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A receita da presidente Dilma contra as políticas de austeridade e ajustes fiscais rígidos


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Dilma Rousseff
Com desassombro, remando contra a maré e o senso comum que se estabeleceram nos últimos 30 anos na comunidade global, a presidenta Dilma Rousseff tem se posicionado, em nível internacional, contra as políticas de austeridade e ajustes fiscais que levaram a Europa a atual situação e ao impasse.

Rema, assim, contra a onda gerada a partir dos governos Ronald Reagan, nos Estados Unidos (1981 e 1989) e Margaret Thatcher (1979-1990), na Inglaterra, marcos do apogeu da imposição do liberalismo econômico nos anos recentes.

A presidenta reafirma essa posição, ainda agora, em visita a Europa (Bélgica, Bulgaria e Turquia), quando destacou em alto e bom som: ajustes fiscais drásticos só servem para "aprofundar" a estagnação da economia.

Lembrar o passado para não se incorrer nos mesmos erros


Ela recorreu à crise da dívida, que afetou os países latino-americanos na década de 1980, para lembrar: "na época, os ajustes fiscais extremamente recessivos só aprofundaram o processo de estagnação, a perda de oportunidades e desemprego".

"Dificilmente se sai da crise sem aumentar o consumo, o investimento e o nível de crescimento da economia", receitou a presidenta, insistindo que não há outra forma para sair do círculo vicioso, maior mal gerado por essas políticas que só trazem a estagnação econômica.

São políticas, como se vê agora na Europa, que nem resolveram a questão fiscal, e nem a da dívida pública. E, ainda por cima, agravaram a situação dos bancos e dos governos. Além de terem trazido a recessão e o desemprego, a perda de direitos trabalhistas, a redução de salários e cortes brutais nos programas sociais.

Políticas liberais não resolvem crise e criam círculo vicioso


Foram elas, portanto, as responsáveis pela montagem do cenário que se vê hoje no Velho Continente, e que comprova o equívoco das politicas que priorizam exclusivamente cortes de gastos, de investimentos, e redução de salários e benefícios previdenciários e sociais.

O resultado não foi nem poderia ser outro: queda do crescimento, da arrecadação, recessão, ampliação do desemprego, e aumento do risco e dos juros para um a um e para quase todos os países da União Europeia (UE).

Estabeleceu-se, assim, com essas políticas, o círculo vicioso do qual não conseguem livrar-se os europeus. Nele, a Grécia é apenas o primeiro caso de insolvência, uma ameaça que paira seriamente sobre a Itália e a Espanha também.

A rosa e seus espinhos

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Parábola da Rosa Um homem plantou uma rosa e passou a regá-la constantemente. Antes que ela desabrochasse, ele a examinou e viu o botão que em breve desabrocharia, mas notou espinhos sobre o talo e pensou, "Como pode uma flor tão bela vir de uma planta rodeada de espinhos tão afiados" Entristecido por este pensamento, ele se recusou a regar a rosa e antes mesmo de estar pronta para desabrochar ela morreu. Assim é com muitas pessoas. Dentro de cada alma há uma rosa: São as qualidades dadas por Deus. Dentro de cada alma temos também os espinhos: São as nossas faltas. Muitos de nós olhamos para nós mesmos e vemos apenas os espinhos, os defeitos. Nós nos desesperamos, achando que nada de bom pode vir de nosso interior. Nós nos recusamos a regar o bem dentro de nós, e consequentemente, isso morre. Nunca percebemos o nosso potencial. Algumas pessoas não vêem a rosa dentro delas mesmas. Portanto alguém mais deve mostrar a elas. Um dos maiores dons que uma pessoa pode possuir ou compartilhar é ser capaz de passar pelos espinhos e encontrar a rosa dentro de outras pessoas. Esta é a característica do amor. Olhar uma pessoa e conhecer suas verdadeiras qualidades. Aceitar aquela pessoa em sua vida, enquanto reconhece a beleza em sua alma e ajudá-la a perceber que ela pode superar suas aparentes imperfeições. Se nós mostrarmos a essas pessoas a rosa, elas superarão seus próprios espinhos. Só assim elas poderão desabrochar muitas e muitas vezes. Portanto Sorria !!! E descubram as rosas que existe dentro de cada um de vocês e das pessoas que amam...

hoje, para acompanhar matérias boas sobre o Lula, tem que ler inglês, francês e espanhol

 

Doutor Lula: a imagem fere a sensibilidade das elites que dominam os jornais brasileiros

por Rodrigo Vianna

Recebo, de um jornalista que prefere não se identificar, breve análise sobre a relação da velha imprensa com Lula. O autor do texto se indigna  com um fato inegável:  jornais franceses, argentinos ou sites dos Estados Unidos acompanham os passos do ex-presidente de uma forma muito mais competente do que os jornais brasileiros.

Ele conclui: "hoje, para acompanhar matérias boas sobre o Lula, tem que ler inglês, francês e espanhol." E eu penso com meus surrados botões: a velha mídia (e a "Folha" em especial, na pessoa do seu diretor Otavio Frias Filho) "acusava" Lula de não saber inglês (o que impediria que fosse um bom presidente). Lula podia ligar pro Otavinho agora  e dizer: "eu devia mesmo ter estudado inglês; pelo menos assim eu poderia ler, sobre mim, notícias que não chegam carregadas com o ódio e o desprezo que os jornais brasileiros me devotam."

Mas nem precisa. Aqui nos blogs a gente traduz. E espalha por aí. Os bons textos sobre Lula (escritos no exterior) são o maior atestado da incompetência (e do caráter anti-nacional) da velha imprensa brasileira, como soubemos pelo "Página 12″ semana passada.    



