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Conselho paterno

paipai
Cesar Maia: 
- Meu filho, dizem que um raio não caí no mesmo lugar duas vezes. Pode ser verdade, não sei. Mas, mudando a conversa, de pau pra cacete: o cavalo selado a caminho do Palácio do Planalto, com certeza não passa três vezes convidando um cavaleiro para lhe montar.

Rodrigo Maia:
- Captei vossa mensagem digníssimo guru.
***


Os riscos da criminalização da política

por Cesar Maia
1. Se há uma percepção globalizada é a da política como atividade suja e dos políticos como predadores. Em momentos de crise, essa percepção avança e, em meio a escândalos, se enraíza. Isso não ocorre só no Brasil. É geral. O ponto fundamental da análise dos desdobramentos de um quadro destes deve ser político. Vejamos.

2. A dedução primária que se tira de uma situação dessas é que o mais provável é que impulsione a alternância no poder e fortaleça a oposição. Mas isso não é tão simples. Depende de cada caso concreto. Em tese, pode até estimular a ruptura em direção a uma alternativa vertical.

3. No caso brasileiro (se aprende da experiência latino-americana por décadas), a atual crise, com casos explícitos de corrupção atingindo elites políticas e administrativas e a maior empresa do país, permite garantir que o atual governo e que sua presidenta não têm mais recuperação política. Como não pode ser candidata, pode até tocar seu governo administrativamente, mas não politica e socialmente. E –por isso- terá que enfrentar seu partido como oposição.

4. Num quadro –como o nosso- de fragilidade partidária e inorganicidade política, a popularidade e o acesso ao poder dependem da imagem e da força dos personagens. O fato é que nem o governo e seu partido (incluindo Lula) e nem a oposição têm personagens com a força para mobilizar e inspirar confiança. As recentes manifestações nas ruas têm mostrado isso. Os mais importantes líderes políticos ficaram em casa.




5. O 1º de maio não foi diferente, com mobilizações tímidas se comparadas a um passado recente. As manifestações que crescem são as corporativas –sem marcas explícitas de cor ideológica ou partidária. É o caso do movimento dos professores, que ganha, estado a estado, dimensão nacional. Os governantes afundam, mas ninguém é capaz de dizer um nome que capitalize politicamente esses fatos.

6. Com uma presidente desintegrada, com governadores desintegrados ou fragilizados, com as oposições sem líderes apenas surfando na onda do desgaste do governo, com a base do governo estilhaçada, com o parlamento pulverizado, mas com instituições básicas fortes desde a constituinte de 1988 (o que obstrui o golpismo), conforma-se um quadro tipicamente latino-americano.

7. E a fórmula da resposta fácil à crise econômica e política, à criminalização dos políticos, a desesperança, é o populismo. As ascensões populistas desde os anos 90, especialmente na América do Sul, mostram isso. Lula, que tem faro e olfato para isso, abandona a “carta aos brasileiros de 2002” e assume as cantilenas e as baladas populistas.

8. Isso não garante a ele que seu neopopulismo atraia confiança popular. Afinal, ele é parte da raiz das crises. Mas é um caminho que tem.

9. No Brasil, neste momento, o perfil populista que desponta –ainda sem cara e sem nome- tem caráter conservador. Se olharmos no espelho retrovisor, vemos a imagem de Jânio Quadros. Ou mesmo a imagem parlamentar de Carlos Lacerda. E não é demais repetir um pensamento de Marx que virou chavão: a história se repete, a primeira vez como farsa e a segunda como tragédia.
no Ex-blog


A babaquice do dia

Mais uma das abobrinhas que o Mago das pesquisas - Cesar Maia - rsss. Esparrama pelos meios de comunicações da oposicão. Confira:

DESGASTE DE DILMA CHEGOU A LULA: 16,4% e 17,9%!
            
1. Como era de se esperar, o desgaste de Dilma teria que chegar e chegou a Lula, seu criador. Agora, criatura e criador fazem parte do mesmo inferno astral. Lula se movimenta recebendo políticos, realizando reuniões políticas como a recente no Rio com PMDB, e vaza informações das reuniões para colunistas e matérias nos jornais e rádios.
              
2. As linhas dos vazamentos são sempre as mesmas: críticas ao governo Dilma, sugestões de mudanças no governo e na política de comunicação. Cinicamente ressalva sua proximidade com Dilma.
            
3. O que Lula pretende é se descolar do desgaste de Dilma e passar como conselheiro e salvador, como se não tivesse nada com isso.  A cada dia as relações do governo Lula com os desmandos na Petrobrás, na Receita/Carf, no setor Elétrico, no setor Externo..., ficam mais expostas. Queimaduras que já são de segundo grau.
               
4. Em 2018, o PT não tem alternativa fora de Lula, a menos que queira passar um vexame de depois de 16 anos ter um candidato para não chegar a 5%. E aí estaria carimbada a memória do ciclo Lula/Dilma. O PT exigirá a presença de Lula, mesmo que para perder, mas fazer uma bancada federal razoável.
                
5. As pesquisas de opinião para as presidenciais de 2015 podem estar muito longe das eleições. Mas servem para medir a avaliação –comparada- dos candidatos potenciais. Nesse sentido devem incluir Lula além de Marina e Aécio.



                

Cesar Maia: O que quer Levy?

O que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy quer com sua entrevista ao Financial Time, hegemonia ou sair atirando?

1. Em Davos, o ministro Joaquim Levy reproduziu, de forma enfática, os princípios daquilo que os setores políticos mais a esquerda apelidaram de neoliberalismo. Com a experiência governamental que tem e seu nível de conhecimento interno e externo, há que se perguntar qual o objetivo dessas declarações. Os que apoiam o ministro esperavam que ele tivesse mais habilidade, evitando confundir o governo com ele. Ou seja: deveria escrever as medidas e deixá-las ser divulgadas pelo Palácio do Planalto, entrando em cena apenas para explicá-las em nome do governo.
            
