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Me impressiona na internet tanta gente querendo "ensinar português"


(estou começando frase com próclise como o "mulato sabido" de Oswald de Andrade). 


O que se ensina nas escolas não é "o" português. É UMA das variações possíveis: a norma culta. Norma esta, exigida na escrita, porém não encontrada totalmente na fala nem de pessoas com alta escolaridade. 

E é ela - a fala - que tem o poder, por exemplo, de gerar outras línguas. A língua portuguesa não se origina do latim clássico, encontrado nas escrituras da Roma Antiga. Nossa língua, assim como o espanhol, o francês e o italiano, tem sua origem no latim vulgar, falado pelo povo de Roma. Gente que, naquela época, certamente era chamada de burra. 

Temos, no Brasil, um exemplo de modificação da norma culta pela fala. A palavra "janta" é flexão do verbo jantar: "ela janta rápido". Seria um "erro" dizer: "a janta sai daqui a pouco". O "certo" seria "o jantar sai daqui a pouco. Porém, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (dicionário da ABL) já aceita que "janta" possa ser usado como flexão verbal ou substantivo. Sim, você pode achar feio, mas a janta pode sair daqui a pouco sem culpa. 

O que as pessoas precisam entender é que, em língua, o que torna algo certo ou errado é o uso da maioria, consagrado pela fala. Por isso, o substantivo "janta" está hoje em dicionário. Aquela palavra que você ouviu há pouco e achou esquisita e errada pode ser o certo de amanhã. 

Por fim, para quem leu até aqui, digo que quanto mais estudo descubro que não sei nada, portanto peguem leve ao querer dar uma de "sabichões".

A semântica e o contexto

[...] E qual a necessidade de chamar um gay de viado? Aliás, qual a necessidade de afirmar que o gay é gay? Você anda por aí chamado as pessoas que são heterossexuais de "hetero", sem necessidade, sem contexto?
Não conheço nenhum negro que se ofenda de ser chamado de "negão", principalmente porque quando usado entre amigos tem conotação carinhosa. Minha melhor amiga é negra e há anos que só a trato por "Nêga", se eu a chamar pelo nome ela estranha, acha que tô chateado com ela por algum motivo. Nos EUA a expressão "nigga" (de nigger) tem caráter racista se usado entre pessoas que não se conhecem, mas amigos a usam com naturalidade entre si (inclusive brancos). É uma questão de  situação.
Falando em situação, isso serve também pra chamar uma mulher de "gostosa", depende da sua intimidade com ela e da situação. Chamar uma desconhecida na rua de gostosa com os olhos arregalados e parecendo que vai agarrá-la é coisa de sujeito estúpido e grosseiro, e merece ser punido mesmo. 
E mulher nenhuma vai se ofender se você chamá-la de "bonita", se você for educado e cortês ao fazê-lo. 
Mas, se você ainda não aprendeu essas sutilezas até hoje, é melhor mesmo não falar com ninguém...
por Alan Souza

Riqueza semântica

Um político em plena campanha chegou a uma cidadezinha, subiu em um caixote e começou seu discurso:

- Compatriotas, companheiros, amigos! Nos encontramos aqui convocados, reunidos ou ajuntados para debater, tratar ou discutir um tópico, tema ou assunto, o qual é transcendente, importante ou de vida e morte. O tópico, tema ou assunto que hoje nos convoca, reúne ou ajunta, é minha postulação, aspiração ou candidatura à Prefeitura deste Município.

De repente, uma pessoa do público pergunta:

- Escute aqui, por que o senhor utiliza sempre três palavras para dizer a mesma coisa? O candidato responde :

- Veja, meu senhor, a primeira palavra é para pessoas com nível cultural muito alto, como poetas, escritores, filósofos etc. A segunda é para pessoas com um nível cultural médio como o senhor e a maioria dos que estão aqui. E a terceira palavra é para pessoas que têm um nível cultural muito baixo, pelo chão, digamos, como aquele bêbado ali jogado na esquina.

De imediato, o bêbado se levanta cambaleando e responde:

- Senhor postulante, aspirante ou candidato! (hic) O fato,circunstância ou razão de que me encontre (hic) em estado etílico, bêbado ou mamado (hic) não implica, significa, ou quer dizer que meu nível (hic) cultural seja ínfimo, baixo ou ralé mesmo (hic). E com todo o respeito, estima ou carinho que o Sr. merece (hic) pode ir agrupando, reunindo ou ajuntando (hic), seus pertences, coisas ou bagulhos (hic) e encaminhar-se, dirigir-se ou ir diretinho (hic) à leviana da sua genitora, à mundana de sua mãe biológica ou à puta que o pariu!