O sorrisinho de Aécim


por Wanderson Mansur - jornalista


Um dos traços marcantes de Aécio nas eleições de 2014, muito evidenciado nos debates, foi a sua risadinha irônica. Não faltaram analistas para tentar decifrar o significado da famosa risada de Aécio – quase um enigma, como o misterioso sorriso de Mona Lisa, imortalizado por da Vinci.
Alguns até tentaram ensaiar palpites, a exemplo, de que a tal expressão nada mais era do que um símbolo da prepotência do tucano em relação à sua adversária. Mas Dilma não se intimidou e como boa lutadora que é, terminou por nocauteá-lo na grande maioria das vezes. Leia mais>>>

Oração antes de dormir




Querida Mãe, vigia o meu sono,
protege a minha família
e conforta todos os doentes e aflitos.
Assiste aos agonizantes e leva-os para o céu para junto do Pai.
Antes de dormir, quero renovar a minha Aliança de Amor
e recomendar muito especialmente todos aqueles por quem sou responsável:

Frase do dia

"A nossa palavra é de agradecimento. Temos aqui um excelente exemplo de relação federativa, entre o governo federal e o governo estadual. Tenho certeza de que o bom diálogo e o bom trabalho vão continuar. Quero reconhecer e agradecer o esforço da presidente Dilma, republicano e louvável, na análise dos projetos extremamente importantes para os brasileiros de São Paulo. Conte conosco."
Geraldo Alckmin - tucano governador de São Paulo



Papo de homem

Às 5 horas da manhã, enquanto boa parte dos moradores do Rio de Janeiro ainda não deu por encerrada a noite anterior, a vida de José Queiroz já está a pleno vapor. Hoje um senhor de 66 anos e pai orgulhoso de 9 filhos, Queiroz começa seu expediente antes do sol raiar desde que trocou, aos 13 anos, os laranjais de Nova Iguaçu pelo Hipodrómo da Gávea – área de 650 mil metros quadrados à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas e entre cartões postais como o Cristo Redentor e o Morro Dois Irmãos.
Com 46 kg distribuídos por uma altura de 1,62 metro, o inquieto senhor é um retrato vivo da história do turfe no Brasil. Parou de estudar na quarta série e foi ajudante, jóquei, dono de cavalos e, como morador da cocheira número 5 da Vila Hípica da Lagoa, hoje ocupa a função de treinador. Outra maneira de descrevê-lo é dizer que Queiroz é, extra oficialmente, o maior contador de histórias do Jockey Clube Brasileiro. Com fala rápida e olhar sagaz, distribui, a cada 5 ou 10 minutos, causos e pérolas de sabedoria.
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Para além das 1600 vitórias que a memória insiste em não registrar com números exatos, Queiroz coleciona as lembranças de um passado que mistura as próprias histórias, as do turfe e aquelas de um Brasil do qual muita gente só ouviu falar.
Passar uma manhã com o ex-jóquei é um convite a saber como ele conquistou sua primeira vitória, em janeiro de 1967, mas também ouvi-lo falar sobre as cinco esposas e outros amores que teve. Enquanto descobria que ele sofreu 15 ou 16 fraturas em seus dias de competição, soube também detalhes sobre a época em que o jóquei morava na Zona Sul, desfilava de carrão e fazia ginástica na mesma academia em que o eventual companheiro de bar Tom Jobim. Assim como não se esquece dos finais de semana em que era convidado para a fazenda do General Figueiredo – um notório admirador de cavalos –, Queiroz também faz questão de contar que sua última vitória em corrida longa, de 3500 metros, foi conquistada em cima de Jorge Ricardo – brasileiro que se tornou recordista mundial do esporte ao alcançar a marca de 12 mil vitórias  (link para post anterior). Foi de tudo, menos tímido. Como figurante, fez pontas nos filmes a Hora Marcada, com Gracindo Júnior, e na pornochanchada Giselle – homenagem brasileira ao clássico Emanuelle gravada em parte no Hipódromo da Gávea.
“Me aposentei das pistas por que fui enjoando. Eu semprei fui gastador, investi nos meus filhos e nas minhas vontades. Assim vivi minha vida inteira. O homem tenta fazer grandiosas coisas da vida, mas não se dá conta que a vida é feita de pequenas coisas”.
Às 5 da manhã, Queiroz já está pronto para montar.
Às 5 da manhã, Queiroz já está pronto para montar.
Aos 66 anos, J. Queiroz ainda conserva o físico dos jóqueis.
Aos 66 anos, J. Queiroz ainda conserva o físico dos jóqueis.

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Quando falamos de carnaval, é comum pensar nos barracões abarrotados e milhares de pessoas trabalhando para aprontar as fantasias e a farra do próximo ano. Quando pensamos em futebol, estamos cansados de saber dos sonhos de milhares de garotos que tentam, todos os anos, se profissionalizar. Mas quando falamos em turfe, é comum que o dinheiro das apostas ou o glamour dos chapéus esvoaçantes dos Grandes Prêmios nos façam esquecer que aquela também é só a pontinha de algo bem maior: existe uma multidão de anônimos, de carne e osso e muitas vezes invisíveis, que constrói os alicerces de qualquer indústria.
É interessante perceber que, por trás de cifras astrônomicas como o 1 bilhão de reais que o turfe movimenta todos os anos no Brasil ou o R$ 1 milhão de premiação que o GP Brasil de entregou em 2013, milhares de pessoas vivem e acordam todos os dias para, por exemplo, tratar e treinar os animais que brilham nas pistas aos finais de semana. Foram essas as pessoas que tentei captar em fotos e conversas durante um final de semana de incursão do PapodeHomem pelo Jockey Club do Rio.

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Morro Dois Irmãos, Avante Solo e Telmo. Cartões postais do Rio se espalham ao lado do Jockey
O cavalariço Telmo da Silva Peçanha foi quem me deu a primeira barbada no meu final de semana de turfe. No primeiro páreo daquele sábado, o castanho Avante Solo, cria sua e do irmão que faz as vezes de treinador no Haras Bela Vista, de Teresópolis, era um dos favoritos: vinha da segunda colocação na última prova que disputara.
Aos 49 anos, Telmo trabalha com cavalos desde que se entende por gente – entrou nessa por conta de um cunhado que trouxe a paixão do Sul do País. “O cavalariço é quem tem menos valor, mas é quem vive mais com o cavalo: no final de semana de prova, a gente fica 48 horas com o bicho. Isso aqui é uma responsabilidade danada. Se o cavalo tossir, o patrão tem que saber – acho que por menos de R$ 15 mil ele não vende esse aqui. O jóquei mesmo só vem para montar e pronto”.
Para a sorte das minhas economias, naquele final de semana o Avante Solo não tossiu: faturou o primeiro lugar.

