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A política econômica do Governo Dlma é a política econômica da Dilma, que segue a do Lula


[...] Guido Mantega é o executor, de um e outro.
Derrubar o Mantega é derrubar a Dilma – e o Lula.
É uma ilusão supor que um novo Mantega fizesse uma outra política econômica para agradar a ‘Economist’ e seus neo-leitores no Brazil (com “z”, revisor”, por favor.).
Dizer que o Mantega se comunica mal – como propõe nosso blogueiro amigo Luis Nassif – é supor que o Pedro Malan fosse o Chacrinha da Economia.
E já que o Aécio voltou a falar do JK: quem era mesmo o Ministro da Fazenda do JK, hein, amigo navegante ?
Pode-se até discutir a política econômica da Inglaterra – que estará no buraco por muitos anos -, como a americana, a da Alemanha – onde os bancos vão bem e os números vão mal, e o povo só não se estrumbica por causa da sólida rede de proteção social – , da Espanha, de Portugal.
Não é esse propósito dos merválicos – não deixe de ver que o Mino o pegou na vanguarda do Golpe – colonistas (*) pigânicos nem do Aécio que Never sairá de Minas.
Como não é deles o propósito de preservar a Moral e os Costumes com a beatificação do Presidente Joaquim Barbosa.
O negócio é mais embaixo.
É o Golpe.
A rasteira.
O mensalão (o do PT), a Rose ou o Guido.
Vale tudo, como diz o Marcos Coimbra, em inspirada catilinária.
Conversa Afiada pretende lançar no Natal o Prêmio a “Virgem de Higienópolis”, para tratar de uma certa malta, como dizem meus antepassados portugueses.
Porque o Guido é a Dilma, estúpido.
E não se trata do PiB, mas do PIG (**).
Paulo Henrique Amorim

A semana da Presidente Dilma

A semana da presidenta Dilma Rousseff, entre 3 e 7 de dezembro, foi marcada pelas homenagens ao maior arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer, e a reafirmação do compromisso do governo brasileiro em reduzir a tarifa no início de 2013, apesar da resistência de parte do setor de geração energia elétrica. Também foram anunciadas a reestruturação do setor portuário, com investimentos e um novo marco regulatório; balanços das ações voltadas para pessoas com deficiências e para o setor industrial; e entrega de 1 milhão de moradias pelo Minha Casa Minha Vida e contratação de outras 1 milhão.
A semana da presidenta começou com a inauguração de obras de melhorias no Porto de Itaqui, em São Luís, que, orçadas em R$ 169 milhões, incluem nova estrutura com 320 metros de comprimento e 40 metros de largura, o que assegura, segundo o governo do Maranhão, um aumento de capacidade de movimentação de 5 milhões de toneladas/ ano. Na quinta-feira (6), Dilma voltou ao tema, com o anúncio de um novo marco regulatório para o setor e de R$ 54,2 bilhões em investimentos.
“Nós damos mais um passo para os portos não mais às nações amigas, porque não é o caso, mas às forças produtivas do país e à iniciativa privada também. (…) Nós queremos inaugurar uma nova era com a modernização da infraestrutura e da gestão portuária. Nós queremos expandir os investimentos baseado numa parceria entre o setor privado e o público, e queremos que isso se dê pelo aumento da movimentação de cargas. (…) O objetivo do programa é ter a maior movimentação de carga possível, com o menor custo possível. O volume de cargas é a nossa orientação”, afirmou.
Dilma começou a terça-feira participado da 3ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, quando fez um balanço das ações do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite, que conta com R$ 7,6 bilhões em investimentos para saúde, educação, acessibilidade e capacitação para o trabalho. Em seguida, de vota ao Palácio do Planalto, a presidenta comandou a cerimônia alusiva a entrega de 1 milhão de casas e contratação de outro 1 milhão pelo programa Minha Casa Minha Vida.
“Agora, a gente não pode ficar conformado com o que já conseguimos. O objetivo é que, até o final de 2014, mais 1,4 milhão moradias nós consigamos contratar. Isso significa que ainda nós vamos conceber uma outra etapa do Minha Casa, Minha Vida para viger. Deixaremos ela pronta para viger nos anos seguintes, seja quem seja que governa este país, terá de cumprir e dar continuidade a esse programa”,  disse. No evento, o ministro Guido Mantega ainda anunciou medidas de estímulo à construção civil, com a redução da alíquota do Regime Especial de Tributação (RET) sobre o faturamento de 6% para 4%, entre outras.
No 7º Encontro Nacional da  Indústria (Enai), na quarta-feira (5), Dilma fez um balanço das medidas tomadas pelo governo para o setor, que, segundo ela, ainda não têm seus efeitos completos apresentados em 2012 (veja o balanço em detalhes). No evento, a presidenta afirmou que o governo não recuará da decisão de reduzir a tarifa de energia em 16,2% para residências e até 28% para indústrias, apesar de algumas resistências no setor. Na quinta, a presidenta voltou ao assunto e reforçou que a medida seria tomada porque o governo tem compromisso com o país.
“Mas nós temos não colaboradores nessa missão. E quando você tem não colaboradores, os não colaboradores deixam no seu rastro uma falta de recursos. Essa falta de recursos vai ser bancada pelo governo federal, pelo Tesouro do governo federal. Agora, a responsabilidade por não ter feito isso, é de quem decidiu não fazer. Quem não foi capaz de perceber que o Brasil tem hora para tudo. Tem hora para a gente não prorrogar e tem hora para a gente prorrogar. A hora de prorrogar, passou. Agora é a hora de devolver. E por isso, nós iremos devolver.”
Na quinta-feira (6), o Palácio do Planalto foi cenário de tributo a Oscar Niemeyer, que faleceu aos 104 anos. Um dia antes, a presidenta Dilma emitiu nota de pesar citando realizações e frases do arquiteto, e afirmando que “O Brasil perdeu hoje um dos seus gênios. É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida”. Mais de 5 de mil brasilienses prestaram sua homenagem e passaram pelo velório. Carlos Oscar Niemeyer Magalhães, neto, emocionado, classificou a recepção como “fantástica”. O Blog do Planalto preparou especial com imagens, vídeos e áudios que contam um pouco da trajetória do “gênio da arquitetura”.
O arquiteto também foi lembrado durante a reunião de chefes de Estado do Mercosul, dos Estados associados e dos países convidados, que aconteceu na última sexta-feira (7), em Brasília. Em discurso, Dilma afirmou “Ele dizia que a gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem. Concordamos com ele. Nós que temos um sonho de América Latina desenvolvida com oportunidades iguais, uma sociedade democrática, pacífica e capaz de cooperar estreitamente”. Já  Cristina Kirchner, presidenta da Argentina, disse que Niemeyer não foi somente um fundador e construtor de cidades, mas também um construtor de sonhos políticos. Sobre o encontro, a mandatária brasileira comemorou um ideal de integraçãocada vez mais sul-americano no bloco.
“Fico muito feliz em ver que o Mercosul está se consolidando em um ideal de integração cada vez mais sul-americano. Um novo Mercosul está em marcha. (…) Como bloco, somos a quinta economia do mundo. Dispomos de enorme potencial energético e de ampla capacidade de produção de alimentos, além de contar com um parque industrial pujante e diverso. Constituímos também um mercado de grandes dimensões”, afirmou.

