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Ele só podia saber, por Miruna Kayano



Há quase 4 anos essa foto foi tirada. 15 de novembro de 2013, meu pai na Polícia Federal. De lá para cá, morando em São Paulo, obviamente vi a sede da PF várias vezes, mas nunca tinha ido para lá de novo... hoje tive que ir. Eu estava mentalizando isso há tempos, desde que não consegui outro lugar para agendar o passaporte, mas mesmo assim, foi muito, muito duro. Eu cheguei lá, com a Paulinha na mão, e na hora que olhei para aquela escada eu só pensava no meu pai, nessa imagem, nele do lado de lá da grade e eu do lado de fora, na calçada. Eu fiquei muito angustiada achando que não ia conseguir nem andar, parecia que eu não podia nem respirar. Mas e a minha filha?

Estava lá comigo.
Não dava para fraquejar. Ela percebeu, claro, não teve muito jeito, mas eu fui falando com minha alma de filha-mãe, dizendo de algumas coisas que eu estava lembrando, e ela só me observava com aqueles olhinhos lindos, mas tão, tão expressivos! Encaramos a escada, encarei a portaria, subi, fiz o que tinha que fazer, mas para onde eu olhava, pensava... foi aqui o primeiro lugar do confinamento injusto do meu pai. Foi aqui que ele entrou. Foi aqui que o pesadelo começou.

Não ficamos mais de uma hora por lá, mas ainda estou, mais de 7 horas depois, com o coração apertado. Fico só aqui lembrando da injustiça, de como foi lá que tudo começou, de como tanta gente se calou diante do nosso sofrimento, de como tantos pensaram que poderia ser algo que ficasse "só com o Genoino". E fiquei ainda mais triste por ter vivido isso hoje, um dia depois da indignação com a não investigação do Golpista. Meu pai não foi gravado pedindo nem oferecendo dinheiro, não foi visto com mala, não pediu para matar ninguém. "Ele só podia saber" foi o que o condenou, e hoje meu coração sangrou de novo um pouquinho lembrando de como a vida é injusta.

Miruna Genoino - rezem por eles

Graças a médicos muito bem escolhidos por sua ideologia, e a uma mídia que chega ao ponto de se regozijar com uma pessoa doente ter de ir a um presídio, meu pai passará o seu aniversário na Papuda. Dia 3 de maio meu pai faz aniversário. Estará apenas do lado do seu companheiro José Dirceu. 

E estará com a vida em risco, graças à criminalização da política criada para calar aqueles que somente lutaram por projetos e ideias, nunca por dinheiro. 

Já não tenho coração. 
Já não tenho lágrimas. 
Já não tenho grito.
Já não tenho alma. 

E aqui estou. Porque tenho dois filhos que são pequenos demais para viver na própria pele a injustiça da vida. 

Eu só posso pedir a vocês que rezem, acho que nem pelo meu pai não, porque ele está forte e sua luz é eterna, mas rezem por essa pessoa que decide a desgraça alheia. 

Rezem pela Globo. 
Rezem pela Folha. 
Rezem pela Veja. 

Eu tenho certeza de que eles todos precisam de orações para que um dia sejam capazes de ver o que estão fazendo com um ser humano e toda sua família. 

Que eu tenha forças para continuar respirando. 

Miruna Genoino - a quem você confiaria a vida de quem ama?

Hoje meu filho Luis estava jogando futebol com o tio e de repente, tentando defender o gol, bateu as costas na parede e caiu no chão não só chorando, mas sim urrando de dor. Fui correndo ao seu encontro e o segurei no meu colo durante 5 longos minutos, quando o choro doído dizia de toda sua dor e sua angústia. Naquele momento, pensei, "E se for algo grave, a quem posso confiar essa vida que é mais preciosa que a minha?". Felizmente meu filho se curou após uma boa dose de abraço e pediu como remédio desenhar seus dinossauros com o tio querido. Mas infelizmente nem sempre quem amamos se cura de uma forma tão fácil de resolver.