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Dos 45 anos que já viveu, o ferrador Falcão passou 22 orbitando em torno do Jockey Club do Rio. Baiano de nascimento, fez do ofício que aprendeu com um chileno chamado Miguel o negócio da família. Três dos seus irmãos já trabalharam como ferreiros nas cocheiras que circundam o Jockey, e agora é a vez da próxima geração: seis sobrinhos e seu filho, de 20 anos, aderiram à profissão. “É um serviço pesado, mas é um bom emprego. A gente só leva uma mordidinhas e uns puxões de vez em quando”. Quando chega a hora do descanso, os cavalos também têm vez. “Sempre que estou em casa ligo a televisão no canal turfe”.

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Aos 19 anos de idade e com apenas seis meses de Rio de Janeiro, o alagoano Josivaldo Alves Clemente conta os dias para voltar para a cidade que deixou para trás – Delmiro Gouvêa, município que faz fronteira com Bahia, Pernambuco e Sergipe ao mesmo tempo. A mulher, três anos mais velha, mandou avisar que os empregos com carteira assinada voltaram a aparecer naquele canto do sertão. É hora de matar a saudade, juntar os panos e pensar em filhos.
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Acostumado a quebrar pedras na cidade natal, veio para o Sudeste a convite do primo Clécio – que também trabalha e dorme em uma das cocheiras do Jockey Club Brasileiro. “Tinha medo de cavalo, vim por que estava precisando. Se eles fossem brabos eu voltava no mesmo dia, mas o Queiroz quem me ensinou tudinho”.

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Aos 37 anos e com alguns quilos a mais, Marquinhos passa pela transição que há entre deixar de ser jóquei – começou em 1993 – e assumir o papel de treinador. Divide as cocheiras com Queiroz, e aparece pontualmente antes do sol nascer.

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Assim como Queiroz, José Machado começou no turfe em 1963 – com um empate no número de vitórias, os dois chegaram até a dividir o posto de campeão de estatísticas do Jockey Clube Brasileiro em 1968. Embora tenha parado de competir apenas em 1994, Machado é instrutor da Escola de Profissionais do Turfe, instituição sediada no Hipódromo da Gávea, desde 1986.
Na parede: Machado e Queiroz em fotografia que lembra os campeões de estatística de 1968.
Na parede: Machado e Queiroz em fotografia que lembra os campeões de estatística de 1968.
Todos os dias pela manhã, ensina meninos e meninas entre 16 e 18 anos – a maioria mora na escola – a alinhar o passo do cavalo, trotar e galopar. As aulas são gratuitas, a primeira parte do processo leva entre 6 meses e 1 ano e um novato só deixa de envergar a farda amarela de aprendiz depois de conquistar 70 vitórias nas raias. “Ensinar depende muito do garoto. É igual andar de bicicleta, uns vão mais rápido, outros não. São uns cinco anos montando para ter uma boa base, mas só o tempo é que mostra se um jóquei é bom: depende da qualidade da montaria, da aceitação do público e de ter estrela também”.
Os páreos do Jockey são dominados por alunos e ex-alunos de Machado.
Os páreos do Jockey são dominados por alunos e ex-alunos de Machado.
As espinhas não negam: quanto mais novo um jóquei começar, melhor
Um dos seus alunos mais recentes tem sobrenome de campeão, e mostra que a paixão por cavalos é mesmo coisa de família. Felipe Galvão de Queiroz, penúltimo filho homem de Queiroz, conquistou 12 vitórias nos dois meses em que competiu antes de se machucar – está com 18 anos, tem 1,64 e faz regime para ficar com 49 quilos. Começou “tarde”, mas deve ser o único a levar o legado do pai para as pistas. O mais novo, Rafael, sabe tudo de turfe, mas já encerrou a carreira antes mesmo de começar: com 12 anos já calça 41, sinal de que vem gente grande por aí.
No lombo do cavalo, o turfe é implacável. Ali em cima, só é permitido crescer como pessoa.

Mecenas: Jockey Rio

Quer conhecer e acompanhar mais sobre Turfe?
O PapodeHomem e o Jockey Rio encerram hoje uma série de 3 textos sobre o esporte que movimenta apaixonados por competição em todo o mundo nesse canal especial.
Junte-se aos que já tiveram uma nova experiência em apostas online! Conheça agora o novo site de apostas JockeyRio.com.br.

por Ismael dos Anjos

Briguilina da hora

Guardar rancor é como segurar uma brasa para atirar noutra pessoa. Você é o primeiro a se queimar.


Boato: Dilma já escolheu 15 ministros

por Daniela Martins

A presidente Dilma Rousseff já tem definidos, ou praticamente confirmados, os nomes de 15 ministros que irão compor o seu segundo mandato. Não há previsão concreta de enxugamento no número de ministérios. Faltariam ainda 24 pastas, entre ministérios e secretarias em que o ocupante tem status de ministro.

Há muita articulação para ser feita nas próximas semanas, mas a intenção da presidente é definir todo o novo ministério para tomar posse com ela em 1º de janeiro.

Apesar do bombardeio de setores do agronegócio contra a senadora Kátia Abreu, do PMDB de Tocantins, Dilma pretende confirmá-la na Agricultura. No desenho atual para o Palácio do Planalto, Aloizio Mercadante ficará na Casa Civil, Ricardo Berzoini nas Relações Institucionais e Miguel Rosseto vai para a Secretaria Geral da Presidência.

A presidente já conversou com o ministro da Saúde, Arthur Chioro, e pediu que ele ficasse no cargo. Teresa Campelo, do Desenvolvimento Social, já recebeu o mesmo pedido. Vai continuar. Guilherme Afif Domingos também foi convidado a permanecer na Secretaria da Micro e Pequena Empresa.

A tendência é que José Eduardo Cardoso fique na pasta da Justiça, Luiz Inácio Adams na Advocacia Geral da União e Jorge Hage na Controladoria Geral da União. Moreira Franco, do PMDB, deverá continuar a Secretaria de Aviação Civil. Alexandre Tombin já foi confirmado na presidência do Banco Central.

