Você tem que fazer muita maldade para que alguém beba quando você morrer. Você tem que despertar muito ódio.
Margaret Thatcher, por exemplo.
Fui a Trafalgar Square, no centro de Londres, cobrir, como jornalista, a festa que fizeram quando ela morreu.
Fazia mais de vinte anos que ela deixara Downing Street, a sede do governo britânico, e ainda assim Thatcher era lembrada com uma raiva que fazia você pensar que ela ainda era primeira ministra.
Me lembro claramente da imagem de um um velho sindicalista que abriu uma garrafa de uísque e disse, antes de tomar a primeira dose: “Esperei vinte anos por esse momento.”
Thatcher massacrou os sindicalistas, e acabou promovendo uma brutal concentração de renda no Reino Unido, uma coisa comparável à era vitoriana, tão bem retratada nos miseráveis de Dickens.
Em minha vida adulta, vi no Brasil apenas um personagem capaz de provocar um sentimento tão ruim.
É ele, Joaquim Barbosa.
Nunca houve alguém tão antibrasileiro quanto Joaquim Barbosa: mesquinho, vingativo, cruel, recalcado.
O que ele está fazendo com Genoino e família tem um nome: terrorismo. Terrorismo moral, terrorismo sádico.
Qual o sentido em deixá-los em suspenso às vésperas do Natal, uma época de concórdia, sem saber se Genoino será devolvido ou não à cadeia?
É vingança. A mesma coisa que levou Barbosa a tentar demitir do STF a mulher do jornalista que revelou que ele gastou 90 000 reais do dinheiro público para reformar os banheiros de seu apartamento funcional.
Barbosa debitou, na conta de Genoino, as críticas que recebeu, na semana passada, de petistas reunidos em um congresso.
Bandeira de Mello, o jurista, disse que, se fosse o PT, tentaria o impeachment de Joaquim Barbosa.
Digo também: se eu fosse o PT, faria o mesmo.
Joaquim Barbosa está ajudando a construir um país da discórdia. Ele não une: é um desagregador.
Como Lula não percebeu os seus imensos defeitos ao escolhê-lo?
A biografia de Lula estará sempre manchada por haver indicado para a mais alta corte do país uma pessoa tão má quanto Barbosa.
Não há desculpa para este erro monumental de Lula.
Os brasileiros estão tendo agora que arcar com a infeliz, negligente, descuidada indicação de Lula.
Entre os brasileiros, ninguém está enfrentando mais as consequências disso que Genoino e família.
Miruna, a filha mais velha de Genoino, uma guerreira na defesa do pai, mais uma vez ergueu sua voz diante do terrorismo barbosiano.
Ela está desesperada. Ela não finge, ela não mente: é uma filha que está vendo o pai ser massacrado impiedosamente – e injustamente.
Ninguém vai fazer nada? Esta a pergunta central, doída de Miruna.
Pelo visto, a resposta é não.
A prioridade do PT é a campanha de Dilma, e Genoino está no fim da fila. Uma palavra aqui, outra ali, e não mais que isso.
Mas o futuro haverá de trazer uma resposta para a questão de Miruna.
Muitos brasileiros, e não necessariamente apenas petistas, haverão de fazer exatamente o que o sindicalista inglês fez quando recebeu a notícia da morte de Thatcher.
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