A presidente Dilma Rousseff tem revelado supreendente habilidade política

[...]  Sim, foi isso mesmo que escrevi.  O senso comum repisa que falta à chefe do governo jogo de cintura. E é verdade.

Ela também consegue encrencar-se simultaneamente com os dois maiores partidos da coalizão, coisa pouco prudente. E a base parlamentar vive turbulências imprevistas.

Onde estaria então a evidência da habilidade, talvez involuntária? Num detalhe estratégico, que neutraliza todos os demais. O Planalto dá vazão sistemática à dúvida sobre se Dilma quer ou não um segundo mandato. E talvez ela esteja mesmo em dúvida.

Aliás, a versão mais difundida vem com viés de não, de que a presidente deseja cumprir bem os quatro anos e ponto final. Afinal, o cargo nem estava no horizonte antes de a então chefe da Casa Civil receber a unção do superpadrinho.

Esse projetar da falta de ambição impede que Dilma se transforme precocemente em alvo político. No cenário como posto hoje, nenhum dos postulantes à cadeira tem interesse real em atacá-la, enfraquecê-la.

Um bom exemplo foi a crise que engoliu e digeriu o principal ministro. A presidente passou olimpicamente ao largo, bem longe do alcance das balas que cortavam o ar no tiroteio.

Houve aqui e ali a possibilidade de a confusão bater em sua excelência, mas ninguém dos que contam deu curso. Não havia interesse.

A política é algo complicada, mas as leis que a regem são belas na simplicidade. Mais que as análises e projeções, importam as percepções.

A preocupação primeira e última dos políticos é com o poder. Procuram fazer crer ao público que se ocupam principalmente com o que farão nele. Mas ninguém deve levar a sério.

As forças políticas são sistemas planetários que orbitam em torno dos sóis, os candidatos a candidato. Eles são a referência última. Nenhum exército se move à toa.

Nesta linha de “não sei se é bem isso que eu quero” Dilma por enquanto vem enquadrando o foco potenciamente mais problemático, o antecessor. Ela não está obrigada a fazer sempre o que ele deseja, mas ele não tem por que confrontá-la.

Na oposição é a mesma coisa.

Nem falo aqui da atração de Fernando Henrique Cardoso para a turma do aplauso, migração que resulta também de um vetor psicológico. Na política que conta, a disputa do poder real, não há por enquanto motivo para os opositores abrirem fogo contra quem, afinal, pode nem disputar a reeleição.

Um gato empenhado em caçar dois ratos estará seriamente arriscado a não capturar nenhum deles. Na dúvida atual sobre quem será o candidato em 2014, ganham os dois, Dilma e o padrinho.
por Alon Feuerwerker

O humor da Presidente


Famosa pela rispidez, a presidente tem também uma faceta engraçada. Ela gosta de dar apelidos aos interlocutores e se diverte com imitações do vice, Michel Temer
LUIZ MAKLOUF CARVALHO
Evaristo Sá/AFP
MÉTODO 
Dilma, descontraída, durante uma cerimônia em Brasília. Primeiro, ela dá o apelido. Depois, vem com o caderninho “terrível”
“Você é danado!”, para um governador. “Leão da Montanha”, para um vice. “The Turtle” (tartaruga), para um senador. “Não me venha de borzeguins ao leito”, para o presidente de uma estatal. É assim, entre apelidos e provérbios do arco da velha, que a presidente Dilma Rousseff, famosa pela rispidez, vem alinhavando seu lado bem-humorado. Pode não ter muita graça, mas são essas as histórias contadas por aqueles a quem ela faz sorrir. “Danado!”, por exemplo, é o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. A presidente, compulsiva com diminutivos, o chama comumente de Serginho. A exclamação é o prêmio que ele ganha depois de fazê-la rir com seu reconhecido dom para imitações. A mais recente é a do vice. “Faz o Michel, Serginho, faz o Michel”, pede a presidente, quando estão numa roda pequena. O governador capricha, transmuta-se em Temer, acentua um singular gestual das mãos. Dando risada, a presidente concede: “Você é danado!”.
“A presidente Dilma tem um senso de humor sofisticado, ao estilo mineiro”, afirma o governador Cabral. “É bem-humorada, mas está mais para o sorriso do que para a gargalhada.” Como exemplo do “bom humor” da presidente, Cabral conta um momento tenso que viveram juntos, dentro de um helicóptero, depois de um debate televisivo durante a campanha eleitoral. “O tempo fechou, a visibilidade era zero, o pouso foi difícil – e, com todo o estresse do debate, ela não esquentou a cabeça”, diz. “A presidenta sabe que a vida com bom humor é muito melhor.” Cabral também imita o ex-presidente Lula. Já o fez para o próprio, que adorou, e para Dilma, que repetiu o “Danado!”. Ele imita a presidente também – como já fez para Lula –, mas ainda não se atreveu a exibir-se para a própria. “Isso eu não faria”, diz. “No momento, estou me esmerando no Henrique Meirelles.”