Está sendo discutido o destino do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que terá um ministério importante. É alta a possibilidade de a presidente Dilma convidar o governador do Ceará, Cid Gomes (Pros) para a Educação. Wagner e Cid foram governadores vitoriosos nas eleições e fundamentais para dar votos a Dilma na Bahia e no Ceará.




O PMDB reivindica, além da Agricultura, mais cinco pastas. O PSD de Gilberto Kassab deverá receber um segundo ministério. O Ministério das Cidades é cobiçado por quatro partidos: PT, PSD, PMDB e PP. Para a pasta do Desenvolvimento Agrário, há cinco candidatos petistas.

Joaquim Levy e Nelson Barbosa devem tomar posse na Fazenda e no Planejamento já na próxima semana. Dilma estava aguardando a consumação de algumas propostas que ainda podem ser entendidas como ligadas à atual política econômica, mais expansionista em termos de gastos públicos. Aprovado o abandono da meta de controle dos gastos públicos e definido o empréstimo de mais recursos do Tesouro ao BNDES para financiamento de empresas privadas, o caminho estará livre para dar posse da nova equipe econômica.

Há ainda uma razão pragmática para essas posses acontecerem na semana que vem: Levy e Barbosa precisam começar a anunciar logo medidas concretas que mostrem a mudança da política econômica para o segundo mandato, que vai começar em menos de um mês.

Na avaliação da presidente, a apresentação dessas medidas deverá gerar repercussão positiva entre agentes do mercado financeiro e o empresariado. O governo acha que poderá influenciar o debate público com uma agenda positiva, em contraponto às notícias negativas da Operação Lava Jato para o governo e o PT.

A presidente precisa resolver problemas na economia para ganhar força a fim de enfrentar turbulência na política.


Quem não se comunica?...

Se trumbica!
Comunicação do governo Dilma é uma tragédia

No período eleitoral, como jornalista, recebia até dez e-mails/dia com iniciativas do Governo Federal e respostas da presidenta Dilma às acusações de opositores. Hoje, no máximo, vem um ou outro release de um ministério, com a lenga-lenga de sempre. Por que o



Briguilina da hora

Enquanto houver famintos no mundo progresso e evolução são apenas palavras ocas, sem essência. A fome é a vergonha maior que mácula a humanidade!

#Joel Neto

Esse escândalo ninguém verá o Jornal Nacional denunciar

Orçamento federal para 2015 define R$ 266 bilhões para pagamento de juros aos rentistas; É quase a soma total dos gastos com saúde (R$ 109 bi), educação (R$ 101 bi) obras do PAC e do Minha Casa (R$ 65 bi)...Leia mais>>>

Cúpula de Quito pretende consolidar fortalecimento da Unasul, diz secretário-geral

A presidenta Dilma Rousseff participou, hoje sexta-feira (5), da Cúpula Extraordinária da União das Nações Sul-americanas (Unasul), em Quito, no Equador. Na oportunidade, a nova sede do órgão foi inaugurada.

Em entrevista exclusiva ao Blog do Planalto, o secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, analisou os principais temas a serem discutidos durante o encontro entre os chefes de Estado e de Governo dos países que compõem o grupo: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. Para ele, esta cúpula deve marcar a consolidação da Unasul como liderança regional a partir da aprovação de importantes medidas, como a criação da cidadania sul-americana, por exemplo.

Segundo Samper, devem ser discutidos projetos de desenvolvimento multinacional, sobretudo na área de infraestrutura, como a revitalização do Rio da Prata, construção de ferrovias e rodovias para ligação com o Brasil. Parte desses projetos foram apresentados à presidenta Dilma durante reunião no mês passado, em Brasília. "Eu pedi apoio à presidenta Dilma para a aprovação desses projetos, pois o Brasil é um membro muito importante para a Unasul, posto que os interesses brasileiros contam muitíssimo em toda a região", garantiu.

Para o secretário, também será o momento de discutir a aproximação dos países do grupo com outros parceiros comerciais, para enfrentar os desafios que vêm sendo impostos pela crise internacional.

"Nós não temos que buscar fora da América do Sul as possibilidades de enfrentar a crise. De alguma maneira, a América do Sul tem algumas condições mais favoráveis do que as que estão vivendo os Estados Unidos, ou que estão vivendo os países da União Europeia. Creio que os nossos parceiros naturais estão para o lado da Ásia, e dentro da Ásia, a China e outros países. Mas nesse sentido, a aproximação que os outros países têm feito pelo Oceano Pacífico, com a Ásia, ou pelo Oceano Atlântico, é uma aproximação que poderia ir em uma mesma direção, que é consolidar um bloco sul-sul, de países emergentes, entre os quais se colocam os países sul-americanos", analisa.

Mas a principal discussão desta Cúpula, segundo o secretário-geral, deverá ser a criação da cidadania sul-americana, que pretende facilitar a circulação entre os 12 países que compõem a Unasul. Segundo estimativas da entidade, cerca de 400 milhões de cidadãos devem ser beneficiados com a medida.

"Temos que construir uma identidade futura e esta identidade futura é a cidadania sul-americana, por isso será um dos mais importantes temas deste encontro", garantiu.

Samper também destacou a importância do encontro de hoje com a transferência da presidência da Unasul para o Uruguai. Segundo ele, José Mujica deverá contribuir muito para o fortalecimento da entidade.

"O presidente é uma figura muito querida na região, e tem inspirado com sua vontade, sua sabedoria, muitos dos progressos obtidos nos últimos anos", avaliou.

Brigulina do dia

Progresso, desenvolvimento, evolução humana serão apenas palavras vazias, enquanto existir famintos no mundo.

Joel Neto


Zé Dirceu: Sem a política no comando não haverá saída para o país

É inacreditável! Não há nada nos jornais ´hoje sobre o aumento em 0,50 dos juros decretado pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) nesta semana, na noite da 4ª feira. A Folha de S.Paulo tem o desplante de falar da decepção do mercado com a decisão do do BC que agiu “com parcimônia” dá a entender o jornalão… acreditem se quiser.

Querem juros mais altos para manter o câmbio baixo e a inflação sob controle. Dane-se a economia real e a vida do povo. Essa é a conclusão a que chegamos. Francamente…estamos no pior dos mundos…

Ao invés de escandalizarem-se com mais essa elevação dos juros, exploram a projeção de crescimento para ano que vem, de 0,8% do PIB e do superávit com mais divida pública bruta. Ora, o governo apenas previu o óbvio: a economia crescerá menos de 1% e o esforço fiscal será de 1,2% buscando manter a dívida publica no mesmo patamar.

