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Política

QUANDO A OPOSIÇÃO É FRÁGIL, AMIGOS POLÍTICOS PODEM VIRAR INIMIGOS!

1. O alemão Carl Schmitt (1888-1985), ao invés de aceitar a versão “conservadora” de que a vida política persegue o "bem comum" dos cidadãos, uma noção que vinha desde Aristóteles, sustentou que a vida política, longe de buscar essa idílica harmonia, consiste na luta sem quartel entre inimigos irreconciliáveis, cujo único propósito comum é destruir uns aos outros em busca do poder total.

2. O notável é que Carl Schmitt sempre foi considerado um pensador "de direita", até que um casal de pensadores contemporâneos, o argentino Ernesto Laclau e sua esposa belga Chantal Mouffe, colocaram o pensamento de Schmitt a serviço da esquerda através do que foi chamado "pós-marxismo", argumentando que a relação amigo-inimigo também caracteriza aqueles que lutam a favor ou contra o socialismo. O pensamento de Laclau-Mouffe influenciou notavelmente presidentes na América Latina nos últimos anos.

3. De acordo com Schmitt, as relações de inimizade definem não somente a batalha travada por lado contra o outro, mas também os vínculos aparentemente amistosos "dentro” de cada lado. Quem me define não é o meu amigo, mas meu inimigo, porque, ao opor-se a mim, define a minha estratégia e o meu destino.

4. Como descrever, entretanto, uma situação em que o inimigo tornou-se tão fraco, que convida a ser ignorado, como acontece hoje com a oposição em alguns países da América Latina? Como uma situação na qual os próprios "amigos", sentindo-se vitoriosos, começam a desconfiar uns dos outros. Isso já aconteceu muitas vezes na história. Quando venceram o desafio de Cartago, no final das terríveis Guerras Púnicas, os exércitos romanos voltaram-se uns contra os outros porque precisavam, segundo a visão de Schmitt, de um novo pescoço para degolar.

5. Após as Guerras Púnicas, seguiu-se uma longa e sangrenta guerra civil que levaria à morte da República Romana e ao nascimento de um Império autoritário. Foi somente quando a aliança entre a União Soviética e as potências ocidentais deixou Hitler e seus seguidores fora do jogo, que começou a Guerra Fria entre os recém-vitoriosos.

Trechos dde artigo de Mariano Grondona 

SERRA, NAFTALINA E GUERRA FRIA

Venezuela vai às urnas em clima de absoluta democracia. 
Observadores internacionais atestam a lisura do pleito. 
População comparece em massa aos locais de votação.
Não há confrontos, não há incidentes políticos sérios. Chávez obtem maioria simples no Congresso; 
a oposição cresce; 
haverá mais negociação para se aprovar mudanças estratégicas na economia e na sociedade. 
É isso a 'ditadura chavista'? 
Um dia de voto e liberdade desmente centenas de páginas da mídia demotucana; 
capas e mais capas de VEJA derretem como picolé ao sol do Caribe. 
Sobretudo, porém, o pleito de ontem revela a esférica lente do anacronismo político com a qual Serra olha E interpreta a América Latina, a ponto de ter feito campanha contra o ingresso da Venezuela no Mercosul por discordar da liderança de Chávez. 
A oposição venezuelana, uma das mais extremadas da região, mostrou-se menos obtusa que o candidato do conservadorismo brasileiro; 
foi às urnas e renasceu como interlocutor político.
Entre outras razões, é por isso que Serra sai da eleição menor do que entrou. 
Na questão externa, sai como um porta-voz dos editoriais do Estadão, encharcado de naftalina e guerra fria.
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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Há uma certa histeria em curso. Ela tem origem no temor de que, sem Lula, o chamado radicalismo petista ganhe corpo e se aproprie do "Brasil brasileiro".

A manifestação mais candente dessa fantasia conservadora estava na capa da revista "Veja" da semana passada. 

A representação da ameaça na figura daqueles monstrinhos tarados era de doer.
Juntou-se o que há de mais infantilizante e infantilizado na cultura de massas de hoje com uma espécie de apelação de segunda mão do imaginário caduco da Guerra Fria -um tipo de macarthismo tropical e tardio à moda spielberguiana.

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Quirguistão, mais uma frente de guerra pelo petróleo

No meio do renovado clima de tensão entre a Rússia e o eixo EUA-Otan no Cáucaso, em um centro estratégico da "guerra fria" pelo controle das fontes e rotas do petróleo na Ásia Central, o Quirguistão, país chave na ocupação militar do Afeganistão, ingressou em um processo de violência e de "guerra civil" que envolve por igual as duas primeiras potências nucleares do planeta. Trata-se de uma nova e perigosa frente em uma área explosiva que contém mais de 70% das reservas petrolíferas mundiais. Continua>>>

Um barril de pólvora

O Quirguistão, uma ex-república soviética de 5 milhões de habitantes, é um centro estratégico da "guerra fria" pelo controle das fontes e rotas do petróleo na Ásia Central.

Também conhecido como Quirguizistão, Quirguízia, e oficialmente como República Quirguiz, é um país montanhoso da Ásia Central, sem saída para o mar, que tem fronteiras com a República Popular da China, Cazaquistão, Tadjiquistão e Uzbequistão. Sua capital é Bichkek, antiga Frunzé.