Na minha mente lembro bem de momentos de preocupação com pessoas amadas... um corte do meu irmão que precisou de sutura, a queimadura de minha mãe, e depois do meu marido, que necessitaram curativos cuidadosos, e mesmo torções dos meus filhos que demandaram uma corrida rápida ao hospital. Mas não lembro de grandes preocupações com a saúde de meu pai. Lembro de quando em 1992 ele descobriu  a pressão alta e de um acidente de carro envolvendo uma vaca na pista que apesar de manchá-lo inteiro de sangue, não causou nem mesmo um arranhão.

Parece que de alguma forma a vida estava deixando que ele guardasse todas as energias e forças possíveis para o que iria enfrentar em julho de 2013, quando sua aorta começou a rasgar e durante 15 horas aguentou o que pôde até que mãos hábeis pudessem reparar o problema que quase lhe rouba a vida. Já falei de muitas formas sobre a dor que vivi quando a vida de meu pai esteve por um fio, e também sei e já escutei muita gente compartilhando comigo sobre o desespero e a angústia que é ter algum familiar entre a vida e a morte, ainda que, acredito eu, poucas destas pessoas depois tenham tido que conviver com a desconfiança alimentada publicamente, sobre a veracidade à respeito daquilo que quase tirou a sua alma. Talvez essas pessoas entendam a minha dor, a dor de minha família... porque nesses momentos onde um familiar está entre a vida e a morte não sabemos o que pensar, como esperar, para quem rezar, e por isso do jeito que dá, pedimos, clamamos, oramos, damos tudo o que temos dentro para tentar de alguma maneira superar aquele momento.

O que mais me dói é que meu pai superou uma situação médica dramática mas isso não foi suficiente para termos tranquilidade. Seu corpo foi guerreiro, foi vencedor e superou as estatísticas, os 10% de chances que o ligavam à vida, o micro-avc, a necessidade de vencer a internação hospitalar, mas ele nunca poderá respirar como antes daquele 24 de julho. Porque para sempre terá que estar atento à sua condição de hipertenso, de apresentar um alto risco cardiovascular, com a necessidade constante de controle que impeça de todas as formas que a diseccção volte a acontecer. Porque ela pode voltar a acontecer. E nosso coração sofre porque sabemos que ele pode não ter a mesma sorte, força, socorro de antes, e não vencer essa situação.

Diante do cenário, em quem confiar? Confio em minha mãe, sempre tão atenta aos cuidados alimentares de meu pai. Confio nos médicos que o acompanham, que pedem os exames necessários, decidem a medicação e nos indicam o caminho a seguir quando algo não acontece como o planejado. E confio na vida, que já mostrou por várias vezes que apesar do caminho tortuoso, de alguma forma quer que meu pai esteja por aqui por um bom tempo.

Mas, o que fazer, ou sentir, quando a vida de quem você ama, no caso, a vida de meu pai, pode ser colocada em risco a depender de uma decisão judicial? Simplesmente pedir. Pedir que para além de resultados de julgamentos, disputas políticas, acordos, trâmites e execuções, lembrem-se de que há uma vida. Uma vida que não representa apenas o político José Genoino, com seus apoiadores e detratores, como todo político, mas uma vida da qual dependem muitas outras. Nas mãos de uma decisão judicial está a vida do ex-deputado e ex-presidente do PT, mas está também a vida de um marido, um pai, um avô, um amigo, um tio, um filho, um homem, que tem sua saúde colocada em risco toda vez em que deixa-se de lado o humano e se coloca em discussão apenas o jurídico e o político.

No dia 19 de fevereiro de 2014 terminam os 90 dias concedidos a meu pai para que ele cumpra sua pena em prisão domiciliar. Eu aqui, de peito aberto, peço que o futuro da vida de José Genoino seja decidido com a razão, e não com a desconfiança. Com a verdade e não com a manipulação. Com a lógica e não com o risco. Com a verdade que todos sabem que existe: ele é uma pessoa que precisa de cuidados que nenhum presídio pode oferecer, e nas linhas de uma decisão judicial estão em jogo não apenas questões jurídicas, mas principalmente o respeito e o cuidado com com os altos riscos envolvidos na vida do homem José Genoino.

Vida essa que, espero eu, seja zelada como merece.

Assim

A vida como ela é.
Miruna, o sobrenome Genoino, se impõe.
A liberdade é o bem maior.
A questão...
Deixar o Pai sem voz?
...

