa desenhar? Há alguma dúvida? Entre uns políticos de origem indigesta, mas que há pelo menos três décadas jogam o jogo da democracia, e uns criminosos violentos armados pelo Estado, a escolha é óbvia.

Fascismo se derruba com frente ampla. Frente ampla se faz com os que são diferentes de nós. Os irmãos Gomes combatem o fascismo. Toda solidariedade ao Cid.

Pergunta do dia: se você ver alguém com balaclava imagina que seja um policial ou um membro do pcc?

No Brasil hoje isso é a grande dúvida que a sociedade tem. 

Tinha uma mulher, por Vanessa Maia

"Tinha uma mulher. Eleita. Que venceu um homem. Tinha uma mulher que não tinha um homem. Que não precisava andar atrás de homem, que não precisava do dinheiro de um homem e, por isso, não precisava de permissão de homem para escolher no restaurante, porque bancava as próprias vontades. Tinha uma mulher que não era amiga, nem condecorava milícia, nem homenageava torturador porque sabia da covardia da violência. Tinha uma mulher que não andava de rosa, nem gostava de babadinhos. Uma mulher considerada "grossa", "intratável", essas coisas permitidas aos homens e neles vistas como "atitudes". Tinha uma mulher que nunca aceitou o lugar de "graciosa" e "delicada" porque nunca aceitou o lugar de "voluntária" e preferiu o de protagonista. Tinha uma mulher que não se escorava na bíblia violenta, machista e fálica das espadas, lanças e de deuses dos exércitos. Tinha uma mulher que gostava das letras, dos livros, do teatro e do cinema. Tinha uma mulher que confiava em outras mulheres em suas áreas de atuação ou ministérios. Tinha uma mulher que respeitava poderes. Tinha uma mulher que respeitava imprensa. Que nunca determinou revista aos pertences dos jornalistas ou exigiu que estes chegassem em agendas presidenciais com cinco horas de antecedência, ou que ficassem, na cobertura destas agendas, sem água e sem banheiro. Tinha uma mulher que nunca cerceou o fazer profissional cancelando assinaturas de jornais ou ameaçando retirar concessões. Tinha uma mulher que nunca se negou a prestar esclarecimentos para o país. Tinha uma mulher que não se acovardava atrás de claques. Tinha uma mulher que nunca fez menção a opção e práticas sexuais de ninguém porque entendia que isso não era assunto público, muito menos de estado. Tinha uma mulher."

Juca Kfouri: a cafagestagem bolsomion

Bolsonaro é um cafajeste. Não há outro adjetivo que se lhe ajuste melhor.
Cafajestes são também seus filhos, decrépitos e ignorantes. Cafajeste é também a maioria que o rodeia.

Porém, não é só. E algo que se constata é pior. Fossem esses os únicos cafajestes, o problema seria menor.

Mas, quantos outros cafajestes não há neste país que veem em Bolsonaro sua imagem e semelhança?

Aquele tio idiota do churrasco, aquele vizinho pilantra, o amigo moralista e picareta, o companheiro de trabalho sem-vergonha…

Bolsonaro, e não era segredo pra ninguém, reflete à perfeição aquele lado mequetrefe da sociedade.

Sua eleição tirou do armário as criaturas mais escrotas, habitués do esgoto, que comumente rastejam às ocultas, longe dos olhos das gentes.

Bolsonaro não é o criador, é tão apenas a criatura dessa escrotidão, que hoje representa não pela força, não pelo golpe, mas, pasmem, pelo voto direto. Não é, portanto, um sátrapa, no sentido primeiro do termo.

Em 2018 o embate final não foi entre dois lados da mesma moeda. Foi, sim, entre civilização e barbárie. A barbárie venceu. 57 milhões de brasileiros a colocaram na banqueta do poder.

Elementar, pois, a lição de Marx, sempre atual: "não basta dizer que sua nação foi surpreendida. Não se perdoa a uma nação o momento de desatenção em que o primeiro aventureiro conseguiu violentá-la".

Muitos se arrependeram, é verdade. No entanto, é mais verdadeiro que a grande maioria desse eleitorado ainda vibra a cada frase estúpida, cretina e vagabunda do imbecil-mor.

Bolsonaro não é "avis rara" da canalhice. Como ele, há toneladas Brasil afora.

A claque bolsonarista, à semelhança dos "dezembristas" de Luís Bonaparte, é aquela trupe de "lazzaroni", muitos socialmente desajustados, aquela "coterie" que aplaude os vitupérios, as estultices do seu "mito". Gente da elite, da classe média, do lumpemproletariado.

Autodenominam-se "politicamente incorretos". Nada. É só engenharia gramatical para "gourmetizar" o cretino.

Jair Messias é um "macho" de meia tigela. É frágil, quebradiço, fugidio. Nada tem em si de masculino. É um afetado inseguro de si próprio.

E, como ele, há também outras toneladas por aí.

O bolsonarismo reuniu diante de si um apanhado de fracassados, de marginais, de seres vazios de espírito, uma patuléia cuja existência carecia até então de algum significado útil. Uma gentalha ressentida, apodrecida, sem voz, que encontrou, agora, seu representante perfeito.

O bolsonarismo ousou voar alto, mas o tombo poderá ser infinitamente mais doloroso, cedo ou tarde.

Nem todo bolsonarista é canalha, mas todo canalha é bolsonarista.

Jair Messias Bolsonaro é a parte podre de um país adoecido