2. (G1, 23) 2.1. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que o atual modelo de auxílio-desemprego do país está "completamente ultrapassado". A declaração foi dada em entrevista ao jornal "Financial Times", no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Em inglês, Levy utilizou a expressão "out-of-date" (em tradução livre, obsoleto ou ultrapassado) para se referir ao sistema de benefícios previdenciários. Ele citou a necessidade de "livrar-se de subsídios e ajustar os preços" como providências imediatas de sua política fiscal.  No fim do ano passado, o acesso a auxílios previdenciários como pensão por morte e seguro-desemprego ficou mais rigoroso após a edição de medidas provisórias. A medida pode ser considerada uma “minirreforma previdenciária”, parte do pacote do "período de austeridade" anunciado pelo ministro.  As novas regras para a obtenção do seguro-desemprego passam a valer a partir de março e podem restringir o acesso de mais de 2 milhões de trabalhadores, segundo cálculo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
           
2.2. Levy também reconheceu que o período de ajuste pode impactar no crescimento econômico. "Acredito que a economia parada não pode ser descartada como uma possibilidade, embora o PIB no Brasil seja resiliente", afirmou à publicação.  Ainda sobre a política de cortes e ajuste fiscal, o ministro acrescentou que "assim que sua equipe colocar a casa em ordem, a reação será positiva", referindo-se à necessidade de estimular a demanda e resgatar a confiança do mercado. Ele reconheceu, contudo, que as medidas anticíclicas têm suas limitações.
          
3. (Folha de SP, 24) As novas declarações de Levy foram mal recebidas pelas centrais sindicais, que vêm tentando negociar alterações nas medidas. Para Ricardo Patah, presidente da UGT, o ministro da Fazenda mostrou desconhecer a realidade brasileira. Miguel Torres, presidente da Força Sindical, afirmou que "ultrapassadas são as ideias do Levy, que acredita que ajustes devem ser feitos cortando direitos e implementando políticas restritivas que penalizam apenas os trabalhadores". Reação semelhante veio da CUT. "Isso mostra que ele desconhece a realidade brasileira e, principalmente, o alto índice de rotatividade que existe no Brasil, de até 39% da mão de obra anual", disse o secretário de finanças da CUT, Quintino Severo.
        
4. (Estado de SP, 23) Sob pressão para cumprir a meta fiscal deste ano, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já determinou à sua equipe fechar as “torneiras” da liberação de novos empréstimos e da autorização para aumentar o endividamento de Estados e municípios. Há poucos dias no cargo, Levy está tomando pé do quadro fiscal dos governos regionais e advertiu os técnicos do Ministério da Fazenda que, ao longo de 2015, a União precisa ampliar os controles sobre as finanças dos governos regionais. O maior rigor com as contas dos governos regionais é um tema delicado, principalmente por causa das implicações políticas no Congresso e da necessidade de apoio dos governadores às medidas a serem votadas nos próximos meses.
        
5. Declarações politicamente desastradas. Qualquer pedido de empréstimo de Estados e Municípios tem que passar pelo ministério da fazenda, que sem declarações prévias, pode analisá-los no tempo que desejar. E controlar as finanças dos governos regionais além de politicamente desastrada ainda é de questionável constitucionalidade num regime federativo. Limites são estabelecidos por lei e não por intervenções do ministro da fazenda, que deve apenas aplicá-las, como no caso da LRF.
        



6. O QUE QUER LEVY? Uma hipótese é que dadas as reações internas das lideranças do PT e das lideranças sindicais, Levy quer esticar a corda para que fique bem claro que setor do governo prevalece e com quem está a Presidenta. Outra hipótese –para quem tem a experiência dele- é ir construindo a sua própria saída, com argumentos que lhe faltou apoio.  Assim estica a corda para ver até onde resiste, com a perspectiva antecipada que sairá. Sair por quê? Porque o quadro que encontrou é muito mais complicado do que imaginava? Porque as resistências existentes já mostram que as medidas iniciais não poderão ser ampliadas ou aprofundadas?  Colocar a “Casa em Ordem” é dizer que a casa de Dona Dilma estava em desordem. Forte declaração para um governo reeleito.

        
7. O tempo dirá. Mas que desde já é estranho ter feito declarações assim em Davos, na Catedral do Liberalismo para receber os aplausos naturais, certamente é.  E não foi por ingenuidade.




Discurso de Cesar Maia, sobre o relatório da Comissão da Verdade

1. Hoje a Comissão da Verdade entregou o seu relatório. Todos nós esperávamos um relatório que mostrasse a memória do absurdo que aconteceu durante o regime autoritário, citando mortes, desaparecimentos, torturas, identificação dos responsáveis diretos por essas atrocidades, essas barbaridades. Infelizmente, Senhor Presidente, não foi isso que aconteceu. Infelizmente a Comissão da Verdade ficou fora do que se esperava dela.

2. Uma lista ampla de nomes como se as responsabilidades por aqueles atos fossem as mesmas. Como o Presidente Castelo Branco pode ter responsabilidade direta ou indireta por mortes ou torturas? Eu falo com a autoridade de quem foi preso ficou ao todo quase dois anos na prisão. Portanto, antes e depois do AI-5. Fui condenado duas vezes, cumpri uma pena na prisão e fui exilado. Eu falo também com autoridade de quem participou diretamente do grande Ato de Conciliação Nacional, que foi a Assembleia Constituinte de 1987/1988.

3. Eu lembraria que o Presidente Geisel, na época da repressão mais dura era o Presidente da Petrobrás, e quando assumiu a Presidência conduziu pelo governo, o processo de democratização. E ministros e nomes diversos, e claro, misturados com torturadores. Não é justo.

4. Senhor Presidente, o pior de tudo é que o relatório da Comissão da Verdade propõe a revisão da Lei de Anistia. O que eles querem com isso? A lei de Anistia foi uma lei de pacificação nacional. Aqui no Brasil, nós não temos a situação como se tem, por exemplo, no Chile, de um forte grupo pinochetista, com referencia a um ditador. Desde a Emenda Constitucional nº 11, patrocinada pelo Ministro Petrônio Portela, que esse processo foi de desaceleração até a pacificação política.

5. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal têm posição firmada a respeito. Nesse domingo o Ministro Marco Aurélio Mello reafirmou que a Lei de Anistia não pode ser revista. Então, para que propor a revisão da Lei de Anistia? O que quer a Comissão da Verdade? O que quer esse relatório? Provocação? Para quem, por que, para que? Quer transformar conflitos em posições irreconciliáveis, confrontos? Quer que a gente volte aos anos 30, 40, 50, à guerra fria, onde as posições políticas se confrontavam e se tornavam irreconciliáveis?

