Mostrando postagens com marcador Robespierre Amarante. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Robespierre Amarante. Mostrar todas as postagens

Crônica dominical, por Robespierre Amarante

Peluzio e o Grupo da CIDAO 
Iguatu - Ceara 
Morava na rua do Bofete (Boa Vista) e já idoso fazia as vezes de vigia do Grupo da Cidao (Grupo Escolar Dr. Thomé da Frota), construído na grande reforma efetuada pela empresa.
O Grupo da Cidao acolhia os filhos dos empregados daquela indústria no ensino do curso primário, e também acolhia alunos moradores da comunidade.
Para ilustrar vou citar os nomes das três primeiras professoras: Maria do Carmo Holanda, Zélia Leite e Ivonete Fernandes.
E agora em diante me ater ao cidadão que dá título ao texto.
Peluzio cuidava da segurança e bom estado do Grupo, talvez mais que cuidasse da sala de visitas de sua casa.
Assim igual ao sujeito que cuida mais do automóvel do que da própria mulher.
O prédio do Grupo era todo avarandado em arcos e com muretas forradas com pedras de granito entre os arcos.
Lembro bem que Peluzio molhava todas as pedras em granito no intuito de que ninguém as usasse como assento após o encerramento do expediente escolar.
Implicava com a meninada que fazia do Grupo uma espécie de Shangri-Lá da diversão, exemplo: jogar bola em seus amplos corredores.
Menino, eu não tinha como entabular conversa com Peluzio na sua autoridade de vigia e idoso.
O que ouvia falar entre os adultos, é que muitos anos antes, anos trinta, Peluzio sentara praça na polícia de São Paulo, só não sei se participou da Revolução Constitucionalista de 1932.
Peluzio além de vigiar o Grupo Thomé da Frota, cuidava de um amplo terreno de propriedade da CIDAO defronte a Vila Nova na rua Trajano de Medeiros.
Desse terreno fez a sua roça, a intocável Roça do Peluzio.
Robespierre Amarante

Jogo do bicho, por Robespierre Amarante

ZÉ PIRATA
O jogo do bicho é uma indústria de fazer dinheiro, dá emprego a milhares de brasileiros que do contrário estariam à  míngua, pires nas mãos à espera das benesses dos governos populistas.
Se os bicheiros da antiga se engalfinhavam para manutenção dos pontos, os políticos também se engalfinhavam em busca de mandatos imorais e verbas, idem.
Criado pelo Barão de Drummond tem origem nobiliárquica, diferentemente de inúmeros cafajestes portadores de mandatos eletivos e protegidos por um cretino foro privilegiado.
Um poule do jogo do bicho vale mais que um cheque bancário, os famosos cheques borrachas que batem ou batiam na respectiva conta-corrente e voltavam para o depositante.
O depositante que corresse atrás do emitente!
Por tratar-se de uma atividade tolerada mas tida como contravenção, algumas pessoas ligadas ao Bicho, tinham dificuldade de enquadrar-se quando do preenchimento de um documento, ficha de cadastro, etc. 
Qual profissão?
Bicheiro? Cambista? Não há reconhecimento legal!
Anos 80, em conversa com o meu amigo Zé Pirata, bicheiro de respeito no meio, ele confessou-me de como saiu-se ao declarar sua profissão, junto ao Colégio no qual o filho era matriculado.
Seu filho, perguntou-lhe:
----- Papai, qual é a sua profissão? Lá na escola querem saber da profissão do pai de cada aluno!
Zé Pirata, pensou, pensou, e encontrou a solução para o problema profissional.
Já que não poderia dizer-se bicheiro, profissão inexistente à luz legal, matou a charada.
----- Meu filho, quando chegar no Colégio diga na secretaria que seu pai é Doutor Veterinário, trabalha com bichos.
Robespierre Amarante