“Leão da Montanha” – aquele personagem do estúdio americano Hanna-Barbera, do bordão “Saída pela esquerda...” – é o vice-governador do Rio, Luiz Carlos Pezão. A presidente passou a chamá-lo assim, nos momentos apropriados, durante a tragédia da Serra Fluminense, no começo de seu governo. Os dois encontraram-se lá, no meio do drama. Ela admirou seu desempenho – e foi buscar na memória o desenho animado dos velhos tempos. No primeiro dia em que estiveram na região da tragédia, a presidente observou que Pezão – de 1,90 metro de altura e pés 48 – era o único dos homens a usar sapatos, enlameados, e não galocha, calçado mais apropriado para o lamaçal. “Não achei bota do meu número”, disse Pezão, quando a presidente perguntou. “No dia seguinte a minha galocha chegou”, diz ele. “Ela mandou a Petrobras providenciar.”

Antes que a montanha desabasse, Dilma Rousseff chamava Pezão de Pezãozinho. Como o vice-governador é também o secretário de Obras, os dois se aproximaram desde os tempos do PAC, quando a presidente ainda era ministra da Casa Civil. “Ela é muito agradável, bota apelido em todo mundo e está sempre com bom humor”, diz Pezão. Com o exagero, proposital, ele preparou o terreno para a verdade: “Primeiro, ela chama no apelido, mas depois vem o caderninho, que é terrível. Esse caderno é uma loucura. Deve ter tudo do governo Lula, além do governo dela. É com ele que ela faz as cobranças”. Como é o tal caderno? “É de arame. Era um pequeno. Agora é um grosso. Tem tudo ali, além de uma cabeça extraordinária. Você não enrola ela de jeito nenhum. Ela me cobra direto o teleférico do Alemão. É louca para andar no teleférico.” Divertido, Pezão imita a cobrança da presidente: “Pezãozinho, como é que está o teleférico? Tem um ano de atraso”. Ele se explica e, em seguida, ouve: “Conversa, Pezãozinho, você é o rei das desculpas”.
“Não me venha de borzeguins ao leito” 
DILMA ROUSSEFF, numa tirada erudita 
em meio a uma discussão sobre tarifas de energia elétrica. A expressão equivale a dizer: “Não me venha com conversa fiada”
Um dia desses o senador Delcídio Amaral (PT-MS) prometeu à presidente que falaria com o engenheiro Flávio Decat, seu amigo, hoje presidente de Furnas. Diria a ele que ela queria falar-lhe – mas não ligou, e muito menos transmitiu o recado. Dilma telefonou, Delcídio atendeu: “Delcídio, The Turtle”, ela disse, algo irritada. “Agora não precisa mais, eu já falei com ele.” Eles se conhecem desde que Delcídio era diretor da Petrobras e Dilma Rousseff secretária do prefeito Alceu Colares, em Porto Alegre. No dia 8 de fevereiro, aniversário de Delcídio, a presidente ligou. “Ô, Santinho, tô te ligando pra dar os parabéns. Sei que você está fazendo 56 anos. Recebi umas pessoas que perguntaram por você, com muito carinho. Mas não vou te dizer quem foi, senão você vai ficar muito mascarado.” Versão do senador.
Marcos Ramos, Simone Marinho/Ag. O Globo e Ailton de Freitas
MEIGUICE
O vice-governador do Rio, Luiz Carlos Pezão (à esq.), é o Leão da Montanha. O governador Cabral (no alto), que faz Dilma rir, é chamado de Danado. E o senador Delcídio Amaral, que demorou para atender a um pedido, virou The Turtle
Ele defendeu o governo, na tribuna do Senado, quando um apagão atingiu oito Estados do Nordeste, no começo de fevereiro. Ela ligou: “Ô, Santinho, você acreditou mesmo em tudo aquilo que você falou?”. Amaral respondeu: “Eu sei o que aconteceu, Dilma, mas eu não vou dizer que teve barbeiragem, né?”. E disse: “Ela sabia que tinha barbeiragem, e que eu, ao defender o governo, estava escondendo o jogo”. Delcídio acha que a presidente é bem-humorada, “mas de um humor sutil, intelectual, elegante. Ela é sarcástica, elaborada, saca ligeiro. Brinca, mas com elegância. Não dá para comparar com o Lula, que fala palavrão direto”. “Sabe o que deixa ela feliz?”, pergunta Delcídio. E responde: “É dizer que ela está magra. ‘Ô, Dilma, tá numa elegância danada!’ Ela fica doida!”.

Como presa política, no começo dos anos 70, a hoje presidente era boa de humor negro na resistência às agruras. Ela contou, numa entrevista, que, quando alguma presa era retirada da cela para outra sessão de tortura, todas reagiam com uma espécie de grito de guerra: “Não liga não, se você for torturada, a gente denuncia”. E comentou: “A gente ria disso, pela ironia absoluta que é. O que é que adianta denunciar? Para o torturado, o que é que adianta? A gente estava rindo da tortura. Estava tentando controlar uma situação que é absolutamente fora do controle”.