6. Repito: o que quer esse relatório da Comissão da Verdade? Ele vai mais longe, ele pede a extinção das Polícias Militares. O que tem a Comissão da Verdade com as Polícias Militares? É uma discussão de Segurança Pública. Mas esse não é o escopo, o fito, o objetivo, o foco da Comissão da Verdade. Agora, esse relatório da Comissão da Verdade puxa setores democráticos, setores de centro em direção aos setores de mais a direita pelas provocações e excessos.

7. Como vão reagir as pessoas, as famílias, quando lerem nomes de quem nem indiretamente têm a ver com o processo de tortura. Senhor Presidente, o relatório da Comissão da Verdade, em todos os países, vinha acompanhado de duas palavras: memória e reconciliação. Assim foi no Peru, Chile, na Argentina, na Guatemala, em El Salvador etc. Era sempre: memória e reconciliação. Quanto a esse relatório da Comissão da Verdade, ele busca o quê? Busca o estressamento das relações políticas no Brasil? Acabar com a Lei de Anistia? O que é isso? É estranho extinguir a Polícia Militar por uma proposta da Comissão da Verdade, que nada tem a ver com isso.

8. Ora, Senhor Presidente, esse é um fato político que terá repercussões – não tenho dúvidas. Espero que as principais lideranças civis e militares, inclusive as que serviram nos governos militares, tenham a condição e a capacidade de acalmar as reações e de levar a que eventuais injustiças não de pretexto aos radicais. Que segurem aqueles que estão permanentemente buscando pretextos para tirar o Brasil do quadro atual de pacificação política de consenso em torno da democracia. Eu tenho absoluta certeza que essas extravagâncias, no relatório da Comissão de Verdade, não terão respaldo de nenhum partido político com representação parlamentar. De nenhum! Obrigado, Senhor Presidente.

Getúlio, Dilma, a Oposição e a história

por Cesar Maia - Ex-blog

1.  Getúlio foi eleito em 03/10/1950, com praticamente 50% dos votos. Seus adversários da UDN e do PSD tiveram mais ou menos 30% e 20%.  Após eleito o general Canrobert ministro da guerra do presidente Dutra, lhe deu 3 conselhos,(ver Getúlio 3 de Lira Neto): a) não nomear para ministro da guerra,(exército), o general Estillac Leal presidente do Clube Militar, nacionalista e com idéias de esquerda; b) se afastar de Ademar de Barros que estava contaminado pela corrupção; c) cuidado pois podem assassiná-lo para que Café Filho assuma o governo.

2.  Os dois partidos da coligação vitoriosa tinham apenas 25% dos deputados dos 304, –PTB-51  e PSP-24.  Getúlio abriu o governo para o PSD, ( 37% dos deputados que ficou com 4 das 7 pastas civis), e até trouxe um ministro da UDN que não reconheceu como tal. A UDN elegeu 27% dos deputados e os pequenos partidos 11%.

3. Criou uma assessoria econômica discreta no Palácio do Catete, toda ela de esquerda com Romulo de Almeida, Jesus Soares Pereira.... O ministério que ele qualificava de “experiência”, era um saco de gatos, e fragilizado de saída com a qualificação que Getulio lhe deu.

4.  No final de 1951 com menos de um ano de governo, adotou 3 medidas de Natal : a) elevou o salário mínimo em quase três vezes,( de 380 para 1.200), no Rio e em S.Paulo; b) taxou adicionalmente a remessa de lucros em 8%; c) e decidiu negar a ONU e aos EUA o envio de tropa à guerra da Coréia. Euforia popular como se fosse uma segunda eleição.  A inflação que no governo Dutra vinha na média de 7%, passou a 12% no ano da eleição de 1950, e assim ficou em 1951 e 1952, mas dobrou em 1953 e 1954 para uns 25%. 

5.  A UDN transformou-se num partido golpista que recorreu ao TSE contra a posse de Getúlio por ele não ter conseguido a maioria absoluta, embora a Constituição não exigisse isso. É famosa a frase de Lacerda durante a campanha: Getúlio não pode ser candidato. Se for não pode ser eleito. Se for eleito não pode tomar posse. Se for empossado tem que ser derrubado. 

6. Espera-se que os primeiros movimentos pós-eleitorais do PSDB agora em 2014 não tragam de volta essa analogia.  Que a banda de música dos juristas da UDN não venha a ser a banda de musica dos cientistas sociais do PSDB.

7.   Na série de artigos reunidos em livro, “ 18 Brumário de Luis Bonaparte” ,(Napoleão III que restabeleceu o império na França através de plebiscito), Karl Marx afirma: "A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.

8.  Mas a história ensina, em relação as formas adequadas e inadequadas que os líderes tratam as conjunturas. Especialmente em dois casos: nas conjunturas favoráveis, imaginando que são permanentes, e nas desfavoráveis imaginando que devem ser rompidas a golpes de força.

Para onde vão Marina e a Rede?...

- Provavelmente para baixo -, por Cesar Maia - Ex-blog

1. Marina saiu da eleição presidencial de 2010 fortalecida e em ascensão. Tornou-se um destaque nacional e internacional, sinalizando que, em 2014, seria uma alternativa de poder.  Em função da "plasticidade" do PV, Marina rompeu com o partido e se declarou independente.
         
2. Agrupou em torno dela um grupo com ideias afins, sendo que muito poucos com mandato, talvez uns 3 deputados federais. Em função da afirmação de princípios e redação de documentos, atrasou a criação de seu partido ao qual denominaram Rede - rede de sustentabilidade.
         
3. Por esse atraso, no limite do prazo para criação de partidos, as assinaturas de apoio apresentadas não foram suficientes. Havia a expectativa de uma adesão significativa de parlamentares. Desnorteados, reúnem-se nessa mesma noite/madrugada e após um telefonema de Marina ao governador Eduardo Campos, decide ingressar no PSB, apontando a hipótese de vir a ser vice de Campos, coisa que acabou ocorrendo.
         
4. Logo em seguida, o Congresso aprova uma lei terminando com o direito de que novos partidos criados tenham direito ao fundo partidário e ao tempo de TV proporcional aos deputados federais que atraíssem. A lei termina assim com a portabilidade dos deputados federais que, ao trocarem de partido nas condições permitidas pela lei, levariam consigo o tempo de TV e a parte do Fundo Partidário proporcionais a eles.
         
5. Campos e Marina realizam reuniões públicas e afirmam uma parceria. Marina lembra que é provisória até criar a sua Rede. As pesquisas indicam para Campos intenções de voto quase a metade do que indicavam para Marina.
         