Aumentos dos juros e esforço fiscal não reduzem inflação

O fato é que tanto esse aumento dos juros quanto o esforço fiscal, de per si não reduzem a inflação. A redução desta depende de fatores externos e internos fora do controle do BC e das políticas monetária e fiscal. A diminuição da inflação depende dos preços administrados, dos preços dos alimentos e dos serviços, que dependem das políticas públicas e dos investimentos, de comércio exterior e do crescimento da economia mundial.

Internamente precisamos de uma reforma tributária e de financiar o crescimento do mercado seja pelos bancos públicos, seja por empréstimos externos mais investimentos externos diretos (IED). Precisamos reduzir custos financeiros e tributários, logísticos e burocráticos, administrativos e ambientais e precisamos avançar na educação e na inovação. Necessitamos, e muito, de planejamento e capacidade de direção e execução no governo, maioria parlamentar e governabilidade.

O país não tem muita margem de manobra interna ou externa. A situação mundial não tende a melhorar, então precisa se apoiar no que tem: no mercado interno; na continuidade da distribuição da renda e da riqueza; nas concessões na infraestrutura; na energia e no pré-sal; e na integração sul-americana, que precisa sair do papel e virar política de Estado.




Precisamos de uma repactuação entre trabalhadores, empresários e governo

Por fim, precisamos de uma repactuação produtivista e desenvolvimentista, entre trabalhadores, empresários e governo para negociar as reformas – inclusive a política. De uma repactuação para a manutenção do emprego e da renda do trabalho durante esse período de ajuste da economia.

Sem a política no comando não haverá saída para o pais. Ministros e economistas. burocratas e tecnocratas, por mais que necessários, não constroem nações e não salvam povos e países em momentos de crise. A hora é da política, dos políticos, dos partidos, da participação da sociedade, da mobilização e do debate e do embate públicos.

Precisamos disso, de assumir nosso papel e dirigir o pais conforme o mandato que o povo, pela 4ª vez – um fato inédito no mundo – deu ao PT e a presidenta Dilma e a seus aliados no Parlamento. Precisamos tomar nosso papel nas mãos principalmente na sociedade, que precisa ser mobilizada para a retomada do crescimento e do desenvolvimento nacional.


Olhar Digital

Google pretende trocar Gmail por Inbox 
O Google pretende substituir o Gmail pelo Inbox, serviço de gerenciamento de e-mails lançado há dois meses. Em uma seção de perguntas e respostas com usuários no fórum Reddit, engenheiros que trabalham no projeto afirmaram que a troca está prevista para o futuro.



"O Inbox é algo novo - por isso o lançamos como um produto separado. Nos preocupamos profundamente com o Gmail e seus usuários, mas a longo prazo, conforme adicionarmos mais recursos ao Inbox e correspondermos ao retorno dos usuários, esperamos que todos queiram usar o Inbox no lugar do Gmail", afirmou Jason Cornwell, o chefe de design da equipe. "Em última análise, os nossos usuários irão decidir".
Segundo o executivo, os recursos do novo serviço não foram adicionados diretamente ao Gmail porque a intenção do Google era desenvolver um aplicativo que realmente ajudasse o usuário a ter controle de sua vida. 

“Descobrimos que muitas pessoas usam o e-mail como uma lista de tarefas. O uso do celular está encobrindo os desktops e muita gente tem sentimentos negativos quanto aos e-mails porque eles parecem dar muito trabalho", explica.

Olhar Digital já testou o serviço do Google que tenta reinventar o e-mail. Confira aqui as nossas impressões. Além da empresa, a IBM também tenta renovar o formato do correio eletrônico para que ele volte a ser atraente.
Via Reddit



Augusto Diniz: Comunicação do governo federal é uma tragédia

Como bem disse o Velho Guerreiro:
Quem não se comunica, se trumbica!




No período eleitoral, como jornalista, recebia até dez e-mails/dia com iniciativas do Governo Federal e respostas da presidenta Dilma às acusações de opositores. Hoje, no máximo, vem um ou outro release de um ministério, com a lenga-lenga de sempre. Por que o governo não ressuscita a estratégia de comunicação da campanha?
A comunicação do governo é uma tragédia. Foca em responder as acusações pela mídia tradicional que trabalha para o outro lado e tem boas chances de distorcer os fatos na seção de uma espaço que seja à situação. Não faz sentido algum insistir nessa única ação.
Lembro-me bem quando Sarney foi quase derrubado da presidência do Senado, em 2009. Contratou uma tropa de assessores de imprensa, criou uma ação de comunicação contra a crise para responder às acusações e deu certo, a despeito do que estava sendo incriminado.
A Petrobras já foi melhor de comunicação no passado. Criou um blog para se antecipar a possíveis calúnias da grande imprensa. Usava-o a todo tempo. Funcionou e ganhou vários prêmios pela proposta criada – embora carregada de questionamentos no meio porque, por vezes, informava ao internauta o que havia passado a um veículo antes mesmo da matéria sair. Hoje, a empresa encontra-se absolutamente acuada – embora gaste um bom dinheiro mensalmente com assessorias de imprensa terceirizadas em todas as suas áreas.
O Governo Federal usa como porta-voz para responder às calúnias o desacreditado (até pelos seus colegas, que ele mesmo afirma receber “fogo amigo”) ministro José Eduardo Cardozo. É patético!
Também posicionar somente o presidente nacional do PT, Rui Falcão, para se pronunciar sobre as ações contra os incautos, é subestimar a importância da comunicação nessas horas. Os índices elevados de antipetismo não favorecem a réplica pelo partido.
Pior é que há semanas leio em blogs e sites progressistas alertas ao Governo Federal para essa imensa falha. No entanto, não há um sinal de que algo vá mudar.
A atividade dentro do governo chegou ao limite da inoperância. Pode-se alegar que estão esperando os ânimos serenarem na oposição, mas está claro que isso não vai acontecer.
É muita inércia em uma era marcada pelo comunicação estruturada. Daqui a pouco a mentira irá prevalecer.
Vivi 15 anos no mundo da comunicação corporativa (hoje trabalho do outro lado do balcão, como se diz na imprensa), dirigi assessorias e nunca presencie tanto desleixo com a comunicação em um governo, estando certo ou errado.



O maior escândalo da República não dá manchete nos jornais




Orçamento federal para 2015 define R$ 266 bilhões para pagamento de juros aos rentistas;
É quase a soma total dos gastos com saúde (R$ 109 bi), educação (R$ 101 bi) obras do PAC e do Minha Casa (R$ 65 bi);
Equivale ainda a oito vezes o valor destinado aos programas sociais (R$ 33 bi)
Por que será que a oposição midiasmática não denuncia esse escândalo, conivência, conveniência ou porque são beneficiados, são eles que receberão essa fortuna?