A advogada Maria Regina Barnasque, funcionária do memorial da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, trabalhou com Dilma Rousseff nos idos em que ela jogava vôlei (sim!). Assessorou a hoje presidente no governo Olívio Dutra e foi com ela para Brasília no primeiro governo de transição do presidente Lula. Foi para ela, a quem apelidou de Buluga, que Dilma contou ter sido indicada ministra de Minas e Energia. Uma vez, quando a turma do vôlei tomava um chopinho depois da partida, Buluga e uma colega foram ao toalete. Na saída, a colega levou uma cantada:
– Oi, gatinha.
– Eu não sou gatinha.
– Oi, gatona.
– Eu não sou gatona.
– O que você é, então?
– Eu sou um ser humano.
De volta à mesa, Buluga contou o diálogo a Dilma Rousseff. Ela respondeu: “O pior, Buluga, é se ele dissesse ‘Oi, ser humano’. E ela respondesse: ‘Eu não sou um ser humano, eu sou uma gatinha’”.
“É um humor politicamente incorreto”, diz a jornalista Jandira César, outra amiga daqueles tempos.
Borzeguins são botas altas, com cadarços. Machado de Assis usou a palavra mais de uma vez. Carlos Drummond de Andrade também. E Tom Jobim idem. A banda mineira de rock Os Baratas Tontas usou “borzeguins ao leito” como título de uma música que fala da fissura de um cara por uma garota de tênis preto amarrado na canela. “Não me venha de borzeguins ao leito” equivale, em muitas possíveis interpretações, a “não me venha com conversa fiada”. Ou, numa versão mais largada, a “não esculhambe a guerra com baladeira”. Quem ouviu a frase da presidente Dilma, numa discussão sobre tarifas de energia elétrica, foi o engenheiro Maurício Tomalsquim, presidente da Empresa de Pesquisa de Energia. Tomalsquim é daqueles com quem a ministra Dilma já gritou mais de uma vez. “É o jeito dela”, ele disse certa vez, feliz da vida.
“Seu próximo destino será em Burkina Faso” 
DILMA ROUSSEFF, para o 
diplomata Renato Mosca, quando algo não lhe agrada no cerimonial da Presidência 
Com os que a servem diretamente, no dia a dia do Planalto, prevalece um clima de reverência, de cuidados para evitar que ela se aborreça, e, em alguns casos, de temor de levar a ela assuntos que possam ser considerados desagradáveis. Mas há momentos divertidos também. Um deles é a reação da presidente quando alguma coisa do cerimonial não é de seu agrado. O chefe é o conselheiro do Itamaraty, Renato Mosca. “Se prepare que seu próximo destino será em Burkina Faso”, ameaça jocosamente a presidente da República.

Conversa com a Presidente

Ricardo Lucas Hautequestt Filho, 21 anos, universitário de Itapemirim (ES) - As obras para a Copa do Mundo e a Olimpíada serão realizadas a tempo?

Presidente Dilma - Sem dúvida, Ricardo. Estamos trabalhando de mãos dadas com governadores e prefeitos das cidades que vão sediar os jogos. Já realizamos o primeiro encontro e vamos nos reunir a cada três meses para monitorar o cronograma das obras. Dos 12 estádios, 11 já realizaram licitações e, destes, 10 estão em obras. O 12º, de São Paulo, não terá licitação porque é privado. Ao mesmo tempo, a Infraero está em plena execução do seu programa de investimentos para ampliar a capacidade dos aeroportos e melhorar os serviços prestados. Serão investidos R$ 5,15 bilhões em recursos apenas do governo federal. As obras seriam necessárias mesmo que não houvesse Copa e Olimpíada, pois aumentou muito o movimento nos aeroportos, devido à elevação da renda dos brasileiros. Decidimos também autorizar a concessão, em parcerias de empresas privadas com a Infraero, para cuidar das novas obras e da gestão dos aeroportos de Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e Brasília (DF). E estamos estudando o modelo a ser adotado em relação a Cofins (MG) e Galeão (RJ). Para coordenar todo esse trabalho, criamos a Secretaria Nacional de Aviação Civil, com status de ministério. Com estas e várias outras medidas, estou certa de que vamos realizar uma grande Copa e uma grande Olimpíada.

Esporte

Gentil Soares de Lima, 47 anos, professor de Umuarama (PR) - Quais projetos e programas serão efetivados em seu governo para fazer chegar de forma concreta o esporte ao ambiente escolar?

Presidente Dilma - Nós já temos diversos programas em andamento e vamos ampliar ainda mais o acesso dos estudantes à prática esportiva. Com uma rotina de vida saudável, com regras de convivência, os jovens desenvolvem a autoestima, ficam distantes da criminalidade e entre eles podem despontar futuros competidores. Uma das principais iniciativas nesse campo é o Mais Educação, implementado em 2007 pelo Ministério da Educação (MEC). Em 2010, o programa beneficiou 2,2 milhões de estudantes com várias atividades fora dos horários de aula, incluindo cultura, artes, educação científica e esportes. O braço esportivo do Mais Educação é uma parceria com o programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. Os estudantes podem praticar modalidades como vôlei, basquete, handebol, tênis de mesa, judô, caratê, taekwondo, yoga, natação, xadrez, atletismo, ciclismo e tênis. Para este ano, a meta é atender 15 mil escolas públicas e oferecer educação integral para 3 milhões de alunos. O Ministério do Esporte tem também o Bolsa Atleta, que financia alunos de escolas públicas ou particulares com potencial para se tornarem atletas olímpicos. E mais: o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do MEC, está financiando a construção, pelas prefeituras, de quadras poliesportivas cobertas. Desde janeiro, 249 prefeituras já foram autorizadas a construir 454 quadras, das 2.500 planejadas para este ano.

Conversa com a presidente

Lourenço Medeiros Neto, 25 anos, médico de Cuiabá (MT) - O que a senhora vai fazer para instalar 500 Unidades de Pronto Atendimento em todo o País?

Presidenta Dilma - Lourenço, a implantação de 500 UPAs faz parte da nossa estratégia de investir fortemente na melhoria do atendimento de saúde. E nós já estamos cumprindo esse compromisso, uma vez que as UPAs estão sendo instaladas. Entre 2009 e 2010, o governo federal liberou recursos para a implantação de 462 unidades, das quais 109 já estão em pleno funcionamento. As UPAs oferecem assistência de emergência 24 horas por dia, em todos os dias da semana, ajudando a desafogar os prontos-socorros dos hospitais e melhorando o acesso das pessoas que necessitam de atendimento. Todos os estados poderão oferecer à população uma rede de atendimento de urgência e emergência qualificada e com fácil acesso. Grande parte dos problemas de saúde, como crises de pressão alta, quadros febris, fraturas simples, entre outros, pode ser resolvida nessas unidades. Os médicos analisam se é necessário encaminhar o paciente a um hospital ou mantê-lo em observação. Muitas vezes, o paciente é encaminhado às UPAs pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU/192), que presta o primeiro atendimento. As UPAs trabalham articuladas também com as unidades básicas de saúde e, quando necessário, encaminham os pacientes a essas unidades.

