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Intolerância Já!

Laerte Coutinho
!

Antonio Ateu - a direita tradicional e a nova direita

A velha roupa colorida da direita


A direita tradicional (PSDB) e a nova direita, representada pelos esverdeados "socialistas", não apresenta absolutamente nada de novo! São o que há de mais velho e atrasado na política brasileira desde sempre. 

Os "socialistas" chegaram já ao mais alto padrão de fisiologismo e de oportunismo político que se poderia imaginar. Marina é tão 'nova' quando o banco Itaú... 

Fugirão do debate econômico como o diabo foge da cruz, pois não podem dizer de verdade o que pretendem fazer, que é retornar com as pérfidas políticas de arrocho salarial e de concentração de renda. Para desviar as atenções dos inocentes úteis virão com o papo furado dos "valores"...

Ou seja, vote nos neoliberais e receba um cálice de "valores" dos homens bons da nação! 
  • Quem precisa de salário e de distribuição de renda? 
  • Quem precisa de políticas públicas como as cotas e o PROUNI, além da expansão das universidades federais? 
Dizem os neoliberais que isto é uma bobagem, que o que importa são os "valores"! 
  • Passe fome mas tenha "valores"! 
  • Perca o emprego mas tenha "valores"! 
  • Os pobres são pobres não por um problema estrutural da economia, mas sim porque se afastaram de bons "valores"!

The old black bloc


- Filho, eu descobri essas coisas no seu armário…

- Qual é o problema de ter uma máscara do anônimos e um taco de beisebol?
- Você usa isso?
- Não… quer dizer, às vezes…
- É que que estou precisando. Será que você me empresta?
- Precisando? Pra quê?
- É que eu li as coisas que você andou escrevendo na internet…
- Você andou lendo o meu face?
- Qual é o problema? Não é público?
- É…mas…
- Pois é, eu li o que você escreveu e …
- Pai, eu sei que você não gostou do que eu escrevi lá , mas… eu não vou
discutir, são as minhas ideias. Eu sou anarquista e…
- Não. Eu até achei legal. Você me convenceu.
- Convenci? De quê?
- Tá tudo errado mesmo… eu li o que você escreveu e concordo. Agora eu sou
anarquista também, que nem você…
- Você o quê? Pai… que história é essa?
- É, você fez a minha cabeça, tem que quebrar tudo mesmo! Agora eu sou
Black Bloc! Assumido mesmo, filho.
- Pai, você não pode… você é diretor de uma empresa enorme e…
- Não sou mais não. Larguei o meu emprego. Mandei o meu chefe tomar no cu. Mandei todo mundo lá tomar no cu.
- Pai, você não pode largar o seu emprego. Você está há 30 anos lá…
- Posso sim! Aliás tô juntando uma galera pra ir lá quebrar tudo.
- Quebrar tudo onde?
- No meu trabalho! Vamos quebrar tudo! Abaixo a opressão! Abaixo tudo!
- Você não pode fazer isso, pai…
- Posso sim! É só você me emprestar a máscara e o taco de beisebol. E aí,
você vem comigo?
- Não… acho melhor não…
- É melhor você vir porque agora que eu larguei tudo, a gente vai ter que
sair desse apartamento…
- Sair daqui? E a gente vai morar aonde?
- Sei lá! Vamos acampar em frente a uma empresa capitalista qualquer e
exigir o fim do capitalismo!
- Pai, você não pode fazer isso ! Não pode abandonar tudo!
- Tô indo! Fui!
- Peraí, pai! E onde eu vou morar? E minha mesada ? E meu computador ?
Volta aqui! Volta aqui, pai!!! Voooltaaaaa!


pinçado do Face de José Antônio Araújo

Uma verdade oculta

A direita está cada vez mais ouriçada com o sucesso que vem fazendo nas paradas. É Gentili fazendo piadas preconceituosas em rede nacional, é Roger batendo boca até com a mãe no Twitter, é Lobão dizendo que "os militares defenderam nossa soberania", enfim, o reacionarismo está na moda e é uma tendência consolidada. Basta observar como o farol ideológico dessa turma boa, Reinaldo Azevedo, vem ganhando espaço em todos os cantos da grande mídia. Hoje ele ocupa ótimos espaços na internet (VEJA), nos jornais (Folha) e na rádio (Jovem Pan). Ao que parece, nem a polícia do pensamento funciona direito nesse governo.

Seleção dos reacionários do Brasil

Escalação:

  • Goleiro: Ali Kamel, pela excelente defesa feita a família Parella e por tabela a...no caso do helipóptero.
  • Alas: Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes, já estão entrosados, trabalham na rivistinha.
  • Zagueiros: Eliane Cantanhede e Raquel Scheradade, defensoras do Plutarco de Ap em Miami.
  • Meio de campo: Arnaldo Jabor, Merval Pereira e Miriam Leitão ( Jabor, pela mudança de tom das manifestações em Junho, depois que patrões deram ordens para tal ) ( Merval, pelo abraço fraternal e a orelha do livro do ex-presidente do STF, Ayres de Britto) ( Miriam, a caduca do restelo)
  • Ataque: Ricardo Setti e Ricardo Noblat, (também pelo entrosamento) e Eurípedes Alcântara, provou que uma rivistinha ruim, ainda pode piorar.
  • Reservas de lixo: Lobão, Roger e Villa.
  • Patrono: José Serra (até claro, quando Joaquim Barbosa quiser)

Acima da lei

O presidente do Senado viaja às custas do Estado em viagem particular, a mídia cai em cima e ele ressarce o erário público. 

