PSB: opção por Marina é menos óbvia que parece

Toda futurologia envolvida na campanha presidencial, colocada de pernas para o ar depois da tragédia no Guarujá, começa com uma pergunta: quem vai assumir o lugar de Eduardo Campos como terceiro nome na sucessão?

A resposta é menos óbvia do que parece. Primeira candidata em função de sua popularidade e do posto de vice, Marina Silva é uma estranha no ninho do PSB, partido que tem a prerrogativa legal de lançar um novo candidato a presidência em dez dias.

Dona de um cesto de intenções de voto quase duas vezes maior que o de Eduardo Campos nas últimas pesquisas em que seu nome foi incluído, Marina acumulou um cotidiano de desavenças e conflitos com diversas fatias do PSB, onde devia sua sobrevivência ao espírito pragmático e a postura tolerante de Eduardo Campos, seu verdadeiro protetor e grande aliado dentro da legenda. Além de chefe do partido e candidato a presidente, Eduardo Campos atuava como o ponto de equilíbrio entre forças antogônicas e divergentes – e ninguém sabe o que irá acontecer depois que esse equilíbrio se rompeu.

A permanência de Marina — declaradamente temporária — no partido que Campos herdou do avô Miguel Arraes e controlava com pulso firme nunca foi um piquenique. Desde os primeiros dias, o conflito maior envolvia a militância de esquerda e a tradição nacionalista do partido, encarnada pelo ex-ministro Roberto Amaral, favorável a pesquisas nucleares que permitem o domínio do ciclo do átomo, em contradição aberta com ambientalistas globalizados que Marina trouxe com a Rede, adversários até de usinas hidroelétricas na Amazonia.

Na véspera das convenções, ocorreram conflitos entre Marina e setores que queriam fazer alianças de qualquer maneira com o PSDB, como ocorreu em São Paulo, onde o deputado Márcio França tornou-se vice de Geraldo Alckmin. Numa comparação abusada, mas que faz sentido do ponto de vista das diferenças entre PSB e a Rede, o verdadeiro partido de Marina, seria igual a chamar Michel Temer para ser titular na chapa do PT — caso Dilma Rousseff fosse impedida de disputar a presidência por uma razão qualquer.

Nos próximos dias, a executiva do PSB, que tem a palavra final na escolha do novo candidato a presidente, irá optar, basicamente, por dois caminhos. Se indicar Marina, fará uma aposta em sua popularidade. É uma solução que agrada a uma boa parte do partido. A razão é simples. Mesmo que não sejam vitoriosos em sua própria campanha, os bons candidatos presidenciais costumam alavancar boas bancadas de deputados estaduais e federais, e mesmo reforçar quem concorre ao senado. Há exceções, contudo. Uma delas foi a própria Marina há quatro anos.

Num caso clínico de sucesso individual, chegou perto de 20% dos votos como candidata presidencial mas não conseguiu acrescentar um único novo parlamentar à bancada do Partido Verde — desempenho que está na origem de boa parte de suas dificuldades para permanecer no PV.

A dificuldade dos adversários internos de Marina é que não se conhece, até agora, um nome alternativo. Eles tem ideias e críticas. Mas não contam com governadores nem senadores de projeção nacional, capazes de se opor à vice que Eduardo Campos escolheu. Poderiam inventar um novo candidato com a propaganda na TV? Difícil, quando se tem pouco mais de um minuto. Na prática, mesmo quem detesta Marina no PSB terá dificuldades de se impor diante de uma concorrente que capaz de representar aquilo que os políticos mais procuram: uma perspectiva de poder – que costuma ser atraente mesmo quando não vem carregada pelas idéias e proposições que agradam a todos.

Para Dilma Rousseff e Aécio Neves, uma troca na terceira candidatura de neste momento da campanha representa desafios importantes mas diferentes.

O temor do PSDB é uma candidatura capaz de atropelar Aécio e jogá-lo para terceiro lugar e fora da campanha no segundo turno, o que seria, para os tucanos, uma derrota pior que todas as outras desde 2002.