Miruna Genoino não se vê "candidata a deputada federal"

Nós vemos!

por Conceição Lemes

José Genoino, ex-presidente Nacional do PT, e Rioco, sua companheira de 40 anos de vida, amor e luta política, têm dois filhos: Miruna, 33 anos,e Ronan, 30. Genoino tem mais uma filha: Mariana, 29 anos.
Eles sempre foram muito reservados, embora atuantes politicamente. Porém, a condenação de Genoino pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na Ação Penal 470, o chamado mensalão, fez com que Miruna se tornasse símbolo da luta pela justiça e resgate da história do pai.
É antológica a sua carta de 9 de outubro de 2012 ao povo brasileiro, lida pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), na tribuna do Senado. Vale a pena ser ouvida.
Foi o ponto de partida. Não parou mais. Tornou-se, na prática, a porta-voz da família. Tanto nos momentos de grande dor. O  mais dramático certamente foi quando  Genoino quase morreu devido à dissecção da aorta, em julho de 2013. Quanto nos momentos de alegria, como na semana que passou. A campanha de doações para pagar a multa de R$ 667,5 imposta pelo STF a Genoino  alcançou a meta.
Formada em Pedagogia, Miruna é professora de ensino fundamental em São Paulo. Tem dois filhos, de 7 e 5 anos. Segue a entrevista exclusiva que concedeu ao Viomundo, no final da noite desse domingo, 19 de janeiro.
 Viomundo – Quanto exatamente foi arrecadado?
Miruna Genoino -- Ainda não temos o valor exato final, estamos fazendo toda a contabilidade deste fechamento, mas já sabemos que conseguimos arrecadar o valor necessário para o pagamento da multa. Assim que concluirmos, a família divulgará os valores exatos.
Viomundo — Em algum momento, você temeu que não se atingisse a meta?
Miruna Genoino — Sinceramente, não sei te dizer, porque eu estava tão sobrecarregada com toda a parte prática da campanha, com a criação do site, que eu mesma fiz, e com os emails, cadastro dos doadores, etc, que quase não me sobrava tempo para pensar e temer algo.
Aprendi com este processo que não adianta tentar pensar e antecipar nada, porque tudo é sofrido. E, sofrer por antecipação, não vai ajudar em nada… Nem sempre consegui isso, mas vi com essa campanha que foi importante ter mentalizado a ação e não a antecipação dos possíveis resultados.
Viomundo — Qual o momento que mais te emocionou nessa campanha?
Miruna Genoino — Quando comecei a ler os primeiros e-mails com os primeiros doadores. Eu estava no meio de tanta informação, pressão, incerteza, e, de repente, começaram a chegar mensagens de pessoas doando 20, 50, 100 reais, com toda a alegria, escrevendo palavras de força e de luta, pessoas que eu não conhecia pessoalmente e que, ainda assim, se dispuseram a ter toda a dedicação para nossa campanha… Muito bonito mesmo…
Viomundo — Você poderia mencionar alguns doadores?
Miruna Genoino — Não posso por questão de ética. Não falamos em nenhum momento em divulgação dos nomes. Assim, não seria justo falar de quem doou sem a autorização das pessoas envolvidas.
Viomundo — Desde o início da denúncia do mensalão, nunca Genoino teve uma manifestação tão inequívoca de apoio. Como você  interpreta este momento?