Muito bom.

O presidente do STF viaja às custas do Estado em viagem particular, a mídia nem aí. Ele não ressarce o erário público e fica por isso mesmo.

Mal, muito mal.

Onde isso vai parar?

Lutamos para derrotar as baionetas, muitos à custa da própria vida. Vamos agora aceitar a ditadura da caneta, da toga?

De jeito nenhum!

Derrotaremos esses FHCs - Farsantes, Hipócritas, Cínicos - togados que julgam-se acima das leis, que acham ser a Constituição o que eles desejam que ela seja.

Quem me representa legitimamente é o Legislativo.

Juiz quer ser representante popular? 

Que se candidate e seja eleito. 

Assim terá legitimidade.

Fora disso é ditadura.

E ditadura não aceitamos nunca mais.

Reacionários, medíocres e fracos

[...] o nordestino é antes de tudo um forte. Um reacionário é antes de tudo um fraco.

[...]  Um fraco que conserva ideias como quem coleciona tampinhas de refrigerante ou maços de cigarro – tudo o que consegue juntar mas só têm utilidade para ele. Nasce e cresce em extremos: ou da falta de atenção ou do excesso de cuidados. E vive com a certeza de que o mundo fora da bolha onde lacrou seu refúgio é um mundo de perigos, pronto para tirar dele o que acumulou em suposta dignidade.
Para ele, tudo o que é diferente tem potencial de destruição
Como tem medo de tudo, vive amargurado, lamentando que jamais estenderam um tapete à sua passagem. Conserva uma vida medíocre, ele e suas concepções e nojos do mundo que o cerca. Como tem medo, não anda na rua com receio de alguém levar muito do pouco que tem (nem sempre o reacionário é um quatrocentão). Por isso, só frequenta lugares em que se sente seguro, onde ninguém vai ameaçar, desobedecer ou contradizer suas verdades. Nem dizer que precisa relaxar, levar as coisas menos a sério ou ver graça na leveza das coisas. O reacionário leva a sério a ideia de que é um vencedor.
A maioria passou a vida toda tendo tudo aos alcance – da empregada que esquentava o leite no copo favorito aos pais que viam uma obra de arte em cada rabisco em folha de sulfite que ele fazia – e cultivou uma dificuldade doentia em se ver num mundo de aptidões diversas. Outros cresceram em meios menos abastados – e bastou angariar postos na escala social para cuspir nos hábitos de colegas de velhos andares. Quem não chegou aonde chegaram – sozinho, frise-se – não merece respeito.
Rico, ex-pobre ou falidos, não importa: o reacionário clássico enxerga em tudo o que é diferente um potencial de destruição. Por isso se tranca e pede para não ser perturbado no próprio mundo. Porque tudo perturba: o presidente da República quer seu voto e seus impostos; os parlamentares querem fazê-lo de otário; os juízes estão doidos para tirar seus direitos acumulados; a universidade é financiada (por ele, lógico) para propagar ideias absurdas sobre ideais que despreza; o vizinho está sempre de olho na sua esposa, em seu carro, em sua piscina. Mesmo os cadeados, portões de aço, sistemas de monitoramento, paredes e vidros anti-bala não angariam de todo a sua confiança. O mundo está cheio de presidiários com indulto debaixo do braço para visitar familiares e ameaçar os seus (porque os seus nunca vão presos, mesmo quando botam fogo em índios, mendigos, prostitutas e ciclistas; índios, mendigos, prostitutas e ciclistas estão aí para isso).
Como não conhece o mundo afora, a não ser pelas viagens programadas em pacotes que garantem o translado até o hotel, e despreza as ideias que não são suas (aquelas que recebeu de pronto dos pais e o ensinaram a trabalhar, vencer e selecionar o que é útil e o que é supérfluo), tudo o que é novo soa ameaçador. O mundo muda, mas ele não: ele não sabe que é infeliz porque para ele só o que não é ele, e os seus, são lamentáveis.
Muitas vezes o reacionário se torna pai e aprende, na marra, o conceito de família. Às vezes vai à igreja e pede paz, amor, saúde aos seus. Aos seus. Vê nos filhos a extensão das próprias virtudes, e por isso os protege: não permite que brinquem com os meninos da rua nem que tenham contato com ideias que os retirem da sua órbita. O índice de infarto entre os reacionários é maior quando o filho traz uma camisa do Che Guevara para casa ou a filha começa a ouvir axé e namorar o vocalista da banda (se ele for negro o infarto é fulminante).
Mas a vida é repleta de frestas, e o tempo todo estamos testando as mais firmes das convicções. Mas ele não quer testá-las: quer mantê-las. Por isso as mudanças lhe causam urticárias.
Nos anos 70, vivia com medo dos hippies que ousavam dizer que o amor não precisava de amarras. Eram vagabundos e irresponsáveis, pensava ele, em sua sobriedade.