PF indicia 33 filhotes de tucanos

E os tucanos adultos, pais desses tucaninhos?
A roubalheira começou em 2008 durante o governo de Mario Covas, em 98, passou pelos governos de mais dois tucanos, Geraldo Alckmin e José Serra.
Foram roubados quase um bilhão de reais.
E não é que o Psdb e a grande mídia investigativa sequer desconfiaram do que estava acontecendo...
Sei não. Mas, tenho a impressão que sei lá...


Alex Castro: O que é Ideologia

A questão não é se meu colega de casa está certo ou errado, se FGTS é bom ou ruim, se as leis trabalhistas engessam ou não a economia. A questão é a ideologia que fundamenta e embasa nossa interpretação da realidade.

Esse menino do Kansas, nascido e criado no coração dos Estados Unidos, mesmo quando demitido de um emprego onde não tinha nenhum direito trabalhista, ainda assim vê, pensa, percebe, reflete, entende o mundo… do ponto de vista das classes empregadoras. Sua primeira reação foi se colocar não em seu próprio lugar (“poxa, se eu morasse num país como o Brasil, pelo menos ganharia um dinheirinho agora…”) mas no lugar do chefe que tinha acabado de despedi-lo.

Passo boa parte do meu tempo tentando fazer pessoas privilegiadas (homens, pessoas brancas, hétero, cis, classe média, etc) se identificarem com as desprivilegiadas (mulheres, negras, gays, trans*, etc). É uma tarefa muito, muito difícil.

Uma ideologia como a norte-americana, que consegue quebrar nossa tendência natural de puxar a sardinha para o nosso lado, só podia mesmo ser uma das mais bem-sucedidas do mundo.

Pena que, em vez de fazer as pessoas ricas se identificarem com as pobres, faz as pobres se identificarem com as ricas.

Nesse ponto, algumas pessoas leitoras, admiradoras da ideologia norte-americana, talvez estejam reclamando da ideologia esquerdista do meu texto.




Mas é impossível um texto não ter ideologia ou não estar totalmente imerso na ideologia da pessoa que o escreveu e da sociedade que a produziu. Quando você tem a ilusão de ler um texto que não é ideológico, isso simplesmente quer dizer que o texto tem a mesma ideologia que você: logo, que a ideologia do texto é invisível.

A pessoa que reclama de não aguentar mais “tanta ideologia” não é uma livre-pensadora, descompromissada e apolítica tentando formar suas próprias opiniões, mas sim uma pessoa mentalmente preguiçosa e de cabeça fechada, que só gosta de se expor às opiniões com as quais já concorda e que se sente extremamente incomodada quando exposta à opiniões diferentes.

Existem muitas ideologias. A ideologia desse meu texto, de achar que ideologia está em todo lugar, é uma delas.

A ideologia de se achar sem ideologia, por outro lado, é uma das ideologias mais disseminadas em nossa sociedade, especialmente entre as pessoas bem-nascidas de inclinação conservadora, que fazem desabafos como:

“Sou apenas um indivíduo livre, não tenho raça, não sou afiliado a partido, não tenho ideologia, não me meto em política! Quero só ficar aqui quietinho no meu canto, trabalhando duro, cuidando da minha família, viajando, curtindo meus livros, sendo feliz!”

Certo ou errado, o problema de quem fala essas coisas é não perceber a sua própria ideologia.

Ideologia é como espinafre no dente: a gente só vê o dos outros.

* * *

Ideologia é o conjunto de ideias, saberes, preconceitos, etc, que permite que as pessoas se relacionem com e façam sentido da realidade: são as lentes através das quais percebemos o mundo. Por isso, ideologia não é algo necessariamente ruim, e muito menos algo oposto à “verdade”. Não existe essa tal “verdade a-ideológica”: qualquer verdade será sempre apreendida através da ideologia de quem a vê.

Uma das definições mais famosas de ideologia é do filósofo francês Louis Althusser, escrevendo em 1970: a relação imaginária dos indivíduos com suas condições reais de existência, gerando assim uma representação distorcida da realidade.

A definição de Althusser, porém, dá a entender que a “representação distorcida da realidade” seria resultado de vermos o mundo através de uma ideologia falsa ou falha: se apenas tivéssemos escolhido a ideologia correta, então perceberíamos a realidade de forma não-distorcida.

Mas, considerando que nossos sentidos e nossa cognição são inerentemente falhos e limitados, todas as representações da realidade apreendidas através deles serão sempre, por definição, distorcidas.

Não temos a capacidade de perceber a realidade de forma não-distorcida.

(Pensem em quão ególatra seria alguém capaz de bater no próprio peito e se auto-afirmar ser “a pessoa que vê o mundo como ele realmente é”, “a pessoa que enxerga todas as coisas como elas verdadeiramente são.”)

Uma definição de ideologia mais neutra, que não presume que ideologia seja algo negativo ou falso, é a da historiadora norte-americana Barbara Fields, em 2012:

“A ideologia é melhor compreendida como um vocabulário descrito da vida cotidiana, necessário para que as pessoas possam conferir um sentido básico à realidade social, vivida e criada por elas a cada dia. É a linguagem da consciência que possibilita a relação específica entre pessoas. É a interpretação em pensamento das relações sociais através da qual elas constantemente produzem e reproduzem o seu ser coletivo em todas as suas mais diversas formas: família, clã, tribo, nação, classe, partido, empreendimento, igreja, exército, associação, etc. Deste modo, as ideologias não são ilusões, mas sim reais, tão reais quanto as relações sociais pelas quais elas se mantém.”

* * *

Meu colega de casa não passou nem duas semanas ocioso e logo foi contratado por outro restaurante, também um dos melhores da cidade e com as mesmas e sofríveis condições de trabalho.

Segundo a ideologia dele, tudo aconteceu tão rápido porque, em uma economia de mercado sem tantas regulamentações trabalhistas, é muito mais fácil e descomplicado contratar.

Segundo a minha ideologia, foi uma combinação de sorte e talento.

A gente não enxerga o que quer, enxerga o que pode. Inclusive eu. Inclusive você.