6. Com a morte de Eduardo Campos, Marina assume a candidatura a presidente e imediatamente as pesquisas a projetam para uma posição de liderança, derrubando Aécio Neves para um terceiro lugar afastado. Marina passa a ser alvo de seus adversários e vacila. No final do primeiro turno já estava em empate técnico com Aécio e em processo de desgaste.
          
7. Já na entrada ao PSB não houve consenso na Rede. Alguns preferiam que entrasse para o PPS e imediatamente assumisse a candidatura presidencial.
          
8. Com sua imagem afetada, segue para o segundo turno e, com o reforço da família de Eduardo Campos, adere a Aécio Neves em três momentos: declaração à imprensa; depois o encontro dos dois com Marina sem coque e de rabo de cavalo (Freud explica); e, finalmente, na TV com um bom pronunciamento de apoio a Aécio.
          
9. Outra vez a Rede racha. Boa parte, talvez a maioria, preferia a neutralidade. O apoio de Marina a Aécio não altera a disputa no segundo turno. A eleição termina quase empatada e Marina como uma outsider nesse processo.
        
10. Hoje, o quadro é totalmente diferente do momento da tentativa de criação da Rede no TSE. Marina enfraquecida, seu grupo dividido e fragilizado, nenhuma expectativa de atrair parlamentares quando a Rede for legalizada.
         
11. O mais provável é que Marina não recupere mais o brilho de antes e que seu partido, uma vez criado, se torne inviável ou mais um micropartido pela quase nenhuma adesão de parlamentares, o que mesmo ocorrendo marginalmente, não trará mais os recursos e o tempo de TV que trazia antes.

Impossível que os últimos números do Datafolha e Ibope se confirmem nas urnas

A opinião abaixo é da mesma pessoa que afirmou em 2010 que José Serra seria eleito no primeiro turno

Cesar Maia:



"1. Em 2010 a economia crescia 7,5%, a inflação estava abaixo de 5%, a popularidade de Lula atingia o auge e o bolsa família projetava ampliação. Nessa situação, Dilma atingiu 70% no Nordeste. Apesar da vitória de Serra em S.Paulo, Dilma venceu no Sudeste com 52% dos votos. No Sul, Serra venceu com pequena vantagem de 8 pontos. No Norte/Centro-Oeste, Dilma venceu com vantagem de 6 pontos tendo obtido votações recordes no Norte com quase 90% no Amazonas...

2. O quadro agora em 2014 é muito diferente. Aécio tem vantagem no Sudeste que deve chegar a 15 pontos. No Nordeste, com a nova situação na Bahia e em Pernambuco, os 70% de Dilma vão cair pelo menos 3 pontos. No Sul Aécio abriu assim como no Centro-Oeste.

3. Em 2010, no total Dilma venceu com 53,2% a 46,8% –elas por elas- 6 pontos de diferença. É quase impossível que em 2014 a diferença seja maior que essa, com a economia parada, a inflação em uns 7%, a popularidade de Lula decrescente, o bolsa família consolidado e a série de escândalos atingindo diretamente o governo Dilma.

4. Dois presidentes do PT e o presidente da Câmara de Deputados do PT presos, a bancada do PT na Câmara passando de 17% para 13,5% e a Petrobrás atingida por atos de corrupção explícitos.

5. É impossível que em 2014 a vantagem de Dilma seja maior. Mas quanto menor seria? Este Ex-Blog, usando dados de ontem do GPP –portanto após o campo das pesquisas do Ibope e Datafolha- tabulou os resultados por região e os comparou com 2010. Com isso, a diferença de 6 pontos pró-Dilma em 2010 desparece e surge –criteriosamente- um empate entre os dois.

6. A decisão ocorrerá nas urnas e dependerá da localização e setorização da abstenção dos votos brancos e dos votos nulos.

7. Conheça a tabela comparativa 2014 – 2010. A conclusão é óbvia. As pesquisas do Ibope e do Datafolha divulgadas ontem no Jornal Nacional e hoje nos jornais retratam uma mobilização das ruas, nos últimos dias, favorável a Dilma. Hoje tem o debate, sábado e domingo pela manhã é um período de “silêncio”. E as urnas vão retratar o clima existente antes desses últimos dias."


Artigo de Cesar Maia no Ex-blog

Nos últimos dias de campanha, muita, muita coisa ainda pode mudar nessa eleição atípica

A campanha fria, a proporção dos que mesmo tendo marcado intenção de voto afirmam que podem mudar, os que dizem votar em branco/nulo ou se abster, o impacto de fatos novos e a reversão dos mesmos, enfim, todo este conjunto que tem caracterizado a presente eleição, mostra, que tudo –ou quase tudo- é possível nesses últimos dias.

A começar pela taxa de não voto (branco-nulo-abstenção): quanto será? As flutuações nas pesquisas mostram que o eleitor aponta seus preferidos de forma displicente. O impacto Marina gerou duas curvas: uma de imediata, ascendente, e outra em seguida descendente.

Os que concluem que se tratou da propaganda negativa contra ela se equivocam. Ela afirmou em 2010 seu nível de voto e nenhum fato novo ocorreu sobre ela que se pudesse imaginar mudança desse patamar.

As acomodações se dão muito mais pela baixa adesão dos eleitores em geral a seus preferidos. O controle das máquinas de governo produz uma adesão maior de eleitores de seu entorno, por pragmatismo.




As flutuações levam candidatos a flutuarem sua comunicação também. Um equívoco, pois ajuda a insegurança do eleitor e reforça a ideia que é melhor não mudar nada. Deixar como está para ver como é que fica.

Em nível parlamentar –deputados e senadores- tudo pode acontecer. Com exceção de no máximo uns 20% das vagas garantidas pelas máquinas e pelos recursos financeiros, as demais vagas ainda estão em jogo.

Isso aponta para uma reta final ou boca elástica de urna, em que eleitores realmente decididos terão bem maior capacidade de influência. E as “colinhas” entregues por pessoas, referentes das pessoas, terão um peso maior que nunca.

Agora é ir ao boca a boca –físico e eletrônico.