Miruna Genoino — Dentro desse momento muito difícil que estamos vivendo, um momento marcado por separação — eu, meus filhos e marido e meu irmão moramos em São Paulo, e meus pais estão em Brasília –, um momento marcado por incerteza — temos muito medo do que acontecerá quando terminarem os 90 dias de prisão domiciliar –,  pudemos ter a alegria e a emoção de conhecer o tamanho da nossa luta por justiça.
Como estamos totalmente imersos nesta situação, é difícil saber quem está conosco além daqueles que nos conhecem diretamente…
Mas, com essa campanha, pudemos ver materializado o apoio, a ajuda, a crença de tantas pessoas que sabem que meu pai é inocente. Não tenho dúvidas de que esta manifestação marca um antes e um depois no processo do meu pai. Mostra que não somos só nós que estamos indignados com as injustiças, tem muita gente que está conosco e que não duvidou em mostrar explicitamente seu apoio.
Viomundo — Vocês já já sabem o que farão o dinheiro que ultrapassar a multa?
Miruna Genoino -- Estamos já conversando sobre isso e vamos em breve comunicar nossa decisão.
Viomundo — A conta aberta na Caixa Econômica para a campanha será fechada?
Miruna Genoino – Sim.
Viomundo — E o site, vocês pretendem mantê-lo no ar para terem um canal direto com a sociedade?
Miruna Genoino — Ainda não pensamos sobre isso… uma resolução de cada vez…
Viomundo — Poucos políticos sobreviveriam a uma campanha tão brutal como a que sofreu seu pai. Genoino sai maior deste episódio? E a família?
Miruna Genoino –Poucos seres humanos conseguem fazer o que meu pai fez. Acho que é muito importante destacar a matéria feita pelo jornal O povo sobre o Encantado, no Ceará, onde meu pai nasceu e onde até hoje vivem seus pais, meus avós.
Lá nasceu a origem da sua luta, e tudo o que ele sonhou sempre foi muito difícil de conseguir… desde ir à escola, tendo de andar 14 quilômetros sem sapato, até ir a uma cidade grande, depois conhecer a luta política e se dedicar a ela de corpo e alma.
É por isso que meu pai sobreviveu a tudo isso que está acontecendo agora, porque sabe que conseguir coisas grandes, como justiça social, liberdade e mesmo reconhecimento da inocência, é difícil, demora… Mas só se consegue com perseverança e tendo clareza de que não existem dúvidas quando o objetivo é claro… Por isso, ele aguentou.
E hoje, depois desta campanha, não sei se ele sai maior, porque eu como filha sempre o vejo enorme, enorme demais, em todos os sentidos, mas ao menos ele sai muito mais forte, porque está enfrentando este processo não apenas com a nossa ajuda, mas com a força de mais de 2 mil pessoas que disseram bem firme com seu gesto: Genoino não merece passar por isso e vai vencer isso conosco.
Nós, da família nos sentimos muito agradecidos de podermos vivenciar um momento como esse, que nos ajuda, sem dúvida, a continuar nossa luta pela inocência de José Genoino.
Viomundo — Qual o futuro do ex-presidente nacional do PT?
Miruna Genoino — Infelizmente não podemos saber. Por enquanto, o futuro de sua saúde está nas mãos do STF. Espero que sejam consequentes com isso, especialmente com uma pessoa que há menos de 6 meses teve apenas 10% de chances de sobreviver. Se ele venceu na mesa de cirurgia, não podem obrigá-lo a perder a vida dentro de uma prisão…
Viomundo — Os nossos leitores têm perguntado se será candidata a deputada federal nas eleições deste ano. Muitos já disseram que votarão em você, se se candidatar a uma vaga na Câmara dos Deputados. Você será candidata?

