Política com P maiúsculo

Por trás das alianças regionais, me parece que o projeto político de Lula é mais ousado (e arriscado). Visa trocar apoios aos governadores de partidos como o PMDB, não apenas pelo apoio à candidatura à presidência, mas também por candidatos ao Senado mais fiéis aos programas de governo de Lula.

Com isso, há a expectativa de conseguir fazer maioria não fisiológica no Senado, conseguindo condições melhores de governabilidade no Congresso a partir de 2010.

Se é viável ou não, não sei. Se vai dar certo ou não, também não sei. Mas significa um movimento político ousado e arriscado, porque pode perder muito, mas significa desapego ao poder pelo poder, preferindo correr riscos para realizar o projeto nacional em melhores condições. Isso é fazer Política com P maiúsculo: ter projeto, medir forças, e traçar táticas não utópicas para fazê-lo.

Sem reformas nacionais, a ação do governo federal sempre será limitada. Além disso, o fisiologismo custa caro, sangra o orçamento, e trava órgãos, subtraindo recursos para políticas públicas e tornando a execução de programas lentos e caros.

Mais vale um governo federal mais fortalecido, com capacidade de atender melhor aos anseios da sociedade e cumprir seus programas, do que um monte de governadores, como leões sem dentes.

Em síntese: a idéia parece ser trocar poder regional (o projeto de poder do PMDB no curto prazo) por poder nacional (o projeto de poder representado na candidatura de Dilma). Tem lógica, e muita.

Um comentário:

  1. Briguilino, houve um engano. Quem escreveu esse texto no Blog do Alon foi J. Augusto. O que escrevi foi o seguinte:

    "Melhor arriscar com a esquerda e perder os anéis, que jogar com a direita e ter de amputar o braço."

    O que quis dizer com minhas palavras foi o contrário do texto que você publicou aqui.

    Considero que uma aliança com o PMDB, abdicando de candidaturas próprias nos estados, um erro gravíssimo para o PT, que se distanciará da esquerda (PSB, PDT e PC do B) em direção à direita fisiológica do PMDB, que não é nem um pouco confiável.

    Um Michel Temer ou um Geddel Vieira Lima como vice é um rismo muito grande para se correr, ainda mais agora com uma possível fragilidade física de Dilma.

    Um Michel Temer presidente da Câmara já é arriscado, pois num momento de fragilidade de Lula (lembra do "mensalão"?), duvido que ele não ceda às pressões da imprensa por um impeachment do presidente.

    E já pensou se Dilma perde a eleição nessa aliança com o PMDB, perdendo o poder nos estados e nacionalmente???

    Com quem você acha que o PMDB se aliará depois?

    Voltará a aliança de centro-direita PSDB-PFL-PMDB, só que desta vez com o aprendizado de alguns anos na oposição.

    Continuemos o debate.

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