O seleto (e secreto) clube dos cannabiers ou maconheliers




Nesse clube palha não entra

por Cynara Menezes no Socialista Morena

Toda vez que perguntam ao presidente do Uruguai, Pepe Mujica, o porquê de sua defesa da legalização da maconha, ele dá duas razões principais: o combate à violência resultante do narcotráfico e a necessidade de garantir ao usuário segurança sobre a erva que irá fumar. No Brasil, a realidade dos fumadores de maconha é se submeter ao risco de adquirir o produto das mãos de um traficante sem saber exatamente o que está comprando ou… burlar a lei e plantar alguns pés de maconha em casa para consumo próprio.
Embora proibido, o autocultivo  tem não só encontrado cada vez mais adeptos entre nós como começam a surgir verdadeiros connoisseurs da planta, capazes de identificar a qualidade ou não de um baseado apenas pela aparência da erva. Depois dos baristas (especialistas em café), sommeliers (vinho ou cerveja) e chocolatiers, eis que surgem os cannabiers ou maconheliers: os especialistas em maconha, uma elite de usuários preocupada com o sabor, o cheiro e o tipo de “onda” que a maconha vai dar.
O termo cannabier já foi utilizado em um artigo científico pelo antropólogo Marcos Verissimo, que apresentou, em 2013, sua tese de doutorado em Cultura Canábica na UFF (Universidade Federal Fluminense). O neologismo, escreveu Verissimo, “foi cunhado em função da aproximação significativa entre os círculos de apreciadores de cannabis oriundas de autocultivos domésticos e os círculos de apreciadores de vinhos (sommeliers). Quando as flores da maconha atingem o ponto de maturação, as plantas são cortadas, tratadas (processo denominado manicura), passando então à fase do secado (que pode durar algumas semanas). Portanto, da semeadura à degustação do resultado, o importante é ter sabedoria e paciência para se saber admirar o processo, como ocorre no caso dos vinhos mais consagrados”.
Assim como os vinhos, as floradas também ganham nomes –Moby Dick, Critical Mass, Destroyer, Blueberry– e são resultado da assemblage, digamos assim, entre plantas famosas no desconhecido mundo dos plantadores de maconha. Os cultivadores assinam suas criações sob pseudônimo e compartilham experiências pela internet, sobretudo através do site Growroom.
Quem é o cannabier? Em geral é jovem, profissional liberal e homem. Como me disse um deles, “um bando de machões que cultivam flores”. Há garotas, claro, que desfrutam dos blends especiais fornecidos por esta galera, mas as cultivadoras ainda são minoria. São os meninos que mais mergulham a fundo nas técnicas e macetes para produzir plantas dignas de campeonato. Verdadeiros nerds da maconha, os caras sabem absolutamente tudo sobre o assunto. Como seus congêneres especializados em cafés, chocolates, cervejas ou vinhos, é uma atividade que envolve muito orgulho e vaidade. Se chegarmos algum dia à legalização do uso e plantio, seguramente figurarão, ao lado dos enochatos, os maconhochatos.
tricomas
(A flor da maconha com os tricomas. Foto: coletivo Prensa420)
Alberto* é advogado e cultiva meia dúzia de pés de maconha em um quarto, em sua casa, no Rio, sob luz artificial. Sua produção costuma causar sensação entre os amigos. O segredo, conta, é “frustrar sexualmente” a planta. Como a maconha que dá barato é apenas a planta fêmea, cultivadores experientes como ele sabem que, quanto mais a planta estiver pronta para a polinização e ela for impedida de acontecer, mais produzirá tricomas (os “cristais”, parte da planta rica em canabinoides). Ou seja, ficará mais potente. Daí a expressão “sin semilla” (sem semente) para designar a erva que é um must entre os maconhólatras. Para maximizar a produção de tricomas pela planta, são usadas técnicas como pequenas “massagens” para quebrar os galhos, e a água e a luz é milimetricamente controlada –na última semana antes da colheita, água e luz são cortadas, potencializando ainda mais a maconha.
“Meu carma no reino vegetal está péssimo”, brinca Alberto. Além de garantir a frustração sexual da pobre plantinha para seu prazer, o advogado diz que também é fundamental oxidar a flor após a colheita, fechando-a em um recipiente hermético por semanas ou meses. Qual a diferença de uma maconha para outra? “Na verdade, tem um tipo de maconha para cada pessoa ou momento. Se a pessoa quer relaxar, pode fumar uma Indica. Se prefere algo mais estimulante, uma Sativa. Se fosse permitido o autocultivo, o ideal era ter pelo menos três tipos de planta em casa: uma Indica, uma híbrida e uma Sativa”. Em uma festa recente de cultivadores, ele conta, chegaram a aparecer 37 tipos de flores diferentes.
Se os vinhos possuem os taninos, a maconha possui terpenos, moléculas responsáveis pelo odor da planta. Os terpenos vão influenciar no cheiro e no sabor da erva ao ser fumada. Falam-me de “notas” de manga, madeira, limão… “Fumamos um beck que deixava retrogosto de queijo”, me garante o antropólogo Paulo. No quintal de sua casa em Brasília, meio oculto entre três pés de mandioca para confundir eventuais helicópteros, uma nova planta de maconha começa a florescer. Ele pratica o autocultivo há dez anos. Um único pé é o suficiente para o consumo dele e de sua mulher, Marina, e ainda sobra para apresentar aos amigos. Como o ciclo da planta pode chegar a um ano, enquanto a outra cresce, eles fumam a que colheram.
Paulo é um cultivador orgulhoso de sua produção, mas aponta o que vê como exageros de alguns colegas com suas plantinhas de estimação. “Tenho um amigo que comprou até uma máquina de moer coco para fazer uma palha que ele usa como terra. Outro, italiano, controlava pelo celular a milimetragem da água e os nutrientes da planta que estava cultivando lá em Roma”, ri. “O que eu faço é basicamente mijar na planta, que é um NPK (fertilizante) natural. Coloco uns nutrientes na terra, mas não muitos porque acho que interfere no gosto”.
blasézismo de seu comentário contrasta com o ar triunfal que exibe ao mostrar, dentro de um vidro, os “camarôes” ou berlotas (flores já secas) da última safra, em que chegou a um resultado “excepcional” –diz isso como se estivesse falando de grãos de café ou das uvas de um hipotético vinhedo. “Consegui produzir uma cannabis com resina leitosa, que dá uma onda mais excitante, criativa. A resina marrom é down, baqueia. Não serve para fumar e trabalhar, deixa a pessoa sem energia, largadona no sofá”, explana.
budtender
(Budtender em ação no Colorado)