Miruna Genoino — Estou hoje retribuindo o que meu pai fez por mim um dia… Quando minha mãe não conseguiu cuidar de mim, pois se recuperava de feridas profundas sofridas na ditadura, meu pai não titubeou e assumiu tudo o que era preciso para cuidar de um bebê ainda muito pequeno. Eu hoje apenas estou retribuindo o que ele fez por mim, cuidando sem titubear de coisas que ele agora não pode cuidar sozinho por conta das injustiças… mas não serei candidata a deputada federal. 
Considero esse incentivo de alguns militantes como uma forma de apoiar meu pai, já que ele não pode mais ser candidato… Conversei com ele hoje [domingo 19] o quanto pensar em mim como candidata é uma forma de aliviar a grande angústia daqueles que gostariam de poder votar no meu pai. Mas não é esse o caminho que pretendo trilhar para mim. Estou agora aparecendo, para o bem e para o mal, porque estou nessa luta incansável pelo meu pai, por tudo aquilo que ele lutou, mas não me vejo de forma alguma como candidata à câmara dos deputados.

Miruna Genoino - Eu não fui para a Europa com o dinheiro público

Sim, alugamos uma casa em Brasília. 
Por quê? 
Porque meu pai está em prisão domiciliar FORA DE SEU DOMICÍLIO. 
Esse aluguel está sendo pago com muito sacrifício, entre eles, eu, meu marido e dois filhos nos mudarmos para a casa dos meus pais para podermos ajustar nossa vida financeira graças a essa injustiça que está acontecendo. 
Agora, eu não fui para a Europa com o dinheiro público, como o presidente do STF. Não. 
E ainda assim, o escândalo que a mídia quer criar é ESTARMOS PAGANDO PARA MEU PAI CUMPRIR PRISÃO DOMICILIAR FORA DE SEU DOMICÍLIO. 
Francamente…
E-mail enviado ao Conversa Afiada

Militantes já arrecadaram mais de R$ 200 mil em contribuição a Genoino

 
Companheir@s
 
Como diz a filha de Genoino, Miruna Genoino, "que fique bem claro que não estamos reconhecendo nenhum fundamento de justiça na multa. Mas não ficaremos parados quando se busca humilhar um homem da estatura moral e política de Genoino."
 
Para contribuir, clique aqui: http://ow.ly/szn1l
Compartilhe também com sua amigos, vamos todos contribuir e continuar lutando!
 
Um abraço,
 

247 Entrevista Miruna Genoino

Gisele Federicce 247 - O constrangimento financeiro imposto pela Justiça ao ex-deputado José Genoino não se limita à multa de R$ 667,5 mil, que deverá ser paga com recursos obtidos junto a militantes do Partido dos Trabalhadores. Hoje, Genoino também está sendo forçado a pagar aluguel, porque foi impedido por Joaquim Barbosa de cumprir prisão domiciliar em seu domicílio, numa das decisões mais surreais da história do Judiciário brasileiro.
Como não pôde regressar a São Paulo, onde reside numa moradia simples, no Butantã, Genoino hoje paga aluguel para cumprir sua "prisão domiciliar" fora de casa, em Brasília. A revelação foi feita por Miruna Genoino, em entrevista ao 247. Leia abaixo: 

247 - Como tem sido a rotina do seu pai, você tem passado bastante tempo com ele desde que foi preso?

Miruna Genoino - Não podemos falar em rotina, já que meu pai está cumprindo uma prisão DOMICILIAR fora de seu domicílio, com todas as complicações que tal tipo de situação acarreta. Por isso eu mesma não tenho estado bastante tempo com ele pois moro em São Paulo, trabalho lá, e com isso minha disponibilidade acaba ficando bastante limitada. Atualmente tenho estado mais próxima pois estou de férias, mas as mesmas já estão encerrando-se.
247 - Onde ele cumpre prisão domiciliar neste momento?
Miruna - Em uma casa alugada. É um absurdo, meu pai está pagando para cumprir prisão domiciliar.
247 - Soube que você o acompanha em alguns exames. São a pedido do médico dele?
Miruna - Sim, e porque ele teria que ter retornado a São Paulo dia 07/'01 para uma consulta com o Dr. Kalil para reavaliar sua recuperação, mas como esse pedido foi negado pelo presidente do STF, tivemos que repensar a estrutura de apoio médico, aqui em Brasília.
247 - E como está o estado de espírito dele nesse momento? Como ele reagiu à decisão sobre a multa?
Miruna - O estado de espírito do meu pai é de muita indignação e revolta, mas também de determinação de não se curvar perante às injustiças. Não podemos falar muito mais sobre isso, nem sobre a reação dele, inclusive porque meu pai está proibido de emitir uma opinião pública e não sabemos se comentar sobre sua reação pode ser interpretado como um incumprimento a esta determinação absurda.
247 - Você disse não concordar com a tese, defendida pelo 247, de que o pagamento da multa é uma forma de recuar juridica e politicamente. Por quê?
Miruna - Porque meu pai está preso não porque recuou e aceitou a pena, mas sim porque se vê obrigado a aceitá-la por determinação judicial. Com a multa acontece a mesma situação, não vamos lutar por arrecadar o necessário para o pagamento porque desistimos de lutar, muito menos porque ele é culpado, muito pelo contrário

Miruna Genoino - vão tomar nossa casa?

Reproduzimos texto e foto de Miruna Genoino publicado na Time line de Débora Cruz no Facebook


Tenho certeza de que todos aqui sabem perfeitamente que eu e minha família não temos como pagar 468 mil reais. 

A duras, duríssimas penas, estou pagando parcelado um apartamento que vale muito menos do que isso. 