Para o PT, a recíproca, no caso, também é verdadeira. Para o QG da campanha petista, o cenário ideal – fora a hipotética vitória em primeiro turno, cada vez menos realista – é enfrentar Aécio Neves numa segunda votação.

Os petistas sempre estiveram convencidos de que, num segundo turno, a maioria dos parlamentares, dirigentes e eleitores do PSB não serão capazes de abandonar a própria história para votar no PSDB, que sempre denunciaram como partido conservador, e farão o caminho de volta para uma aliança com o PT. Era com essa possibilidade que Dilma e Lula sempre trabalharam nos últimos meses. Evitaram atitudes hostis e indelicadas, reservado a artilharia mais pesada para Aécio. Qualquer mudança, neste horizonte, irá atrapalhar os planos do Planalto.

De Paulo Moreira Leite

Josias de Souza: morte Eduardo Campos embaralha eleição

Logo que passar a perplexidade provocada pela morte prematura de Eduardo Campos, o PSB terá de se reposicionar na cena eleitoral. Pela lei, a coligação liderada pelo partido dispõe de dez dias para substituir o candidato. A opção mais óbvia chama-se Marina Silva. Se ela for a escolhida, a sucessão presidencial tende a ficar embaralhada. E mais imprevisível.

Até aqui, esboçava-se uma disputa com grande probabilidade de repetir o Fla-Flu que faz das últimas sucessões presidenciais, desde 1994, uma gincana entre petistas e tucanos. Campos (8% no último Datafolha) lutava para furar o que chamava de "falsa polarização" entre Dilma Rousseff (36%) e Aécio Neves (20%). Apostava que sua parceria com Marina faria dele um candidato competitivo.

Hospedada no PSB desde que o TSE se negou a expedir a certidão de nascimento da sua Rede, Marina sempre foi uma coadjuvante com cara de protagonista —uma vice mais conhecida que o titular, com 20 milhões de votos na biografia. Se a tragédia guindar Marina à cabeça da chapa, ela tem potencial para entrar na disputa do tamanho de Aécio Neves. Ou maior.

Numa pesquisa divulgada pelo Datafolha em abril, quando o nome de Campos era substituído pelo de sua vice, chegava-se ao seguinte resultado: Dilma amealhava 39% das intenções de voto. Marina somava 27%. Aécio, 16%.

Sem comoção, Marina já era uma ameaça aos rivais. Se migrar do luto para a candidatura presidencial, Dilma e Aécio terão de remodelar suas estratégias. Resta agora saber:

1) se PSB e Rede, às turras, conseguirão se entender; 2) se Marina, personagem tão imprevisível quanto as urnas, aceitará substituir Campos.

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Petralhas continuam a produzindo artefactos bélicos contra meu cliente @AeroNeves . Vamos processar esses melientes!
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Duas economias, por Delfim Netto

Em um dos lados, a bem vinda política social. Do outro lado, uma miopia em relação a valorização do câmbio

Há algum tempo é visível uma clara diferença de comportamento de “duas economias” no Brasil, separadas, de um lado, pela bem-vinda política social inclusiva ajudada por um “bônus” externo transitório, e, de outro, pela míope política econômica que insiste em ignorar os efeitos deletérios no longo prazo da valorização da taxa de câmbio.

Dois argutos economistas do Departamento de Estudos e Pesquisas do Banco Central, Sérgio Afonso Lago Alves e Arnildo da Silva Correa, publicaram um competente trabalho: “Um conto em Três Hiatos: Desemprego, Utilização da Capacidade Instalada na Indústria e Produto”, com conclusões potencialmente muito importantes para a política monetária.

Nele examinaram a relação entre o nível de desemprego, a utilização da capacidade da indústria (ambos sujeitos a erros estatísticos sérios) e a taxa de inflação, com uma versão interessante da chamada curva de Phillips. A inovação fundamental é que separaram as dinâmicas dos setores de bens comercializáveis da dos não comercializáveis (as duas economias), construindo duas curvas de Phillips. Ressaltaram, assim, os papéis do mercado de trabalho e da capacidade instalada na indústria, para explicar a nossa taxa de inflação.