Cesar Maia

Sun Tzu e a campanha eleitoral

  1. Sun Tsu (500 aC) é sempre atual, com seus ensinamentos em A Arte da Guerra. As analogias funcionam até hoje, no campo político, empresarial, social e pessoal. Numa campanha eleitoral –e a expressão campanha é uma expressão de guerra- a analogia é direta.
  2. Os destaques em A Arte da Guerra passam pelo conhecimento do adversário e seu próprio, pelos fatores espaço e tempo, pela unidade de comando, pelos objetivos e –principalmente- pela Estratégia. Sun Tsu lembra que a guerra não é um objetivo em si mesmo. Que o ideal seria vencer sem lutar, sem perdas humanas e sem custo.
  3. Conhecer o adversário e a si mesmo é ponto fundamental para saber que estocadas produzem dano eleitoral progressivo e que afirmações/ações produzem ganho. Sun Tsu não tinha pesquisas a sua disposição: contava com sua experiência, intuição e genialidade. Mas agora há. Um candidato que conhece de fato –com pesquisas de sustentação- seu adversário, e –claro- a si mesmo, não deve se preocupar com as batalhas –pesquisa de intenção de voto- durante a campanha. Deve avaliar se sua campanha está produzindo dano eleitoral em seu adversário e reforçando seus próprios pontos fortes –temáticos, sociais e locais.
  4. Num quadro de reeleição com visibilidades distintas entre candidatos, num quadro continua/não continua no primeiro turno, ter paciência. A opinião pública se forma por proximidade e por ondas –antípodas- que chegam e partem primeiro dos que têm mais informação. A onda começa a chegar aos setores de menor renda, em tempo bem maior. A propaganda pode acelerar ou atrasar, não mudar tendências cristalizadas.
  5. A ação da oposição –e os erros do governo, consequência da arrogância e sensação de ter todo o poder- produzem danos políticos.  As estratégias em uma campanha eleitoral têm dois focos gerais: no processo eleitoral –tática- e na política -estratégica. Mas deve prevalecer sempre a política/estratégia. Ela conduzirá a vitória.
  6. O History Channel, num documentário sobre A Arte da Guerra de Sun Tzu, destacou dois exemplos. Num primeiro –A Ofensiva do TET no Vietnam- em múltiplos locais: todos os confrontos/batalhas foram militarmente vencidos pelo exército americano. Mas os danos na auto-percepção do exército dos EUA, na percepção politica internacional, especialmente nos EUA e na moral dos vietnamitas, conformaram um ponto de inflexão.
  7. Em outro –e esse é um caso "suntzuano"- fundamental, o coronel “Summers” vai a Hanói negociar a retirada do exército dos EUA. Sentam frente a frente –o representante do governo do Vietnam e o coronel dos EUA. O coronel abriu a conversa dizendo: Bem, de qualquer forma nós, nessa guerra, não perdemos uma batalha sequer. E de bate pronto o vietnamita respondeu: E isso é absolutamente IRRELEVANTE. Por isso estamos aqui.
  8. Perder em pesquisas de intenção de voto é totalmente IRRELEVANTE, desde que a estratégia esteja avançando, produzindo danos progressivos no adversário e reforçando os próprios pontos vitais. E pesquisas feitas com um lastro na estratégia, que mensurem danos progressivos x afirmação dos pontos fortes permitem acentuar as tendências e aguardar com paciência os dias finais da campanha, com a certeza de um segundo turno inexorável.

Cesar Maia - Dilma pode vencer no primeiro turno

O ex-deputado federal e ex-prefeito do Rio César Maia (DEM) faz duras críticas à forma como o principal partido de oposição conduz a campanha do seu pré-candidato a presidente, Aécio Neves. Para o político fluminense, os "erros" do tucano e a até agora baixa competividade de Eduardo Campos (PSB) podem levar a uma vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno da disputa pelo Planalto em outubro.
Em entrevista ao programa Poder e Política, da Folha e do "UOL", Maia faz um diagnóstico bem negativo de como vem sendo a atuação de Aécio Neves –a quem recebeu em sua residência, no Rio, no último domingo (22.mar.2014). O tucano está "priorizando a conversa com as elites. É um erro". A crítica também é dirigida a Eduardo Campos, pré-candidato a presidente pelo PSB.
"Você vê fotografia deles em vários lugares. Não vê em nenhuma favela, por exemplo. Por que não? A gente não vê essa marca de nenhum deles. A gente vê com a Fiesp, com a Firjan, com a associação dos bancos, com o agronegócio", reclama Maia. Para ele, o PSDB está "patinando ali naquela centro-elite brasileira, do Sudeste –a sudestina".
No encontro que teve com Aécio, uma parte dessas críticas foram apresentadas de maneira direta. "Faça também essas reuniões [com a elite], mas não só elas. Aí a [colunista da Folha] Mônica Bergamo faz uma matéria dizendo quem estava presente na reunião, que foi servido salgadinho. Isso não dá em nada. Dá para a coluna dela, prestígio. Para o candidato, não dá um voto".
Estrategista político, Maia diz ver um ruído no ressurgimento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na linha de frente da campanha eleitoral dos tucanos. "Eles tinham que ter coragem de fazer uma pesquisa para saber se a impopularidade de Fernando Henrique continua a mesma. Se ele dá voto ou se ele tira. Tem que saber. Para saber se o Aécio tem que ter um mentor guardado, oculto, ou se tem que ter um mentor na linha de frente".
Estudioso de novos meios de comunicação, Maia reclama da forma como os partidos atuam na internet. "O site do PSDB... O que que traz o site? O que o blog do PSDB agrega? Eu recebo mensagens. Estou no cadastro deles. Eu me mobilizaria em função daquelas informações que eu recebo? Zero, nada".
Se continuar atuando como fez até agora, Aécio não ganha a eleição? "Ah, não. Não tem maioria", responde. "Eu tenho 68 anos. Não tenho mais idade de entrar numa eleição achando que algumas coisas estão erradas e ficar calado".
O ex-prefeito do Rio acha que ainda dá tempo para a oposição se reposicionar. Uma das estratégias defendidas por Maia é aumentar o nível de críticas ao governo de Dilma Rousseff, algo que ele já diz enxergar um pouco nos últimos dias. "O Eduardo Campos acelerou o discurso. Intensificou a marca. Ainda não tenho convicção de que ele tenha fôlego para crescer. Se eu tiver razão –posso não ter, né?–, eu acho que aí favorece Dilma vencer no primeiro turno".
Um fenômeno que pode prejudicar a oposição neste ano é o desencanto com a política por parte do eleitorado. "Há uma probabilidade de o 'não voto' crescer nesta eleição. Chamo de 'não voto' o seguinte: abstenção, branco, nulo, não sabe, não respondeu. Há uma probabilidade de esse não voto se aproximar de 40%. Quem perde? A Dilma não perde –tem o voto do Nordeste, do interior, que tem uma máquina grande. Isso pode gerar um primeiro turno. Se essa massa de 'não voto' crescer, ela pode ganhar no primeiro turno com 40%", especula.
Sobre a estratégia tucana de contratar 9.000 militantes digitais, como revelou a coluna "Painel", da Folha, Maia classifica essa iniciativa de "antirrede social". Para ele, "essa forçação de agências, de marketing de guerrilha e internet é um fracasso completo".
O DEM é o principal possível aliado do PSDB na disputa presidencial e esperança dos tucanos de ter um pouco mais de tempo na propaganda de TV e rádio. Embora os demistas tenham ensaiado desistir da aliança no final do ano passado, Maia acha que esse é hoje um cenário remoto.
Neste ano, o PSDB tem considerado lançar uma chapa pura, só com tucanos. Um possível candidato a vice-presidente com Aécio deve ser o senador Aloysio Nunes Ferreira, de São Paulo. "Estão completamente errados", afirma Maia. Para ele, o nome ideal para a vaga de vice seria o do senador José Agripino (DEM-RN), para dar diversidade geográfica ao projeto.
Na campanha presidencial em São Paulo, o PSDB teria de se fiar na força do próprio partido e de seus quadros. Mas e se José Serra não se engajar na campanha? Responde Maia: "O Serra é um poço de mágoa". O tucano paulista estaria agora dando "o troco" para Aécio, de quem não teria recebido o apoio na campanha pelo Planalto em 2010.
Para minimizar o fato de o DEM não indicar o candidato a vice-presidente na chapa do PSDB, Maia sugere uma compensação pragmática. Por exemplo, exigir que os tucanos ajudem demistas a se elegerem deputados federais em alguns Estados. A meta do partido é tentar chegar neste ano ao mesmo número de representantes eleitos em 2010 –foram 43, mas agora só restam 26, pois a sigla foi canibalizada por novas legendas.
A seguir, trechos da entrevista realizada no último dia 27, em Brasília:

Cesar Maia

BALCANIZAÇÃO DAS ELEIÇÕES PARA GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO!        
1. A Balcanização ('fracionamento de uma unidade -país, etc.- em unidades menores, mais ou menos hostis entre si') das eleições para governador do Estado do Rio, em 2014, torna o resultado imprevisível e elimina a grade de favoritos. É o único Estado do Brasil onde isso ocorre este ano.

2. Por quê? O estilo de governo do PMDB no Rio –estado e capital- é despolitizador, apostando num processo de desmoralização dos servidores públicos, da administração pública, dos deputados e vereadores, submetendo-os a subserviência dos favores com a chantagem dos riscos eleitorais.
        
3. Oferece como alternativa –mais que as privatizações e terceirizações bilionárias e de duvidosa moralidade- um suposto governo de especialistas, assessorias e consultorias milionárias. A mistura de ambas vai corroendo e desintegrando a máquina pública, cuja resultante inexorável é o fracasso administrativo e a desmoralização política. Em uma palavra: o caos nos serviços.
        
4. Essa despolitização, como política, não poderia dar outro resultado: a desmontagem das alianças políticas potenciais, a criação de expectativas para todos e a balcanização eleitoral. Se em 2006 tínhamos 2 blocos competitivos e em 2010 também 2 blocos competitivos, agora temos 7, por enquanto. Todos eles potencialmente competitivos.

5. As pesquisas confiáveis publicadas mostram que nenhum dos atuais sete candidatos atinge 20% e que a diferença entre os dois primeiros e os sexto e sétimo é de apenas 12 pontos. Se somarmos a intenção de voto do primeiro com o último e dividirmos por 2 temos 11%. Com isso, a expectativa é de que quem passar da fronteira dos 15% estará no segundo turno.

6. Todos pensam em crescer, mas à custa de quem? Os ditos 'indecisos', 30%, são mais eleitores que não querem votar em ninguém que eleitores aguardando para decidir. Todos pensam em tempo de TV. Pela imprevisibilidade eleitoral, os preços das ações na bolsa de valores de tempo de TV cresceram muito, como tem sido divulgado. Difunde-se que os que lideram não têm chance no segundo turno e quem carrega o peso da impopularidade governamental, nem no primeiro.
        
7. Mas com esse espectro de porcentagens de intenções de voto, todos se assanham e se entusiasmam hoje, mas em agosto essa balcanização produzirá um estresse eleitoral e a tendência é que a agressividade na campanha 2014 seja recorde. Aliás, confirmando a etimologia da expressão balcanização.

Análise eleitoral do genial estrategista da oposição midiasmatica, Cesar Maia

Ele é o mesmo que em 2010 previu a vitória de José Serra no 1º turno

EM 2014 LULA NÃO VAI MAIS TRANSFERIR VOTOS COMO EM 2010! QUAL A EQUAÇÃO DE 2014?
            
1. Quem olha para 2010 pensando que 2014 será igual se equivoca redondamente. Lula, sentado na cadeira presidencial, tinha a mobilidade que queria. Com a economia crescendo 7,5%, tirava o tema do discurso da oposição. Seu carisma retirante tirou o Nordeste dos sonhos da oposição. Contava com Eduardo Campos absoluto em Pernambuco e a oposição não tinha a Bahia. No Rio Grande do Sul vencia com Tarso. Tinha Cabral, um candidato praticamente nomeado a governador do Rio com o PT a tiracolo.

A volta dos ex-presidentes

...Só falta FHC!
- Lula não tem nenhuma chance de reeleição! - não é vero, Cesar Maia? 

Dos países da América do Sul, onde há direito ao retorno de ex-presidente, três terão ex-presidentes candidatos. Chile, em que Bachelet já foi eleita agora em dezembro. Tabaré Vasquez, no Uruguai, eleição em outubro de 2014. No Peru, Alan Garcia já anunciou que volta como candidato em 2016. 
            
Na Colômbia, Uribe vem sofrendo um cerco do atual presidente (cria sua), em função da origem das autodefesas, patrocinadas pelos fazendeiros, depois pervertidas em milícias patrocinadas com dinheiro da cocaína. Uribe optou pela imunidade e será candidato ao senado. Mas terá seu espelho como candidato a presidente. Venezuela, Equador e Bolívia têm reeleições bolivarianas indefinidas. Paraguai teve eleição recente.
            