No Colorado, nos Estados Unidos, onde o uso recreativo da maconha, além do medicinal, foi liberado, há inclusive uma profissão em alta, a de “budtender” (trocadilho com bartender, sendo que “bud” é “camarão”). Trata-se do cara ou da mina que atende os clientes das lojas de maconha, exatamente como os vendedores das cervejas artesanais agora em moda no Brasil –ou como os funcionários dos coffee shops holandeses que sempre fascinaram os brasileiros. Capazes de indicar qual o tipo de maconha que você “precisa”, os budtenders possuem formação profissional, fornecida por cursos especializados. Ocannabusiness anda tão turbinado por lá que não estranhem se surgir um MBA em Maconha nos próximos anos.
“Que tipo de sensação você quer ter?”, “você é usuário frequente ou vai experimentar pela primeira vez?”, “quer maconha para trabalhar ou para jogar videogame e depois chapar?” pergunta o budtender ao freguês. A depender da resposta, o vendedor irá indicar que tipo de maconha é a ideal para o usuário. Apenas no primeiro mês de legalização para uso recreativo, estima-se que a economia da cannabis movimentou cerca de 14 milhões de dólares no Colorado, e ser budtender virou uma possibilidade de emprego atraente para os jovens –a mais “hot” delas, segundo alguns (leia mais aqui).
No Brasil, até outro dia, o máximo que se distinguia sobre os tipos de maconha era entre a maconha “solta”, produzida no Nordeste, ou a “prensada”, que vem do Paraguai. Algumas maconhas nacionais chegaram a alcançar fama, como a mítica “manga rosa”, de Pernambuco, ou a “cabeça-de-nego”, da Bahia. Reza a lenda que algumas maconhas campeãs mundo afora vieram delas. Houve um verão, em 1987, em que milhares de latas de maconha chegaram à costa brasileira, atiradas ao mar pela tripulação de um navio australiano interceptado pela Marinha, e, a partir daí, baseados potentes passaram a ser chamados de “da lata”. O curioso e hilário episódio virou um documentário dirigido por Tocha Alves e Haná Vaisman em 2012.
Mas sofisticação como se tem agora, nunca se viu. No site especializado Leafly, é possível descobrir que variedade de maconha “combina” mais com o temperamento ou necessidade do usuário, através de um teste online: se pretende ficar falante, relaxado, feliz, eufórico, sonolento… Ou por razões medicinais: as mais indicadas para insônia, fadiga, náusea (um efeito colateral comum a quem se submete à quimioterapia), pressão ocular, stress…
É tanto conhecimento que já começa a irritar. “Tem muita gente cuspindo no prato paraguaio que comeu”, provoca o psicanalista Pierre, de São Paulo. “Chegou-se a um nível de refinamento que outro dia fui numa festa e, quando souberam que o baseado que eu estava oferecendo era paraguaio disseram: ‘ah, não quero, não’. Que é isso? O fumo paraguaio tem seu valor, porque está sempre aí, nunca negou fogo. Qualquer dia acabará virando cult.”
O psicanalista admite, porém, que é muito difícil voltar para a maconha paraguaia, ou seja, para a erva vendida pelo narcotráfico, depois que se experimenta um baseado feito com cannabis autocultivada. “Quando se planta, além de fugir das redes de violência, se garante que a maconha não terá aditivos, porque o fumo paraguaio ninguém sabe o que contém. O nosso, não, é tóxico sem agrotóxico”, diz. Outra diferença é que, como em qualquer plantio em pequena escala, artesanal, todas as etapas são acompanhadas de perto pelo cultivador para que resulte numa erva “gourmet”, ao contrário do que ocorre com o narcotráfico, que utiliza grandes plantações e aproveita tudo da planta: galhos, folhas e até sementes. “O autocultivador, não, só aproveita as flores.”
Pierre cultivava um pezinho em casa, ao qual apelidara carinhosamente de “meu pé de maconha-lima”, e ter que causar a tal frustração sexual da planta lhe trouxe dilemas éticos. “Deixar a plantinha sem água na última semana mexia comigo, mas pensei em algo que me pacificou: adoro foie gras e não estou nem aí para o que fazem com o ganso. Então foda-se se a planta é torturada.” Acabou parando de plantar por achar trabalhoso demais e hoje fuma no “se-me-dão”, isto é, pede aos amigos maconheliers.
Rara mulher entre os cultivadores, a produtora musical Carla prefere não recorrer às “torturas”, fertilizantes e nutrientes em sua pequena plantação indoor em São Paulo. Sua maconha é inteiramente orgânica. Ela usa uma calda de fumo para combater os pulgões, estrume de composteira, casca de ovo, pó de café e… menstruação. Produz pouco, mas sua erva, diz, é perfumada e seu sabor pode ser frutado ou mais ácido. “Planto na lua nova e colho na lua cheia, e vou conversando com elas enquanto crescem.”
Ao contrário dos rapazes, Carla não usa seu talento como jardineira apenas para produzir maconha. Planta ainda maracujá, acerola e banana no quintal. Pergunto por que há mais meninos e meninas no clube dos cannabiers. “Acho que pela mesma razão pela qual há mais meninos na física e na matemática e mais meninas na pedagogia: o mundo é assim”, diz. “Mas eu vejo diferenças. Fui convidada para uma Cannabis Cup e me senti lisonjeada, mas percebi que era uma coisa de meninos, de competição. Acho que a gente vê diferente. Para mim plantar é uma forma de não depender dos homens para comprar ou fumar meu baseado.”
Se as plantas fêmeas cultivadas não germinam, onde essa turma consegue sementes? Trocando entre eles ou comprando pela internet em sites estrangeiros –o que, em tese, também é proibido por lei, mas decisões judiciais recentes têm dado certa segurança aos cultivadores. Em setembro, o juiz Fernando Américo de Souza, de São Paulo, livrou da cadeia um usuário que havia comprado, pela internet, 12 sementes de maconha na Bélgica e foi denunciado por “contrabando”. “O usuário que produz a própria droga deixa de financiar o tráfico, contribuindo para a diminuição da criminalidade”, disse o juiz 
Para os cultivadores, a prática da troca de sementes e da própria maconha para degustação entre os amigos é uma prova de que a idéia dos clubes de cannabis, como existem na Espanha e que estão previstos na lei uruguaia, pode ser a melhor saída para o problema, porque rompe o vínculo com o crime e tira do usuário a carga de “alimentar” o narcotráfico.
Enquanto isso não ocorre, a “elite” degusta iguarias e a enorme maioria dos usuários (estima-se que existam 1,5 milhão no Brasil) continua a consumir maconha malhada, palha e mofada. Será que até nisso quem nasceu para Sangue de Boi nunca chegará a Romanée Conti?
*Os nomes dos personagens desta reportagem foram trocados.