Os resultados do estudo sugerem que:
1. O mercado de trabalho tem impactos relevantes sobre a taxa de inflação, ou seja, o hiato de desemprego é a variável de demanda importante para explicar a taxa de inflação dos bens não comercializáveis, enquanto...
2. O hiato de utilização da capacidade é a variável que melhor explica a inflação dos bens comercializáveis.
Tais conclusões talvez diminuam as incertezas que existem a respeito da dimensão do efeito do hiato de produto sobre a taxa de inflação da parte de alguns economistas (eu, inclusive), e do próprio Banco Central, pelo que se vê nos Relatórios de Inflação. A separação proposta ajuda a explicar por que “enquanto o setor industrial apresenta fraco desempenho e dificuldades de reagir, o mercado de trabalho encontra-se aquecido, gerando pressões sobre o hiato do produto”.

Mesmo reconhecendo as inovadoras possibilidades abertas pelo artigo é prematuro esquecer as velhas dificuldades. Elas estão resumidas num não menos competente trabalho de três economistas do IPEA (Mario Mendonça, Adolfo Sachsida e Luis Medrano), “Inflação Versus Desemprego: Novas Evidências para o Brasil” (in Economia Aplicada 16(3)2012:475-500), onde procuraram estimar uma Curva de Phillips Novo-Keynesiana para o conjunto da economia. Trata-se de estudo cuidadoso que utiliza dados mensais de janeiro de 2002 a março de 2012. A curva construída inclui como variável dependente a taxa de inflação do ano e como variáveis “explicativas” a inflação do ano anterior, a expectativa de inflação para o ano seguinte, uma variável que representa o “custo marginal” (de fato, a taxa de desemprego) e outra que representa um choque de oferta (de fato, a taxa de câmbio).

Suas principais conclusões são de que:
1. Um único resultado permaneceu robusto nos diversos experimentos. A expectativa de inflação e a inflação passada têm relevância na dinâmica do processo inflacionário. O papel das expectativas parece aumentar no período mais recente.
2. Com relação ao desemprego, seu impacto de curto prazo sobre a inflação depende do conjunto de variáveis representativas (próxies) adotadas. Na maior parte dos casos essa relação foi negativa, como era esperado. Já no longo prazo esse efeito torna-se difícil de ser captado, dando a impressão de ser nulo ou pouco relevante na formação do processo inflacionário. De qualquer forma e em qualquer dos casos, o efeito real da taxa de desemprego sobre a inflação foi próximo de zero.

É por isso que, quando a autoridade monetária sugere cautela antes de apressar-se a aumentar a taxa de juro real, mas demonstra disposição de fazê-lo se necessário, ela está mais afinada com o mundo real do que seus críticos.