Frase do dia

[...] é melhor tratar de problemas relacionados ao crescimento do país, do que de questões como, a má distribuição de renda e desemprego, Dilma Rousseff

Dilma afirma que vai dar ‘salto maior ainda’ que Lula


A presidente Dilma esteve em Belo Horizonte, nesta segunda (28), para lançar o programa Rede Cegonha.
Em discurso, afagou Lula. Enalteceu a "herança" recebida e disse que dará um "salto maior ainda" que o do antecessor:
"Eu tenho certeza que o nosso país está num momento muito especial. Eu recebi um país diferente..."
"...Eu recebi um país, que tinha conseguido, através da política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que eu tive a honra de suceder, em condições para dar um salto maior ainda do que o presidente Lula conseguiu dar no seu governo..."
"...Ele me legou essa herança, e vocês podem ter certeza, eu vou honrar essa herança que eu recebi".
Na platéia, o governador tucano Antonio Anastasia mereceu de Dilma a qualificação de "parceiro". Disse que terá com ele uma relação estratégica para o Brasil.
Na sua hora de utilizar o microfone, o sucessor de Aécio Neves, grão-duque do tucanato mineiro, retribuiu:
"Tenha sempre no governo de Minas Gerais um parceiro para todas as políticas públicas capitaneadas pelo governo federal".
A exemplo do que ocorrerá com Aécio na maior parte dos dois reinados de Lula, Anastasia convive com Dilma sob atmosfera de lua de mel.
O pupilo de Aécio foi o primeiro governador a ser recebido por Dilma, no Planalto, depois da posse. Encontraram-se em 21 de janeiro.
Na semana passada, Dilma já estivera em Minas. Num evento em Uberaba, recobrira Anastasia de elogios. Prontamente retribuídos.
Previra-se para esta segunda um encontro privado da presidente com o governador. O ritmo da visita, de escassas duas horas, impediu.
Nem por isso deixaram de conversar longe dos refletores. Reuniram-se em trânsito.
Anastasia pegou carona no carro oficial da Presidência na chegada de Dilma e no caminho de volta até o Aeroporto.
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por Josias de Souza
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por Carlos Chagas


Quem manda é o "poste"

Está para ser divulgada esta semana a primeira pesquisa ampla e sistematizada a respeito do governo Dilma Rousseff. Surpresa, propriamente, não haverá,  até porque a opinião publicada, expressa nos editoriais dos jornalões, acopla-se à opinião pública detectada nas diversas categorias sociais e regiões do país.  Ignoram-se os percentuais mas a aprovação nacional dos primeiros dois meses parece inconteste.

Alguns céticos já concluem estar alguma coisa errada quando se registra a unanimidade, ou quase. Preferem ficar com Nelson Rodrigues, para quem toda unanimidade era burra.

Não há como deixar de anotar, porém, que a presidente tem o apoio da sociedade, mesmo obrigada a cortar gastos públicos e a conceder ínfimo reajuste ao salário mínimo. Seu estilo de gerentona, bem diferente dos oito anos do Lula, parece estar agradando as elites sem desagradar as massas. Claro que ela surfa no sucesso do antecessor e faz diligentemente o dever de casa. Ao primeiro sinal de catástrofe, mandou-se para a serra fluminense, assim como puxou as orelhas de alguns ministros, preservando-se ao mesmo tempo da exposição explícita a que se dedicava seu mestre. Desenvolve  outro tipo de comportamento, mais rígido e menos ostensivo. Prefere, vale repetir, a postura austera da madre superiora do convento, ainda que se esforce por apresentar-se amena e sorridente nas audiências que concede e nas viagens que empreende. Mas enfrentou com dureza as tentativas de envolvimento e as exigências de políticos ávidos de auferir benesses,  tanto quanto enquadrou as lideranças sindicais empenhadas em obter vantagens até justas para seus liderados. Em suma, é muito cedo para conclusões, mesmo preliminares, mas uma característica emerge dessas semanas iniciais do novo governo: quem manda é ela, sem qualquer dúvida, evidência que agrada a população.  Com a ressalva de que não é tempo para celebrações,  muito  pelo  contrário.

por Carlos Chagas

A MADRE SUPERIORA E AS NOVIÇAS

Com a volta de Dilma Rousseff a Brasília, ontem, fenômeno singular começou a  acontecer: trata-se da corrida a que se lançaram os ministros até seus gabinetes, vindos de onde estivessem, para  a partir de hoje poderem receber eventuais convocações da presidente. Fora os bissextos que permaneceram na capital federal, dois ou três no máximo, os demais haviam tomado o rumo de seus estados ou de capitais onde o Carnaval ferveu. De repente, sem a tolerância de anos anteriores, quando esticavam a semana de folga até a próxima, Suas Excelências entenderam  por bem não facilitar. Chegaram ontem ou estão chegando hoje bem cedo, convictos de que mais do que fazer média com a chefe do governo, estão  se precavendo contra possíveis estrilos por não se encontrarem em seus  postos. Convenhamos, as coisas mudaram muito. A leniente relação de outrora entre ministros e presidentes cedeu lugar a uma tensa expectativa de subordinação. 

A agenda de Dilma revela “despachos internos” a partir desta manhã, mas não se deve supô-los  apenas circunscritos aos auxiliares com gabinete no  palácio do Planalto. A referência abrange  toda a  Esplanada dos Ministérios.  

Em resumo:  
a Madre Superiora chegou ao Convento e  as Noviças precisam estar em suas celas...

Conversa com a Presidente

Luiz Cezar, 44 anos, porteiro de Salvador (BA)
- Como será sua política de empregos para pessoas que têm mais de 40 anos? Hoje em dia elas não conseguem se encaixar no mercado de trabalho devido à idade alta.
Presidenta Dilma
- Luiz, de uns tempos para cá esta situação vem mudando bastante. Veja você que em 2003, segundo o IBGE, os empregados com mais de 40 anos representavam 39,9% do total de pessoas ocupadas e, em 2010, esse índice chegou a 44,4%. Isto significa que as empresas estão aos poucos descobrindo o valor da vivência, da experiência. Para facilitar mais a colocação, os que ainda estão à margem do mercado de trabalho devem procurar o Sistema Nacional de Emprego (Sine), que encaminha aos cursos do Plano Nacional de Qualificação, implementados pelo Ministério do Trabalho. As chances aumentam muito, porque os cursos levam em conta as necessidades do mercado local. Outra opção é procurar as escolas técnicas. No seu estado, a Bahia, havia 9 escolas técnicas até 2002 e, no governo passado, nós criamos mais 12. Destaco também que a geração recorde de postos de trabalho, nos últimos oito anos, está beneficiando todas as faixas etárias. Em janeiro, a taxa de desemprego medido pelo IBGE ficou em 6,1%, que é o menor índice para este mês desde o início da série histórica do IBGE.