Só no Brasil o ex-presidente FHC afirma que não será candidato a presidente em 2014, a nada. Bem, isso se o quadro interno e do cone sul não estimulá-lo até junho de 2014.

Cesar Maia - Não haverá pré-campanha!

A grande vaia?
A grande marcha?

  • 1. Normalmente as pré-campanhas semeiam o que vai se colher na campanha eleitoral. Mas esse não será o caso de 2014. A começar com o Carnaval no início de março que, como desdobramento, leva a Semana Santa para a segunda metade de abril.
  • Depois vem a Copa do Mundo. Poder-se-ia argumentar que é assim a cada 4 anos, a cada eleição presidencial. Mas essa é diferente. A Copa do Mundo é aqui. Para efeito da atenção dos eleitores, ela começa na medida em que as delegações vão chegando. E no caso do Brasil começa na convocação e nos jogos-treino, aqui bem pertinho. 
  • A campanha eleitoral começa formalmente dia 5 de julho. Mas é exatamente aí que se inicia a última semana da Copa, com toda a excitação relativa. E, em seguida, as análises e os debates: por que ganhou, por que perdeu, o que poderiam ter feito, quais foram os destaques e os fracassos, etc.
  • Assim, acabou o mês de julho. Agora é finalizar a TV, que começa 15 dias depois. E o que fazer desde agora -janeiro- até agosto? Tentar tirar proveito da Copa já está demonstrado que desgasta. Fazer folders com o calendário da Copa, só dia 5 de julho, com 22 dias de Copa. Antes vai ser um grande risco junto aos TREs.
  • Que candidato a governador ou a presidente vai meter a cara num estádio? Grande drama para Dilma, que tem obrigação de aparecer junto ao presidente da FIFA, assistir abertura e fechamento, declarar aberta a Copa, ir ao Campo...
  • Para ela uma pré-campanha minimizada seria excelente e para seus adversários um problema. Estes terão que fazer uma pré-campanha de proximidade. Mas ela, que pensava que sem pré-campanha surfaria na onda do primeiro turno, agora, com as inevitáveis vaias, terá que ser treinada por seus marqueteiros para as caras, as bocas, os gestos e as declarações.
  • E nem se levou em conta até aqui as hipotéticas manifestações de ruas. Campanha complicada esta. Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega.



POR QUE DILMA-2014 VAI PERDER A ELEIÇÃO!

O autor que deu título a postagem abaixo é Cesar Maia, um dos muitos jênios tucademos que existem. Em 2010 ele escreveu artigos, analíses, textos e mais textos afirmando que com certeza absoluta José Serra seria eleito no 1º turno da eleição. Bem...não vou nem comentar. A realidade fala por si. Leiam e divirtam-se com mais um delírio do carioca. kkkkk

1. O mensalão-2005 produziu mudanças importantes no PT e em Lula. O partido que vinha sendo dirigido pela esquerda –dita revolucionária- passou a ser dirigido pelos sindicalistas da CUT que, por estarem dentro das multinacionais, são sistêmicos. As medidas adotadas pós-crise de 2008 mostram isso. Lula também mudou. Despiu-se do macacão de líder sindical e colocou o chapéu de palha de migrante nordestino e passou a usar uma comunicação religiosa, com o povo como entidade. O PT eleitoral deixou de ser um partido urbano universitário-sindical e passou a ser o partido do interior pobre, especialmente do Nordeste.

Cesar Maia:Marina entra de cabeça na antipolítica

1. Será o primeiro partido conservador à esquerda. Os valores cristãos de Marina (aborto, homossexualismo...) ficam excluídos do programa, por exigência dela.
            
2. A questão da sustentabilidade entra 20 anos depois da Eco-Rio-92, quando faz parte do programa de todos os partidos e governos, que a repetem sistematicamente.
            
3. O sistema em “Rede” tem três características inevitáveis. a) Só gera unidade no NÃO. b) A horizontalidade é necessariamente anárquica, desconstruindo o sentido de partido. c) Essa horizontalidade anárquica se verificará na ausência de consensos operacionais (SIM).
            
4. As declarações de Marina mostram que a RS –Rede de Sustentabilidade- entra no jogo da anti-política.
            
5. Proibir mais de uma reeleição de deputados e senadores é adotar o modelo mexicano, único caso no mundo e que serviu ao PRI por 70 anos e ainda vale.
            
6. “Kassabianamente” falando. (Folha de SP, 17). A ex-senadora Marina Silva afirmou ontem que o novo partido que está organizando não será de esquerda nem de direita, mas estará "à frente" das outras legendas.  Marina afirmou que seu objetivo não é apenas ter uma legenda para disputar as eleições de 2014, e disse que a Rede irá romper com a "lógica de partidos a serviço de pessoas" e "quebrar o monopólio dos partidos na política". "Nem oposição, nem situação. Precisamos de posição", afirmou.  O estatuto fixa um limite para os mandatos dos parlamentares que se elegerem pela Rede. Só será permitida uma reeleição.

As três cartas

Uma história antiga, mas sempre presente. Um prefeito que saía entregou ao prefeito que entrava três cartas e disse para abri-las em cada crise. Veio a primeira, aberta logo após a posse e a carta dizia: coloque toda a culpa na herança perversa que recebeu. Na segunda crise, abriu a segunda carta e leu: mostre que há necessidade de ajustes no seu primeiro escalão e faça mudanças no secretariado. Na terceira crise, ao abrir a terceira carta, o prefeito se assustou ao ler: escreva três cartas para seu sucessor.
                
Todos os prefeitos recém-empossados abriram a primeira carta e cumpriram fielmente o que dizia: deitaram falação sobre a herança perversa que receberam. Curiosamente, os prefeitos reeleitos –independente dessa condição de aprovação- e que já haviam aberto a primeira carta no início da administração, abriram a segunda carta. E todos decidiram fazer uma reforma no secretariado.
                