Meus pais moram onde moram, como muitos de vocês também sabem. O carro que meu pai tinha, um logan de 2008, foi vendido para podermos ajustar nossas finanças depois da prisão. 

O que vão fazer conosco? Vão tomar a nossa casa? 


Desabafo de Miruna Genoino, sobre a decisão de José Genoino pagar 468 mil reais à Justiça


Lula manchou a própria biografia

Você tem que fazer muita maldade para que alguém beba quando você morrer. Você tem que despertar muito ódio.
Margaret Thatcher, por exemplo.
Fui a Trafalgar Square, no centro de Londres, cobrir, como jornalista, a festa que fizeram quando ela morreu.
Fazia mais de vinte anos que ela deixara Downing Street, a sede do governo britânico, e ainda assim Thatcher era lembrada com uma raiva que fazia você pensar que ela ainda era primeira ministra.
Me lembro claramente da imagem de um um velho sindicalista que abriu uma garrafa de uísque e disse, antes de tomar a primeira dose: “Esperei vinte anos por esse momento.”
Thatcher massacrou os sindicalistas, e acabou promovendo uma brutal concentração de renda no Reino Unido, uma coisa comparável à era vitoriana, tão bem retratada nos miseráveis de Dickens.
Em minha vida adulta, vi no Brasil apenas um personagem capaz de provocar um sentimento tão ruim.
É ele, Joaquim Barbosa.
Nunca houve alguém tão antibrasileiro quanto Joaquim Barbosa: mesquinho, vingativo, cruel, recalcado.
O que ele está fazendo com Genoino e família tem um nome: terrorismo. Terrorismo moral, terrorismo sádico.
Qual o sentido em deixá-los em suspenso às vésperas do Natal, uma época de concórdia, sem saber se Genoino será devolvido ou não à cadeia?
É vingança. A mesma coisa que levou Barbosa a tentar demitir do STF a mulher do jornalista que revelou que ele gastou 90 000 reais do dinheiro público para reformar os banheiros de seu apartamento funcional.
Barbosa debitou, na conta de Genoino, as críticas que recebeu, na semana passada, de petistas reunidos em um congresso.
Bandeira de Mello, o jurista, disse que, se fosse o PT, tentaria o impeachment de Joaquim Barbosa.
Digo também: se eu fosse o PT, faria o mesmo.
Joaquim Barbosa está ajudando a construir um país da discórdia. Ele não une: é um desagregador.
Como Lula não percebeu os seus imensos defeitos ao escolhê-lo?
A biografia de Lula estará sempre manchada por haver indicado para a mais alta corte do país uma pessoa tão má quanto Barbosa.
Não há desculpa para este erro monumental de Lula.
Os brasileiros estão tendo agora que arcar com a infeliz, negligente, descuidada indicação de Lula.
Entre os brasileiros, ninguém está enfrentando mais as consequências disso que Genoino e família.
Miruna, a filha mais velha de Genoino, uma guerreira na defesa do pai, mais uma vez ergueu sua voz diante do terrorismo barbosiano.
Ela está desesperada. Ela não finge, ela não mente: é uma filha que está vendo o pai ser massacrado impiedosamente – e injustamente.
Ninguém vai fazer nada? Esta a pergunta central, doída de Miruna.
Pelo visto, a resposta é não.
A prioridade do PT é a campanha de Dilma, e Genoino está no fim da fila. Uma palavra aqui, outra ali, e não mais que isso.
Mas o futuro haverá de trazer uma resposta para a questão de Miruna.
Muitos brasileiros, e não necessariamente apenas petistas, haverão de fazer exatamente o que o sindicalista inglês fez quando recebeu a notícia da morte de Thatcher.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

José Genoino: se esse é o preço que tem que pagar para que o projeto do governo Lula e Dilma funcione, eu pago

Miruna Kayano Genoino se lembra com detalhes da tarde em que seu pai reuniu a família e comunicou: "Lula pediu para eu ser presidente do PT e vou fazer isso porque esse projeto precisa funcionar". O ano era 2002 e Luiz Inácio Lula da Silva tinha sido eleito presidente da República.