Gabriela F. Feldkircher, 18 anos, estudante universitária do Rio de Janeiro (RJ)
- Quais as medidas práticas que a senhora pretende adotar para melhorar o ensino básico nos próximos meses?

Presidenta Dilma - Para melhorar a educação, não basta planejar medidas para o curto prazo. Nós temos investido muito na melhoria da Educação Básica desde o governo Lula, mas sabemos que ainda há uma longa estrada a ser percorrida. Temos várias iniciativas em andamento. Certamente o programa mais eficaz para a melhoria da qualidade do ensino é o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), criado em 2005. O Sistema é integrado por universidades públicas que oferecem cursos de nível superior, por educação a distância, para a população em geral, com prioridade para professores. Pelo Sistema UAB, estamos qualificando docentes de todo o país, incluindo os das localidades mais isoladas. Em 2009, estavam cadastrados 190 mil alunos, dos quais 51 mil eram professores da Educação Básica. Outra iniciativa, o Programa Banda Larga nas Escolas, já chegou à grande maioria das escolas públicas urbanas - nossa meta é completar o atendimento de todas as escolas públicas do país até dezembro. Para facilitar o deslocamento dos alunos e reduzir a evasão escolar, viabilizamos no governo anterior a compra, pelos municípios, de 5 mil ônibus padronizados. E agora, estamos permitindo a compra de bicicletas escolares para zonas rurais e periferias. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) vem crescendo bastante nos últimos anos. Nossa meta é chegar ao mesmo índice dos países desenvolvidos em 2022.

Meire Alves, 28 anos, autônoma de Cuiabá (MT)
- O que a senhora pretende fazer para diminuir os problemas da saúde pública no Brasil?

Presidenta Dilma 
- Em meu discurso de posse, eu disse, e reafirmo, que uma das prioridades do meu governo é consolidar o Sistema Único de Saúde (SUS). Vamos investir fortemente na rede de urgência e emergência, que será reformada, reequipada e ampliada. A busca pelo atendimento humanizado e de qualidade será constante. Para isso, vamos prosseguir com investimentos na expansão da rede hospitalar, das Unidades de Pronto Atendimento (UPA´s 24h) e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192). Outro compromisso meu é a instalação da Rede Cegonha, que vai tratar de forma integrada a saúde materna e infantil, reduzindo a mortalidade. Quero implantar o Cartão Nacional de Saúde, que facilita a marcação de exames e consultas e permite a obtenção gratuita de medicamentos. Temos no SUS um elenco enorme de serviços, que vão da atenção básica a procedimentos complexos. O cartão permitirá a consulta ao histórico clínico dos pacientes usuários desses serviços. Em menos de dois meses de governo, já podemos mostrar o cumprimento de compromissos assumidos com a sociedade. É o caso da ampliação da oferta de medicamentos gratuitos. Desde 14 de fevereiro, remédios para hipertensão e diabetes podem ser retirados gratuitamente das mais de 15 mil farmácias conveniadas que integram o programa Aqui Tem Farmácia Popular. Cerca de 33 milhões de hipertensos e 9 milhões de diabéticos estão sendo beneficiados.

Dilma desorienta a oposição

As diferenças de métodos e de modos entre Dilma Rousseff e Lula ganham um componente novo, e impressentido pelas inúmeras comparações feitas dos dois. Decorre de particularidade pessoal da presidente, mas, não menos, de uma condição especial que distingue politicamente sua Presidência de todas as anteriores, não só de Lula. 

O desejo de Dilma Rousseff de reuniões desarmadas com oposicionistas, bem simbolizado na cordialidade do encontro e do seu convite a Fernando Henrique Cardoso, contrasta com a rigidez atribuída, naquelas comparações, a seu temperamento e a sua atitude política na Presidência. Até aí, uma novidade interessante. A partir dela, porém, projeta-se um elemento indigesto a mais no embaraço em que a oposição está desde que o governo Lula começou a construir fisionomia própria, não mais apenas de constrangida prorrogação do antecessor.

A satisfação com a política econômica, nas classes média e alta, e a recepção das medidas populares deixaram a oposição, no governo Lula, sem matéria substancial para fazer o seu papel.

Ir além do governo, com propostas mais avançadas, era inconcebível pelo conservadorismo que impregnava, e impregna, a oposição. Restou o oposicionismo superficial, aos modos pessoais de Lula, às práticas permanentes de populismo, e a uma ou outra posição na política externa -as relações com Chávez, com a complicada Bolívia de Evo Morales, com o Equador, mais tarde com o Irã, nada que desse forças à oposição.

O embaraço oposicionista se repete. O oposicionismo em meios de comunicação martela no alarmismo, com os dados insatisfatórios, e produz sempre um "mas" para juntar aos dados positivos. Entre deputados e senadores, até agora a oposição limitou-se à cômoda hipocrisia de defender um salário mínimo que sabia não ser aprovável e contrário a tudo o que sempre disse e fez, quando governo. Os ataques pesados emitidos por José Serra caíram no vácuo, nem os parlamentares do seu partido o embalaram.

Nesse embaraço revestido de falta de criatividade, a tendência de uma relação cordial entre a presidente e lideranças oposicionistas é estender-se, forçosamente, dos modos pessoais aos modos políticos. O que funcionará, em silêncio, como uma restrição aos ataques exaltados que, incidentes embora em aspectos superficiais ou de expressão limitada, constituem o oposicionismo. O embaraço do embaraço.

Fernando Henrique e Lula gostariam muito de ter conseguido algum grau de convívio amistoso, pessoal e político, com lideranças das respectivas oposições. Não esconderam esse desejo, nem conseguiram dar um passo na direção dele. Dilma Rousseff desfruta de uma condição que faltou aos dois, como é próprio das Presidências.

Sua origem e seu percurso para chegar ao Planalto não se fizeram na vida política, nas disputas partidárias, nos embates parlamentares, nas lutas entre oposição e governo. Dilma Rousseff não traz, nem deixou nas eminências partidárias, ressentimentos e idiossincrasias que podem ser disfarçados, mas não são inativos. Conduzem, mesmo, grande parte da política. Não, até agora, em relação a Dilma Rousseff.