Briguilinks

Por que o senhor traiu o Lula e a Dilma? O senhor acha que teria realizado um bom governo sem o apoio do Lula e da Dilma? O senhor acreditou que a crise mundial ia soterrar o governo Dilma e por isso a traiu? Das grandes obras no seu governo, quais foram as que não tiveram apoio dos governos Lula e Dilma? O senhor realmente achou que o baronato paulista, o pig, a banca nacional e internacional
Sem água, paulistas tomam banho de loja Alckmin estocou camisas bem passadas em seu guarda-roupa Higienópolis - Setores da oposição se mobilizaram para fazer o cidadão paulistano entender, finalmente, o que está acontecendo na Cantareira. Paulo Skaf começou a distribuir panfletos com as frases:"Sem água, você não poderá lavar seu carro" "Em breve, você não poderá trocar água do radiador de seu
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ApresentaçãoEste é o primeiro texto de um conjunto que integrará a análise dos governos do presidente Lula e da presidenta Dilma, para subsidiar o trabalho dos diretórios municipais e da militância na campanha de 2014. Futuramente, estes conteúdos farão parte do novo caderno 2 do módulo 2 da Jornada Nacional de Formação.Os demais textos trarão análises, números, dados e resultados das políticas
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Foi o que se viu hoje, mais uma vez, na entrevista que ele concedeu ao Jornal Nacional. Aécio não tem explicação porque ela, simplesmente, não existe. O aeroporto foi um uso abjeto de dinheiro público para benefícios privados da família. Como escreveu Machado, alegrias particulares são bem mais satisfatórias que alegrias públicas. Ele se agarra desesperadamente à desculpa de que seu erro foi
Em uma festa na e da empresa, o patrão começou a contar piadas - cada uma sem mais graça que a outra -, mas quase todos riam sem parar - a exceção de um rapaz, que a tudo assistia sem um sorriso no rosto -.  O patrão ruim contador de piadas chega junto dele e pergunta: - Por que não ri das minhas piadas, conhece todas elas? - Não conheço nenhuma. Mas, é que não trabalho aqui. Vim apenas buscar
Josias de Souza faz malabarismo com as palavras. No texto abaixo com o título acima ele critica Aécio Neves, dizendo mais ou menos assim: O candidato se saiu muito mau na entrevista. Mas, acho que...sei não, mas parece que sei lá...realmente, ele não convence nem mais seus correligionários. Confira:  Aécio Neves inaugurou a série de entrevistas com os presidenciáveis no 'Jornal Nacional'.
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Esta é a pergunta feita depois da entrevista do tucano no Jornal Nacional, qual a resposta?Mais simples do que muitos imaginam:Pesquisas internas encomendadas pela Globo apontam vitória da presidente Dilma. Para piorar a situação da oposição, os números indicam que possibilidade dela vencer no primeiro turno aumentaram muito.Motivo principal :Aécio Neves não convence o eleitor ter capacidade de
Governador de Minas Gerais durante oito anos. Estado era o oitavo em IDH - Índice de Desenvolvimento Humano -. O jenio fez o melhor governo que o Brasil já teve - quiçá o mundo -. E quando saiu, depois de (repito) oito anos, Minas Gerais era o nono em IDH. Fantástico esse rapaz. Quer ver o país regredir? Vote nele, vocês se merecem.
Além de comparar os números do setor entre os governos do PT com o anterior, de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, sem citá-lo diretamente. "Nos últimos 12 anos, nós passamos de um orçamento de R$ 18 milhões pra R$ 112 milhões na Educação", ressaltou. Nos governos petistas, foram criadas, ao todo, 422 escolas técnicas,  e construídas  18 novas universidades federais. "As universidades
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Tucanos em pânico

Pesquisas internas do tucanato apontam queda expressiva da rejeição à presidente em São Paulo. E como desgraça nunca anda só...a vantagem de Aécio Neves em Minas Gerais cai vertiginosamente.

Um dos cabeça da campanha presidencial do PSDB já falou:

"...do jeito que as coisas vão, ela será reeleita no primeiro turno. Campos é uma decepção completa. Vai ser derrotado no próprio terreiro".

Outro cabeça completou: "...a gente que também se cuide. Senão acontece o mesmo com aqui em Minas."



Incompetência administrativa de Aécio Neves resultará em 98 mil demissões em Minas Gerais

por Najla Passos - na Carta Maior

Ontem terça (12), os trabalhadores da educação de Minas Gerais paralisam suas atividades para cobrar do governo do Estado uma solução para o desemprego iminente de cerca 78 mil trabalhadores da categoria. São diretores de escolas, supervisores, professores, cantineiros, vigilantes e auxiliares de serviços gerais que, há sete anos, foram efetivados como servidores estaduais sem prestar concurso público pela polêmica Lei 100/2007, do então governador Aécio Neves, hoje candidato pelo PSDB à presidência da República.
Em março, a Lei 100/2007 foi declarada inconstitucional pelo do Supremo Tribunal Federal (STF), que só publicou agora, em 31 de julho, o acórdão final. Na semana passada, o governo de Minas entrou com embargos declaratórios, uma espécie de recurso que não tem o poder de mudar a posição tomada pela corte, mas possibilita o esclarecimento de dúvidas e pontos obscuros da decisão. De qualquer forma, protela seu cumprimento, já que o novo presidente da corte, Ricardo Lewandowski, ainda terá que marcar nova sessão de julgamento para apreciá-los. E isso pode demorar.