"P" maiúsculo




O senador Randolfe Rodrigues e os deputados Chico Alencar e Ivan Valente, todos do PSOL, deram aula de brasilidade na madrugada de ontem, ao se negarem a votar contra os interesses do País, mesmo fazendo oposição a Dilma Roussef.

por Neno Cavalvate - coluna É - Diário do Nordeste




Por i-1/2: O sorrisinho de Aécio

por Wanderson Mansur - jornalista

Um dos traços marcantes de Aécio nas eleições de 2014, muito evidenciado nos debates, foi a sua risadinha irônica. Não faltaram analistas para tentar decifrar o significado da famosa risada de Aécio – quase um enigma, como o misterioso sorriso de Mona Lisa, imortalizado por da Vinci.
Alguns até tentaram ensaiar palpites, a exemplo, de que a tal expressão nada mais era do que um símbolo da prepotência do tucano em relação à sua adversária. Mas Dilma não se intimidou e como boa lutadora que é, terminou por nocauteá-lo na grande maioria das vezes.


Terminadas as eleições, o sorriso de Mona Lisa abandonou a feição do tucano e deu lugar ao Grito de Munch. Durante seguidas semanas o tucano sumiu do Congresso, e com ele seu sorrisinho, que já estava deixando saudades. Reapareceu somente agora para surfar, não no Rio como era de costume, mas na votação que definiria a mudança da meta do superávit primário de 2014.
Nos pronunciamentos inflamados proferidos contra a presidenta Dilma, Aécio fez um verdadeiro contorcionismo discursivo para tentar convencer o plenário de que a presidenta, ao alterar a meta de superávit, estaria incorrendo em “crime de responsabilidade”. Tudo em vão.
Ao final de sua aparição grandiloquente, depois de vociferar uma série de ataques à presidenta, em meio a uma ovação histérica da oposição, Aécio encerra sua fala épica abrindo aquele bom e velho, já conhecido de todos, sorrisinho irônico.
Só se pode deduzir que o riso é fruto de sua dissimulação, de seu cinismo, parte de seu grande show, de um teatro montado para externar críticas e opiniões, as quais nem mesmo ele tem convicção.
Desce da tribuna, cheio de si, cumprimenta correligionários, fãs e súditos, sempre com o sorrisinho estampado na cara, sua verdadeira marca registrada.
O grande cínico foi alçado a líder de uma trupe que insiste em não assimilar a derrota de outubro. E assim segue a oposição na estratégia de sair vitoriosa de um terceiro turno, que envolve, entre outras tentativas de golpe, delações premiadas, vazamentos seletivos, radicalização fascista, ânimos inflamados e diversos outros ingredientes que prometem continuar apimentando esse grande caldeirão da política nacional.
O cenário está tão nebuloso e incerto, que ninguém se arrisca a soltar a velha máxima do “quem ri por ultimo ri melhor”.





Josias de Souza inova e cria a imitação futura

Num instante em que o petrolão derrete feito bala de açúcar no bico de oradores tucanos, a Polícia Federal fechou a conta do inquérito do cartel do metrô e dos trens de São Paulo: 33 indiciados. Entre eles agentes públicos, executivos de grandes, lobistas e assemelhados.
Pesam-lhes sobre os ombros acusações variadas: corrupção ativa e passiva, formação de cartel, fraude em licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, os crimes foram praticados durante dez anos, de 1998 a 2008. Desviaram-se R$ 834 milhões. E ninguém notou!
Repetindo: a roubalheira atravessou três governos tucanos —Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra— e ninguém percebeu! As fraudes só vieram à luz por conta de um fio de meada puxado numa investigação na Suíça e um acordo de colaboração firmado pela Siemens no Brasil.




Em matéria de corrupção, os tucanos sofrem da mesma moléstia que acomete os petistas: cegueira. Assim como Lula não sabia que o mensalão fluía sob suas barbas e Dilma não sabia que PT e aliados prospectavam propinas na Petrobras, Serra e Alckmin jamais souberam das fraudes que descarrilavam as licitações metroferroviárias.
Fica-se com a impressão de que o principal problema do país não é ético, mas oftalmológico. A falta de bons oculistas atordoa os brasileiros. Não bastasse ter de decidir se prefere o papel de cínico ou o de bobo, o contribuinte é assaltado (ops!) por uma segunda dúvida: o que é pior, os corruptos capazes de tudo ou os governantes incapazes de todo?
De concreto, por ora, apenas uma evidência: em terra de cego, quem tem um olho não diz que os reis estão nus.



Centenário de nascimento de Lina Bo Bardi

Achillina Bo, mais conhecida como Lina Bo Bardi, foi uma arquiteta modernista italiana. Foi casada com o crítico de arte Pietro
É conhecida por ter projetado o Museu de Arte de São Paulo.
Nascimento: 5 de dezembro de 1914, Roma, Itália
Falecimento: 20 de março de 1992, São Paulo - São Paulo
Educação: Universidade de Roma "La Sapienza"
Cônjuge: Pietro Maria Bardi (de 1946 a 1992)
Obra: Tempos de grossura: o design no impasse
Estrutura: Museu de Arte de São Paulo

Oração da madrugada




SENHOR:
Quantas vezes acordo e estou aflito
A voz cala, mas o eco do meu grito
É tão forte no peito a bradar.
Nessas horas que fico nas caladas
No silêncio das minhas madrugadas
Peço forças a Ti pra me ajudar.

Suplicando eu faço-lhe uma oração
O alívio que sinto e a emoção
Tranquilizam-me trazendo tanta paz
Na certeza que me ouve eu tenho a sorte
Pois o grito em silêncio é tão forte
Mesmo sem ecoar ouves bem mais.

Envolvendo-me de glórias e delírios
Afastando de vez os meus martírios
Que insistiam em vão me atormentar
E encontrando a paz tão desejada
Adormeço naquela madrugada
Pra ficar bem alegre ao acordar.

Pelo fato, Senhor, de ter me ouvido
Sou-lhe grato por ter me atendido
E ter tirado de mim essa aflição
Afastando-me dos laços da maldade
Devolvendo-me a total felicidade
Sou feliz! Tenho Deus no coração!

Autor: Carlos Alberto de Oliveira Aires