Em efeito extremo e, sobretudo, improvável, relações positivas entre a presidente e lideranças oposicionistas poderiam resultar em ambiente e reordenação política, ou partidária, de importância até imprevisível. Mas levar as coisas a tal ponto conflita com as ambições pessoais, que se juntam sob a máscara de objetivo ou interesse partidário. Se, no entanto, do propósito manifestado por Dilma Rousseff surgir algo novo, já será avanço. Qual e quanto, importa menos.

por Alon Feuerwerker

Um favor para o Brasil

A política de Dilma Rousseff para o tratamento do Congresso Nacional vai delineando. Separar imediatamente os amigos dos inimigos. E aprovar o que der na telha, sem abrir espaço para qualquer negociação.

A oposição? Se assim desejar, que reclame no Judiciário. E segure a onda, pois vai ser acusada de “judicialização”.

O novo governo está no ápice do poder e parece ter gosto pelo exercício. Mais que isso, gosto por exibir. Um êxtase.

Na votação do salário mínimo montou uma armadilha para as centrais sindicais. Chamou ao palácio e permitiu a foto regulamentar, apenas para, na sequência, humilhá-las ao definir que nada havia a negociar. Uma crueldade.

O governo pôde fazer isso porque é quem mais conhece a real força — ou fraqueza — dos parceiros sindicalistas. E dos políticos. Sabe que não precisa, se não quiser, deixar espaço para o teatro. Não quis e não deixou.

E não deixou tampouco espaço para qualquer protagonismo da própria base. O papel dela é votar e agradecer a Deus o fato não estar na oposição.

Quem pode pode. O governo Dilma pode não apenas por causa da inédita maioria numérica no Congresso. Pode também por operar, em muitas frentes sensíveis, políticas que agradam demais aos aparelhos hegemônicos de produção e reprodução das ideias. Tão atacados num passado recente.

No salário mínimo, por exemplo, não dá para dizer que houve debate. Pareceu mais uma exibição de nado sincronizado.

Partiu-se de uma verdade absoluta, que não permitia contestação: o governo estava impossibilitado de dar mais do que o próprio governo decidisse que deveria dar. Qualquer outra coisa seria irresponsabilidade, populismo.

Mas essa linha de Dilma e do governo é boa ou ruim para o país?

Tem um lado muito bom. Pois obriga os agentes políticos e os críticos a buscar nitidez. Força a existência de uma oposição nítida. Maior ou menor, precisará buscar o tempo todo a construção do contraditório.

Precisará correr atrás de interlocução social. Precisará fazer força, intelectual e operacional.

Um pouco como a boa oposição feita pelo PT no passado. A cada projeto vindo do governo, achar os defeitos, as mistificações, as enganações numéricas, as picaretagens doutrinárias. Sempre há. E concentrar fogo nesses pontos.

E aguentar firme  as críticas ao “irrealismo”, ao “antipatriotismo” e à “irresponsabilidade”.

Freio

Até onde a maioria parlamentar pode ir? Saberemos, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir a constitucionalidade da lei que permite ao governo fixar por decreto nos próximos anos o valor do salário mínimo.

O governo argumenta que a Constituição manda a lei fixar o valor do mínimo, não manda fazer isso todo ano.

A oposição argumenta que a Constituição manda a lei fixar o valor do mínimo, não um mecanismo para calcular o valor dele.

Como sempre lembra o ministro Marco Aurélio, a Constituição é o que o Supremo decide que ela é. O debate terá um viés técnico, mas o significado será político.

Saberemos se há nos poderes algum vetor de resistência ao Executivo. Com o Congresso anulado, vai ser um parâmetro para o futuro.

Lula seria eleito presidente até na Argentina

Na Folha de S.Paulo de hoje, uma pequena reportagem com Duda Mendonça - publicitário baiano que comandou a campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República.

Em Salvador, durante uma visita a um camarote de carnaval, Duda diz acreditar numa nova candidatura de Lula em 2014, porque a presidente Dilma Rousseff não parece ser uma política "ambiciosa" nem "vaidosa" para querer ficar mais tempo no poder.

"É simplesmente uma sensação. Todo mundo acha que político quer se perpetuar. Sinceramente, eu não vejo esse traço na Dilma", explicou o publicitário.

E disse mais, Duda Mendonça. Disse que há dois anos teve acesso a uma pesquisa e descobriu que "se  o Lula fosse candidato à Presidência na Argentina, ele ganhava".
Assino embaixo, Joel Neto

por Marcos Coimbra

 Uma das notícias mais curiosas da semana passada relatava o desconforto de alguns auxiliares próximos a Dilma com seu comportamento. Segundo publicado, estão preocupados com o “excesso de seriedade” da presidenta.
Chefe de governo

Na avaliação deles, Dilma gastaria todo seu tempo em tarefas de governo: reuniões, despachos, cobranças, providências e coisas do gênero. Não contente em ler cada documento, anota detalhes e solicita esclarecimentos.
Tamanha disposição já estaria impressionando os integrantes do núcleo duro do governo, que melhor a conhecem. Para eles, ela é um caso de “obstinação pela gestão”. Mas não é apenas quem tem mais intimidade com Dilma que acha isso. Os governadores que com ela estiveram nestes primeiros dois meses de governo pensam de forma parecida. Eles confirmariam o diagnóstico, achando que gerenciar é “a praia da presidenta”, aquilo que ela faz com gosto.

O engraçado é que isso é tratado como se constituísse um problema, uma patologia estranha. Como se não fosse natural que ela encarasse assim suas responsabilidades administrativas. Como se o correto fosse que as delegasse e cuidasse apenas das “altas matérias de Estado”.

Nas democracias modernas, existe uma diferença entre chefia do Estado e chefia do governo, a primeira envolvendo funções eminentemente simbólicas e de representação, e a segunda atividades propriamente administrativas. No parlamentarismo, seja monárquico ou republicano, a distinção é tão nítida que elas são desempenhadas por pessoas separadas; no presidencialismo, ao contrário, é menos clara. Quem chefia o Estado também chefia o governo.