Filha do deputado federal licenciado José Genoino, a professora de 32 anos diz que o pai não tem arrependimentos. O petista foi condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha no mensalão e, segundo Miruna, acredita que, "se esse é o preço que tem que pagar para que o projeto do governo Lula e Dilma funcione, ele paga".

Genoino foi preso em 15 de novembro e levado ao Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, para cumprir pena em regime semiaberto. Após uma semana, teve uma crise de pressão alta, foi levado ao hospital e de lá seguiu para a casa da filha Mariana, onde espera o Supremo Tribunal Federal analisar seu pedido de prisão domiciliar.

"Meu pai não tem esperanças de que isso aconteça", disse Miruna à Folha. Leia a seguir trechos da entrevista.

Pai e filho prestam serviços a Globo

A decretação da prisão dos réus condenados no Mentirão foi uma decisão monocrática do capitão-do-mato joaquim barbosa.
Nenhuma outra pessoa participou da decisão.
Dependeu unica e exclusivamente do jb, verdade?...
Não.
Ele é um empregadinho da Globo, portanto foi ela que determinou o rito, dia, hora e minuto.
Para provar isso, basta constatar que antes da PF receber a documentação expedida pelo moleque de recado, os profissionais da empresa já estavam sabendo e ficaram na espreita com o circo montado. Imaginaram que fariam um grande espetáculo. Quebraram a cara.
Dirceu e Genoino se entregaram e melaram a trama.
É, as imagens que eles sonharam publicar e mostrar ao vivo no Jornal Nacional, não deu.
Quanto a nossa resposta?...
Daremos nas urnas.
Para começar, que o PT priorize em São Paulo a candidatura de Miruna Genoino a Câmara Federal.
Vamos elege-la com votação espetacular.
Melhor homenagem a José Genoino não há.


Miruna Genoino: com amor e carinho

Em uma semana muito, muito difícil, onde achei que realmente não conseguiria manter a serenidade e a calma, recorri à minha única forma de aguentar, escrever.

Gostaria muito que lessem esse meu texto e o repassassem aos que tiverem as almas e os corações abertos ao acolhimento.

Muito obrigada…
Se amanhã sentires saudades, lembra-te da fantasia e sonha com tua próxima vitória. Vitória que todas as armas do mundo
jamais conseguirão obter, porque é uma vitória que surge da paz
e não do ressentimento.

Charles Chaplin 


Essa foi uma entre as muitas mensagens tocantes e emocionantes que eu e minha família recebemos em apoio à injustiça que está sendo cometida contra o meu pai. Tentei durante algum tempo responder a tudo o que foi chegando, mas realmente foi impossível… é por isso que gostaria profundamente de agradecer todos os gestos de apoio e carinho recebidos no último mês, de pessoas conhecidas e desconhecidas, que encontraram as mais diversas formas de mostrar que estão ao nosso lado.

Quando escrevi minha carta sobre a condenação de meu pai jamais imaginei que minhas palavras chegariam a tanta gente, de tantas formas diferentes, pois, contrariamente ao que alguns publicaram, aquela não era uma carta aberta ao Brasil, mas sim um texto desabafo dirigido aos amigos, familiares e conhecidos, mas que no fim acabou percorrendo os mais inimagináveis caminhos. Eu realmente agradeço a você que leu e compartilhou minhas palavras, a você que respondeu, mesmo sem saber se eu leria aquelas mensagens, a você que não teve vergonha – nem medo – de publicar aos seus conhecidos o outro lado de toda esta história.

Gostaria de dizer que ao longo do último mês recebemos as mais variadas formas de solidariedade. Visitas à nossa casa foram muitas, de Walmor Chagas, Nelson Jobim, Aloízio Mercadante, Antônio Nóbrega e Marcelo Deda, a tias, amigas, primas e conhecidas – minhas, de meus pais, de meus irmãos, de nossos amigos. Mensagens, inúmeras, de Leonardo Boff, João Moreira Salles e Luis Nassif a amigos de infância, amigos de antes, amigos de ontem, amigos de hoje. Ligações, infinitas, de Marilena Chauí, Jaques Wagner, Abílio Diniz, do presidente do senado, da governadora do Maranhão, de deputados dos mais diversos partidos, a maridos, cunhados, namorados, amigos de amigos, de amigos de outros amigos, de todos nós. Apoios, fiéis, de líderes do PT, do PMDB, de Lula, Rui Falcão e de Dilma, ao apoio de parceiras, companheiros e colegas de trabalho, de bordado, de vida. Neste tempo todo sentimos muitas coisas, das mais diversas, mas se há algo que nós não sentimos, foi solidão e abandono. Se hoje nos mantemos de alguma forma firmes, é por saber que a corrente que nos apóia é maior que toda e qualquer justiça injusta que hoje tenta calar a voz daquele que nunca teve medo de ser ouvido.