Alegria contagiosa

 
Yue Minjun


Dilma na Europa

[...] de volta ás origens
 


Coluna econômica

O poder político do agronegócio


 

Recentemente, no debate de abertura do Fórum Nacional – do ex-Ministro João Paulo dos Reis Velloso – um dos debatedores apontou para um dos riscos políticos do país: a nova força política do agronegócio. Segundo ele, poderia ameaçar a estabilidade fiscal, levar à aprovação de leis anacrônicas etc.

De minha parte, fiz uma defesa enfática desse novo poder. O país só se completará como democracia e como modelo econômico no dia em que o poder político – especialmente na definição de políticas econômicas e sociais – estiver pulverizado entre a bancada do agronegócio, a da agricultura familiar, a financeira, a industrialista, a do meio ambiente, a da saúde etc.

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Anos de ditadura, depois, de polarização política – entre PT e PSDB paulistas, intermediada pela velha mídia – atrapalharam a embocadura democrática brasileira. Qualquer tipo de pleito que não fosse de interesse expresso do setor financeiro era tratado como espúrio – fossem gastos com políticas sociais ou apoio à agricultura e à indústria

Lembro-me de anos atrás, um encontro de Gustavo Franco com jornalistas econômicos. O setor agrícola quebrado pela política cambial. Mas o que pontificava na conversa – tanto da parte de Gustavo como dos jornalistas – era a imagem do fazendeiro que desvia recursos do crédito rural para comprar apartamentos na praia.

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A rigor, a bancada ruralista não ajudava em nada a melhorar a imagem do setor. Faltava visão estratégica, política de alianças com outros setores, um discurso legitimador das suas posições. Em qualquer país desenvolvido, existem políticas agrícolas visando minimizar as vulnerabilidades do setor – exposto às intempéries do clima e à volatilidade das cotações.

Desde que acabou a era de políticas agrícolas compensatórias – crédito subsidiado, como nos anos 80 – o setor ficou ao deus-dará, sem dispor das antigas benesses e sem acesso sequer a seguro agrícola.

A bancada ruralista tinha razão em suas demandas. Não tinha suficiente sofisticação política para entender que a opinião pública midiática não tinha suficiente compreensão sobre as características do setor.

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Nos últimos anos, muita coisa mudou. Primeiro, uma notável (e cruel) mudança no perfil da agricultura. A falta de crédito agrícola e o aumento da oferta de crédito para máquinas e o câmbio levaram à uma enorme concentração na agricultura moderna, do agronegócio. Grandes grupos tinham acesso a crédito mais barato, desequilibrando o jogo em relação aos fornecedores médios. Este fenômeno foi agravado pela complacência do sistema de direito econômico em relação às práticas cartelizadoras – como na laranja.

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Por outro lado, o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar ) permitiu a regularização da situação de um enorme contingente de agricultores familiares com potencial de crescimento na produção.

A modernização do agro, de um lado, a organização do agricultor familiar, de outro, colocaram na cena política novos personagens. E será ótimo para a democracia.

As etapas da agricultura – 1

O agronegócio exportador torna-se poder político com a República. Dali até os anos 30 comandou a política econômica, inclusive controlando os fluxos financeiros que entravam e saíam do país. A instabilidade cambial matou qualquer possibilidade de desenvolvimento industrial no período. Além disso, qualquer política que não beneficiasse café, açúcar e algodão era tratada como antinacional.

As etapas da agricultura – 2

Após a Revolução de 30, a agricultura perde espaço para a industrialização. Deixa de ser prioritária, embora o café ainda mantivesse o poder sobre a política econômica. Mas há uma subdivisão na cadeia do café. O lado mais moderno – representado por armazéns gerais, casas comissárias – aproveita os excedentes para consolidar-se como sistema bancário, ajudando a irrigar a industrialização.

As etapas da agricultura – 3

No período seguinte, montaram-se políticas compensatórias, através do sistema de crédito agrícola. Mas a agricultura passou a ser vista como um óbice para o desenvolvimento e como fator de pressão sobre a inflação. Nos anos 50 havia economistas desenvolvimentistas defendendo a indústria; economistas ortodoxos ou pragmáticos (como Ignácio Rangel) defendendo o setor financeiro. Era comum a divisão entre Brasil moderno e o atrasado – este representado pela agricultura.

As etapas da agricultura – 4

No período militar manteve-se o sistema de crédito agrícola – facilitado pelo saco sem fundo da "conta movimento" do Banco do Brasil – para a agricultura de alimentos e os Institutos controlando todas as etapas da agricultura de exportação – café, açúcar, cacau, algodão. A não implementação do Estatuto da Terra, no governo Castello, também impediu a modernização do setor. O poder político foi empalmado por velhos coronéis anacrônicos.

As etapas da agricultura – 5

O desmonte do velho modelo se deu por etapas: o fim da conta-movimento (no governo Sarney), o fim dos institutos (no governo Collor), a desregulamentação parcial do setor (no governo FHC), a mudança do modelo de financiamento agrícola. As dificuldades obrigaram o setor a investir rapidamente em tecnologia, em novos modelos econômicos, emergindo daí uma classe economicamente moderna, mas politicamente engatinhando.

As etapas da agricultura – 6

Agora o setor precisa se repensar politicamente, participar das discussões estratégicas do país, montar políticas de aliança com outros setores, articular-se com a diplomacia comercial. Anos atrás o então governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, montou um pacto com ONGs ambientais, em cima de metas de sustentabilidade a serem fiscalizadas por elas. São ações como essa que fará o setor ter representatividade política.

Blog: www.luisnassif.com.br

E-mail: luisnassif@advivo.com.br


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