O governo do Estado, que continua nas mãos do PSDB, conta, portanto, com a morosidade com que o STF vem tratando questões judiciais envolvendo seu partido para não ter que amargar, antes das eleições, o custo político de ver milhares dos seus potenciais eleitores desempregados devido a uma trapalhada administrativa do presidenciável que tenta vender a imagem de gestor público competente. E enquanto isso, se esquiva de responder os anseios dos demissionários que, após a decisão do STF, foram transferidos do regime previdenciário próprio do Estado, o Ipsemg, para o Regime Geral, o INSS.

"O Governo do Estado lavou as mãos e vem fazendo de tudo para protelar o cumprimento da decisão para depois das eleições. Mas os trabalhadores precisam de respostas para seus problemas concretos agora" afirma a presidenta do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais (Sind-UTE MG), Beatriz Cerqueira. Segundo ela, servidores que estavam em licença médica autorizada pela previdência estadual, por exemplo, foram reconvocados para o trabalho, já que, como o tempo deles de contribuição ao INSS não alcança um ano, o órgão não cuseia a licença.

Além disso, a maioria teme não conseguir se aposentar com a mudança de regime. Muitos, inclusive, amargam grande prejuízo: os que acumulavam mais de um emprego e, por isso, pagavam dupla contribuição ao Estado e ao INSS, agora, só terão direito à aposentadoria pelo segundo, que paga menos. É o caso da supervisora da Escola Normal de Juiz de Fora, Gina Sarkes Machado, que atua há 17 anos no Estado. "A sensação que temos é que estamos completamente desamparados, sem ninguém para resolver nossa situação. Eu, por exemplo, vou perder 17 anos de contribuição ao Ipsemg", afirmou à Carta Maior.

Ela conta que começou a trabalhar nas escolas estaduais na segunda metade da década de 1990, logo após se formar. Como o salário era baixo, trabalhava também na rede particular e municipal. Chegou a ser aprovada em dois concursos públicos para o Estado, mas nunca foi convocada. "Todo ano eles me chamavam para trabalhar como designada, com contrato temporário, e eu ia continuando, esperando a efetivação dos concursos, que nunca vieram. Até que em 2007, com a Lei 100, prometeram que eu e outros 98 mil servidores seríamos finalmente efetivados", conta ela.


Presidenciáveis no Jornal Nacional

Eduardo Campos - presidenciável do PSB -, não soube lidar com os flhasback

Entre os candidatos do maiores partidos, Campos é mais desconhecido do eleitorado. Para boa parte da superaudiência do 'Jornal Nacional', ele era uma espécie de folha de papel em branco. Com a régua da experiência adquirida no governo de Pernambuco e o esquadro da razão, o candidato se esforçou para demonstrar que pode traçar novas coordenadas para sua vida e para o país.

O problema é que Willian Bonner e Patrícia Poeta evocaram flashbacks da trajetória do ex-governador, ex-ministro, ex-deputado e ex-aliado de Dilma que não ornam com o enredo novo que o personagem tenta esboçar. E Campos repetiu no telejornal da Globo algo que fizera em sabatinas e entrevistas anteriores: discorreu sobre o passado sem lançar mão da borracha do arrependimento.

O senhor se articulou com Lula e os partidos para eleger sua mãe, a ex-deputada federal Ana Arraes, ministra do TCU, recordou Willian Bonner a alturas tantas. Considera isso ético? Não foi uma forma de nepotismo?
 “Se dependesse da minha nomeação, enquanto governador, seria nepotismo”, ponderou Campos, antes de lavar as mãos e afirmar que foi a Câmara que elegeu sua mãe.

Bonner insistiu: o que está em questão é o senhor ter usado o seu prestígio, o seu poder, para se empenhar pessoalmente num trabalho de catequese, numa campanha para que sua mãe ocupasse um cargo público e vitalício. Acha que foi um bom exemplo para o país?

