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Por que invadir a intimidade do outro nos fascina tanto?

Por que tanta voracidade para invadir a vida alheia?

Não é novo o desejo de bisbilhotar a vida alheia, mas a pós-modernidade deu ferramentas incríveis para isso acontecer. 
O anonimato digital fez com que as pessoas pudessem devanear sobre a vida das celebridades e dos anônimos próximos com mais agilidade, diminuindo o sentimento de culpa (ou de ser flagrado).
Estranhamente, o momento mais sagrado, no qual raramente você será invadido é quando vai defecar. Parece haver um consenso universal que toda a pessoa tem o direito de se resguardar de qualquer intromissão na hora que senta no vaso e se despede dos seus excessos. 
Um outro cenário, menos escatológico, é o quarto do sexo. 
Exatamente por sabermos que essas situações são praticamente invioláveis, queremos invadir essas peculiaridades do comportamento e da mente. Somos capazes de pagar para adentrar essas regiões invioláveis. 
A intimidade é esse espaço onde existe a verdade oculta de uma pessoa, aquela dimensão quase intocada, que promete revelar se ela é única em sua excelência ou tão vil quanto todos os outros. 
Ao olhar pelo buraco da fechadura, há a quase certeza de se surpreender com algum podre que poderá chocar moralmente e, ao mesmo tempo, aliviar o próprio lado obscuro. 


Pro bem ou pro mal, você sabe tudo o que faz na sua intimidade, mas será que o outro faz o mesmo?
Há quem fique só com a primeira parte, se detendo em criticar o quão hipócrita, falsa ou perversa é a outra pessoa desmascarada. Nessa hora, projetamos nossa vergonha pessoal sobre o outro e vemos queimar na fogueira o nosso próprio constrangimento. 
Aquela sensação de que somos uma fraude vem à tona por meio do outro ao ter os seus segredos revelados e isso diminui o próprio medo de ser flagrado. A farsa dele caiu, a nossa (ufa!) continua.
Além de tudo isso, invadir a privacidade de uma pessoa parece nos dar uma sensação de controle, como se eu tivesse tomado a senha da mente dela e conseguido olhar o que só pertencia a ela, como se agora detivéssemos algum poder de barganha, quase que um convite para uma chantagem. 
Invadir a privacidade, nesse sentido, é um atestado de nossa fragilidade, de como nos sentimos pequenos à ponto de precisar constranger o outro para obter o que desejamos. Não é à toa que esse é um dos primeiros passos de todo ciumento.
A verdade é que, numa sociedade na qual se cultiva a inveja, olhar e ser olhado são faces da mesma moeda. 
Quem olha quer ser olhado, quem inveja quer ser invejado. O mecanismo que opera dentro dessa lógica é o da comparação. 
Ao olhar o outro e especular o que se passa na sua intimidade queremos espelhar o mito (para parecer tão importante quanto ele) e derrubá-lo para nos sentir pisando no mesmo chão que a Gisele Bündchen, o Bill Gates, a Gabriela Pugliese ou qualquer figura que teimamos não achar humana por ter mais beleza, dinheiro, fama ou poder que nós. 
Não pense que isso só é válido para celebridades. Vale também para vizinhos, parceiros sexuais e afetivos, amigos e parentes. 
Estranhamente, a intimidade que queremos ver estampada em vazamentos é a mesma que nos amedronta. 
Quando estamos no nosso cotidiano, naquele sábado à tarde, decidindo o que faremos do fim de semana, podemos ficar paralisados, achando que nossa rota está mais sem graça que a do vizinho. Essa identidade acha que a nossa intimidade é sempre menos brilhante do que daquele que admiramos. Não importa quanta agitação, riqueza, beleza ou poder coloquemos na nossa vida, se nos posicionamos dessa forma, o tédio virá nos ameaçar.
O fascínio pela intimidade alheia é um jeito de se distanciar dos próprios medos, tristezas, fracassos, fragilidades. Ao mergulhar na vida dos outros, nos afastamos morbidamente da nossa. 
Amargo, mas confortável, pois há quem não precise de muito e há quem não consiga mais do que isso.
O desejo voraz pela intimidade alheia é uma tentativa de apaziguar a nossa condição humana comum, falha e cheia de teatros e incoerências.
Autor: Frederico Mattos

Selfies íntimas

O novo vazamento de fotos íntimas de celebridades traz uma reflexão que, para mim, é absurda. A única maneira de você escapar desse constrangimento, segundo tal reflexão, é não fazendo fotos íntimas.

Ora, é como dizer que você só conseguirá escapar de uma doença venérea se não fizer sexo. Ou, para mudar de tema, só não vai levar um tombo de bicicleta se não andar de bicicleta. No extremo, você não anda de avião para não morrer em um acidente de avião.




Ninguém vai deixar de fazer fotos íntimas por causa do risco de vazarem. Este é um fato da vida. Pelo seguinte: as mulheres que fazem selfies eróticas têm predisposição para correr riscos.

A possibilidade de que as imagens se tornem públicas talvez tenha até um fator de ampliação erótica. O exibicionismo é uma força poderosa no sexo. O ser humano joga, instintivamente, com probabilidades ao fazer certas coisas.

As chances estatísticas de vazar uma selfie íntima são pequenas. Quem quer fazer pode não conhecer estatística, mas sabe disso, mesmo que inconscientemente. Por oposição, as mulheres mais pudicas não farão fotos atrevidas em nenhuma circunstância. Não se deterão pelo risco de vazamento, mas por uma visão mais conservadora da vida e do sexo.




Por tudo isso, os danos psicológicos para vazamentos tendem a ser limitados, a não ser em circunstâncias excepcionais. Há, é claro, um sentimento de invasão de privacidade. Mas você não vai ser marginalizado: a tribo das selfies eróticas não estigmatiza ninguém cujas imagens vazem.

Fora isso, a mulher escolhe cuidadosamente a selfie que vai enviar. Faz várias, numa mesma situação, e escolhe aquela em que está perfeita. Sem celulite, sem rugas.

Nisso, estas fotos se distinguem inteiramente das dos paparazzi. O que mais incomoda uma mulher numa foto é achar que está feia, e isto é uma impossibilidade para quem faz uma selfie ao ser amado.

por Fabio Hernandez- um escritor barato e cubano, diz ele