O país conta com uma população de pouco mais de 5,35 milhões de habitantes, distribuídos em 198.500 km². Dividida de forma desigual, se concentra na capital, Bichkek, e nas zonas banhadas pelo rio Naryn e por seus afluentes.

Abriga uma base militar russa, uma base estadunidense e joga um papel vital no dispositivo de ocupação militar do Afeganistão.

Além disso, o processo de violência e de "guerra civil" desatado no Quirguistão é outra perigosa frente aberta em uma região petrolífera marcada pelos conflitos no Paquistão e no Afeganistão, que repercutem diretamente pelas fronteiras do Irã e a guerra latente no Oriente Médio.

O país integra a Organização de Cooperação de Xangai (OCS, na sigla em inglês), junto com a China, Rússia, Cazaquistão, Tadjiquistão e Uzbequistão.

Mas também, fazendo jogo duplo, mantém acordos com o eixo EUA-União Europeia. Recentemente, um governo pró-estadunidense foi derrubado para dar lugar a um pró-russo.

Essa situação desequilibrou a balança e a inclinou para o lado da estratégia do Kremlin, que se viu diante da possibilidade de recuperar um enclave estratégico que o "eixo ocidental" lhe havia arrebatado após a extinção da URSS.

Com o novo conflito aberto no Quirguistão, Rússia e Estados Unidos voltaram a cruzar-se perigosamente em uma região chave na disputa estratégica pelo controle dos recursos energéticos que já teve seu primeiro desenlace armado na chamada "guerra da Geórgia", em agosto de 2008.

Deslocamentos militares da Otan, a questão da instalação de sistemas de mísseis dos EUA em espaço pós-soviético, e um reposicionamento estratégico da Rússia na Abkhásia e na Ossétia do Sul, antigos territórios da Geórgia, marcam o calendário imediato de uma região de alta voltagem em termos de conflitos.

A Geórgia, ponta-de-lança da estratégia imperialista no Cáucaso, continua rodeada por aparato militar russo, enquanto que na Ucrânia (ex-aliada dos EUA) o governo está controlado por um governo pró-russo que restaurou todos os acordos estratégicos com Moscou, inclusive a permanência da base da marinha russa do Mar Negro, na Crimeia.

Ao mais puro estilo da CIA e dos serviços de espionagem ocidentais, a resposta imediata à derrubada do presidente pró-americano no Quirguistão, Kurmanbek Bakiyev, foram as "revoltas populares"conduzidas pelo derrubado.

Pouo a pouco a situação foi amadurecendo, e finalmente derivou para a "guerra civil" entre a maioria quirguiz (55% da população) e a minoria uzbeca (31% de uzbeques).

A "guerra civil" é uma metodologia que a CIA e os serviços ocidentais utilizam tanto para conquistar como para reconquistar territórios e governos.

A utilizaram (e utilizam) no Iraque, no Afeganistão, Paquistão, Sudão, Iêmen, Nigéria e em qualquer lugar onde existe petróleo ou recursos para depredar em nome da "guerra contra o terrorismo".

O Quirguistão é chave, não somente porque se encontra na área mais estratégica e explosiva do planeta, mas também porque representa uma área na disputa entre Rússia e Estados Unidos, com a China na fronteira.

A nova "guerra fria" entre Rússia e Estados Unidos é, antes de tudo, uma guerra econômica pelo controle de recursos estratégicos, com o petróleo e o gás como os dois objetivos fundamentais em disputa.

Trata-se de uma guerra )por enquanto fria) pelo controle das redes de oleodutos euroasiáticos, onde a China joga sua sobrevivência em aliança com a Rússia.

Além disso, na agenda militar e geopolítica do espaço asiático, Pequim, da mesma forma que Moscou, se situa no eixo oposto ao projeto estratégico imperialista ocidental, que militarizou a região euroasiática para desestabilizar as redes energéticas da Rússia, das quais a China é a principal beneficiária.

Moscou e Pequim, em aberto desafo à hegemonia imperialista, por sua vez construíram acordos militares estratégicos e consolidaram um bloco militar e econômico comum na Ásia em aberto desafio à Otan.

Como produto de uma "guerra civil" ativada pelos serviços de inteligência, o Quirguistão hoje está ardendo e em situação de catástrofe humanitária.

Nesse meio, Rússia e o eixo imperialista pelejam uma batalha silenciosa para ver quem fica com o controle do país.

Os Estados Unidos, que acabam de perder um enclave estratégico como a Ucrânia, que deveria exercer maior influência sobre a Geórgia durante a Guerra do Cáucaso, não pode se dar ao luxo de perder o Quirguistão.

E enquanto a CIA atiça a guerra interétnica, Moscou estuda estratégias para intervir militarmente no país, como se fosse uma "força de paz". Com outro dado anexo, que traz a sardinha para a brasa russa: 11% da população do Quirguistão é russa.

A rússia começa a buscar argumentos a partir da integração do Quirguistão à OCS, a "Otan" paralela da Ásia Central liderada por Pequim e Moscou.

De qualquer maneira, o massacre interétnico já abriu outra frente de conflito na estratégica zona do "triângulo petrolífero", que envolve a Eurásia e o Oriente Médio e contém mais de 70% das reservas energéticas mundiais.

Este é o ponto central que esconde o massacre manipulado que a mídia do sistema apresenta como uma "guerra de etnias", entre quirguizes e uzbecos.