Neste momento tão difícil, quando recebemos totalmente por surpresa a dosimetria da condenação de meu pai, 6 anos e 11 meses de cadeia, mais uma multa de um valor que estamos muito longe de possuir, também quero de todo coração, agradecer a você que teve a coragem de enfrentar os comentários contrários, as opiniões maldosas, os artigos mal intencionados, as notas futriqueiras, as informações equivocadas, profanadas das mais diversas formas, nos mais diversos meios. Fosse por meio de supostas respostas à mim, fosse por meio de comentários no facebook, sei que muito provavelmente você leu muita coisa ofensiva à respeito de meu pai e de nossa família e em muitos casos sei que teve a garra de se indignar, de discutir, de mostrar sua opinião e principalmente, de deixar clara a solidariedade em relação ao que estamos vivendo.

Como devem imaginar, para mim é sempre muito duro quando vejo essas manifestações agressivas, principalmente por estarem carregadas de falta de informação e de discursos bastante marcados não por fatos e evidências, já que não existe nada que prove a culpa de meu pai, mas sim por “achismos” e especulações alimentadas sabemos bem por quais fontes. Mas justamente por isso gostaria de compartilhar com vocês, para que quem sabe um dia vocês também compartilhem com estas pessoas, o que desejo a todos os que hoje parecem estar bastante satisfeitos com estes 6 anos e 11 meses que injustamente foram colocados em cima de meu pai.

Desejo aos que dizem que meu pai merece ser condenado, que um dia indaguem um pouco além das manchetes e das frases de efeito, e tentem mesmo encontrar uma prova que indique que José Genoino é culpado.  E aos que usam teorias do direito para justificar sua falta de razão em condenar, desejo que leiam o que o próprio autor da teoria declarou, mostrando que sim, para condenar é preciso que existam provas, pois meros indícios nunca poderão ser suficientes para privar alguém de sua liberdade.

E desejo aos que têm por profissão tentar tornar impossível que um cidadão exerça um direito constitucional, o de votar, que em algum momento de suas vidas possam me dizer se foram mesmo capazes de dar risada deste seu humor maligno que parecem tanto acreditar, e aos que buscam, com esta mesma profissão, incentivar o ódio e a reação das pessoas contra meu pai, que um dia estejam em um supermercado de bairro, na porta de uma loja, na entrada de uma padaria e presenciem os comentários carinhosos e emocionados que toda nossa família teve o orgulho de muitas vezes presenciar.

Por fim, desejo com todo sentimento possível e verdadeiro, que as pessoas um dia entendam que por trás da notícia, do fato, da chamada do jornal, da atualização de status ou de um tweet, existem muitas famílias que estão não apenas aqui, agora, vivendo a onda midiática do momento, mas sim que estão há 7 anos sofrendo junto aos seus pais, maridos, tios, irmãos, sogros, cunhados, amigos, a dor da injustiça e a angústia do futuro pleno que nunca chega.

Uma vez mais, a você que nos conhece diretamente e que não nos conhece, gostaria de agradecer a força, o carinho e a atitude de estar ao nosso lado. Cada linha, cada agulha, cada caixa, cada bolo. Cada flor, cada oração, cada livro, cada frase. Cada olhar, cada aperto de mão, cada lágrima, cada riso, cada mensagem espiritual, cada abraço. Meu pai, José Genoino, está de cabeça erguida, preparado como sempre para a luta. Se antes ele já tinha muitos motivos para ir até o fim em sua batalha por justiça, agora encontrou mais motivos ainda para seguir em frente com enorme dignidade: honrar e agradecer a cada pessoa que em meio a tanta mentira, soube encontrar e reconhecer o caminho da verdade.
Contem com nossa eterna gratidão.

Com amor e carinho,