Mentir nunca, por Robespierre Amarante

MENTIR, NUNCA!
Eu não sei mentir. dizer que gosto de sorvete de morango, quando gosto mesmo é de doce gelado de castanha. Não passa por minha cabeça dizer que o jazz me dá mais prazer que o bolero. Longe de mim dizer que o CRI - Clube Recreativo Iguatuense é mais charmoso que o indelével Caça & Pesca.
Jamais direi que hospedei-me no Hotel Ferroviário de Iguatu, o mais que fiz lá foi curtir um baile vesperal de carnaval. Rodei muito pela empresa Vale do Jaguaribe, mas nunca alardeie que a BR 116 tem mais charme que a Estrada do Algodão, nem pensar. Nunca escrevi em local nenhum que o meretrício de Iguatu era ladrilhado com PEDRINHAS de brilhante, ao contrário, tava mais para piçarra.
A pipoca do Juvenal sempre foi a melhor, dizer que as de micro-ondas lhe fariam frente, seria a maior mentira. uma ingratidão ao pipoqueiro de minha infância e adolescência.
A matinée dos domingos no Cine Alvorada, com a série depois do filme, nenhum Tele-Cine superou, até porque impossibilita a troca de gibis/guris, antes e depois das fitas.
Não posso nem de longe supor que os atuais Shoppings tenham alguma loja armarinho que supere o do seu Fernando Teixeira, onde eu comprava as revistas Antar, Risko e de Zorro & Tonto.
Não há frigorífico que tenha talhadores iguais a Zé Dois e Lacrau, ou que tenham a vivacidade de Lacrau como ocorreu igual narro a seguir:
UM PEQUENO, PREVIDENTE!
No antigo Mercado Público de Iguatu - Ceará, o movimento era intenso durante a manhã, no setor da CARNE. Arrefecia à tarde, quando se vendia praticamente somente vísceras, figado por exemplo, e no final do expediente havia a salga da carne restante.
Um proeminente da cidade, que era dado ao habito de não pagar as contas, num destes finais de tarde resolveu dar uma passadinha no Mercado da Carne, e foi direto ao balcão do Lacrau que estava absorto na salga de mais de vinte kg de carne.
---- Lacrau, me venda 10 kg desta carne que daqui uns três dias eu lhe pago!
Lacrau, retrucou:
---- Doutor, dá não, já estou salgando para não perder!
Robespierre Amarante

Uma nova janela em Iguatu, por Robespierre Amarante

Iguatu começou a mudar hábitos, após fincarem a torre de transmissão de microondas em Cruz de Pedras, pouco além do distrito de Alencar.
Veio então a melhora na telefonia e também a maior novidade: a captação da imagem ainda em preto e branco, da TV Ceará canal 2, emissora dos Diários Associados, da capital Fortaleza.
Em pouco tempo a televisão influenciou costumes. 
Os cinemas sentiram, o movimento na pracinha diminuiu. Enquanto no Prado, Tabuleiro, rua 12 de outubro, rua Sete de Setembro e mais outros locais, a TV comunitária atraia o povo.
O sonho de consumo passou a ser um aparelho de televisão em casa, na sala e com antena sobre o telhado, em sinal de status.
Quem conseguia, também teria que lidar com um novo tipo, o televizinho.
Afinal ninguém queria perder o Noticiário Relâmpago, as novelas Antonio Maria e Beto Rockfeller, Um Instante Maestro e a Grande Chance, dois programas comandados por Flavio Cavalcante e seu cast de jurados; Sergio Bittencourt, Mariozinho Rocha, Carlos Renato, Mister Eco, Zé Fernandes, Fernando Lobo e a exuberância feminina de Márcia de Windsor, que só dava nota 10.
No domingo, O Show sem Limite, sob o comando de J Silvestre, com suas atrações musicais e no final as perguntas do "Absolutamente Certo".
E assim, Iguatu foi mudando hábitos, os cinemas cada vez mais vazios, os rodeios na pracinha também, afora o modo de vestir, em suma uma reviravolta no comportamento.
Lembro de Juvenal, o pipoqueiro, reclamando da queda nas vendas de suas pipocas de saquinhos em cores variadas.
A turma do futebol, uma vez por semana via o jogo em vídeo-tape das partidas realizadas no Maracanã depois de passados sete dias.
Os que dormiam mais tarde, viam o Telejornal Crasa, e após, uma sessão de cinema.
Encerrava-se a programação com o slide do indiozinho tupi, sob o som de Acalanto de Dorival Caymmi.

Robespierre Amarante

Saudade, por Robespierre Amarante



Neste espaço -- Conterrâneos de Iguatu -- dizer que os pastéis do CICIM eram insuperáveis, é uma grande verdade! Sentir o gosto de um caldo de cana (garapa) forrado por um pão carteira, merenda de recreio do Grupo Escolar Carlos de Gouvea, é também uma outra grande verdade! Parar um pouco na calçada do Alvorada para curtir os cartazes em exposição, anunciando e desafiando o tempo: HOJE, AMANHÃ, BREVE é nada mais que lidar com a verdade da saudade! E a pipoca do Juvenal? Com seus saquinhos de cores -- amarela, azul, branca -- e dos quais retirávamos uma à uma, unindo indicador e polegar?
Passar na calçada do Caça & Pesca, ouvindo o som de uma tertúlia e não poder entrar, por ser menino do buchão? Comprar revistas em quadrinhos na banca ou livraria do Zé Osmar e depois de lidas, fazer a troca na calçada do cinema, e por vezes revender para ajudar na compra de um ingresso para ver um faroeste! 
THE END!

Robespierre Amarante



Obrigado pelo clik na propaganda dos patrocinadores