Em décadas de computação pessoal, muita coisa mudou, mas uma sempre esteve firme: os programas que temos instalados nos nossos micros. Se no tempo do CP500 tínhamos o Wordstar e o Visicalc, hoje temos o Word e Excel (ou o OpenOffice). Mas, há alguns anos, algo começou a mudar. Aliás, o Google foi um dos primeiros a jogar pesado na direção do futuro com o Google Docs, e nos próximos anos este movimento vai ser cada vez mais forte.
E é algo natural.
Toda página de web que você vê nada mais é do que um texto HTML interpretado por um navegador. Lá, neste texto, está definido qual o estilo que cada pedaço de texto deve ter, se é para ter uma imagem, onde ela ficará localizada, se tem um vídeo idem. Por não ser capaz de manipular elementos, ele apenas os indica. O HTML é considerado apenas uma linguagem de marcação, não de programação. E entre suas versões 1 e 4, ele tornou-se muito sofisticado e seu uso foi crescentemente enriquecido, com o auxílio de linguagens de programação, principalmente o Javascript.
Mas em sua última versão, o HTML5, houve um pulo muito grande no desenvolvimento. As marcações ficaram mais ricas e as possibilidades mais amplas. Agora é permitido ao programador a manipulação de bases de dados de um aplicativo, no computador do usuário, enquanto guarda os dados necessários também nas nuvens. E a parte multimídia agigantou-se. Além de facilitar a inclusão de áudio e vídeo, há agora a possibilidade de interações fantásticas sem o uso de plugins. Mas melhor que dizer é mostrar. Visite, no Chrome ou IE9, o site chrome.angrybirds.com e veja um jogo em HTML5.
Outro ponto importante é a fuga das limitações de desenvolvimento e ao "pedágio" que a Apple impõe às compras feitas dentro de aplicativos iOS. Por conta disso, a Amazon criou uma versão nas "nuvens" do seu leitor de eBooks. A mesma motivação levou o jornal Financial Times e a rede de TV por assinatura ESPN a partir para o desenvolvimento de webapps em HTML5.
Segundo Adriano Macêdo, webdeveloper muito antenado com a tendência, até o final do próximo ano os webapps vão dominar uma fatia significante do mercado, mesmo porque eles "têm a vantagem de ser multiplataforma, reduzir o investimento e o tempo de desenvolvimento, em relação a um app comum". O futuro está cada vez mais próximo.
por GILBERTO SOARES FILHO - knuttz@diariodonordeste.com.br