Aos primeiros cabe ainda a chance da segunda carta. Aos reeleitos, abrir a terceira carta será fatal. Aqui no Rio a primeira carta foi usada e abusada. Na segunda carta, cumprida agora, se viu saírem o secretário de conservação; a presidente da empresa de limpeza urbana (a conservação ia mal); o de urbanismo (excesso de especulação imobiliária); o de transporte (caos no trânsito); o de assistência social (dobrou a população na rua); a de fazenda, um pouco antes (Por que, pergunta o mercado); o de cultura; o de esportes; o de defesa dos animais; e secretarias perderam funções para se criar 5 novas secretarias.
                
4. Aguardam-se novas emoções. 

Cesar Maia: riscos para o PSDB

1. Os principais líderes do PSDB, a começar por FHC e Aécio, falam em refundação, em renovação programática... Tudo bem. Mas o problema principal não está aí, mas na marca de identidade do partido, que se esvaiu. Pode-se dizer que essa é uma característica de todos os partidos brasileiros, com exceção –ainda- do PT, por sua conexão sindical. Mas não era do PSDB (e não era do PFL). Agora é. Bom que se refunde e que tenha um programa renovado, mas isso não resolve o problema de identidade.
            
2. Porém, há um risco transversal e mortal para o PSDB. E há referência disso em sua própria história. Seu núcleo paulista, no governo Montoro, abriu as portas para o PSDB sair do PMDB como uma costela de qualidade, diferenciando-se do “franciscanismo” imperante no PMDB de SP, como se dizia. Deu certo: o PMDB de S. Paulo, com o tempo, se desintegrou.
            
3. Ficou o PSDB que, com suas marcas de identidade (modernidade, grandes quadros, classe média, apoio do alto empresariado...), atraiu quadros nacionais e construiu um binário –PT/PSDB- na cabeça dos analistas e da imprensa. Esse binário terminou de ser desmontado na eleição de 2012. Talvez por isso a disposição de renovação e a antecipação de candidatura presidencial por FHC. Nos EUA, com “primárias”, a dinâmica é muito diferente.
            
4. Mas há uma questão crítica e grave. A coluna Painel da Folha de SP (23) informa: “Serra tem demonstrado a aliados preocupação com o cenário eleitoral para Alckmin em 2014. Ele tem insistido na importância de tentar preservar a aliança com o PSD de Kassab”. Com a “franciscanização” quase generalizada da política brasileira, o poder de atração de um partido articulado por experimentados cardeais da “franciscanização”, será o golpe final na dissolução da identidade do PSDB de SP com a liquidação de vez do sistema binário imaginado.
            
5. Em poucas palavras: o PSD pode ser para o PSDB o que o PSDB foi para o PMDB em S. Paulo.
            
6. Nesse momento, o alto empresariado já não tem o PSDB como partido preferencial e circula com desenvoltura e intimidade entre o Instituto Lula e o Palácio do Planalto. O agronegócio ainda é uma exceção, pois não confia em PT de nenhuma espécie. O PSD tenta gerar esta confiabilidade junto a Dilma. Se conseguir, nem essa base que deu vitórias em seus espaços regionais a Alckmin e Serra restará.
            
7. Bem, é hora de pensar estrategicamente (o que há de futuro no presente, como ensinava Peter Drucker). E com pressa. Ficar sonhando com uma campanha bem “abastecida” e com um marqueteiro genial é marcar um jogo só na Loteria da Virada. Ganhar capilaridade política e eleitoral e desenhar, como ponte, a identidade de sua candidatura a presidente é o básico. E o tempo urge (ruge?).

JURIDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA E CONTAMINAÇÃO DE OPINIÃO PÚBLICA!

por Cesar Maia


1. É fato sabido e estudado que sempre que o poder político se retrai -seja pela razão que for- o espaço que deixa não ficará vazio. Num quadro de crise, estimula o apetite autoritário e com a chegada do messias.
  
2. Em geral -num regime democrático- aquele espaço é ocupado naturalmente pelo poder judiciário, que tendo em vista a parálise político-legislativa, passa a decidir e legislar pontualmente. Isso, várias vezes, é exaltado por muita gente e, em particular, pela imprensa, culpando os políticos e afundando ainda mais a avaliação deles.
  
3. Em qualquer lugar do mundo, numa escala de avaliações institucionais, os políticos vêm lá embaixo. As eleições excedem expectativas e, em seguida, o processo político (num regime democrático de independência de poderes, direito das minorias nos parlamentos) não pode e não deve acompanhar a velocidade de decisão do setor privado. Sua lógica e dinâmica carregam o desgaste como inevitável, mudando apenas a profundidade aqui e ali.
  
4. Ora, se é assim, quaisquer vetores da sociedade que entrem no vácuo da política em certos períodos e, por isso, essa intervenção ocorra por tempo  maior ou de forma sistemática, esse vetor atrairá sobre ele as mesmas expectativas que atrai a política. Isso, em geral, ocorre com o Poder Judiciário nos regimes democráticos, que passa -aqui e ali- a decidir, "legislando" e "liminarizando".
  
5. Com isso, qualquer impasse se transforma em litígio judicial de forma espontaneamente reativa por parte dos próprios políticos e, claro, das pessoas. A reação no parlamento e nas ruas, que vem na ponta da língua é: "vou recorrer à justiça", antes mesmo de qualquer reflexão sobre os caminhos da divergência, a busca de consensos ou soluções não judiciais.
  
6. O Poder Judiciário sempre escalou nos primeiros postos a hierarquia das instituições mais bem avaliadas pela população. Isso vem mudando recentemente por aqui. O curso de direito da  FGV de S. Paulo realiza pesquisas sucessivas sobre o que chamou de Índice de Confiança no Judiciário. Esse Índice vem piorando e na primeira divulgação de 2012 indicou que 64% dos entrevistados marcaram “desconfiança”.
  
7. E isso não ocorre por conta de casos pontuais que são divulgados como desvios. Haja vista os problemas da Igreja e das Forças Armadas, e estas instituições permanecem no topo da lista. O Poder Judiciário caiu para sexto ou sétimo lugar.
  
8. A probabilidade que isso tenha ocorrido pela juridicialização da política é muito grande. Se a dinâmica da política produz, em qualquer parte do mundo, desconfiança, é esperado que quem ocupe o seu vácuo, num certo período, seja também contaminado pela mesma lógica.  Melhor é que os Poderes não fiquem ansiosos com a parálise do outro e que só atuem, se isso  ocorrer, na sua própria competência constitucional, não se deixando atrair pelos que recorrem a eles -ansiosamente- pedindo que atuem fora de suas competências constitucionais e resolvam seus problemas.