Campos não se deu por achado: “Olha, na hora que ela saiu candidata com apoio do meu partido, se fosse uma outra pessoa, eu teria apoiado. Por que eu não apoiaria ela que tinha todos os predicados… Eu nem votei, Bonner, porque eu não era deputado. Eu, simplesmente, torci…” A fala soaria mais apropriada no 'Fantástico'. No 'Jornal Nacional', destoou. Foi como se Campos se auto-absolvesse do próprio passado, idealizando-o.

Abre parênteses: Campos não foi mero torcedor. Mobilizou Lula, visitou líderes partidários, foi de governador em governador. Advogada e servidora licenciada do Tribunal de Contas de Pernambuco, Ana Arraes prevaleceu na disputa pela poltrona no TCU graças a outra credencial: sua carreira como mãe, que dispensa exames psicotécnicos, cursos universitários e antecedentes funcionais. Virou ministra, em 21 de setembro de 2011, graças ao esforço do filho.

Consumado o resultado, os repórteres dirigiram a Ana Arraes a mesma indagação feita agora a Campos: isso não é nepotismo? Na época, a mãe do candidato declarou o seguinte: “Se o nepotismo é feito pelo povo, então é o voto do povo. [...] É uma honra criar um filho como Eduardo. […] Pergunte ao povo de Pernambuco como ele está satisfeito. O Eduardo tem 92,5% de satisfação da população.'' Fecha parênteses.




Retorne-se a Bonner: O senhor não vê nada de errado no seu empenho pessoal nesta eleição de sua mãe para o TCU? E Campos, dessa vez monossilábico: “Não”. Patrícia Poeta emendou na negativa um outro flashback: o senhor indicou um primo seu e um primo de sua mulher para trabalhar no Tribunal de Contas de Pernambuco quando governava o Estado. Como fica a isenção nisso?

Campos viu-se compelido a assumir a ascensão de um dos primos: “Foi indicado na vaga do Executivo, respeitando a legislação em vigor”. Tomou distância do outro: “A vaga era da Assembleia, pessoas podiam se candidatar. E ele não estava impedido por lei de se candidatar.” Absteve-se de dizer que o apoio ao seu governo no Legislativo estadual beirava a unanimidade.

Patrícia foi ao ponto: Se o senhor fosse eleito presidente hoje, manteria esse comportamento no governo federal? De costas para o passado, pesadelo do qual está tentando acordar, Campos reposicionou-se em cena: “…Agora que vamos ter cinco vagas no Supremo Tribunal Federal, o Brasil precisa fazer uma espécie de comitê de busca, o que é feito para os institutos de pesquisa, juntar pessoas com notória especialidade e conhecimento para fazer ao lado do presidente a seleção de pessoas que vão para esses lugares vitalícios.” Huuummm…

Embalado, o candidato engatou uma segunda: “Aliás, eu acho que o Brasil deve fazer uma reforma constitucional para acabar com esses cargos vitalícios que ainda existem na Justiça, é preciso ter os mandatos também no Poder Judiciário, coisa que existe em outras nações do mundo, de maneira a oxigenar os tribunais e garantir que esse processo de escolha seja um processo mais impessoal.” Ah, bom!

Por um instante, teve-se a impressão de que a entrevista estava sendo exibida no horário errado. Combinava mais com o período vespertino, horário em que a emissora leva ao ar a seção ‘Vale a Pena Ver de Novo’. O senhor foi colaborador próximo de Lula, recordou Patrícia Poeta. Era ministro em 2005, quando estourou o mensalão. Afastou-se de Dilma Rousseff só em setembro de 2013, na ante-sala da sucessão. Tudo isso é ambição de ser presidente?

“Não se trata de ambição. Se trata de um direito”, reagiu o entrevistado. “Numa democracia, qualquer partido pode lançar um candidato, pode divergir. Porque você apoiou, você não está condenado a apoiar quando você já não acredita, quando você já não vê, não se representa naquele governo.” Mas o senhor apoiou durante mais de 10 anos esse governo. O que que aconteceu no meio do caminho?