No parlamentarismo monárquico atual, reis e rainhas foram de tal forma perdendo prerrogativas governamentais que se tornaram figuras quase que somente decorativas, ao ponto que passou a ser comum dizer que alguém “manda menos que a rainha da Inglaterra”. Nas repúblicas parlamentaristas, acontece coisa semelhante: as pessoas sequer sabem o nome do presidente e só conhecem o primeiro-ministro (salvo em exceções, como a França, onde o inverso é verdade).

No presidencialismo brasileiro, a regra é outra, mas nem sempre ela prevalece na prática. Aqui, desde a Proclamação da República (descontado o breve interregno parlamentarista no início dos anos 1960), o presidente enfeixou as duas funções. Isso no plano formal, pois, na vida real, nossos presidentes sempre se esmeraram na chefia do Estado e se dedicaram com menos entusiasmo ao trabalho pedestre de administrar o dia a dia.

A liturgia do cargo, como dizia Sarney, sempre os atraiu. Ricos ou pobres, instruídos ou não, foram cativados pelo glamour da vida em palácio (daí a dificuldade de readaptação que todos, em graus diferentes, experimentaram ao sair de lá).

Em razão disso, foi comum em nossa experiência a figura do primeiro-ministro de fato, que assumia a tarefa de governar no cotidiano enquanto o titular cuidava de outras coisas. Os tivemos na República de 1945, no ciclo militar e nos governos pós-redemocratização. A própria Dilma foi quase isso para Lula.

No governo dela, a balança parece pender para o outro lado. Se seus antecessores se encantaram com a pompa de chefiar o Estado, ela prefere administrar. O que eles faziam às vezes, ela faz (com prazer) a toda hora. E, se eles não delegavam a representação, ela não transfere o poder de governar.

Estará nossa cultura política preparada para essa mudança? Conseguiremos nos acostumar com uma presidenta “obstinada pelo governo”, depois de mais de um século de presidentes que nunca raciocinaram dessa forma?

Parece que os brasileiros querem experimentar a novidade, pois foi isso que Dilma prometeu em sua campanha e foi nisso que votou a maioria.

Aliás, ela não é única governante com esse perfil na safra atual. Já em 2008, muitos prefeitos com características semelhantes foram eleitos. Dentre os governadores atuais, pelo menos um de peso se parece com ela nesse aspecto.

A vitória folgada que Antonio Anastasia teve em Minas é outro indício de que é grande a proporção de eleitores que admite votar em políticos não-convencionais para cargos importantes.
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Tecnologia

Rafale
images?q=tbn:ANd9GcTAPcR4kQkfFhftgX8tjPGlcVzKoRrrKmN4adR6s2Zso4rW5napaQA ministra dos Negócios Estrangeiros da França, Michèle Alliot-Marie, dedicou o dia ontem ao esforço de tentar vender ao Brasil caças Rafale.
Em reuniões separadas com a presidente Dilma Rousseff, com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, a ministra disse que nenhuma proposta se iguala à francesa em transferência de tecnologia.
Michèle declarou que, se fechar com os franceses, o Brasil terá autonomia para passar adiante a tecnologia adquirida. E reiterou o apoio da França à aspiração brasileira de ocupar assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU):
— Vamos transferir, se o Rafale for escolhido, a totalidade da tecnologia para que o Brasil seja autônomo para fazer eventuais adaptações e, se assim desejar, poder vender para outros países. Nenhum outro país fez essa proposta — disse ela, em entrevista no Itamaraty.
Ao lado de Michèle, Antonio Patriota repetiu o que a francesa já ouvira de Jobim, pela manhã, e que voltaria a escutar de Dilma à tarde: num momento de corte de R$ 50 bilhões do Orçamento, a presidente analisa propostas.
Além dos Rafale, fabricados pela francesa Dassault, estão no páreo os modelos F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing, e os Gripen NG, da sueca Saab.
— Existe corte orçamentário. A presidente quer refletir e há compreensão dos três concorrentes sobre os prazos e o desejo brasileiro de reflexão — disse Patriota.
— O que caracteriza a França, nessa relação, é a disposição da transferência de tecnologia. Uma disposição muito bem recebida e que nós já temos constatado em vários projetos em andamento, que é efetiva e é real — acrescentou o ministro.
Michèle entregou a Dilma carta assinada pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy. Segundo o Planalto, a mensagem reafirma a disposição de cooperar com o Brasil nas áreas de defesa, energia nuclear e ciência e tecnologia.
Em nota, Jobim destacou que Dilma tomará a decisão quando julgar oportuno. Já Michèle disse que considera legítimo que Dilma queira "refletir":
— É perfeitamente normal, já que o presidente Lula não quis tomar a decisão, dizendo que caberia a ela (Dilma) — afirmou a ministra.
Demétrio Weber, O Globo

Tucanos - Divergências preocupam

Embora Serra e Aécio procurem desmentir, continuam disputando a hegemonia do PSDB, o que fazem, claro, já de olho nas eleições presidenciais de 2014. Mas o que se pode sentir, é que influentes setores tucanos não escondem a preocupação pelo que essa disputa interna pode trazer para o PSDB, a começar por atrapalhar o papel de oposição, que as urnas lhe impuseram ao eleger Dilma. Desentendimento que preocupa na medida em que serristas e aecistas mais se distanciam, inclusive, quando um novo partido já estaria sendo trabalhado. Senão diretamente por Serra mas, claro, alimentado por amigos.

Ser oposição

Como se não bastasse essa disputa entre Serra e Aécio, de olho na sucessão da presidente Dilma, a "briga" pela presidência nacional do PSDB, aí envolvendo a pretendida reeleição de Sérgio Guerra, é outro problema interno a resolver. Pela responsabilidade de ser o principal partido de oposição, mas, também, pelos objetivos políticos eleitorais que persegue com vistas às eleições de 2012 e 2014, ao PSDB cabe refletir.

De olho nas eleições

Sendo delicada a situação e, pelos projetos de governo nas eleições municipais de 2012 e nas estaduais e federais de 2014, às lideranças do PSDB cabe mesmo é procurarem o caminho que melhor possa conciliar os interesses de Serra, Aécio e Sérgio Guerra.