Depois vieram os punks, os excluídos de aglomerações urbanas desajeitadas, os militantes a pedir o alargamento das liberdades civis e sociais. Para o reacionário, nada daquilo fazia sentido, porque ninguém estudou como ele, ninguém acumulou bens e verdades como ele e, portanto, seria muito injusto que ele e o garçom (que ele adora chamar de incompetente) tivessem o mesmo peso numa urna, o mesmo direito num guichê de aeroporto, o mesmo lugar na fila do fast food.
O reacionário vive com medo. Mas não é inofensivo. Foto: Galeria de GorillaSushi/Flickr
Para não dividir espaços cativos, frutos de séculos de exclusão que ele não reconhece, eleva o tom sobre tudo o que está errado. Sabendo de seus medos e planos de papel, revistas, rádios, televisão, padres, pastores e professores fazem a festa: basta colocar uma chamada alarmista (“Por que você trabalha tanto e o País cresce tão pouco?”) ou música de suspense nas cenas de violência (“descontrolada!”) na tevê para que ele se trema todo e se prepare para o Armagedoon. Como bicho assustado, volta para a caixinha e fica mirabolando planos para garantir mais segurança aos seus. Tudo o que vê, lê e ouve o convence de que tudo é um perigo, tudo é decadente, tudo é importante, tudo é indigno. Por isso não se deve medir esforços para defender suas conquistas morais e materiais.
E ele só se sente seguro quando imagina que pode eliminar o outro.
Primeiro, pelo discurso. No começo, diz que não gosta desse povinho que veio ao seu estado rico tirar espaço dos seus. Vive lembrando que trabalha mais e paga mais impostos que a massa que agora agora quer construir casas em seu bairro, frequentar os clubes e shoppings antes só repletos de suas réplicas. Para ele, qualquer barberagem no trânsito é coisa da maldita inclusão, aqueles bárbaros que hoje tiram carta de habilitação e ainda penduram diplomas universitários nas paredes. No tempo dele, sim, é que era bom: a escola pública funcionava (para ele), o policial não se corrompia (sobre ele), o político não loteava a administração (não com pessoas que não eram ele).
Há que se entender a dor do sujeito. Ele recebeu um mundo pronto, mas que não estava acabado. E as coisas mudaram, apesar de seu esforço e sua indignação.
Ele não sabe, mas basta ter dois neurônios para rebater com um sopro qualquer ideia que ele tenha sobre os problemas e soluções para o mundo – que está, mas ele não vê, muito além de um simples umbigo. Mas o reacionário não ouve: os ignorantes são os outros: os gays que colocam em risco a continuidade da espécie, as vagabundas que já não respeitam a ordem dos pais e maridos, os estudantes que pedem a extensão de direitos (e não sabem como é duro pegar na enxada), os maconheiros que não estão necessariamente a fim de contribuir para o progresso da nação, os sem-terra que não querem trabalhar, o governante que agora vem com esse papo de distribuir esmola e combater preconceitos inexistentes (“nada contra, mas eles que se livrem da própria herança”), os países vizinhos que mandam rebas para emporcalhar suas ruas.
Muitas vezes o reacionário se torna pai e aprende o conceito de família. Vê nos filhos a extensão das próprias virtudes, e por isso os protege: não permite que brinquem com os meninos da rua nem que tenham contato com ideias que os retirem da sua órbita
O mundo ideal, para o reacionário, é um mundo estático: no fundo, ele não se importa em pagar impostos, desde que não o incomodem.
Como muitos não o levam a sério, os reacionários se agrupam. Lotam restaurantes, condomínios e associações de bairro com seus pares, e passam a praguejar contra tudo.
Quando as queixas não são mais suficientes, eles juntam as suas solidões e ódio à coletividade (ironia) e passam a se interessar por política. Juntos, eles identificam e escolhem os porta-vozes de suas paúras em debates nacionais. Seus representantes, sabendo como agradar à plateia, são eleitos como guardiões da moralidade. Sobem a tribunas para condenar a devassidão, o aborto, a bebida alcoolica, a vida ao ar livre, as roupas nas escolas. Às vezes são hilários, às vezes incomodam.
Mas, quando o reacionário se vê como uma voz inexpressiva entre os grupos que deveriam representá-lo, bota para fora sua paranóia e pragueja contra o sistema democrático (às vezes com o argumento de que o sistema é antidemocrático). E se arma. Como o caldo cultural legitima seu discurso e sua paranoia, ele passa a defender crimes para evitar outros crimes – nos Estados Unidos, alvejam imigrantes na fronteira, na Europa, arrebentam árabes e latinos, na Candelária, encomendam chacinas e, em QGs anônimos, planejam ataques contra universitários de Brasília que propagam imoralidades (leia mais AQUI).
O reacionário, no fim, não é patrimônio nacional: é um cidadão do mundo. Seu nome é legião porque são muitos. Pode até ser fraco e viver com medo de tudo. Mas nunca foi inofensivo.