Nesse instante, Campos teve o seu melhor momento na entrevista, talvez o único: “O que aconteceu é que aquilo que foi prometido, que o Brasil ia corrigir os erros e aprofundar as mudanças, não aconteceu. Tantas pessoas que votaram na Dilma e se frustraram…” Campos enveredou para a economia: Dilma comanda “um governo que deixou a inflação voltar, um governo que está fazendo derreter os empregos. Agora, o que o povo quer é alguém que dê solução a isso.”

O candidato levou aos lábios o nome de sua companheira de chapa, uma vice de 20 milhões de votos, até aqui intransferíveis: “Eu e Marina entendemos que para dar solução a isso é fundamental um novo caminho.” Trafegando no acostamento das pesquisas, numa longínqua terceira colocação, Campos fez pose de terceira via: “PSDB e PT há vinte anos governam o país. Se a gente quer chegar a um novo lugar, a gente não pode ir pelos mesmos caminhos.”

O diabo é que, nos momentos em que teve a oportunidade de dizer como pretende financiar suas promessas, Campos deixou embatucados os telespectadores mais atentos. Em vez de explicar os planos e os números, limitou-se a embaralhá-los, tecendo sobre eles indecifráveis silogismos. Formado em economia, o candidato pareceu mais um ficcionista do que um economista.

Patrícia Poeta empilhou as promessas de Campos sobre a bancada: escola em tempo integral, passe livre para estudantes do ensino público, aumento dos investimentos em saúde para 10% das receitas da União, manutenção do poder de compra do salário mínimo e a multiplicação por 10 do orçamento da segurança. Num instante em que a conjuntura pede rigor fiscal, Campos acena com novos gastos. Simultaneamente, promete inflação de 4% em 2016 e 3% em 2019.

Exposta a falta de nexo, sobreveio a pergunta: com promessas se chocam, qual delas o senhor vai descumprir? E Campos: “Patrícia, na verdade, só há uma promessa, que é melhorar a vida do povo brasileiro. A sociedade brasileira tem apresentado na internet, nas ruas, uma nova pauta, que é a pauta da educação, da melhoria da assistência da saúde, que está um horror no país, a violência que cresce nos quatro cantos do país… blá, blá, blá.”

O pedaço do eleitorado que aposta na mudança esperava que o candidato explicasse como produzirá a mágica de tirar cartolas de dentro dos coelhos. Mas Campos refugiou-se atrás de uma peça que sua campanha demora a levar ao centro do palco: “Nós estamos fazendo um programa de governo, ouvindo técnicos, a universidade, gente que já participou de governo. E é possível, sim. Nós estamos fazendo conta, tem orçamento.”

Deu a entender que é possível colher antes de plantar: “Eu imagino que muitas vezes as pessoas dizem assim: ‘Houve uma reunião do Copom hoje e aumentou 0,5% os juros’. E ninguém pergunta da onde vem esse dinheiro. E 0,5% na Taxa Selic significa R$ 14 bi. O passe livre, que é um compromisso nosso com os estudantes, custa menos do que isso. Então, nós estamos fazendo contas para, com planejamento, em quatro anos trazer inflação para o centro da meta, fazer o Brasil voltar a crescer, que esse é outro grave problema, o Brasil parou. E o crescimento também vai abrir espaço fiscal…”

Ao final da entrevista, a a folha de papel em branco do início estava preenchida com um desenho confuso, feito por um candidato fascinante. Os telespectadores mais otimistas foram dormir com a impressão de que Campos tem café no bule. Os pessimistas foram ao encontro do travesseiro com a incômoda sensação de que, eleito, o presidenciável do PSB tomará decisões como uma dona de casa que guarda o café numa lata de sal na qual os responsáveis pela elaboração de suas receitas escreveram açúcar.

E quanto aos flashbacks? Bem, serviram para demonstrar que, como político, Campos é um fabuloso cozinheiro. Se a entrevista fosse um pouco mais longa, ele decerto conseguiria demonstrar que é perfeitamente possível desfritar um ovo diante das câmeras.

por Josias de Souza

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